Influência do espaçamento e da altura de corte no valor nutritivo de Tithonia diversifolia

Thais de Souza Nunes1, Gercilio Alves de Almeida Júnior2, Juliana di Giorgio Giannotti3, Abner Luiz Castelão Campos da Fonseca4, Bárbara Matos Fonseca Silva5, Jordanna Gripa da Silva Moreira6, Hugo da Silva Nascimento7, Jefferson Penna dos Santos8
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8 - UESC

RESUMO -

O objetivo deste trabalho foi avaliar o valor nutricional de Tithonia diversifolia, em função de espaçamentos e altura de cortes das plantas. O experimento foi conduzido na Área Experimental do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo. O delineamento experimental usado foi o de blocos casualizados, em um esquema fatorial 4×4, com três repetições espaciais. Foram avaliados quatro espaçamentos (0,5 x 0,5 m; 0,5 x 0,75 m; 0,75 x 0,75 m; 1,0 x 0,75 m), e quatro alturas de corte (rente ao solo; a 15 cm; a 30 cm e a 45 cm do nível do solo). A presente área experimental já estava estabelecida com a cultura de Tithonia diversifolia e apenas foram realizados cortes de uniformização (rente ao solo) antes do início do experimento. Foi avaliada a composição bromatológica de hastes e folhas. Através da análise bromatológica foi constatado que a Tithonia diversifolia apresenta alto valor nutritivo, tornando uma alternativa para suplementação animal.

Palavras-chave: forragicultura, girassol mexicano, suplementação animal

Influence of spacing and cutting height on the nutritive value of Tithonia diversifolia

ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the nutritional value of Tithonia diversifolia as a function of plant spacing and height. The experiment was conducted in the Experimental Area of ​​the Center of Agrarian Sciences of the Federal University of Espírito Santo. The experimental design was a randomized block design in a 4x4 factorial scheme with three spatial replicates. Four spacings (0.5 x 0.5 m, 0.5 x 0.75 m, 0.75 x 0.75 m, 1.0 x 0.75 m), and four cutting heights Soil, at 15 cm, at 30 cm and at 45 cm from ground level). The present experimental area was already established with the culture of Tithonia diversifolia and only uniformity cuttings were applied (close to the soil) before the beginning of the experiment. The bromatological composition of stems and leaves was evaluated. Through the bromatological analysis it was verified that Tithonia diversifolia presents high nutritive value, making it an alternative for animal supplementation.
Keywords: Forage, Mexican sunflower, animal supplementation


Introdução

Recentemente tem surgido crescente interesse na busca de recursos alimentícios que possam substituir parcialmente o uso de concentrados na alimentação animal ou recuperar solos degradados, tornando menos oneroso o custo de produção, principalmente para os pequenos produtores (SOUZA JR., 2007). Algumas plantas arbóreas e arbustivas apresentam alto valor nutritivo e diversas finalidades, sendo que muitas espécies podem ser usadas como forrageiras, com destaque para as leguminosas. No entanto, existem outras espécies com grande potencial que não têm sido utilizadas de maneira extensiva. Dentro desse numeroso grupo pode-se citar a Tithonia diversifolia que é uma planta herbácea da família Asteraceae, originária da América Central. Foi introduzida em diversos países da África, Ásia e América do Sul, onde receberam diversas denominações, como girassol mexicano, boldo japonês, margaridão amarelo, dentre outros (SOUZA JR., 2007). A Tithonia diversifolia apresenta grande adaptação, tolera condições de acidez e baixa fertilidade do solo. Sua forma de propagação pode ser conduzida por meio de sementes ou por estacas, sendo a propagação por estaca a mais utilizada. São utilizadas estacas de 20 a 30 cm de comprimento, retiradas da parte média das hastes verdes. Além disso, ela pode ter seu ciclo anual ou perene (PEREZ et al., 2009). O objetivo deste trabalho foi avaliar o valor nutricional de Tithonia diversifolia, em função de espaçamentos e altura de cortes das plantas.

