Influência da energia metabolizável e aminoácidos sulfurosos sobre a histomorfometria intestinal de pintainhas leves com idade entre 1 a 6 semanas

Cynthia Crystiane Cassimiro dos Santos1, Sarah Gomes Pinheiro2, Fernando Guilherme Perazzo Costa3, Danilo Teixeira Cavalcante4, Lavosier Enéas Cavalcante5, Filipe de Castro Azevedo Barros6, Jhonatan Feitosa do Nascimento7
1 - Discente do curso de Zootecnia - UFPB, Areia, PB, Brasil.
2 - Pós-doutorando - UFPB, Areia, PB, Brasil. Bolsista PNPD/Capes.
3 - Docente do Departamento de Zootecnia - UFPB, Areia, PB, Brasil.
4 - Pós-doutorando - UFPB, Areia, PB, Brasil. Bolsista PNPD/Capes.
5 - Mestrando em Zootecnia - UFPB, Areia, PB, Brasil.
6 - Discente do curso de Zootecnia - UFPB, Areia, PB, Brasil.
7 - Discente do curso de Zootecnia - UFPB, Areia, PB, Brasil.

RESUMO -

Objetivou-se determinar a influência dos níveis de energia metabolizável e níveis de metionina+cistina sobre a histomorfometria intestinal de pintainhas leves com idade de 1 a 6 semanas. 1080 pintainhas foram distribuídas em esquema fatorial 4×3 (níveis de metionina+cistina (0,732; 0,576; 0,640 e 0,704%) e 3 níveis de energia metabolizável (2755; 2900 e 3045 kcal/kg), totalizando doze tratamentos com seis repetições de quinze aves. Na 6ª semana, 10 aves/tratamento foram eutanasiadas para avaliação de altura e largura de vilosidades, profundidade de cripta e relação vilo:cripta. O nível de 2755 kcal/kg de EM promoveu a maior largura de vilosidades, porém, as demais variáveis não foram influenciadas. O nível de 0,640% de metionina+cistina promoveu maior largura e altura de vilosidades e melhor relação vilo: cripta. Recomenda-se a utilização de 0,640% de metionina+cistina (184 mg/dia/ave) e 2755 kcal/kg de energia metabolizável para pintainhas leves entre 1 a 6 semanas.

Palavras-chave: aves em crescimento, desempenho, interação, metionina+cistina digestível

Influence of metabolizable energy and sulfur amino acids on the intestinal histomorphometry of light chicks aged 1 to 6 weeks

ABSTRACT - The aim of this study was to determine the influence of metabolizable energy levels and methionine + cystine levels on the intestinal histomorphometry of light chicks aged 1 to 6 weeks. The levels of methionine + cystine (0.732, 0.576, 0.640, and 0.704%) and 3 metabolizable energy levels (2755, 2900, and 3045 kcal/kg) were distributed in a 4x3 factorial designer, totaling twelve treatments with six replicates of 15 birds. At the end of the 6th week, 10 birds/treatment were euthanized to evaluate height and width of violosities, depth of crypt and relationship vilo: crypt. The level of 2755 kcal/kg of EM promoted the greatest villus width. Methionine + cystine levels had a greater influence on the variables, except crypt depth. Recommended use 0.640% of methionine + cystine (184 mg/day) and 2755 kcal / kg of metabolizable energy to light chicks between 1 and 6 weeks.
Keywords: birds growing, performance, interaction, digestible methionine + cystine


Introdução

Durante a fase de crescimento é fundamental que se forneçam os nutrientes na quantidade ideal para atender as necessidades de mantença, garantindo o desenvolvimento adequado do sistema imunológico, reprodutivo e estrutura corporal, o que proporciona uma maior produtividade na fase subsequente, com a formação de um lote mais uniforme, tornando a atividade mais lucrativa (D’Agostini, 2005). No entanto, uma dieta bem balanceada não é o único fator que influencia o desenvolvimento da ave. Outro aspecto importante é que a absorção dos nutrientes seja feita de forma eficiente, caso contrário, estará havendo desperdícios de nutrientes da deita. As vilosidades e as criptas intestinais são estruturas chave na absorção dos nutrientes, desta forma, qualquer mudança causada nestes tecidos influenciará na absorção dos nutrientes. Maiorka et al. (2002) cita que há constantes renovações celulares nas vilosidades intestinais e que estas renovações podem ser causadas por agentes externos, como a dieta e os nutrientes presentes nela, porém, pesquisas que investiguem os impactos da energia da dieta e os níveis de metionina+cistina sobre estes aspectos são escassos. Desta forma, objetivou-se determinar a influência dos níveis de energia metabolizável e os níveis de metionina+cistina digestível sobre a histomorfometria intestinal de pintainhas leves com idade de 1 a 6 semanas.

