Morfologia intestinal de frangos de corte alimentados com dieta contendo produto homeopático em substituição ao uso de antibiótico como promotor de crescimento

Francielle Renata Bueno1, Vinicius Pereira Granjo2, Alexandre Oba3, Flávia Bellezoni Marinho4, Solange de Paula Ramos5, Laryssa Martins Silva6, Maurício de Almeida7, João Paulo Figueiredo de Oliveira8
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RESUMO -

Produtos homeopáticos pode ser opção ao uso de antibióticos como promotores de crescimento para frangos. Eles atuam como antioxidante, combatem a diarréia, exercem ação antiinflamatória, e na regeneração de tecidos, podendo assim alterar a morfologia intestinal dos frangos. Assim, objetivou-se avaliar a adição de produto homeopático composto por Arnica montana, Hypericum perforatum, Matricaria chamomilla e Peumus boldus na ração de frangos e verificar seus efeitos sobre morfologia intestinal. Os foram controle positivo com adição de bacitracina de zinco, controle negativo sem aditivos, e quatro períodos de inclusão do produto homeopático. Foi adotado um delineamento de blocos ao acaso, com 6 tratamentos, 6 repetições. E realizadas análises morfológicas, em cada um dos seguimentos intestinais para mensuração de altura de vilosidade, profundidade de cripta e a relação vilo/cripta. Foi observado que o produto homeopático não alterou as características de morfologia intestinal dos frangos.

Palavras-chave: Aditivos alternativos, análises morfológicas, desempenho, homeopáticos.

Intestinal morphology of broiler chickens fed a diet containing homeopathic product in substitution for the use of antibiotic as a growth promoter.

ABSTRACT - Homeopathic products can be used as growth promoters for chickens. They act as an antioxidant, combat diarrhea, exert anti-inflammatory action, and regenerate tissues, thus altering the intestinal morphology of chickens. The objective of this study was to evaluate the addition of a homeopathic product composed of Arnica montana, Hypericum perforatum, Matricaria chamomilla and Peumus boldus in broiler rations and to verify its effects on intestinal morphology. Positive controls with addition of zinc bacitracin, negative control without additives, and four periods of inclusion of the homeopathic product. A randomized block design with 6 treatments, 6 replicates, was adopted. Editions morphological analyzes, in each of the intestinal follow-ups for measurement of villus height, depth of crypt and a relationship vilo / crypt. It was observed that the homeopathic product did not change as characteristics of chick intestinal morphology.
Keywords: Alternative additives, homeopathics, morphological analyzes, performance.


Introdução

Os antibióticos que são adicionados nas rações de frangos de corte atuam como promotores de crescimento uma vez que agem sobre os micro-organismos presentes na mucosa intestinal, modulando a diversidade e reduzindo o risco de infecções, melhorando assim a função do órgão (LIN et al., 2013). Estes antibióticos reduzem a população de micro-organismos patogênicos, a produção de toxinas, o número de células inflamatórias devido à resposta imunológica menos intensa e, conseqüentemente, a espessura da parede intestinal, possibilitando assim um melhor aproveitamento dos nutrientes (Zuanon et al., 1998). Devido à proibição do uso de antibióticos promotores de crescimento em alguns países para o qual o Brasil exporta a carne de frango, outros aditivos estão sendo estudados como, óleos essenciais, fitoterápicos, extratos herbais, produtos homeopáticos. Os produtos homeopáticos consistem em altas diluições de princípios ativos que causariam num individuo saudável sintomas semelhantes aos observados em um indivíduo doente, ou seja, utilizam o princípio homeopático de tratar semelhante com semelhante, ativando os mecanismos de autocura do corpo (BUREL, 2012). O uso da homeopatia na produção de frangos pode ser alternativa viável ao uso de antibióticos promotores de crescimento, devido a fácil administração e custo reduzido, com efeitos positivos sobre o desenvolvimento (AMARAL, 2004).

Revisão Bibliográfica

A estrutura da mucosa intestinal das aves é formada por uma densa camada de vilos, que proporcionam um aumento na superfície do órgão e tem função de absorção de nutrientes (BOARO, 2009). A expressão genética das aves e dos índices zootécnicos de desempenho depende da manutenção da saúde e integridade da mucosa do trato gastrintestinal, pois possibilita adequada obtenção de energia e nutrientes pelo organismo (BARRETO, 2007). Os produtos homeopáticos oferecem alguns benefícios, não deixam resíduos nos produtos de origem animal destinados ao consumo e não geram resistência de micro-organismos (Camerlink et al., 2010). Dentre princípios ativos utilizados na homeopatia encontram-se a Aconitum napellus, possui ação antioxidante, combate a diarréia e a gastroenterite (BRACA et al., 2003); Arnica montana, que exerce ação anti-inflamatória, antioxidante e atua na regeneração de tecidos (CRACIUNESCU et al., 2012); Hypericum perforatum tem ação antibacteriana e antifúngica (SADDIQE et al., 2010); Matricaria chamomilla atua como um anti-inflamatório, antibacteriano, antifúngico e antioxidante e Peumus boldus apresenta ação anti-inflamatória (BACKHOUSE et al., 1994; ROSS, 2008). Apesar dos efeitos terapêuticos dos princípios ativos dos produtos homeopáticos poderem ter ação sobre diversas patologias que podem potencialmente comprometer a produção animal, ainda não está claro se o uso destes produtos efetivamente promove algum efeito benéfico ou adverso sobre a morfologia intestina que afete a produção de frangos. Sendo assim, esta pesquisa avaliou a adição de produto homeopático na ração de frangos de corte, em diferentes períodos de criação para verificar seus efeitos sobre a morfologia intestinal.

