Níveis de inclusão da torta de babaçu em silagem de capim-Massai

Giovanne Oliveira Costa Sousa11, Rosane Claudia Rodrigues2, Clésio dos Santos Costa3, Juliana Rodrigues Lacerda Lima4, Marcônio Martins Rodrigues5, Ivone Rodrigues da Silva6, Francisco Naysson de Sousa Santos7, Ricardo Alves de Araújo8
1 - Universidade Federal do Maranhão -UFMA
2 - Universidade Federal do Maranhão -UFMA
3 - Universidade Federal do Maranhão -UFMA
4 - Universidade Federal do Maranhão -UFMA
5 - Universidade Federal do Maranhão -UFMA
6 - Universidade Federal do Maranhão -UFMA
7 - Universidade Federal do Ceará - UFC
8 - Universidade Federal do Ceará - UFC

RESUMO -

Objetivou-se avaliar diferentes níveis de inclusão de torta de babaçu em silagens de capim-Massai. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC), com cinco tratamentos (0, 5, 10, 15 e 20% de inclusão de torta de babaçu, com base na matéria verde), com cinco repetições. O pH das silagens mesmo com o incremento dos níveis de torta de babaçu se mantiveram na faixa considerada adequada para a proliferação das bactérias produtoras de ácido lático. O teor de matéria seca do tratamento controle até o nível de 5% de inclusão de torta de babaçu apresentou teores adequados para proporcionar uma boa fermentação do material ensilado. O teor de proteína bruta aumentou e os níveis de fibra detergente neutro, fibra detergente ácido e hemicelulose diminuíram com o incremento do subproduto. Silagens de capim-Massai podem ser utilizadas com inclusão de torta de babaçu até 20%, pois aumenta o teor proteico e diminui o teor de fibra do material ensilado.

Palavras-chave: Conservação de volumosos, ensilagem, fibra detergente neutro, Megathyrsus maximus, perda por gases

Levels of inclusion of babassu pie in Massai grass silage

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate different levels of inclusion of babassu pie in Massai grass silages. The experimental design was a completely randomized (DIC), with five treatments (0, 5, 10, 15 and 20% inclusion of babassu pie, based on green matter), with five replications. The pH of the silages even with the increase of babassu pie levels remained in the range considered adequate for the proliferation of the bacteria producing lactic acid. The dry matter content of the control treatment up to the 5% inclusion level of babassu pie presented adequate contents to provide a good fermentation of the ensiled material. The crude protein content increased and the levels of neutral detergent fiber, acid detergent fiber and hemicellulose decreased with increasing by-product. Massai grass silages can be used with inclusion of babassu pie up to 20% as it increases the protein content and decreases the fiber content of the ensiled material.
Keywords: Soil conservation, silage, neutral detergent fiber, Megathyrsus maximus, gas loss


Introdução

A sazonalidade da produção forrageira durante o ano é um dos principais problemas para a manutenção dos bons índices zootécnicos dentro de uma propriedade. Nessa premissa, a conservação de volumosos tem sido uma importante estratégia de preservação de uma parte excedente da forragem do período chuvoso, para ser utilizado no período seco. A silagem é um método de conservação da forragem fresca através de processos anaeróbicos, em que, se busca a conservação do material ensilado pela produção do ácido láctico (SANTOS et al., 2010). Entretanto, os altos teores de umidade em que se encontram as forragens no momento ideal de corte são empecilhos para uma boa fermentação, ocasionando o desenvolvimento de bactérias do gênero clostridium, promovendo fermentações indesejáveis aumentando a possibilidade de produções de ácidos acético e butírico, nitrogênio amoniacal, aminas e amida (McDonald et al., 1991), produtos estes, indicativos da redução dos valores nutritivos dos alimentos. Neste sentido, produtos regionais são utilizados buscando melhorar o teor de matéria seca e a capacidade fermentativa visando o aumento da qualidade da silagem produzida. Diante do exposto, este trabalho objetivou-se avaliar diferentes níveis de inclusão de torta de babaçu em silagens de capim-Massai.

Revisão Bibliográfica

O capim-Massai é um híbrido entre Panicum maximum x Panicum infestum originário da Tanzânia. É uma planta que forma touceira com altura média de 60 cm e folhas quebradiças, sem serosidade e largura média de nove mm. Apresenta alta relação folha/colmo, devido baixa produção de colmos (EMBRAPA, 2001). O capim para o preparo de silagem deve ser colhido quando apresentar melhor valor nutritivo, porém, esse período coincide com o alto teor de umidade, baixo teor de carboidratos solúveis e auto poder tampão, nesse caso, são adicionados aditivos para melhorar o processo fermentativo (FERREIRA et al.,2013). Alguns aditivos podem ser empregados com a finalidade de elevar o teor de matéria seca de silagens de capim. A adição de um produto com alto teor de MS funciona como aditivo absorvente, elevando o teor de MS do material ensilado, o que torna o ambiente menos favorável para o desenvolvimento das leveduras e contribui para menores perdas de efluentes.  A torta de babaçu (TB) é subproduto obtido no processo de extração do óleo das amêndoas do babaçu, e sua composição química permite o uso como aditivos de silagens, sendo utilizadas nas formulações regionais de rações para animais (SOLER et al., 2007).

