Levantamento de técnicas de manejo realizado pelo os apicultores do município de Sento Sé – BA

Eva Monica Sarmento da Silva1, Lauricia dos Santos Nascimento2, Daiane Dias Ribeiro3, Yan Souza Lima4, José Fernandes Barbosa5, Rebert Coelho Correia6, Tânia Maria Sarmento da Silva7
1 - UNIVASF
2 - UNIVASF
3 - UNIVASF
4 - UNIVASF
5 - Bahia Produtiva
6 - Embrapa Semiárido
7 - UFRPE

RESUMO -

A apicultura tem crescido muito nas últimas décadas no Brasil, principalmente no nordeste brasileiro, sendo essa atividade já consagrada na agricultura familiar. Esse trabalho teve como objetivo avaliar as técnicas de manejo utilizadas pelos apicultores nos seus respectivos apiários no município de Sento Sé – Ba, e assim, ter uma maior compreensão dos fatores que interferem na otimização da produção apícola. Para isso, foram realizadas entrevistas com perguntas fechadas e abertas a 20 apicultores residentes do município, através de questionários semiestruturados abordando aspectos técnicos e de produção. Para análise dos dados foi utilizada estatística descritiva. Os resultados mostraram que a atividade apícola no Município de Sento Sé – BA, ainda é pouco desenvolvida, com técnicas insuficientes para otimizar a atividade e os índices de produtividade. Conclui-se que os apicultores devem se dedicar mais a atividade apícola, através de manejo das colônias de Apis mellifera.

Palavras-chave: Apicultura, Técnicas, Produtividade, Sustentabilidade

Survey of management techniques of apiaries of beekeepers of the municipality of Sento Sé - BA

ABSTRACT - Beekeeping has grown a lot in recent decades in Brazil, mainly in the northeast of Brazil, being this activity already enshrined in family agriculture. This work aimed to evaluate the management techniques used by beekeepers in their respective apiaries in the municipality of Sento Sé-Ba, and so have a greater understanding of the factors that interfere in the optimization of beekeeping production. For this, were carried out interviews with closed and open questions the beekeepers 20 residents of the municipality, through semi-structured questionnaires addressing technical and production aspects. For analysis of the data was used descriptive statistics. The results showed that the beekeeping activity in the municipality of Sento Sé – BA, is still undeveloped, with insufficient techniques to optimize the activity and productivity indices. It is concluded that beekeepers must devote more bee activity, through management of Apismellifera colonies.
Keywords: Beekeeping, Techniques, Productivity, Sustainability


Introdução

A Apicultura é uma atividade potencial para o desenvolvimento sustentável, pois integra produção, conservação do meio ambiente, bem-estar social e quando bem manejada torna-se economicamente viável (LONGO, 2013). As abelhas Apis mellifera produzem mel e estocam para usar em períodos de escassez de recursos florais. O apicultor abriga os enxames em caixas racionais (colmeias) que serve de proteção, facilita o manejo e ajuda a manter o fortalecimento dos enxames de forma que esses cresçam e se desenvolvam, com a finalidade de obter e manter os produtos e serviços fornecidos pelas abelhas (SILVA, 2014). A atividade também pode ser consorciada a outras culturas, promovendo aumento na produtividade da propriedade e gerando suporte à manutenção do produtor rural no campo (ARRUDA et al, 2011). A produção apícola no Brasil vem se desenvolvendo principalmente, devido a abundância da biodiversidade da flora, alavancando a comercialização do produto mais explorado, o mel (ARRUDA et al, 2011). Portanto, objetivou-se com esse trabalho avaliar as técnicas de manejo utilizadas pelos apicultores nos seus respectivos apiários no Município de Sento Sé – Ba e assim, ter uma maior compreensão dos fatores que interferem na otimização da produção apícola.

Revisão Bibliográfica

A apicultura é a criação racional de abelhas Apis mellifera, que vivem em colônias perfeitamente divididas em três castas diferentes: uma rainha, abelhas operárias e zangões. Tem se utilizado muitos equipamentos e técnicas desenvolvidas para explorar ao máximo os rendimentos naturais destes insetos (REIS, FILHO, 2003). A criação de abelhas é simples e compatível com sua produção, não requer sofisticação, mesmo assim, se compararmos com outras atividades zootécnicas. Sua produtividade está mais relacionada ao manejo adequado às condições climáticas, critérios de segurança e da flora apícola existente na região, e ainda, aliada a isso novas técnicas e eficiência na comercialização (SOUZA et al., 2014). Atualmente, o Brasil é reco­nhecido no cenário apícola mundial pelo domínio da metodologia de controle e manejo das abelhas africanizadas. Estas são altamente resistentes a doenças e as únicas com produção de mel sem uso de medicamentos. Estas características, entre outras, causaram grande impacto positivos na apicultura brasileira (REIS; FILHO, 2003). O nordeste brasileiro tem um dos maiores potenciais apícolas no mundo, pois apresenta características interessantes de flora e clima que, aliadas à presença das abelhas africanizadas e boas floradas, oferece um potencial admirável de produção de mel no decorrer do ano. Os produtos das abelhas são altamente ecológicos pois são 100% produzidos a partir da matéria-prima de origem vegetal, ou seja, pasto apícola, principalmente obtido a partir das flores (COSTA; OLIVEIRA, 2012). Esse conhecimento ajuda na eficácia da preservação e a multiplicação destas plantas de potencial melífero.

