MULTIRRESISTENTCIA DE STAPHYLOCOCCUS COAGULASE NEGATIVA ISOLADOS DE VACAS COM MASTITE SUBCLINICA
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RESUMO -
A multirresistência bacteriana é um sério problema de saúde pública. Objetivo: Objetivou-se avaliar resistência de Staphylococcus sp isolados de leite de vacas com inflamação da glândula mamária. Staphylococcus coagulase negativa (132) isoladas de leite cru foram analisadas quanto a sensibilidade a antimicrobianos por meio da técnica de difusão em disco utilizando-se dez bases de antibióticos obtidos comercialmente e determinou-se o índice de multirresistência aos antimicrobianos. A maioria das cepas identificadas como Staphylococcus coagulase negativa apresentaram multirresistência aos beta-lactâmicos. A presença de cepas multirresistentes dificultam o tratamento da mastite bovina, além de possibilidade de transferência de genes de resistência entre bactérias indicam risco para saúde animal e humana.
MULTIRESISTANCE OF COAGULASE NEGATIVE STAPHYLOCOCCUS ISOLATES OF COWS WITH SUBCLINICAL MASTITIS
ABSTRACT - The bacterial multiresistance is a serious public health issue. Objective: The aim of this work was to assess the resistance of Staphylococcus sp isolated from milk of cows that presented inflammation on the mammary glands. Coagulase-negative staphylococci (132) isolates from raw milk were analysed for sensitivity to antimicrobial agents by the disk diffusion technique. To perform the analysis, it wasused 10 bases of antibiotics obtained commercially and determined the index of multiresistance to antimicrobial agents. The majority of strains identified as coagulase-negative Staphylococcuspresented multiresistance to beta-lactams. The presence of multiresistance strainsdifficult the treatment of cattle mastitis, there is also the possibility of transference of resistant genes among bacterias. Altogether, these indicate therisk multiresistance strains represent for humanand animal health.Introdução
Um dos principais problemas no controle da mastite bovina na atualidade é a presença de cepas multirresistentes aos antimicrobianos que comprometem os programas de controle gerando grandes perdas para os rebanhos leiteiros. Além da dificuldade em estabelecer tratamento, cepas multirresistentes podem ser veiculadas entre animais e para o homem sendo fonte para resistência bacteriana em outras espécies espécie humana. Entre os agentes responsáveis por esta multirresistência, destacam-se bactérias Staphylococcus sp. Na atualidade Staphylococcus coagulase negativa tem atraído a atenção de pesquisadores da área pela presença nos rebanhos em quadros de mastite clinica e subclínica e por apresentarem resistência aos antimicrobianos (SANTOS et al., 2011, CHAGAS et al., 2012). Teve-se por objetivo avaliar perfil de multirresistência de Staphylococcus coagulase negativa isolados de vacas mestiças com mastite subclinicaRevisão Bibliográfica
Staphylococcus coagulase negativa (SCN) apresenta grupo heterogêneo associado a infecções da glândula mamária de bovinos, e são encontradas no ambiente, equipamentos de ordenha e pele dos tetos (SANTOS;PEDROSO e GUIRRO, 2010). Quando originados do canal dos tetos, estes podem colonizar a glândula mamária causando infecções, sendo explicada a proliferação principalmente pelo leite residual que oferece aos micro-organismos substratos para seu desenvolvimento causando graves problemas a saúde do animal (QUIRK et al., 2013). Estudos realizados quanto à frequência de SCN em animais infectados demonstram ampla disseminação nos rebanhos (SANTOS; PEDROSO e GUIRRO, 2010). Piessens et al. (2012) em seus estudos indicam que há uma relação de dependência entre SCN encontradas no ambiente de ordenha e no animal, dificultando o controle e prevenção de infecções intramamárias devido à diversidade desses micro-organismos no ambiente, o que causa efeitos maléficos no processo da doença. A multirresistência a antibióticos observada em SCN têm sido muito estudada pelo impacto que causa no dificuldade no controle e profilaxia (RIGGATI et al., 2010). No controle e tratamento de animais leiteiros afetados pela mastite, a terapia antimicrobiana é muito utilizada, e fornece informações com monitoramento e análise dos agentes etiológicos isolados para a melhor escolha do tratamento a ser realizado (ROCHA; MENDONÇA e RIBEIRO, 2014). Tratamentos em animais portadores de bactérias multirresistentes tem maior dificuldade com utilização de medicamentos com amplo espectro, sendo observado por Nam et al. (2011) nos isolados de casos de mastite clínica e subclínica em que 12% das cepas foram resistentes a mais de quatro antimicrobianos testados, mesmo com combinações de antibióticosMateriais e Métodos
