Massa de forragem e taxa de lotação de capim convert manejados sob intensidade de pastejo

Diogo Rodrigues da Silva1, Ulysses Cecato2, Sandra Galbeiro3, Thiago Trento Biserra4, Renan Sanches5, Camila Fernandes Domingues Duarte6, Arthur Roque Domingues7, João Vitor Rosa Vincente8
1 - Universidade estadual de Maringá
2 - Universidade estadual de Maringá
3 - Universidade estadual de Londrina
4 - Universidade estadual de Maringá
5 - Universidade estadual de Maringá
6 - Universidade estadual de Maringá
7 - Universidade estadual de Maringá
8 - Universidade estadual de Londrina

RESUMO -

O objetivo deste trabalho foi avaliar as respostas de diferentes intensidades de pastejo (15, 25, 35 e 45 cm) sobre a massa de forragem e a taxa de lotação com capim Convert HD 364 nas estações de verão e outono de 2016. O experimento foi realizado próximo de Londrina-Paraná. A área experimental foi de 16 hectares, divididos em piquetes de 1 hectare cada. Foram utilizados blocos casualizados, com parcelas subdivididas e quatro repetições por tratamento. Utilizou-se lotação contínua com taxa de lotação variável, três animais testadores mais os animais reguladores. A altura foi medida uma vez por semana, com uma régua de 1 m, medindo 75 pontos por piquetes. A MFT foi estimada a cada 28 dias por meio de dupla amostragem, coletando nove amostras por piquete, com avaliação de 24 amostras visuais, utilizando um quadrado de 0,25 m². Os valores de MFT foram convertidos em kg / MS.ha-1. Para TL foi considerado a carga média dos testadores e reguladores pesados ​​a cada 31 dias. O MFT total apresentou valor máximo de 7945 kg MS ha-1 em tratamentos de 45 cm. Os maiores valores de TL ocorreram no outono de 3,1 a 4,4 UA.ha-1, entre tratamentos de 15 a 45 cm, respectivamente. De acordo com os resultados há influência da estação e a altura do dossel são manejadas sob lotação contínua, onde os valores mais altos de MFT foram observados nos tratamentos superiores a 15 cm. Os valores mais altos de TL foram observados na estação do outono, diferindo somente entre tratamentos de 15 e 45 cm.

Palavras-chave: Convert, Brachiaria, massa de forragem, taxa de lotação, gado de corte

Mass of forage and stocking rate of the convert grass managed under grazing intensity

ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the responses of different grazing intensities (15, 25, 35 and 45 cm) on the forage mass and the stocking rate in areas managed with Convert HD 364 grass in the summer and fall seasons of 2016. The experiment was carried out near the municipality of Londrina-Paraná. The experimental area was 16 hectares, divided into pickets of 1 hectare each. We used randomized blocks, with subdivided plots and four replicates per treatment. Continuous stocking with variable stocking rate was used, three animal testers plus the regulating animals. The height was measured once a week, with a ruler of 1 m, measuring 75 points per pickets. The MFT was estimated every 28 days by means of double sampling, collecting nine samples per picket, with evaluation of 24 visual samples, using a square of 0.25 m². The MFT values ​​were converted to kg / MS.ha-1. For TL, we considered the mean load of the testers and heavy regulators every 31 days. The total MFT presented a maximum value of 7945 kg DM ha-1 in treatments of 45 cm. The highest TL results occurred in the autumn season, from 3.1 to 4.4 UA.ha-1, between treatments of 15 to 45 cm, respectively. According to the results, season influences and canopy height are managed under continuous stocking, in which the highest values ​​for MFT were observed in treatments higher than 15 cm. And for TL the highest values ​​were observed in the autumn season, differing only between treatments of 15 and 45 cm.
Keywords: Convert, brachiaria, stocking rate, Mass of forage, Beef cattle.


Introdução

O setor agrícola é a principal vertente da economia brasileira, que tem sistematicamente alavancado o país. No ano de 2015 foi o único setor que cresceu sendo responsável por um quarto do PIB nacional (IBGE, 2016). Grande parte do indicador econômico desse setor ter saldo positivo se deve à pecuária. O Brasil possui o maior rebanho comercial de gado bovino do mundo, com 214 milhões de cabeças, sendo o principal exportador do produto, o que gerou equivalente a US$ 5,9 bilhões no último balanço nacional publicado (CNA,2016). A criação e produção de gado de corte estão embasadas na produção a pasto. Sendo esta uma forma econômica e prática de produzir e oferecer alimentos aos animais (Souza, 2016). Tendo em vista que um dos principais desafios do século XXI é garantir a segurança alimentar de uma população de 10 bilhões de pessoas à base de recursos do solo em um clima de constantes mudanças, uma preocupação atual é o desenvolvimento de culturas capazes de alto rendimento, com disponibilidade limitada de água e recursos não renováveis (Lynch e Wojciechowski, 2015). As errôneas práticas de manejo numa área de pastagens, por exemplo, a intensificação excessiva do pastejo que pode levar a compactação do solo e consequentemente prejuízos ao sistema radicular e parte aérea. Essa pode ser considerada peça chave para explicar o porquê de apesar de todo potencial da pecuária de corte a pasto em algumas áreas à baixa produtividade ainda é uma realidade constante (Cecato et al., 2005).

