INFLUÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DE ENZIMA FITASE NA DIETA DE POEDEIRAS LEVES SOBRE A QUALIDADE DE OVOS
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RESUMO -
Foram utilizadas 384 aves poedeiras da linhagem Hy-Line W-36 no período de 63 a 75 semanas de idade, dividido em 3 fases de 21 dias, contendo 12 aves por parcela, distribuídas em 4 tratamentos e 8 repetições totalizando 32 parcelas experimentais. Os tratamentos foram: Controle positivo com o nível de fósforo adequado, controle negativo com nível de fósforo reduzido, 30g/ton de fitase e 50g/ton de fitase. A cada 21 dias foram avaliados gravidade especifica, peso dos componentes dos ovos e espessura da casca para avaliar a qualidade dos ovos. Não foram observados resultados significativos para: peso de gema, altura de albúmen, altura de gema, peso de casca, peso específico, unidade Haugh e espessura de casca. Para o peso de albúmen foi observada diferença estatística sendo que o tratamento controle positivo foi obtido resultado superior, por ter suprido a exigência nutricional das aves. A suplementação de fitase em 30g/ton e 50g/ton não demonstraram melhoria na qualidade de ovos.
Influence of use phytase enzyme in the diet of light laying hens at quality of the eggs
ABSTRACT - A total of 384 light laying hens of the Hy-Line W-36 line were used in 63-75 weeks of age, divided into 3 phases of 21 days, containing 12 birds per plot, distributed in 4 treatments and 8 replications totaling 32 experimental plots. The treatments were: Positive control with adequate phosphorus level, negative control with reduced phosphorus level, 30g / ton of phytase and 50g / ton of phytase. Every 21 days, specific gravity, egg component weight and shell thickness were evaluated to evaluate egg quality. No significant results were observed for: yolk weight, albumen height, yolk height, bark weight, specific weight, Haugh unit and bark thickness. For the albumin weight, a statistical difference was considered, and the positive control treatment obtained a superior result, since it satisfied the requirement of the birds. The use of enzyme supplementation at 30g / ton and 50g / ton did not show improvement in egg quality.Introdução
No Brasil a alimentação de aves em sua maioria é realizada pela utilização de milho e farelo de soja, e/ou alimentos alternativos, que em sua maior parte são de origem vegetal. O fornecimento de ingredientes de origem vegetal para animais monogástricos possuem, principalmente um fator antinutricional denominado fitato, que é uma molécula que complexa o fósforo com outros minerais e proteínas, o que indisponibiliza esses nutrientes aos monogástricos, uma vez que esses animais não sintetizam de enzimas capazes de romper a ligação do fósforo fítico. Atualmente as alternativas para atender a exigência dos animais ao fósforo, são o fornecimento deste mineral por fontes inorgânicas, ou a utilização da fitase sintética que pode apresentar efeitos positivos na melhoria na disponibilidade de P fítico (Bertechini, 2012). O fósforo é o terceiro constituinte mais oneroso na ração, fazendo com que os produtores busquem técnicas que representem maior custo e beneficio. Para poedeiras o fósforo é um mineral importante por estar relacionado com a produção e a qualidade da casca dos ovos, e por participar de funções metabólicas essenciais no organismo das aves, e sua deficiência anormalidades nos ovos, redução de tamanho e produção de ovos, e má qualidade da casca, o que gera alto índice de quebra (Laurentiz, 2005) Assim o objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência de níveis de fitase na ração sobre a qualidade de ovos de poedeiras leves em fase final de produção.Revisão Bibliográfica
FITATO O ácido fítico é um fator antinutricional, por ser um ânion reativo, que forma sais insolúveis ao se ligar com minerais como fósforo, zinco, cálcio, o magnésio e cobre. E também é capaz de complexar com proteínas e enzimas proteolíticas. O fitato é uma molécula de carbono unida a seis grupos de fosfato, porém sua conformação pode ser alterada conforme o pH. Em pH neutro os grupos fosfatos apresentam átomos de oxigênio carregados negativamente fazendo com que dessa forma cátions liguem fortemente entre dois grupos de fosfato ou de forma mais fraca a um grupo de fosfato. (SINGH, 2008). O fósforo em ingrediente de origem vegetal para animais monogástricos possui disponibilidade média de 1/3 do total analisado, e sua disponibilidade depende do teor de ácido fítico presente (Bertechini, 2012). Como o fósforo atua na formação esquelética dos animais, e em poedeiras atua na formação e qualidade dos ovos, a utilização de enzimas fitase pode ser uma opção para o aumento da disponibilidade do fósforo complexado ao fitato em rações com grandes concentrações em alimentos vegetais. FITASE Para animais monogástricos a fitase é fornecida de forma exógena, uma vez que esses animais são incapazes de produzir esta enzima de forma endógena. De acordo com Bertechini, (2012) a enzima tem como função a liberação do fósforo, além de outros minerais e nutrientes complexados na forma de ácido fítico, fazendo com que seja uma opção econômica melhorando o aproveitamento desses componentes e diminuindo a eliminação do fósforo e de nitrogênio no ambiente.As fitases pode ser classificada como ácida e alcalina, porém também existem as fitases com maior amplitude de ação. A faixa de pH define o melhor uso dessas enzimas na produção de suínos, frangos ou poedeiras. Boling et al. (2000) observaram que a utilização de fitase para galinhas em postura acima de 70 semanas de idade disponibilizou uma maior quantidade de fósforo na dieta e a produção de ovos das mesmas permaneceram constantes, já as aves que não receberam a suplementação da enzima demonstraram queda na produção. Assim a utilização de enzima em idades mais avançadas das aves podem resultar em uma melhor produção e em uma melhor qualidade de ovos, uma vez que libera os minerais presos ao fitato que podem constituir a casca dos ovos.Materiais e Métodos
