Níveis crescentes de Bagaço de Mandioca com e sem complexo enzimático fúngico para frangos de crescimento lento de 1 a 30 dias de idade
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RESUMO -
Objetivou-se no presente trabalho avaliar níveis crescentes de bagaço de mandioca com e sem complexo enzimático fúngico para frangos de crescimento lento sobre o desempenho zootécnico no período de um a 30 dias de idade. Foram utilizadas 250 aves e o delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC) em esquema fatorial 2 X 2 +1 (10 e 20% de inclusão do bagaço de mandioca; presença e ausência do complexo enzimático; mais um tratamento testemunha com ração padrão para a idade), totalizando cinco tratamentos e cinco repetições de dez aves por unidade experimental. Houve efeito sobre o consumo de ração (P<0,05). A inclusão de 10 e 20% do bagaço de mandioca com e sem complexo enzimático apresentaram menores valores, todavia não houve efeito no ganho de peso, conversão alimentar e peso final.
Increasing levels of cassava bagasse with and without fungal enzyme complex for slow-growing chickens from 1 to 30 days old
ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the increasing levels of manioc bagasse with and without fungal enzyme complex for slow-growing chickens on the performance of animals during one to 30 days of age. 250 birds were used and the experimental design was completely randomized (DIC) in a factorial scheme 2 X 2 +1 (10 and 20% inclusion of cassava bagasse, presence and absence of the enzymatic complex, plus a control treatment with standard ration for Age), totaling five treatments and five replicates of ten per experimental unit. There was an effect on feed intake (P <0.05). The inclusion of 10 and 20% of cassava bagasse with and without enzymatic complex presented lower values, however, there was no effect on weight gain, feed conversion and final weight.Introdução
Na produção de frangos de crescimento lento um dos entraves é a disponibilidade de matéria prima para a confecção de rações, além do custo com a alimentação, que representa em média 70% do custo total de produção. Dessa maneira, busca-se identificar produtos alternativos de expressão regional que possam ser utilizados no programa de alimentação das aves nas diferentes fases de produção (BELLAVER, 2001). A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma planta arbustiva que atinge até 3m de altura e pode gerar vários resíduos por meio do seu processamento. O bagaço de mandioca é o resíduo da extração da fécula de baixo valor comercial, que apresenta potencial de uso na alimentação de frangos de crescimento lento, com 88% de MS, 1,26% de PB e 2465 kcal de EM (OLIVEIRA, 2012), porém com limitação de inclusão, devido os diferentes teores de fibra e a interferência sobre a digestibilidade dos nutrientes. Os polissacarídeos não amiláceos favorecem a formação de complexos que impedem o acesso das enzimas digestíveis sobre o alimento, como a formação de géis, diminuindo a digestibilidade, o tempo de permanência e viscosidade no trato gastrointestinal, afetando a absorção dos nutrientes e causando prejuízo no desempenho zootécnico das aves. Uma das formas de minimizar este efeito tem sido o uso de enzimas exógenas nas dietas (BRITO et al., 2008). Resultados de pesquisa têm demonstrado que o uso de enzimas exogénas melhoram o ganho de peso e a conversão alimentar (NUNES et al., 2015), com aumento no rendimento de peito e asas de frangos de corte (DALÓLIO et al., 2016). Diante desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o desempenho zootécnico de frangos de crescimento lento alimentados com níveis crescentes de bagaço de mandioca com e sem complexo enzimático.Revisão Bibliográfica