Revisão Bibliográfica

No cenário pecuário, o que pode ser observado é a busca por novos cultivares de forrageiras através de técnicas de hibridação (Cuadrado et al., 2005) que reúnam características de alto rendimento agronômico (Lynch e Wojciechowski, 2015). As gramíneas do gênero Brachiaria são atualmente o principal recurso forrageiro nas áreas de pastagens do Brasil por apresentar vantagens como: grande adaptabilidade a solos com deficiência hídrica, ácidos e de baixa fertilidade (Argel et al., 2007; Da Silva et al., 2012). O mais recente cultivar deste gênero desenvolvido para auxiliar o aperfeiçoamento da produção a pasto é o capim Convert HD 364 também chamado de Mulato II (Brachiaria spp., híbrido CIAT 36087). Esse Possui alelos na mãe sexual Brachiaria ruziziensis, Brachiaria decumbens Stapf cv. Basilisk e em outros acessos de Brachiaria brizantha, incluindo a cv. Marandú (Argel et al., 2007), e tem como detentor dos direitos comerciais do material a empresa Dow AgroSciences®. O controle da desfolhação é determinante na sustentabilidade de plantas forrageiras. No manejo de pastagens isso é feito através do ajuste das taxas de lotação caracterizando maiores ou menores intensidades de pastejo, tal processo é importante justamente por se tratar de um evento antagônico. De um lado os interesses da planta que utiliza as folhas para captar luz e realizar fotossíntese e de outro os dos ruminantes que utilizam as estruturas da planta para compor sua dieta (Ruggieri et al., 2008). O maior desafio é manter o sistema em equilíbrio sem comprometer a produtividade e a perenidade da espécie forrageira em uso.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na Estação Experimental Agrozootécnica Hildegard Georgina Von Pritzelwiltz, que pertence à Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz/ESALQ-USP. Próximo ao município de Londrina, PR. Os dados foram coletados durante a estação de verão e outono de 2016. Nessa região, o tipo climático dominante, segundo a classificação de Köppen, é o Cfa (subtropical úmido mesotérmico), caracterizado por temperatura média anual entre 20 e 21oC e precipitação pluvial entre 1.600 e 1.800 mm. A cultivar utilizada no estudo foi o Capim Convert HD 364 (Brachiaria spp.). A área total foi de 16 ha divididos em quatro blocos e esses, por sua vez, subdivididos em quatro piquetes de 1 ha cada. Para o manejo do pasto foi utilizado o método de pastejo contínuo com taxa de lotação variável. Para a manutenção das alturas pretendidas de 15, 25, 35 e 45 cm, foram utilizados três animais testes, por unidade experimental. Os animais reguladores foram colocados e/ou retirados dos piquetes conforme a necessidade de ajuste do nível da altura de pasto, seguindo o método “put and take” (Mott e Lucas, 1952). A massa de forragem foi estimada a cada 28 dias, por meio de dupla amostragem onde se coletou nove amostras por piquete, com avaliação de 24 amostras visuais, utilizando-se um quadrado com área de 0,25 m². As amostras foram secas em estufa por 72 horas. Os valores de massa de forragem foram convertidos para kg/MS.ha-1. Para os cálculos da taxa de lotação variável das áreas (Figura 12) foram considerados as médias de carga dos animais testes e reguladores, que foram pesados aproximadamente a cada 31 dias. Assim foi possível calcular a razão entre o número de unidades animais testes e reguladores (UA), nos respectivos períodos de ocupação (dias), e a área ocupada pelos animais (m2). Posteriormente os resultados foram ajustados para as épocas do ano. Os dados foram agrupados por estação do ano (verão e outono) e analisados por meio do programa estatístico (SAS, 2007), utilizou-se o método dos quadrados mínimos através do procedimento "General Linear Model (GLM)", contendo as interações e os efeitos da altura do dossel e estações do ano. Conforme análises de variância e de acordo com os resultados do teste de Tukey (P<0,10)

