LEVANTAMENTO DO RENDIMENTO DE FORRAGEIRAS NO OUTONO NO IFRS-CAMPUS SERTÃO

Natieli Cheila Todero1, Maria Tereza Bolzon Soster2
1 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Câmpus Sertão
2 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Câmpus Sertão

RESUMO -

A vegetação campestre está descaracterizada devido à ação humana, e principalmente falta de proteção e conservação. Além disso, são escassos os estudos sobre suas potencialidades, e é necessário conhecer o seu valor nutritivo afim de utilizar de forma correta os recursos. O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento local do potencial de produção de matéria seca de plantas forrageiras presentes na área do Campus-Sertão no outono. As amostras foram coletadas através da metodologia direta de levantamento da produção de forragem. Os resultados demostraram que o rendimento final de matéria seca (MS) foi maior no Centeio em 28/05/2014, em relação às outras espécies, alcançando 2.157,31 kg/MS/ha. Em situação de invernos tardios, espécies como Axonopus compressus e Paspalum dilatatum conservam produção de forragem.

Palavras-chave: Alimentação animal, Forragicultura, Zootecnia

SURVEY OF FORAGE PERFORMANCE IN AUTUMN IN THE IFRS-CAMPUS SERTÃO

ABSTRACT - The native grassland vegetation is deprived of characteristics had the action human being, and mainly lack of protection and conservation. Moreover, the studies are scarce on its potentialities, and are necessary to know its nutritional value similar to use of correct form the resources. The objective of this work was to carry through a local survey of the potential of production of dry substance of forages gifts in the area of Campus-Sertão in the autumn. The samples had been collected through the direct methodology of survey of the fodder plant production. The results had demonstrated that the final income of dry substance (MS) was bigger in the Rye in the date of 28/05/2014, in relation other species, having 2157.31 kg/MS/ha. In situation of delayed winters, species as Axonopus compressus and Paspalum dilatatum conserve fodder plant production.
Keywords: Animal Feeding, Forages, Zootechny


Introdução

Os campos nativos são agro ecossistemas muito importante para a manutenção da fisionomia agropecuária do Rio Grande do Sul. Entretanto, embora muitos trabalhos tenham sido realizados ao longo dos anos, ainda são escassas as informações comparados com espécies domesticadas. Sob esses paradigmas, espécies precoces exóticas como o centeio (Secale cereale L.), e plantas nativas do Sul do Brasil, capazes de estender seu período produtivo em épocas de invernos tardios, são alternativas para incremento de matéria seca e incrementos de produção animal. Assim, o objetivo desse trabalho foi realizar um levantamento local do potencial de produção de matéria seca de plantas forrageiras presentes na área do Campus-Sertão no outono, a fim de estimar sua produção e caracterizar a ecofisiologia das espécies locais de caráter preliminar.

Revisão Bibliográfica

A vegetação campestre original do Rio Grande do Sul já foi descaracterizada em torno de 51% devido à ação humana para diversos fins, pouco conhecimento sobre a biodiversidade, e número reduzido de áreas efetivamente protegidas em Unidades de Conservação, tornando o Bioma Pampa negligenciado (Matei & Filippi, 2012). Dados reais de sua produtividade e potencialidades de suas espécies forrageiras são estudos que merecem atenção tendo em vista o mercado atual de carne.  Por décadas pesquisadores vêm testando a qualidade das forrageiras relacionando com o melhor desempenho animal, com métodos conhecidos de avaliação e manejo. Usam-se estimativas de valor nutritivo para ajustar suplementos (Hall, 1994), no entanto, para o Sul do Brasil, informações ainda são escassas em relação à espécies nativas em ambientes naturais, principalmente por habitarem simultaneamente o mesmo ambiente. Gomes (2000), se refere ao melhoramento de campo nativo com uso de nitrogênio, e muitos trabalhos têm sido realizados a fim de estender o uso dos campos no Rio Grande do Sul, sobretudo no período de escassez de alimento, em que a pastagem predominantemente estival perde seu potencial produtivo e as espécies hibernais e hiberno-primaveris ainda não alavancaram sua produção. Assim, levantamentos da produção de matéria seca pelas forrageiras em suas estações de crescimento são dados relevantes para a predição do potencial produtivo zootécnico.

Materiais e Métodos

Amostras de forrageiras foram coletadas na área do IFRS-Campus Sertão, no dia 28 de maio de 2014, através da metodologia de direta de levantamento da produção de forragem, com área de 0,2 m², onde as plantas foram cortadas a 5 cm e a 10 cm de resteva, contando com 8 espécies, e média de 3 repetições. Mediu-se a estatura das plantas com régua, e as amostras foram pesadas e secas em estufa a 60ºC até massa constante. Após desidratadas, foram pesadas para a determinação da matéria seca (MS). Estimativas de produção de forragem foram realizadas a partir das amostras recolhidas na área conhecida, as médias foram submetidas à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste Tukey a 1%. Correlacionou-se os resultados com o clima apresentado até o momento do corte, haja visto que o levantamento contou com espécies estivais e temperadas. As espécies avaliadas foram: Paspalum dilatatum Poir., Axonopus compressus Sw. P. Beauv., Aveia preta (Avena strigosa Schreb.), Azevém (Lolium multiflorum L.), Centeio (Secale cereale L.), Trevo Branco (Trifolium repens L.), Quicuio (Pennisetum clandestinum Hochst. ex. Chiov ), e Aveia+Azevem.