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no Setor de Forragicultura, em área pertencente ao Centro de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Federal do Maranhão, no Município de Chapadinha, região do Baixo Parnaíba situada a 03o44'33 “W de latitude, 43o21'21” W de longitude. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC), com cinco tratamentos (0, 5, 10, 15 e 20% de inclusão de torta de babaçu com base na matéria verde), com cinco repetições. Para a confecção das silagens foram utilizados silos de PVC com 0,10 m de diâmetro e 0,25 m de altura. O capim-Massai utilizado foi cortado com 35 dias de rebrotação. Antes da ensilagem foi realizado uma coleta de 400g do capim-Massai e da torta de babaçu, para posteriores análises químicas (Tabela 1). Após 60 dias, os silos foram abertos e, retiradas amostras homogêneas de 300 g das silagens que foram submetidas à pré-secagem por 96 horas em estufa de ventilação forçada a 65°C e, em seguida, moídas em moinho tipo Willey com peneira de 5 mm para as posteriores análises químico-bromatológica. Nas amostras das silagens, foram determinados os teores de matéria seca (MS), pH, proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina, de acordo com a metodologia descrita por SILVA E QUEIROZ (2002). A quantificação da perda por gases foi mensurada pela percentagem de matéria seca perdido, obtido pela redução do peso da matéria seca da ensilagem. Os dados foram submetidos à análise de variância, detectando-se diferença estatística utilizou-se a análise de regressão com base no teste t de Student, com o auxílio do PROC REG do programa estatístico SAS (2002).

Resultados e Discussão

Na tabela 2, estão apresentados os dados da composição química da silagem de capim-Massai com diferentes inclusões de torta de babaçu. O valor de pH das silagens se mantiveram O valor de pH das silagens se mantiveram sempre dentro da faixa adequada para silagens de boa qualidade fermentativa, que compreendem de 3,8 a 4,2. Este parâmetro apresentou comportamento quadrático, porém dentro da faixa recomenda para preservação de uma boa silagem. O teor de matéria seca (MS) do tratamento sem inclusão de torta de babaçu até o nível de 5% de inclusão apresentou teores adequados para proporcionar uma boa fermentação do material ensilado (McDONALD et al., 1991). Os níveis de inclusão de 10 a 20% da torta de babaçu na silagem de capim-Massai apresentaram estar fora do adequado para uma boa fermentação, que compreende entre 28 a 32% de matéria seca. Estes resultados corroboram com Rezende et al. (2008), ao avaliarem aumento no teor de matéria seca com o incremento de aditivos rico em matéria seca como a polpa cítrica, raspa de batata, farelo de trigo e milho desintegrado com palha e sabugo em silagens de capim-Elefante.

 

Houve um incremento linear do teor da proteína bruta (PB) do tratamento controle para a silagem com inclusões com torta de babaçu (Tabela 2). Os níveis de inclusão de 5, 10, 15 e 20% de torta de babaçu apresentaram teores de PB que proporcionam uma boa fermentação ruminal (VAN SOEST, 1994). Negrão et al. (2016) observaram aumento no teor de proteína bruta nas silagens de Urochloa decumbens com a elevação dos teores de farelo de arroz, da ordem de 62,2 a 123,9 g/kg, do tratamento controle para o tratamento com inclusão de 40 g/kg de farelo de arroz no material ensilado, respectivamente.Os teores de FDN, FDA e hemicelulose apresentaram comportamento linear decrescente com o incremento dos níveis de torta de babaçu (Tabela 2). A cada 1% de incremento de torta de babaçu na silagem houveram reduções de 0,6636; 0,3773 e 0,286% para FDN, FDA e HEM, respectivamente. Essas reduções nas frações fibrosas das silagens, provavelmente, proporcionam o aumento na digestibilidade do alimento e, consequentemente, a elevação do consumo e desempenho dos animais. Não houve diferença significativa (P>0,05) dos teores de cinza entre os tratamentos avaliados. A perda por gases é um importante parâmetro da qualidade das silagens, neste trabalho, não houve diferença significativa (P>0,05) entre os tratamentos avaliados. Entretanto, nota-se uma tendência de redução na produção de gases do tratamento controle para o maior nível de inclusão da torta de babaçu. Esta tendência pode ser explicada pelo aumento do teor de matéria seca das silagens com o aumento do incremento dos níveis de torta de babaçu (Tabela 2).



Conclusões

Silagens de capim-Massai podem ser utilizadas com inclusão de torta de babaçu até 20%, pois aumenta o teor proteico e diminui o teor de fibra do material ensilado.



Gráficos e Tabelas




Referências

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA E AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Capim-massai (Panicum maximum cv Massai): alternativa para diversificação de pastagens . Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 2001. 8p. (Comunicado Técnico, 65).

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MCDONALD, P.J.; HENDERSON, A. R.; HERON, S. J. E. The biochemistry of silage. 2 ed. Mallow Chalcombe Publications. 340p. 1991.

NEGRÃO, F. M.; ZANINE, A. M.; SOUZA, A. L.; FERREIRA, D. J.; DANTAS, C. C. O. Perdas, perfil fermentativo e composição química das silagens de capim Brachiaria decumbens com inclusão de farelo de arroz. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.17, n.1, p. 13-25, 2016.

REZENDE, A. V.; GASTALDELLO JUNIOR, A. L.; VALERIANO, A. R.; CASALI, A. O.; MEDEIROS, L. T.; RODRIGUES, R. Uso de diferentes aditivos em silagem de capim-elefante. Ciência e Agrotecnologia, v. 32, n. 1, p. 281-287, 2008.

SANTOS, M. V. F.; GÓMEZ CASTRO, A. G.; PEREA, J. M.; GARCIA, A.; GUIM, A.; PÉREZ HERMANDEZ, M. Fatores que afetam o valor nutritivo das silagens de forrageiras tropicais. Archivos de Zootecnia, v. 59, p. 25-43, 2010.

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SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3. ed.. Viçosa: UFV, 2002. 235 p.

SOLER, M. P. VITALI, A. A.; MUTO, E. F..Tecnologia de quebra do coco babaçu (Orbignya speciosa). Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 27, n. 4, p. 717-722, 2007.

VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. New York: Cornell University Press, 1994. 476p.

 







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