Influência de doses de fósforo no desenvolvimento inicial do Panicum maximum cv. Massai

Flávia Xavier da Silva1, Pollyana Alves de Araújo2, Hyago Jovane Borges de Oliveira3, Lorhane Caroline Ferreira da Lapa4, Suzelma Silva Viana5, Rogério Cavalcante Gonsalves6
1 - Católica do Tocantins
2 - Católica do Tocantins
3 - Católica do Tocantins
4 - Católica do Tocantins
5 - Católica do Tocantins
6 - Católica do Tocantins

RESUMO -

Este estudo objetivou-se avaliar o efeito de doses crescentes de fósforo no crescimento inicial do Panicum maximum cv. Massai. Foram avaliadas quatro doses de fósforo (0, 20, 40; e 60 mg/dm-3de P2 O5) que equivale a 0; 40; 80; e 120 kg há-1 de P2 O5, distribuídas em delineamento inteiramente casualizado com cinco repetições, totalizando 20 unidades experimentais em vasos de 6 dm-3. Após 60 DAE iniciaram as avaliações sendo desmontadas as unidades experimentais, separando a parte aérea do sistema radicular, sendo os cortes das plantas realizados à altura de 10 cm da superfície do solo. Os rendimentos de matéria seca de parte aérea e raízes foram significativamente incrementados pela adubação de P2O5. A dose de máxima eficiência técnica foi estimada em 44,5 mg/dm-3 de equivalente a dose 89 kg há-1. Para matéria seca de raízes a resposta foi linear a doses crescestes de fósforo, indicando que a forrageira respondeu a doses superiores a 60 mg/dm-3, equivalente a dose de 120 kg há.

Palavras-chave: Adubação; calagem; crescimento inicial; eficiência técnica; forrageira

Phosphorus levels of influence on the early development of Panicum maximum cv. Massai

ABSTRACT - This study aimed to evaluate the effect of increasing doses of phosphorus on the initial growth of Panicum maximum cv. Massai. Four doses of phosphorus (0, 20, 40 and 60 mg / dm-3 of P2 O5) were evaluated, which equals 0; 40; 80; and 120 kg ha-1 of P2 O5, distributed in a completely randomized design with five replicates, totaling 20 experimental units in pots of 6 dm-3. After 60 DAE began the evaluations, the experimental units were disassembled, separating the aerial part of the root system, with the cuttings of the plants being made at a height of 10 cm from the soil surface. Dry matter yields of shoots and roots were significantly increased by fertilization of P2O5. The maximum technical efficiency dose was estimated at 44.5 mg / dm-3 of dose equivalent to 89 kg ha-1. For dry matter of roots, the response was linear with increasing doses of phosphorus, indicating that the forage responded at doses higher than 60 mg / dm-3, equivalent to the dose of 120 kg há-1.
Keywords: Fertilizing; Lime; initial growth; fodder; technical efficiency


Introdução

A intensidade do uso de pastagens tropicais para a produção de ruminantes tem sido cada vez mais frequente (ROSSANOVA, 2008), gerando dúvidas ao produtor na implantação de espécies forrageiras, referente à recomendação adequada de nutrientes exigidos pelas mesmas. Neste sentido, forrageiras do gênero Panicum maximum em despertado interesse entre pesquisadores e produtores devido sua alta produtividade e ampla adaptabilidade às condições edáficas e climáticas brasileiras semelhantes às de seu centro de origem (RODRIGUES, 2006). Segundo Vilela et al. (2004), os trabalhos que investigaram correção e adubação de gramíneas tropicais, de maneira geral, têm mostrado respostas, principalmente para o fósforo (P), cuja intensidade é variável em função das condições edafoclimáticas e das técnicas associadas. O P é o nutriente mais citado como a principal causa da baixa produtividade das pastagens em solos ácidos de baixa fertilidade, sendo considerado o nutriente mais importante para a formação de pastagens em solos da região do Central (VILELA et al., 2002). De acordo com Lima et. al. (2007) a deficiência de P nos solos de cerrado é generalizada, o que dificulta acentuadamente o estabelecimento e a produção das pastagens cultivadas, além da alta fixação de fósforo por óxidos de ferro quando a acidez se faz presente. Assim, o presente trabalho teve como objetivo verificar o efeito da aplicação de diferentes doses de fósforo no desenvolvimento inicial de Panicum maximum cv.  Massai.