Revisão Bibliográfica

A Tithonia diversifolia é caracterizada como planta herbácea com altura variando de 1,5 a 4,0 cm, apresenta ramos fortes e numerosos ramos secundários. Suas folhas são alternadas e pecioladas com borda serrada de 7,0 a 20 cm de comprimento. A junção entre o limbo e o pecíolo apresenta cor amarelo/alaranjada. A inflorescência se exibe em capítulos formados por flor depositada em um receptáculo comum de cor amarela (NASH, 1976). A família na qual a Tithonia diversifolia faz parte, Asteraceae possui cerca de 15.000 espécies catalogadas por todo o mundo (GÓMEZ e RIVERA, 1987, citados por RIOS, 2002). Na Colômbia, esta planta cresce em diferentes condições agroecológicas, solos ácidos ou neutros, solos muito pobres em nutrientes ou férteis, em diferentes níveis do mar e em diversas precipitações (RIOS,1997). Os estudos sobre a resposta dos animais consumindo forragem de Tithonia diversifolia ainda são novos. Savon (2006) afirmou que é necessário buscar alternativas de matérias-primas para alimentação dos animais para não ocorrer uma competição com a alimentação humana, além de buscar alternativas para uma produção economicamente viável e sustentável. Em seu experimento, Gualberto et al. (2010) concluíram que para o teor de proteína bruta, os resultados encontrados não foram influenciados (P>0,05) pelos diferentes espaçamentos (12,28; 11,74 e 12,46%), contudo quando foram analisados os estádios das plantas em pré-floração e pós-floração, os teores foram superiores aos do estágio de floração (12,35; 13,81 e 10,31%), respectivamente. Os espaçamentos e os estágios de desenvolvimento não influenciaram (P>0,05) no valor de extrato etéreo. Os resultados variaram de 2,34 a 2,98%. Para os teores de fibra bruta (FB) e matéria mineral (MM) foi detectada diferença significativa (P<0,05) entre os espaçamentos e estádios de floração. O teor de FB foi maior no menor espaçamento (33,69%), todavia não houve diferença estatística (P>0,05) para o maior espaçamento (32,99%). Já em função dos estádios da planta o resultado foi menor (29,84%) no estádio de pré-floração. Em função dos estádios da planta, o teor de MM foi inferior apenas no menor espaçamento (E3), com (11,28%). Foi verificada que a pré-floração apresentou o maior valor (14,06%) e a pós-floração apresentou o menor (10,86%).

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido na Área Experimental do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo, situada no município de Alegre – ES, geograficamente localizado em latitude 20° 45′ 50″ S e altitude 41° 31′ 58″ W, a uma altitude correspondente de 277 m, em relação ao nível do mar. O clima é caracterizado como tropical de altitude Cwa, quente e chuvoso no verão e seco no inverno. A área utilizada para o experimento foi de 487 m² subdividida em quatro talhões de acordo com o espaçamento. A área na qual foi conduzido o experimento já estava cultivada com a Tithonia diversifolia. O delineamento experimental usado foi o de blocos casualizados, em esquema fatorial 4x4, com três repetições espaciais. Foram avaliados quatro espaçamentos (0,5 x 0,5 m; 0,5 x 0,75 m; 0,75 x 0,75 m; 1,0 x 0,75 m),  e quatro alturas de corte (rente ao solo; a 15 cm; a 30 cm e a 45 cm do nível do solo). As amostras foram submetidas às respectivas análises de proteína bruta, extrato etéreo, matéria mineral, fibra bruta. Foram avaliados os seguintes componentes: proteína bruta, extrato etéreo, matéria mineral e fibra bruta. Os dados obtidos foram submetidos à analise de variância, através do programa estatístico R, utilizando o teste Tukey a 5% de probabilidade para comparação das médias.

