INFLUÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DE ENZIMA FITASE NA DIETA DE POEDEIRAS LEVES SOBRE A QUALIDADE DE OVOS

Luís Filipe Villas-Bôas de Freitas1, Verônica Gabriela Gonçalves Ferreira2, Amanda dos Santos Aires3, Andressa Carla de Carvalho4, Barbara Lopes de Oliveira5, Bernardo Rocha Franco Nogueira6, Alisson Hélio Sampaio Clemente7, Antônio Gilberto Bertechini8
1 - Universidade Federal de Lavras
2 - Universidade Federal de Lavras
3 - Universidade Federal de Lavras
4 - Universidade Federal de Lavras
5 - Universidade Federal de Lavras
6 - Universidade Federal de Lavras
7 - Universidade Federal de Lavras
8 - Universidade Federal de Lavras

RESUMO -

Foram utilizadas 384 aves poedeiras da linhagem Hy-Line W-36 no período de 63 a 75 semanas de idade, dividido em 3 fases de 21 dias, contendo 12 aves por parcela, distribuídas em 4 tratamentos e 8 repetições totalizando 32 parcelas experimentais. Os tratamentos foram: Controle positivo com o nível de fósforo adequado, controle negativo com nível de fósforo reduzido, 30g/ton de fitase e 50g/ton de fitase. A cada 21 dias foram avaliados gravidade especifica, peso dos componentes dos ovos e espessura da casca para avaliar a qualidade dos ovos. Não foram observados resultados significativos para: peso de gema, altura de albúmen, altura de gema, peso de casca, peso específico, unidade Haugh e espessura de casca. Para o peso de albúmen foi observada diferença estatística sendo que o tratamento controle positivo foi obtido resultado superior, por ter suprido a exigência nutricional das aves. A suplementação de fitase em 30g/ton e 50g/ton não demonstraram melhoria na qualidade de ovos.

Palavras-chave: avicultura, enzima, fósforo, nutrição

Influence of use phytase enzyme in the diet of light laying hens at quality of the eggs

ABSTRACT - A total of 384 light laying hens of the Hy-Line W-36 line were used in 63-75 weeks of age, divided into 3 phases of 21 days, containing 12 birds per plot, distributed in 4 treatments and 8 replications totaling 32 experimental plots. The treatments were: Positive control with adequate phosphorus level, negative control with reduced phosphorus level, 30g / ton of phytase and 50g / ton of phytase. Every 21 days, specific gravity, egg component weight and shell thickness were evaluated to evaluate egg quality. No significant results were observed for: yolk weight, albumen height, yolk height, bark weight, specific weight, Haugh unit and bark thickness. For the albumin weight, a statistical difference was considered, and the positive control treatment obtained a superior result, since it satisfied the requirement of the birds. The use of enzyme supplementation at 30g / ton and 50g / ton did not show improvement in egg quality.
Keywords: enzyme, nutrition, phosphorus, poultry


Introdução

No Brasil a alimentação de aves em sua maioria é realizada pela utilização de milho e farelo de soja, e/ou alimentos alternativos, que em sua maior parte são de origem vegetal. O fornecimento de ingredientes de origem vegetal para animais monogástricos possuem, principalmente um fator antinutricional denominado fitato, que é uma molécula que complexa o fósforo com outros minerais e proteínas, o que indisponibiliza esses nutrientes aos monogástricos, uma vez que esses animais não sintetizam de enzimas capazes de romper a ligação do fósforo fítico. Atualmente as alternativas para atender a exigência dos animais ao fósforo, são o fornecimento deste mineral por fontes inorgânicas, ou a utilização da fitase sintética que pode apresentar efeitos positivos na melhoria na disponibilidade de P fítico (Bertechini, 2012).  O fósforo é o terceiro constituinte mais oneroso na ração, fazendo com que os produtores busquem técnicas que representem maior custo e beneficio.  Para poedeiras o fósforo é um mineral importante por estar relacionado com a produção e a qualidade da casca dos ovos, e por participar de funções metabólicas essenciais no organismo das aves, e sua deficiência anormalidades nos ovos, redução de tamanho e produção de ovos, e má qualidade da casca, o que gera alto índice de quebra (Laurentiz, 2005) Assim o objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência de níveis de fitase na ração sobre a qualidade de ovos de poedeiras leves em fase final de produção.