Revisão Bibliográfica

As vilosidades e as criptas intestinais são estruturas chave na absorção dos nutrientes, desta forma, qualquer mudança causada nestes tecidos influenciará na absorção dos nutrientes. De acordo com Boaro (2009), o desenvolvimento da mucosa intestinal consiste no aumento da altura e densidade dos vilos, processo que decorre primariamente de dois eventos citológicos associados: renovação celular (proliferação e diferenciação), resultante das divisões mitóticas sofridas por células totipotentes localizadas nas criptas e ao longo dos vilos, e perdas de células, que ocorre normalmente no ápice dos vilos. Maiorka et al. (2002) cita que há constantes renovações celulares nas vilosidades intestinais e que estas renovações podem ser causadas por agentes externos, como a dieta e os nutrientes presentes nela. Os autores citam que a glutamina e os ácidos graxos de cadeia curta apresentam grande influência sobre o desenvolvimento e maturação da mucosa, porém, os mecanismos pelos quais estes eventos acontecem ainda não estão bem esclarecidos.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no Módulo de Avicultura do Centro de Ciências Agrárias, Campus II, do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB. Mil e oitenta pintainhas da linhagem Dekalb white, com idade de 1 a 6 semanas, foram distribuídas a partir do delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 4x3, sendo 4 níveis de metionina+cistina (M+C dig.: 0,732; 0,576; 0,640 e 0,704%) e 3 níveis de energia metabolizável (EM.: 2755; 2900 e 3045 kcal/kg), totalizando doze tratamentos com seis repetições de quinze aves. No final do período experimental,  dez aves por tratamento foram eutanasiadas por deslocamento cervical e em seguida evisceradas. Fragmentos de 10 cm do intestino delgado foram coletados, retirado a digesta e em seguida imersos em fixador metacarn por 12 horas; em seguida foram transferidos para álcool 70% e após este período prosseguiu-se a rotina histológica padrão com inclusão em parafina. Foram realizados cortes seriados dos fragmentos com 5µm de espessura e em seguida o corte foi corado em hematoxilina e eosina, ácido periódico-Schiff (PAS) e tricômio de Masson. As fotomicrografias foram capturadas com o auxílio de câmera digital Motic acoplada ao microscópio Olympus BX-51 e as imagens digitalizadas no software KS 400.3 (Zeiss). Foram avaliadas altura e largura de vilosidades, profundidade de cripta e relação vilo: cripta. As avaliações foram realizadas em microscópio com aumento de 50x e digitalizadas a partir de uma imagem por animal (n = 10/tratamento). Em cada imagem foram realizadas três medições morfométricas (n = 30/tratamento) de altura e largura de vilosidade e profundidade de cripta. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa SAS - Statistic Analisys System, 2011. Quando foram detectadas diferenças significativas dos fatores estudados sobre as variáveis dependentes, comparou-se as médias pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05).