Resultados e Discussão

No geral as médias de alturas dos dosséis (FIGURA 1) tiveram poucas oscilações ao longo do período, sendo (16, 24, 34 e 38 cm) na estação de verão e (17, 25, 34 e 39 cm) na estação de outono, para os tratamentos de 15, 25, 35 e 45 cm respectivamente. As médias permaneceram próximas às alturas pretendidas de cada tratamento, com exceção dos tratamentos de 45 cm nos quais a altura média observada permaneceu próxima à 40 cm, apesar das condições favoráveis de clima e precipitação. A dificuldade de atingir principalmente as alturas pretendidas de 45 cm nos pastos pode ser atribuída aos aspectos morfológicos do híbrido em questão, pois cabe ressaltar que o mesmo é resultado de cruzamento com Brachiaria decumbens que possui característica de crescimento decumbente em comparação ao desenvolvimento cespitoso de outras cultivares do gênero Brachiaria (Martuscello et al., 2009). De uma forma geral o comportamento da massa de forragem total esteve relacionado às variações de altura no pasto (FIGURA 1), uma vez que essa última pode ser uma importante ferramenta para estimar a massa de forragem total instantânea em gramíneas tropicais, apesar de existir variações de densidade que possam tornar a medida não tão pontual, normalmente a relação é quase que sempre linear e positiva entre as duas variáveis (Pedreira et. al. 2002). Durante o período experimental a massa de forragem apresentou valores máximos de 7945 kg/MS.ha-1 no tratamento de 45 cm na estação de outono, e valores mínimos de 3871 kg/MS.ha-1 no tratamento de 15 cm na estação de verão. Foi observado interação entre alturas do dossel x épocas do ano (P = 0,0892) para a massa total de forragem (MTF). Os pastos mantidos a 15 cm de altura apresentaram médias variando entre 3871 a 4956 kg/MS.ha-1, diferindo dos demais tratamentos, essa diferença se dá principalmente pela alta taxa de lotação necessária para atingir essa altura pretendida. Durante o período experimental a taxa de lotação variou de 2,7 UA.ha-1 nos tratamentos de 15 cm na estação de verão e 4,4 UA.ha-1 nos tratamentos de 45 cm na estação de outono.  Para a taxa de lotação foi observado interação entre alturas do dossel x épocas do ano (P = 0,07). Sendo os maiores valores observados na estação de outono devido condições mais favoráveis de oferta de forragem e também ao peso mais adiantado dos animais. Dentre os tratamentos na estação de outono o tratamento de 45 cm apresentou valores inferiores aos demais devido à dificuldade de se manter a altura pretendida. Enquanto nos tratamentos de 15 cm devido a maior intensidade de pastejo imposta a eles, de modo geral apresentaram os maiores valores para taxa de lotação.

Conclusões

  • Houve interação para altura do dossel x época do ano para massa de forragem, e os maiores valores foram observados nos tratamentos de menor intensidade de pastejo.
  • Houve interação para altura do dossel x épocas do ano para taxa de lotação, entretanto apenas diferiram nos tratamentos de 15 e 45 cm. Sendo maior nos tratamentos de maior intensidade de pastejo


Gráficos e Tabelas




Referências

Argel, M. et al. 2007. Cultivar mulato II (Brachiaria híbrido CIAT 36087): Gramínea de alta qualidade e produção forrageira, resistentes às cigarrinhas e adaptada a solos tropicais ácidos. CIAT, Cali, Colombia. Cecato, U.; Galbeiro, S.; Rodrigues, A.M.. Adubação de Pastagens–relação custo/benefício. In: Simpósio sobre Manejo Sustentável em Pastagens. 2005. Maringá. Anais... Maringá: UEM, 2005 (CD-ROM). Cuadrado, H.; Torregroza, L.; Garcés, J. 2005. Producción de carne con machos de ceba en pastoreo de pasto híbrido mulato y brachiaria decumbens en el val le del sinú. Revista MVZ Córdoba 10: 573-580. CNA. 2016. Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Disponível em: http://www.cnabrasil.org.br/ [Acessed 27 Mar, 2017]. Da Silva, T.C. et al. 2012 Morfogênese e estrutura de Brachiaria decumbens em resposta ao corte e adubação nitrogenada. Archivos de zootecnia 61:91-102. IBGE. 2016. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/ [Acessed 27 Mar, 2017]. Lynch, J.P.; Wojciechowski, T. 2015. Opportunities and challenges in the subsoil: pathways to deeper rooted crops. Journal of Experimental Botany 66: 2199-2210. Mott, G.O.; Lucas, H.L. The design, conduct and interpretation of grazing trial on cultivated and improved pastures. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 6., 1952. Pennsylvania. Anais... Pennsylvania: State College Press, 1952. p.1380-1385. Souza, F.M. et al. 2016. Introdução de leguminosas forrageiras, calagem e fosfatagem em pastagem degradada de Brachiaria brizantha. Revista Brasileira de saúde e produção animal 17:355-364. Ruggieri, A., et al. Morphological composition of marandu palisade grass pasture managed under different herbage alloawance grazed by dairy cattle in rotational stocking system. IN JOINT ANNUAL ANIMAL SCIENCE MEETING. 2008. p.372.