Resultados e Discussão

Verificou-se que o rendimento final de matéria seca apresentou maior acúmulo no Centeio, significativamente diferente do Azevém e do Trevo Branco, possivelmente devido a sua época de semeadura e de seu comportamento mais precoce, encontrando-se na fase reprodutiva ao passo que os demais, encontravam-se no início do ciclo (Tabela 1). Perceber a produção de mais de 2t/ha de MS no outono (28/5/2014) significa em média uma ganho de peso animal de 200 kg/ha, que, quando comparado Centeio (espécie anual de clima frio), com Paspalum (espécie perene de clima quente, nativa do Sul do Brasil), o rendimento de forragem é praticamente semelhante, haja visto que até essa data, não haviam sido registradas geadas. A primeira geada no período foi registrada dia 04/06/2014, sendo a curva de acúmulo de forragem de Paspalum comprometida a partir de então. Assim, percebeu-se que o chamado vazio outonal nessa região tem tendência a ser encurtado em função da temperatura e da adaptação das plantas à essas condições. O Quicuio (Pennisetum clandestinum  Hochst. ex. Chiov), Paspalum dilatatum Poir. e Axonopus compressus Sw. são gramíneas (Poaceae) perenes de clima quente, sendo a primeira de origem africana e as outras duas, nativas do Sul do Brasil. O trevo-branco Trifolium repens L.), é uma leguminosa (Fabaceae) perene de clima frio. Já o azevém (Lolium multiflorum Lam.) e a aveia-preta (Avena strigosa Schreb.) são forrageiras exóticas anuais de clima frio (Fontanelli et al., 2009), percebe-se o encontro da produção por essas espécies no Sul do Brasil, considerando a localização da presente pesquisa. No IFRS-Campus Sertão existem áreas remanescentes de campos nativos e áreas não manejadas para lavouras que permite a coleta de espécies predominantemente nativas, como é o caso de Paspalum dilatatum. Da amostra realizada, notou-se grande disponibilidade de forragem, que para a época acurada é de fundamental importância para a alimentação animal.  Nos Estados Unidos, verificaram-se rendimentos de 1.230 a 12.000 kg de MS/ha de Paspalum dilatatum (Bennett, 1976), assim como os observados nesse levantamento. Costa et al. (2003) citam a perda da produção de forragem por essa espécie no outono-inverno (1865 GD), com melhor resposta à temperatura da primavera, e a classificação como gramínea tropical de florescimento longo. Assim, espera-se que a partir da data da amostragem, a produção de Paspalum comece a decair, devido a temperatura.

Conclusões

Em situação de invernos tardios, espécies como Axonopus compressus e Paspalum dilatatum conservam produção de forragem, comparado com espécies anuais precoce de inverno como o centeio. Levantamentos da produção de forrageiras no local de sua ocorrência é uma forma de valorizar os recursos encontrados no campo nativo do Rio Grande do Sul e estimar a produção animal.

Gráficos e Tabelas




Referências

BENNETT, H.W. Pasto Dallis, pasto Bahía y pasto Vasey. In: HUGHES, H.D.; HEATH, M.E.; METCALFE, D.S. (Eds.)Forrajes. 6.ed. México: Compañia Editorial Continental, 1976. p.315-319. COSTA, D. I.da; SCHEFFER-BASSO, S. M.; FAVERO, D. e FONTANELI, R.S. Caracterização morfofisiológica e agronômica de Paspalum dilatatum Poir. biótipo Virasoro e Festuca arundinacea Schreb: 2. Disponibilidade de forragem e valor nutritivo. R. Bras. Zootec. [online]. 2003, vol.32, n.5, pp. 1061-1067. HALL, M.H. Forage Quality Testing:Why, How, and Where. Agronomy Facts 44. The Pennsylvania State University, 1994. Disponível em: http://www.forages.psu.edu/agfacts/agfact44.pdf. Acessado em: 08/06/2014. GOMES, L.H. Produtividade de um Campo Nativo Melhorado submetido à Adubação Nitrogenada. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000. 128p. MATEI, A.P.; FILIPPI, E.E.  O Bioma Pampa e o Desenvolvimento Regional do Rio Grande do Sul. In. 6º Encontro de Economia Gaúcha, 2012. Disponível em :< http://cdn.fee.tche.br/eeg/6/mesa8/O_Bioma_Pampa_e_o_Desenvolvimento_Regional_no_RS.pdf> Acessado em 07/06/2014.