Resultados e Discussão

Os níveis de EM influenciaram a largura de vilosidade do intestino (P = 0,007), porém a altura dos vilos (P = 0,864), profundidade de cripta (P = 0,059) e a relação vilo: cripta (P = 0,231) não foram influenciados. Os níveis de M+C dig. apresentaram maior influência sobre a histomorfometria do intestino, onde a largura de vilosidade (P = 0,007) e a relação vilo: cripta (P = 0,008) foram influenciados pelos níveis destes aminoácidos. Não foram observados interação entre os fatores (Tabela 1).   Tabela 1. Efeitos dos níveis de metionina+cistina digestível e energia metabolizável sobre a histomorfometria intestinal de pintainhas leves com idade de 1 a 6 semanas
EM, kcal/kg Altura de vilosidade, µm Largura de vilosidade, µm Profundidade de cripta, µm Relação vilo:cripta
2.755 9546,2 1299,65 a 1907,1 6,298
2.900 9234,3 1152,59 b 1521,1 6,507
3.045 10106,7 1216,19 ab 1491,2 8,258
M+C dig., %
0,732 8184,7 b 1157,76 b 1622,7 5,462 b
0,576 9733,7 ab 1271,97 ab 1901,5 6,778 b
0,640 11644,3 a 1323,91 a 1468,2 10,274 a
0,704 9784,2 ab 1194,08 b 1525,1 6,764 b
Probabilidade
EM 0,864 0,007 0,059 0,231
M+C 0,074 0,007 0,161 0,008
EM*M+C 0,333 0,105 0,081 0,353
C.V., % 67,99 19,91 78,25 98,76
Médias na mesma coluna seguidas por letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05).   A EM apresentou influência sobre a histomorfometria do intestino e o nível mais baixo (2.755 kcal/kg) promoveu vilos com mais largos, isto, provavelmente, deve ser uma tentativa que o organismo tende a aproveitar maior energia possível da dieta. Por outro lado, os níveis de M+C dig. apresentam maior influência sobre a morfologia intestinal. Dietas com 0,640% de M+C dig. promoveram  maior altura e largura de vilos e maior relação vilo: cripta. Este efeito promove maior absorção e aproveitamento dos nutrientes pelo animal e, consequentemente, as exigências nutricionais são mais facilmente atendidas, sobre este aspecto, pode-se considerar um efeito positivo, pois, provavelmente este nível do aminoácido favoreceu o processo de absorção de nutrientes e promoveu uma menor perda energética com renovação celular. Desta forma, pode-se observar que a presença do alimento favorece a taxa de turnover celular no intestino, podendo aumentar a taxa absortiva dos nutrientes. Andrade (2012) afirma que a manutenção da mucosa intestinal requer alta demanda energética e que os processos de manutenção da altura de vilo e relação vilo: cripta deve ser bem ajustada metabolicamente. Dentre os fatores que influenciam a morfologia intestinal, alguns são considerados externos, dentre eles pode-se citar  as características da dieta, estresse calórico ou agentes patogênicos (Alvarenga et al., 2004) e segundo Maiorka et al., 2002, estes agentes externos podem promover desequilíbrios no turnover celular, podendo causar modificações na altura dos vilos.

Conclusões

A energia metabolizável e metionina+cistina digestível apresentam influência sobre a histomorfometria intestinal de pintainhas leves entre 1 a 6 semanas. Recomenda-se a utilização de 0,640% de metionina+cistina (184 mg/dia/ave) e 2755 kcal/kg de energia metabolizável.




Referências

Alvarenga, B.O.; Beletti, E.; Fernandes, E. A.; Silva, M. M.; Campos, L. F. B.; Ramos, S.P. 2004. Efeitos de fontes alternativas de fósforo nas rações de engorda e abate sobre a morfologia intestinal de frangos de corte. Bioscience Journal. 20(3):55-59. Andrade, M.F.S. Influência da treonina sobre o desempenho e a morfometria intestinal de frangos de corte submetidos a estresse por calor de 1 a 15 dias de idade. 44f. Trabalho de conclusão de curso de zootecnia. Universidade Federal da Paraíba. Areia-PB. 2012. D’Agostini, P. Exigências de metionina+cistina para frangas de reposição leves e semipesadas nas fases inicial, cria e recria. 120f. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2005. Maiorka, A.; Boleli, I.C.; Macari, M. Desenvolvimento e Reparo da Mucosa Intestinal In: MACARI, M.; FURLAN, R. L.; GONZALES, E. (Ed.) Fisiologia Aviária Aplicada a Frangos de Corte. 2. ed. Jaboticabal: FUNEP/UNESP, p.113-123, 2002. SAS. SAS/STAT 9.3 User’s Guide. Cary, NC: SAS Institute Inc. 261p. 2011. Boaro, M. Morfofisiologia do trato intestinal. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 2009, Porto Alegre. Anais... Facta: Campinas, 2009. p. 262-274.