Foram utilizadas 384 aves poedeiras da linhagem Hy-Line W-36 no período de 63 a 75 semanas de idade, dividido em 3 fases de 21 dias, contendo 12 aves por parcela experimental, distribuídas em 4 tratamentos e 8 repetições totalizando 32 parcelas experimentais. As rações experimentais foram formuladas de acordo com as recomendações do manual da linhagem Hy-Line (2015). Os tratamentos experimentais foram: Controle Negativo (controle neg.) contendo nível de P reduzido; 30g/ton de fitase; 50g/ton de fitase e Controle positivo (Controle Pos.) com nível de P adequado. Os tratamentos foram obtidos por substituição gradual do inerte com a fitase de acordo com a inclusão pretendida. A cada período (21 dias) foram avaliados: a gravidade específica dos ovos; o peso dos componentes dos ovos e espessura de casca. A gravidade específica foi realizada no último dia de cada período, onde todos os ovos foram colhidos, pesados e, em seguida, submetidos às avaliações de qualidade de casca e peso dos componentes. Foram avaliados quanto à peso específico, os ovos foram submergidos em 10 soluções salinas (H2O+NaCl) com densidade aumentando em 0,005 g/cm³, sendo o mínimo e máximo para densidade os valores de 1,050 a 1,100 g/cm³, respectivamente, aferidos com densímetro, o peso dos componentes dos ovos e espessura da casca foram avaliados utilizando os ovos produzidos no último dia de cada período, onde foram pesados e quebrados, e a gema foi separada do albúmen e da casca, e em seguida, as respectivas cascas foram lavadas e secas ao ar por 72 horas, posteriormente foram pesadas e sua espessuras mensuradas. O peso do albúmen foi considerado como a diferença entre o peso do ovo e o somatório do peso da gema + peso da casca. A altura do albúmen e da gema foi mensurada utilizando-se paquímetro digital. Os dados coletados foram submetidos a uma análise de variância pelo teste de Tukey a 5% de significância utilizando o programa computacional SISVAR. (Ferreira, 2014)Resultados e Discussão
Os resultados dos parâmetros relacionados à qualidade de ovos de poedeiras submetidas a diferentes dietas com ou sem suplementação de fitase estão contidos nas tabelas 1 e 2. Não foram observadas diferenças significativas para peso da gema, peso da casca e peso específico dos ovos. Costa et al. (2004) também não encontraram resultados significativos sobre as variáveis peso de gema e peso de casca dos ovos ao analisar níveis de fósforo e fitase disponíveis na dietas de poedeiras. Foi observada diferença para o peso de albúmen (P<0,05), onde obteve-se valor superior no controle positivo quando comparado aos demais tratamentos (Controle Neg., 30g/ton e 50g/ton de fitase). Apesar de se ter observado aumento no peso do albúmen o fósforo em excesso fornecido as aves pode ter suprido a exigência dessas e o fósforo excedente pode ter sido liberado no ambiente causando um maior impacto ambiental. A principal função da fitase é atuar na molécula fitato rompendo as ligações dessa molécula com outros minerais e proteínas aumentando a disponibilidade desses para utilização pelas aves. Entretanto os resultados mostram que a utilização de fitase nessas concentrações não foi efetiva, pois os resultados foram semelhantes ao controle negativo. Não foram observadas diferenças (p<0,05) para altura de albúmen, altura de gema, espessura de casca e unidade Haugh. Ligeiro et al. (2009) também não encontraram efeito significativo para espessura de casca, unidade Haugh e peso específico quando suplementada a enzima em rações contendo sorgo para poedeiras comerciais. A casca do ovo é composta por 98,2% de carbonato de cálcio; 0,9% de carbonato de magnésio; e 0,9% de fosfato de cálcio (ORNELLAS, 2001). Os resultados encontrados para espessura de casca e peso de casca não diferiram entre as dietas experimentais. A utilização da fitase poderia influenciar essas variáveis por aumentar a disponibilidade de fósforo e outros minerais presentes nos ingredientes de origem vegetal. Resultados diferentes poderiam ser obtidos com o aumento na concentração da enzima fitase nas rações. A unidade Haugh (UH) é utilizada para controle de qualidade industrial de ovos, e para o calculo da UH utiliza-se a altura de albúmen e o peso do ovo. As aves em final de produção possuem maior exigência de cálcio e fósforo por ter uma menor absorção desses minerais, e consequentemente a casca dos ovos tendem a apresentar menor espessura expondo os constituintes internos a maior deterioração influenciando os valores de UH. Na presente pesquisa não foi observada diferença entre os tratamentos, porém observou-se que estas aves, mesmo em idade avançada obtiveram valores de UH excelentes de acordo com o padrão de classificação americano.Conclusões
A utilização de fitase nas concentrações de 30g/ton e 50g/ton não foram efetivas na melhoria da qualidade dos ovos de poedeiras em final de produção. O nível de fósforo reduzido utilizado nas dietas atendeu a exigência das aves.Gráficos e Tabelas