Materiais e Métodos

O presente trabalho foi realizado como pesquisa de campo na modalidade exploratória. Os apicultores entrevistados vivem em pequenas localidades, situadas no município de Sento Sé – BA, no semiárido nordestino, com latitude -09º 44' 45" S, longitude -41º 53' 07" W, e altitude de 410 metros e área de 12. 699 Km². O estudo foi realizado em julho de 2016, através de investigações obtidas por levantamentos de dados elaborados em questionários semi-estruturados, direcionados a 20 apicultores residentes do local. A metodologia foi preconizada para a avaliação e identificação de prováveis problemas produtivos, sendo abordados parâmetros, como: aspecto técnico e de produção (FÊLIX, 2012).

Resultados e Discussão

Com relação à frequência de visitas aos apiários pelos apicultores, observou-se que 40,0% dos entrevistados costumam visitar o seu apiário dentro do período recomendado de 15 a 21 dias. Porém, as técnicas de manejo aplicadas não eram adequadas. Segundo os produtores, a atividade gera renda familiar, não precisa de grandes áreas para a criação, o que facilita desde manejo até obtenção dos produtos. Mesmo a atividade não sendo autossustentável, merece destaque a renda obtida com a venda dos produtos (40,5%) e o pouco tempo de ocupação. As desvantagens mais citadas foram: a pouca quantidade de flores no período seco do ano (que é caracterizado por mais da metade do ano). Todos relataram que embora a região tenha uma boa florada apícola, o longo período de estiagem não contribui para o florescimento das plantas e com isso tem reduzido a alimentação das abelhas com consequente aumento das perdas das colônias. No município foi encontrado um total de 334 colmeias, destas, apenas 291 são povoadas. As 43 colméias vazias tem ligação direta com as técnicas inadequadas para manutenção das colônias, o que para maioria dos apicultores isso acarreta em baixos índices de produção de mel. Apesar de ser bastante variável, a maioria destes apicultores possuem uma média de 15 colmeias, porém, nem todas estão em produção. Ao serem questionados sobre o nível de tecnologia adotada, observou-se que 90,0% dos apicultores não fazem substituição anual de rainhas velhas por rainhas novas (Tabela 1). Quanto ao uso da alimentação artificial, verificou-se que dos apicultores entrevistados, 80,0% não alimentam artificialmente suas colônias no período de escassez. A falta do manejo alimentar pode estar contribuindo com a perda de enxames que é um problema enfrentado por muitos. A realização da divisão de colônias é comum, com o objetivo de povoar suas colmeias desabitadas, geralmente por causa do abandono dos enxames no segundo semestre do ano. Os resultados mostram que apenas 15,0% dos apicultores recebem visita técnica de órgãos públicos com programas de extensão rural, em seus apiários. Essas visitas são bimestrais, ou seja, um longo espaço de tempo e 85% dos apicultores não são alcançados. O elevado intervalo de tempo entre as visitas de técnicos está comprometendo o desempenho de apicultores principalmente daqueles que tem um baixo nível de escolaridade, baixa renda e que não tem condições de pagar cursos e precisam ser acompanhados com maior frequência. Junto a isso, leva-se em consideração o fato de que quando existe aplicação de técnicas de manejo por parte dos profissionais nos apiários estudados, é praticamente impossível uma avaliação precisa dos apiários, pois não há como se ter um controle zootécnico das colônias já que 100% dos apicultores do município, não fazem controle da numeração das colmeias. A ausência deste controle impossibilita as tomadas de decisões, bem como o manejo de colônias fracas, esses fatores impedem a melhoria da produtividade de mel nas colônias.

Conclusões

Conclui-se que mesmo com a longa experiência e organizados em associações, os apicultores entrevistados precisam se dedicar mais a atividade apícola, através de novas técnicas de manejo das colônias de Apis mellifera, assim como de um suporte maior e incentivo do governo. Assim, torna-se necessário realizar com mais frequência assistência técnica de forma que consolide a todos, para que tenham oportunidade de maximizar sua produtividade e tornar a apicultura uma atividade desenvolvida, lucrativa e sustentável.

Gráficos e Tabelas




Referências

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