Materiais e Métodos

Foram utilizados 36 frangos de corte, que receberam água e alimento à vontade durante 42 dias. As rações atenderam as exigências mínimas preconizadas por Rostagno et al. (2011). O produto foi administrado “on top”, via ração na dose de 0,05g/ave/dia. Este era composto por Aconitum napellus, Arnica montana, Hypericum perforatum, Matricaria chamomilla e Peumus boldus, na diluição CH 12, fornecidos em diferentes períodos de criação das aves: Controle Positivo (CP) (ração basal (RB) com Bacitracina de zinco durante todo o período, sem uso de produto homeopático); Controle Negativo (CN) (RB sem Bacitracina de zinco e sem produto homeopático); A – (RB + inclusão do produto homeopático de 1 a 7 dias); B – (RB + inclusão do produto homeopático de 1 a 21 dias); C – (RB + inclusão do produto homeopático de 1 a 35 dias); D – (RB + inclusão do produto homeopático de 1 a 42 dias). Foram coletadas porções de 3 cm do duodeno, jejuno e íleo aos 42 dias de idade. Após a secção do órgão, as amostras foram adicionadas individualmente em solução de formalina tamponada a 10%, por 24 horas. Após a fixação, as amostras foram desidratadas em soluções de álcool etílico 70%, álcool etílico 90% e álcool absoluto. Foram diafanizadas em xilol e incluídas em parafina histológica. Cada amostra foram obtidos, em micrótomo, cinco cortes seriados de cinco micrômetros (5µm) em distância de 100 micrômetros entre os cortes. Os cortes foram corados em hematoxilina e eosina e analisados em microscópio óptico. As imagens histológicas foram obtidas em sistema de captura de imagens Moticam 2.0 e analisadas no software Motic Image Plus (Motic, Xiamen, China), em objetiva 5x. Nos cortes histológicos foram mensurados altura de vilosidade, profundidade de cripta e a relação vilo/cripta. O delineamento foi em blocos ao acaso, de 6 tratamentos, 6 repetições, e a ave a unidade experimental. Os resultados foram submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey a 5% de significância no programa estatístico R.  

Resultados e Discussão

Os resultados de morfologia intestinal (Tabela 1) mostram que os diferentes tratamentos experimentais não influenciaram (P>0,05) na altura de vilo e na relação vilo/cripta do duodeno, jejuno e íleo. Somente a profundidade de cripta foi alterada no jejuno, onde as aves que receberam antibiótico promotor de crescimento apresentaram maior profundidade de cripta em relação às aves que receberam o produto homeopático até os 35 dias de idade. De uma maneira geral, os tratamentos com antibióticos ou homeopáticos não tiveram efeito sobre a morfologia intestinal. Trabalhando com homeopatia em frangos de corte, Borato et al. (2004) ao utilizar nosódio de E. coli com dinamização CH 30, não observaram alterações na altura de vilo, profundidade de cripta ou relação vilo/cripta, mostrando que o produto não influenciou a capacidade absortiva do intestino. Diferente do que relatam Zuanon et al. (1998), que os antibióticos promotores de crescimento, quando adicionados às rações, agem diminuindo a população de micro-organismos patogênicos, reduzindo assim a produção de toxinas pelos mesmos. Como indicam Bertol et al. (2000), a profundidade das criptas é um indicativo do nível de hiperplasia das células epiteliais. Dessa forma, com uma menor população de patógenos e menor produção de toxinas, a resposta imunológica seria menos intensa e com menor número de células e, como consequência, a parede intestinal teria menor espessura, possibilitando melhor aproveitamento dos nutrientes. Porém não se observou esse efeito no presente estudo. Também não foram observadas áreas de hiperplasia epitelial e conjuntiva, áreas de ulceração e infiltrado inflamatório em mucosa e submucosa de nenhuma das porções intestinais avaliadas. Estes resultados sugerem que a adição do produto homeopático à dieta não provocou alterações inflamatórias e aumento do risco de infecções intestinais. O produto parece também não afeta as características absortivas do intestino, uma vez que não promoveu alterações morfológicas nas vilosidades e criptas. Destaca-se que alguns dos princípios ativos utilizados poderiam ter efeitos sobre a morfologia intestinal, como por exemplo, o levomenol (α-bisabolol). Este constituinte ativo é encontrado na camomila e tem potente ação anti-inflamatória, antibacteriana e antifúngica, possui ainda ação no relaxamento de músculo liso, ação contra o desenvolvimento de úlceras e diminuição do tempo de cicatrização de lesões (ROSS, 2008). Porém, os resultados obtidos mostram que apesar do produto homeopático apresentar princípios ativos que tem função anti-inflamatória, antioxidante e regenerativas de tecidos, eles não atuaram de forma eficiente para melhorar a morfologia intestinal das aves.

Conclusões

Conclui-se que nas condições experimentais do presente estudo, o produto homeopático não influenciou nas características morfológicas do intestino.

Gráficos e Tabelas




Referências

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