Foram analisadas cepas Staphylococcus coagulase negativa(132) isoladas de leite vacas mestiças com mastite subclínica identificadas microbiologicamente (QUINN et al., 1994) cedidas pelo Laboratório de Sanidade Animal da UFMG, Campus Montes Claros. Realizou-se teste de sensibilidade a antimicrobianos por meio da difusão em disco (CLSI, 2015), utilizando-se dez bases de antibióticos obtidos comercialmente (CECON®) utilizadas rotineiramente em patologias bacterianas de animais, sendo elas: Oxacilina (1µg), Penicilina G (10µg), Cefoxitina (30µg), Ciprofloxacin (5µg), Gentamicina (10µg), Amicacina (30µg), Amoxicilina (10 µg), Nitrofurantoína (300 µg),Amoxicilina (10 µg), Ampicilina (10 µg) e Cefalexina (30 µg). Os testes foram feitos em duplicatas e utilizou-se como controle positivo a cepa de Staphylococcus aureus (ATCC 25923). A multirresistência aos antimicrobianos foi avaliada utilizando o índice MAR (Múltipla Resistência a Antibióticos), adotando a recomendação de Kruperman et al., (1983) definindo o MAR a/b em que “a” foi o número de antimicrobianos ao qual o isolado foi resistente e “b” o número de antimicrobianos ao qual o isolado foi exposto, sendo considerado multirresistente quando um isolado apresentou resistência simultânea a duas ou mais drogas. Os dados obtidos foram analisados por estatística descritiva.Resultados e Discussão
Os índices de resistência observados (Gráfico 1) indicam alta frequência de resistência aos beta-lactâmicos Ampicilina (21,08%), Penicilina (74,10%) e Amoxicilina (78,31%). Observou-se também resistência à Oxacilina (7,83%), Cefoxitina (10, 24%) e cefalexina (10,24%) que são antimicrobianos da classe dos beta-lactâmicos. A resistência aos beta-lactâmicos observada entre cepas de Staphylococcus sp isolados do leite corroboram com relatos da literatura (SANTOS et al., 2014, SORARES, et al., 2014, FEBLER et al. 2010) . A utilização indiscriminada de antibióticos no controle de patologias de animais contribuem para o aumento da taxa de resistência antimicrobiana de diversos patógenos aos beta-lactâmicos, assim como a outras classes de antimicrobianos (AMÁBILE-CUEVAS, 2010). A resistência aos beta-lactâmicos, pode ocorrer principalmente por dois mecanismos distintos: a produção da enzima extracelular beta-lactamase, codificada pelo gene blaZ, e a produção de PBP2a ou PBP2´, uma proteína ligante de penicilina de baixa afinidade, codificada pelo gene mecA (MENDONÇA et al., 2011). Pelo índice de resistência aos antimicrobianos (IRMA), observou-se que 73,5% das cepas estudadas eram multirressitente IRMA ≥ 3,0 sendo esta associada aos beta–lactâmicos. Estes dados corroboram com relatos de que qualquer bactéria do gênero Staphylococcus sp. que sejam resistentes a oxacilina podem ser consideradas resistentes a todos antimicrobianos beta-lactâmicos (FEBLER, 2010), o que dificulta ainda mais a efetividade do tratamento. Os resultados aqui observados com a multirresistência de Staphylococcus coagulase negativa isolados de mastite subclínica são preocupantes pois este agente é relatado na atualidade como patógeno emergente de grande prevalência em infecções intramamárias de vacas em diferentes estágios de lactação, repercutindo nos índices de produtividade dos rebanhos devido as perdas na produção, incluindo com recidivas devido a tratamentos sem sucesso.Conclusões
CONCLUSÃO Observou-se alto índice de resistência das cepas de Staphylococcus Coagulase negativa isoladas de leite aos antimicrobianos do grupo dos beta-lactâmicos , caracterizando-as como multirresistentes. AGRADECIMENTOS : CNPq, FAPEMIGGráficos e Tabelas