Revisão Bibliográfica

FITATO O ácido fítico é um fator antinutricional, por ser um ânion reativo, que forma sais insolúveis ao se ligar com minerais como fósforo, zinco, cálcio, o magnésio e cobre. E também é capaz de complexar com proteínas e enzimas proteolíticas. O fitato é uma molécula de carbono unida a seis grupos de fosfato, porém sua conformação pode ser alterada conforme o pH. Em pH neutro os grupos fosfatos apresentam átomos de oxigênio carregados negativamente fazendo com que dessa forma cátions liguem fortemente entre dois grupos de fosfato ou de forma mais fraca a um grupo de fosfato. (SINGH, 2008). O fósforo em ingrediente de origem vegetal para animais monogástricos possui disponibilidade média de 1/3 do total analisado, e sua disponibilidade depende do teor de ácido fítico presente (Bertechini, 2012). Como o fósforo atua na formação esquelética dos animais, e em poedeiras atua na formação e qualidade dos ovos, a utilização de enzimas fitase pode ser uma opção para o aumento da disponibilidade do fósforo complexado ao fitato em rações com grandes concentrações em alimentos vegetais. FITASE Para animais monogástricos a fitase é fornecida de forma exógena, uma vez que esses animais são incapazes de produzir esta enzima de forma endógena. De acordo com Bertechini, (2012)  a enzima tem como função a liberação do fósforo, além de outros minerais e nutrientes complexados na forma de ácido fítico, fazendo com que seja uma opção econômica melhorando o aproveitamento desses componentes e diminuindo a eliminação do fósforo e de nitrogênio no ambiente.As fitases pode ser classificada como ácida e alcalina, porém também existem as fitases com maior amplitude de ação. A faixa de pH define o melhor uso dessas enzimas na produção de suínos, frangos ou poedeiras. Boling et al. (2000) observaram que a utilização de fitase para galinhas em postura acima de 70 semanas de idade disponibilizou uma maior quantidade de fósforo na dieta e a produção de ovos das mesmas permaneceram constantes, já as aves que não receberam a suplementação da enzima demonstraram queda na produção. Assim a utilização de enzima em idades mais avançadas das aves podem resultar em uma melhor produção e em uma melhor qualidade de ovos, uma vez que libera os minerais presos ao fitato que podem constituir a casca dos ovos.

Materiais e Métodos

Foram utilizadas 384 aves poedeiras da linhagem Hy-Line W-36 no período de 63 a 75 semanas de idade, dividido em 3 fases de 21 dias, contendo 12 aves por parcela experimental, distribuídas em 4 tratamentos e 8 repetições totalizando 32 parcelas experimentais. As rações experimentais foram formuladas de acordo com as recomendações do manual da linhagem Hy-Line (2015). Os tratamentos experimentais foram: Controle Negativo (controle neg.) contendo nível de P reduzido; 30g/ton de fitase; 50g/ton de fitase e Controle positivo (Controle Pos.) com nível de P adequado. Os tratamentos foram obtidos por substituição gradual do inerte com a fitase de acordo com a inclusão pretendida. A cada período (21 dias) foram avaliados: a gravidade específica dos ovos; o peso dos componentes dos ovos e espessura de casca. A gravidade específica foi realizada no último dia de cada período, onde todos os ovos foram colhidos, pesados e, em seguida, submetidos às avaliações de qualidade de casca e peso dos componentes. Foram avaliados quanto à peso específico, os ovos foram submergidos em 10 soluções salinas (H2O+NaCl) com densidade aumentando em 0,005 g/cm³, sendo o mínimo e máximo para densidade os valores de 1,050 a 1,100 g/cm³, respectivamente, aferidos com densímetro, o peso dos componentes dos ovos e espessura da casca foram avaliados utilizando os ovos produzidos no último dia de cada período, onde foram pesados e quebrados, e a gema foi separada do albúmen e da casca, e em seguida, as respectivas cascas foram lavadas e secas ao ar por 72 horas, posteriormente foram pesadas e sua espessuras mensuradas. O peso do albúmen foi considerado como a diferença entre o peso do ovo e o somatório do peso da gema + peso da casca. A altura do albúmen e da gema foi mensurada utilizando-se paquímetro digital. Os dados coletados foram submetidos a uma análise de variância pelo teste de Tukey a 5% de significância utilizando o programa computacional SISVAR. (Ferreira, 2014)

