MEDIDAS MORFOMÉTRICAS CORPORAIS E TESTICULARES EM OVINOS SUBMETIDOS À DIETAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE INCLUSÃO DE FARELO DE GIRASSOL
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RESUMO -
A ovinocultura se destaca como atividade agropecuária rentável em decorrência das características de rusticidade, ciclo produtivo curto e viabilização de pequenas áreas. O presente estudo objetivou avaliar a viabilidade da inclusão do farelo de girassol como fonte proteica na dieta de cordeiros. Foram utilizados 24 cordeiros mestiços, pesados, vermifugados e distribuídos em quatro tratamentos com dietas com níveis distintos de inclusão de farelos de girassol (0%, 10%, 20% e 30%) em substituição ao farelo de soja. Os animais foram submetidos às avaliações de peso, escore, biometria corporal e morfometria testicular. O delineamento utilizado foi blocos ao acaso, com 3 blocos, 4 tratamentos e 6 repetições. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de regressão, com nível de significância de 5%. Constata-se que a inclusão do farelo de girassol à dieta interferiu de maneira significativa no peso corporal e desenvolvimento testicular dos ovinos.
Morphometry measurements of body and testicle in sheep submitted to diets with different levels of sunflower meal inclusion
ABSTRACT - Sheep production stands out as a profitable agricultural activity due to the characteristics of rusticity, short productive cycle and viability of small areas. The present study aimed to evaluate the viability of sunflower meal inclusion as protein source in the diet of lambs. Twenty-four crossbred lambs, previously heavy and wormed, were distributed in 4 treatments with diets with different levels of sunflower meal inclusion (0%, 10%, 20% and 30%) instead of soybean meal. The animals were submitted to evaluations of weight, score, body biometry and testicular morphometry. The experimental design was randomized block with 3 blocks, 4 treatments and 6 replicates. The results were submitted to regression analysis with a significance level of 5%. It was observed that inclusion of sunflower meal in the animals' diet significantly interfered in the body weight and testicular development of ovines.Introdução
A ovinocultura se destaca como uma atividade agropecuária altamente rentável em decorrência das suas características de rusticidade, ciclo produtivo curto e viabilização de pequenas áreas (Deminicis et al., 2008). Tal atividade agropecuária dispõe ainda de mercado favorável a expansão uma vez que possibilita a produção de 10 ovinos ha/ano em contraste com a bovinocultura de corte com 1 bovino ha/ano. No entanto, apesar das vantagens apresentadas, a produção de carne ovina ainda não é expressiva para atender a demanda da população brasileira (MAPA, 2016). Deste modo, investimento científico e financeiro no setor, principalmente, no que diz respeito ao manejo nutricional, o qual consiste no fator determinante da produtividade do rebanho, é imprescindível. Usualmente, a maioria das dietas voltadas aos ruminantes preconiza a utilização de milho e soja como fontes energéticas e proteicas (THIAGO & SILVA, 2003; BERNARDES, 2010). A constante variação dos preços destes concentrados, no entanto, dificulta a intensificação da ovinocultura. Neste contexto, a utilização de coprodutos da agricultura, como o farelo de girassol, se destaca como alternativa economicamente promissora para o manejo nutricional e produtividade ruminantes (ABDALLA et al., 2008). Diante disso, o presente estudo teve como objetivo avaliar a viabilidade da utilização do farelo de girassol como fonte proteica na dieta de cordeiros com base nas medidas morfométricas corporais e testiculares e no ganho de peso.Revisão Bibliográfica