Os fungos filamentosos dos gêneros Asperigillus, Penicillium, Triochoderma e Rhizopus são os maiores fornecedores de enzimas industriais, pois permitem o uso de substratos baratos, como resíduos agrícolas e produção independente de aspectos sazonais (GERHARDT, 2013). As enzimas fúngicas são produzidas por meio de processos fermentativos rigidamente controlados e são caracterizadas por apresentarem alta produção, menor custo, maior variabilidade e estabilidade ao armazenamento em condições de pH e temperatura (MANIFRA, 2007). No modo de ação, as enzimas têm sítio ativo que contém aminoácidos, cujas cadeias laterais, conferem estrutura espacial adequada para ligar-se ao substrato específico, formando complexo de enzima-substrato que permanece ativo por longos períodos, permitindo que atuem na ruptura de determinada ligação química (NELSON; COX, 2014). Resultados de pesquisa têm demonstrado que o uso de enzimas exogénas melhoram o aproveitamento da proteína (ZHANG et al., 2014), da energia (STEFANELLO et al., 2016), dos polissacarídeos não amiláceos (ZHANG et al., 2014) e do fósforo (PEREIRA et al., 2012) das dietas de aves, contribuindo para minimizar a poluição ambiental.Materiais e Métodos
O experimento foi desenvolvido na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins (UFT), no município de Araguaína, região norte do Tocantins. Foram utilizados 250 pintos da linhagem pescoço pelado de 1 a 30 dias de idade, com peso inicial médio de 33,5. As aves foram alojadas em baterias metálicas, equipadas com comedouros e bebedouros tipo calha, localizadas no interior do galpão experimental, coberto com palha de babaçu, piso de concreto e com cortinas laterais. No 1º dia de idade as aves foram pesadas e distribuídas aleatoriamente nas gaiolas (1,00x1,00x0,40m), onde receberam as rações a serem avaliadas. O delineamento experimental é o inteiramente casualizado em esquema fatorial 2 x 2 + 1 (10 e 20% de inclusão do bagaço de mandioca; presença e ausência do complexo enzimático; mais um tratamento testemunha com ração padrão para a idade), totalizando cinco tratamentos e cinco repetições de dez aves por unidade experimental. O complexo enzimático fúngico utilizado foi produzido no laboratório de bioquímica da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), sendo composto pelas enzimas xilanase e amilase e adicionadas na proporção de 7,36g/75kg de ração. As rações experimentais foram calculadas considerando-se a composição química dos ingredientes e as exigências nutricionais das aves de acordo com as recomendações de Pinheiro et al., (2014). Aos 30º dia, as aves e as rações foram pesadas para determinação do consumo de ração (CR), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas por contrastes ortogonais através do teste F. Para as análises estatísticas utilizou-se o software SAS 9.0 por meio do procedimento GLM (General Linear Models) (Statistical Analysis System, 2002).Resultados e Discussão
As aves que consumiram dietas com 10% de bagaço de mandioca com complexo enzimático e 10% sem complexo, no contraste C2, e as que receberam 20% de bagaço de mandioca com complexo enzimático e 20% sem complexo, no contraste C3, não apresentaram diferença significativa (P<0,05) para as variáveis avaliadas (Tabela 1). Tabela 1. Valores médios de consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) e peso aos 30 (P30d) dias de frangos de crescimento lento alimentados com níveis crescente de bagaço de mandioca com e sem complexo enzimáticoVariáveis | Tratamentos | Contrastes ortorgonais | CV2(%) | ||||||
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 1 vs 2-3-4-5 | 2 vs 3 | 4 vs 5 | ||
CR (g)¹ | 1346,6 | 1270,3 | 1282,6 | 1204,0 | 1286,2 | > 0,0143 | > 0,7636 | > 0,0557 | 5,01 |
GP (g)¹ | 748,40 | 708,38 | 737,68 | 674,05 | 718,84 | > 0,0684 | > 0,2620 | > 0,0929 | 5,59 |
CA (g/g)¹ | 1,80 | 1,80 | 1,74 | 1,79 | 1,79 | > 0,3833 | > 0,0843 | > 0,9999 | 2,83 |
P30d (g)¹ | 781,40 | 741,30 | 771,98 | 708,39 | 752,44 | > 0,0733 | > 0,2403 | > 0,0976 | 5,34 |