Resultados e Discussão

Na fração folha o teor de PB não foi influenciado (P>0,05) pelo espaçamento e nem pela altura de corte. Observa-se que os teores variaram de 19,52 a 24,42%. Seu valor proteico foi considerado alto dentro das espécies utilizadas para a alimentação animal, conforme se observa em valores médios citados por diversos autores para algumas espécies forrageiras. O teor de extrato etéreo também não foi influenciado (P>0,05) pelas respectivas variações (espaçamentos e alturas de corte). Nota-se que os valores oscilaram de 11,32 a 12,59%. Medina e Carreño (1999), analisando a composição química das folhas acharam um valor de 8,12%. Souza (2007) encontrou um valor de EE que oscilou entre 2,34 a 2,98% ao avaliar a planta como um todo e não somente a porção de folhas. Para o teor de MM não foi detectado influência (P>0,05) sobre as variáveis estudadas. Os valores variaram de 15,74 a 18,47%, valores mais altos quando comparados aos obtidos por Medina e Carreño (1999) que relataram valor de 12,47%. A análise de variância do teor de FB indicou significância (P<0,05) para diferenças entre espaçamentos e alturas de corte, verificando interação significativa entre os tratamentos. O teor de FB foi maior, no menor espaçamento (13,25%) já para a variável altura, o teor de fibra bruta obteve o maior valor na maior altura de corte (12,80%). Na porção hastes, a análise de variância para o teor de PB detectou significância (P<0,05) para diferenças entre espaçamentos e alturas de corte , verificando interação significativa entre os tratamentos . Os maiores valores de proteínas das hastes foram obtidos pelo espaçamento (0,5 x 0,75 m) atingindo 10,93% e para a altura de corte, a melhor encontrada foi a de 15 cm com 9,35%. O teor de FB indicou significância (P<0,05) para as diferenças apenas entre espaçamentos , não houve interação significativa entre os tratamentos. Para a variável altura de corte não foi detectada diferença estatística entre os tratamentos. Para a maior altura de corte (45 cm) o teor de FB foi de 38,74% o que não diferiu estatisticamente da menor altura de corte (0) em que o resultado foi de 37,51%. O espaçamento que apresentou maior valor foi o de 0,75 x 0,75 m com 43,78%. Não é uma característica desejável já que quanto maior a percentagem de fibra bruta, pior é a qualidade da forragem. Souza (2007), avaliando a composição química bromatológica de Tithonia diversifolia encontrou 33,69% de FB no espaçamento (0,5 x 0,75 m). O teor de MM não foi influenciado (P>0,05) pelo espaçamento e altura de corte . Os valores obtidos oscilaram entre 4,26 a 10,09%. Em comparação com os resultados obtidos pelas folhas de Tithonia diversifolia, as hastes apresentaram menores valores. A concentração de matéria mineral tende a ser diminuída com o amadurecimento da planta, além de ser conduzida para as partes aéreas.

Conclusões

O teor de proteína bruta foi considerado bom em comparação com outras espécies e na fração folha não obteve diferença estatística entre as variáveis. Através da análise bromatológica foi constatado que a Tithonia diversifolia apresenta alto valor nutritivo, tornando-se alternativa para produtores em períodos secos.

Gráficos e Tabelas




Referências

GUALBERTO, Ronan et al. Influência do espaçamento e do estádio de desenvolvimento da planta na produção de biomassa e valor nutricional de Tithonia diversifolia (HEMSL) Gray. Ituverava, v. 8, n. 1, apr. 2011. ISSN 1982-2278. MEDINA, M. L. B.; CARREÑO, R. J. D. Evacuación del material foliar de rayo de sol como posible fuente de xantofilas. Agronomía Tropical, v. 49, n. 4, p. 373-390, 1999. NASH, D. 1976. Flora de Guatemala. En: Fieldiana: Field Museum of Natural History. Botany. Vol. 24, Part XII, p. 323-325. PÉREZ, A et al.(2009) Tithonia diversifolia (Hemsl.) A. Gray. Estación Experimental de Pastos y Forrajes “Indio Hatuey”. Rev. Pastos y Forrajes. Matanzas, Cuba; 32;1:1-15. RÍOS, C.I. 1997. Botón de oro Tithonia diversifolia (Hemsl.) Gray. En: Árboles y arbustos forrajeros utilizados en la alimentación animal como fuente proteica. 2da edición. Colciencias-CIPAV. Cali, Colombia. p. 115. RIOS, C.I. Botón de oro Tithonia diversifolia (Hemsl.) Gray. En: Arboles utilizados en alimentación animal como fuente proteica: matarraton (Gliricidia septum), nacedero (Trichanthera igantea),pizamo (Erythrina fusca) y botón de oro (Tithonia diversifolia). Centro para la Investigación em Sistemas Sostenibles de Producción Agropecuária: CIPAV, p. 115-126, 2002. SAVÓN, Lourdes. 2006. Alimentación no convencional de especies monogastricas: utilización de alimentos altos en fibras. Conferencia Magistral. Instituto de Ciencia Animal. La Habana, Cuba. SOUZA JUNIOR, O.F. Influência do espaçamento e da época de corte na produção de biomassa e valor nutricional de Tithonia diversifolia (HEMSL.) Gray. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade de Marília-UNIMAR. 43 p. 2007.  





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