Resultados e Discussão

Os resultados dos parâmetros relacionados à qualidade de ovos de poedeiras submetidas a diferentes dietas com ou sem suplementação de fitase estão contidos nas tabelas 1 e 2. Não foram observadas diferenças significativas para peso da gema, peso da casca e peso específico dos ovos. Costa et al. (2004) também não encontraram resultados significativos sobre as variáveis peso de gema e peso de casca dos ovos ao analisar níveis de fósforo e fitase disponíveis na dietas de poedeiras. Foi observada diferença para o peso de albúmen (P<0,05), onde obteve-se valor superior no controle positivo quando comparado aos demais tratamentos (Controle Neg., 30g/ton e 50g/ton de fitase). Apesar de se ter observado aumento no peso do albúmen o fósforo em excesso fornecido as aves pode ter suprido a exigência dessas e o fósforo excedente pode ter sido liberado no ambiente causando um maior impacto ambiental. A principal função da fitase é atuar na molécula fitato rompendo as ligações dessa molécula com outros minerais e proteínas aumentando a disponibilidade desses para utilização pelas aves. Entretanto os resultados mostram que a utilização de fitase nessas concentrações não foi efetiva, pois os resultados foram semelhantes ao controle negativo. Não foram observadas diferenças (p<0,05) para altura de albúmen, altura de gema, espessura de casca e unidade Haugh. Ligeiro et al. (2009) também não encontraram efeito significativo para espessura de casca, unidade Haugh e peso específico quando suplementada a enzima em rações contendo sorgo para poedeiras comerciais. A casca do ovo é composta por 98,2% de carbonato de cálcio; 0,9% de carbonato de magnésio; e 0,9% de fosfato de cálcio (ORNELLAS, 2001). Os resultados encontrados para espessura de casca e peso de casca não diferiram entre as dietas experimentais. A utilização da fitase poderia influenciar essas variáveis por aumentar a disponibilidade de fósforo e outros minerais presentes nos ingredientes de origem vegetal. Resultados diferentes poderiam ser obtidos com o aumento na concentração da enzima fitase nas rações. A unidade Haugh (UH) é utilizada para controle de qualidade industrial de ovos, e para o calculo da UH utiliza-se a altura de albúmen e o peso do ovo. As aves em final de produção possuem maior exigência de cálcio e fósforo por ter uma menor absorção desses minerais, e consequentemente a casca dos ovos tendem a apresentar menor espessura expondo os constituintes internos a maior deterioração influenciando os valores de UH. Na presente pesquisa não foi observada diferença entre os tratamentos, porém observou-se que estas aves, mesmo em idade avançada obtiveram valores de UH excelentes de acordo com o padrão de classificação americano.

Conclusões

A utilização de fitase nas concentrações de 30g/ton e 50g/ton não foram efetivas na melhoria da qualidade dos ovos de poedeiras em final de produção. O nível de fósforo reduzido utilizado nas dietas atendeu a exigência das aves.

Gráficos e Tabelas




Referências

BERTECHINI, A.G. Nutrição de Monogástricos. Ed. Ufla, Lavras, 373p., 2012. BOLING, S. D. et al. The effects of dietary available phosphorus levels and phytase on performance of young and older laying hens. Poultry Science, Champaign, v. 79, p. 224-230, 2000. COSTA, F. G. P. et al. Níveis de fósforo disponível e de fitase na dieta de poedeiras de ovos de casca marrom. Ciência Animal Brasileira, v.5, n.2, p.73-81, abr./jun. 2004. FERREIRA, Daniel Furtado. Sisvar: a Guide for its Bootstrap procedures in multiple comparisons. Ciênc. agrotec. [online]. 2014, vol.38, n.2 [citado  2015-10-17], pp. 109-112 . Disponible en: ISSN 1413-7054. FRANCESCHINA, C. S. et al. A utilização de fitase na dieta de poedeiras. Nutritime Revista Eletrônica, v.13, n.1, p.4529-4534, jan/fev. 2016 LAURENTIZ, A. C. Manejo nutricional das dietas de frangos de corte na tentativa de reduzir a excreção de alguns minerais de importância ambiental. 2005. 131 f. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2005. LIGEIRO, E. C. et al. Avaliação da matriz nutricional da enzima fitase em rações contendo sorgo para poedeiras comercias. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.10, p.1948-1955, 2009 ORNELLAS, L.H. Técnica dietética: seleção e preparo de alimentos. 7. ed. São Paulo: Editora Metha, 2001. 330p. SINGH, P. K. Significance of phytic acid and supplemental phytase in chicken nutrition: a review. World’s Poultry Science Journal, London, v. 64, p. 553-580, 2008.