Revisão Bibliográfica

O Brasil é um dos principais países produtores de proteína animal, sendo a maioria do rebanho criado em condição de pastejo, decorrente de atividade extensiva, tornando a pecuária a maior atividade econômica do país. As pastagens cultivadas no Brasil ocupam área de aproximadamente 159 milhões de hectares, 57,7% em boas condições, 6,2% degradadas e 36% naturais (IBGE, 2009). Que correspondem a 95% da carne bovina produzida. Os solos de cerrado brasileiro, normalmente são deficientes em nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), zinco (Zn), boro (B) e cobre (Cu) (JUNIOR, 2007). O declínio na produtividade das pastagens com o tempo constitui o maior empecilho para o estabelecimento de uma pecuária sustentável em termos ambientais, agronômicos, econômico, após 4 a 10 anos de pastejo deve-se, principalmente, à baixa fertilidade natural dos solos, caracterizada pela baixa disponibilidade de fósforo (P) e nitrogênio (N) (MACEDO, 1995). A correção e fertilização do solo, nesses casos são imprescindíveis (Sousa & Lobato, 2004.) O fósforo (P) tem um papel essencial no estabelecimento de pastagens, pois proporciona o crescimento de raiz e perfilhamento (SANTOS et al., 2006). Para Holford (1997) citado por Santos et al., (2006), o P é o segundo elemento essencial mais limitante à produção agrícola, depois do nitrogênio (N). A cv. Massai é um híbrido espontâneo entre P. maximum e P. infestum (Registro SNPA BRA 007102, e ORSTOM T21), apresentando uma diversificação morfológica significativa as características dos solos do cerrado, possuindo tolerância à acidez e baixos teores de P entre outros estresses ambientais (EMBRAPA 2001). De acordo com Lempp et al. (2001) a gramínea é um híbrido espontâneo entre P. maximum e P. infestum e diferencia-se dos demais materiais de P. maximum cultivados por apresentar menor porte (altura média de 60 cm) e folhas finas, com cerca de 9 mm de largura. Esta cultivar pode produzir de 19 a 23 t/ha ano, com elevada proporção de folhas (Nascimento et al., 2002), parte da planta com os maiores teores de proteína bruta e mais consumida pelos ruminantes. A forte transformação do setor identifica-se através do processo de mudanças tecnológicas provenientes de elevadas exigências nutricionais das plantas forrageiras. Na intensificação dos sistemas de produções de proteína animal à pasto, requer investimento em fertilização do solo, com proposito de atender à exigência do material forrageiro para a otimização da produção de mátria seca (JUNIOR, 2007). Ganhos positivamente de produtividade relacionado a dois princípios primários da produção animal em pastagem: taxa de lotação e o desempenho, quesitos fundamentais para certificar a redução de custos médios a longo prozo, viabilização econômica do empreendimento (BARROS et al., 2004).

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido em casa de vegetação na Faculdade Católica do Tocantins, em Palmas – TO. O município de Palmas está localizado na região central do Tocantins, a 330 metros acima do nível do mar (–10°12’46’’ de latitude Sul, 48°21’37’’ de longitude Oeste. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualidades com 4 tratamentos de doses de fósforo de 0; 40; 80; e 120 kg há-1 de P2 O5 (0; 20; 40; e 60 mg/dm-3 de P2 O5) distribuída em 5 repetições totalizando 20 parcelas experimentais. Após a interpretação da análise de solo pelo método de saturação de bases os vasos com volume 6 dm3, receberam 845 mg/dm-3, que equivale 1,690 kg há-1calcário dolomítico do tipo filler (100% de PRNT). Após 30 dias de irrigação diária, realizou-se a semeadura 30 sementes/vaso Panicum maximum cv. Massai, sendo efetuado o primeiro e único desbaste 15 DAE, deixando 5 plantas/vaso. A aplicação das doses de fósforo (Fonte: supersimples 18% de P2O5) foram realizadas na semeadura. No momento do plantio adicionou-se aos vasos a adubação de nitrogênio e potássio, nas quantidades de 35 mg/dm-3e 40 mg/dm-3, equivalente a 70 kg há-1 e 80 kg há-1, respectivamente, de acordo com análise de solo. Após 60 DAE iniciaram as avaliações sendo desmontadas as unidades experimentais, realizando-se a separação da parte aérea do sistema radicular, sendo os cortes das plantas realizados à altura de 10 cm da superfície do solo. O material coletado foi acondicionado em estufa de circulação forçada a 65oC, por 72 horas, para obtenção da massa seca de raiz e parte aérea (folhas, colmos e bainhas). Os resultados foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o programa estatístico ASSISTAT. Em função do nível de significância no teste de F para as doses de N, procedeu-se ao estudo de regressão polinomial (superfície de resposta), por intermédio do programa estatístico ASSISTAT versão 7.7 betas.

Resultados e Discussão

Os rendimentos de forragem ajustaram-se ao modelo quadrático de regressão (ŷ = 19,73570+0, 29741x-0, 00166x2, r2 = 0,99) na figura 1. Observasse-se a dose de máxima de eficiência técnica foi estimada em 44,5 mg/dm3 de P2O2, equivalente a dose de 89 kg há-1, e produção de matéria seca de parte aérea equivalente respectivamente, a 33,05 g/vaso e 11,01 kg há-1. A dose máxima de eficiência incrementou 40%, 12% e 0,4%em produção de matéria seca de parte aérea quando comparado, respectivamente, as doses 0, 20 e 40 mg/dm-3, equivalentes as doses de 0,40,80 kg há-1. Segundo Costa et al (2010), em seu trabalho a dose de máxima eficiência técnica encontrada na dose 169,9 mg/dm3 de P2O5, a qual foi superior às relatada por Paulino et al. (1994) para Brachiaria brizantha cv. Marandu (108 mg dm-3 de P) e por Costa et al. (1998) para Panicum maximum cv. Centenário (118,7 mg/dm-3 de P). Verificou-se que ocorreu comportamento de regressão linear para matéria seca de raízes (ŷ = 2,1090+0,0265x) de acordo com a figura 2, indicando que as forrageiras responderam a doses superiores a 60 mg/dm-3, equivalente a dose de 120 kg há-1. Para gramíneas tropicais, o fósforo é um nutriente importante para o desempenho na produção de forragem, principalmente na fase de estabelecimento da pastagem (WERNER, 1986), influenciando principalmente no crescimento das raízes.

Conclusões

Os rendimentos de matéria seca de parte aérea e raízes foram significativamente incrementados pela adubação fosfatada. A dose de máxima eficiência técnica foi estimada em 44,5 mg/dm-3 de equivalente a dose 89 kg há-1 . Para matéria seca de raízes a resposta foi linear a doses crescestes de fósforo, indicando que a forrageira respondeu a doses superiores a 60 mg dm-3, equivalente a dose de 120 kg há-1.

Gráficos e Tabelas




Referências

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