A exploração ovina como fonte de alimento tem se intensificado nos últimos anos no Brasil, ocupando posição de destaque entre os diversos ramos do agronegócio, principalmente por suas características de giro financeiro rápido e boa adaptabilidade animal (Deminicis et al., 2008). No entanto, apesar das vantagens oferecidas pela ovinocultura, a produção em território nacional não atende a demanda do mercado consumidor, havendo a necessidade de importação de carne ovina de países como o Uruguai. Tal cenário aliado a rentabilidade da atividade, demonstra que a ovinocultura brasileira tem campo para expansão e consolidação. Para isso, no entanto, o setor requer maior investimento, políticas de incentivo além das estratégias de marketing e padronização do manejo sanitário, reprodutivo e nutricional dos animais. (ALVES et al., 2014). Neste contexto, o manejo nutricional merece especial atenção uma vez que consiste num dos fatores determinantes da produtividade e lucratividade do rebanho. O milho e a soja consistem na base energética e protéica das dietas formuladas para ruminantes (THIAGO; SILVA, 2003; BERNARDES, 2010). A. No entanto, assim como todas as demais culturas, estão sujeitos a oscilações de preços decorrente das variações climáticas e pressão do mercado. Neste contexto, a possibilidade de utilização de coprodutos de baixo custo e fácil obtenção como o farelo de girassol em substituição parcial do milho e soja se destaca como uma estratégia economicamente promissora para o manejo nutricional e produtividade de ruminantes (ABDALLA et al, 2008), o que tem despertado o interesse da comunidade científica. O adequado controle zootécnico também consiste num elemento fundamental para a intensificação da ovinocultura no país, uma vez que permite o gerenciamento do desempenho produtivo do rebanho. A relação positiva entre as mensurações corporais e reprodutivas, além do peso dos animais, demonstra a possibilidade de respostas conjuntas que podem ser utilizadas nos programas de seleção (COSTA JÚNIOR et al., 2006). Na grande maioria das vezes, o produtor não disponibiliza de balança e equipamentos ideais para acompanhar o desenvolvimento dos animais, além dos altos custos e falta de mobilidade das ferramentas na propriedade. Nessa situação, as medidas corporais constituem uma alternativa viável dada à alta correlação existente entre as características corpóreas, reprodutivas, peso e escore corporal (GUSMÃO FILHO et al., 2009).Materiais e Métodos
Foram utilizados 24 cordeiros mestiços da raça Dorper e Santa Inês, previamente pesados e vermifugados. O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso, com 3 blocos definidos em função do peso corporal inicial dos animais, 4 tratamentos representados pelas dietas com diferentes níveis de inclusão do farelo de girassol (0%, 10%, 20% e 30%) e 6 repetições. Antes de iniciar a pesquisa, os animais passaram por um período de adaptação às instalações e às dietas durante 10 dias. Ao longo do estudo, estes permaneceram alojados em baias individuais com água ad libitum. A dieta, oferecida duas vezes ao dia, foi balanceada de acordo com as recomendações do NRC (2007) para um ganho médio diário de 200 g/dia, conforme exposto na tabela 1 .Os animais iniciaram o estudo com, aproximadamente, 4 meses de idade e foram submetidos às avaliações de peso, escore, biometria corporal e morfometria testicular a partir do primeiro dia de adaptação até o ultimo dia do estudo com intervalo de 7 dias. O peso em quilogramas foi mensurado em balança, o escore de condição corporal foi determinado por meio de avaliação visual e palpação nas regiões esternal e lombar sendo atribuídas notas de 1 a 5 com variação de 0,5, enquanto as mensurações biométricas, as quais constam descritas na tabela 2, foram obtidas com uso de fita métrica e trena metálica. Todos os procedimentos adotados foram aprovados pela comissão de ética no uso de animais CEUA, sob o número de protocolo 189 / 2015. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de regressão, utlizando o software PROC REG do Statistical Analysis Sistems SAS (2004). Tabela 1. Composição percentual de nutrientes das dietas experimentais (g/kg de MS).Item (%) | 0% FG | 10% FG | 20% FG | 30% FG | Farelo de Girassol |
Silagem de milho | 40,00 | 40,0 | 40,00 | 40,00 | - |
Farelo de soja | 26,40 | 19,60 | 11,80 | 1,8 | - |
Milho | 31,50 | 28,10 | 25,60 | 26,16 | - |
Farelo de girassol | _ | 10,00 | 20,00 | 30,00 | - |
Suplemento mineral | 1,05 | 1,50 | 2,20 | 2,04 | - |
Fosfato bicálcico | 1,05 | 0,8 | 0,40 | _ | - |