NÍVEIS DE PROTEÍNA BRUTA E EXTRATO ETÉREO EM FACE À DIFERENTES DENSIDADES DE SEMEADURA E IDADES DE CORTE DA FORRAGEM DE MILHO HIDROPÔNICO

Jean Kaique Valentim1, Karynne Luana Chaves de Paula2, Luiz Carlos Machado3, Rúbia Francielle Moreira Rodrigues4, Claudio Henrique Viana Roberto5, Gabriel Machado Dallago6, Marco Antonio Faria Silva7, Júnia Cristina Silva Castro8
1 - UFVJM - Diamantina
2 - IFMG - Bambuí
3 - IFMG - Bambuí
4 - UFVJM - Diamantina
5 - UFVJM - Diamantina
6 - UFVJM - Diamantina
7 - IFMG - Bambuí
8 - IFMG - Bambuí

RESUMO -

O objetivo trabalho foi avaliar a proteína bruta (PB) e o extrato etéreo (EE) do milho hidropônico em função da densidade de semeadura e idade de corte para viabilizar a utilização da forragem hidropônica como opção na alimentação animal. O experimento foi realizado em ambiente aberto, no IFMG, campus Bambuí, com milho produzido em substrato de mix de capim. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três repetições, utilizando parcelas de 1 m²(1 x 1). As densidades foram distribuídas em esquema fatorial (4 x 4), constituído de 4 densidades de semeadura (1; 1,5; 2; e 2, 5kg.m²), 4 idades de corte (10, 15, 20 e 25 dias) e 3 repetições. Na fertirrigação foi usada vinhaça diluída em água do 3° ao 25° dia. Foram realizadas colheitas aos 10, 15, 20 e 25 dias, para avaliação dos níveis de PB e EE. A melhor relação de EE em (%), foi a densidade 1 kg.m² e a idade de corte aos 25 dias. Com relação à PB (%), o melhor resultado foi aos 15 dias de corte e densidade 2,5 kg m².

Palavras-chave: agricultura, forragicultura, hidropônia, semeaduras, produtividade

THE CRUDE PROTEIN AND ETHER EXTRACT CONTENT OF HYDROPONIC CORN FODDER ON DIFFERENT SEEDING DENSITIES AND HARVESTING AGE

ABSTRACT - This study aimed to evaluate the crude protein (CP) and ether extract (EE) content of hydroponic corn fodder under different seeding densities and harvesting age hoping to make it an option to feed animals. The experiment was done at the IFMG, campus Bambuí. The corn was cultivated on a mixed grass substrate. The experimental design was completely randomize dwith 3 replications, using 1.0 m²(1.0 x 1.0) as the experimental unit. Seeding densities were distributed in a factorial scheme (4 x 4), consisting of 4 seeding densities (1, 1.5, 2, and 2.5 kg.m2), 4 harvesting ages (10, 15, 20, and 25 days), and 3 replications. The nutrient solution was a dilution of vinasse on water and it was used on days 3 to 25. Harvesting wasdone at 10, 15, 20, and 25 days, evaluating CP and EE content on these days. The best result based on the EE content was achieved at seed density of 1.0 kg.m²and age of 25 days. Regarding the CP, the best result was at 15 days of age and seeding density of 2.5 kg.m2.
Keywords: agriculture, forage, hydroponic corn fodder, seeding density, productivity


Introdução

Recentemente, a técnica hidropônica foi adaptada para a produção de volumoso de milho, para servir de alimento a bovinos, na época da seca, com um menor custo de produção comparado a pastagens convencionais e com valor nutritivo alto, principalmente em proteínas, devido à fase em que as plantas são colhidas e disponibilizadas para a alimentação dos animais (ARAÚJO, 2008). Sabe-se que a produção animal tem sido constantemente desafiada a estabelecer técnicas de produção que sejam capazes de produzir de forma eficiente a baixo preço e com altos padrões de qualidade, em sistemas competitivos e sustentáveis que atendam às necessidades nutricionais dos animais. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a proteína bruta (PB) e o extrato etéreo (EE) do milho hidropônico de acordo com as variáveis de manejo densidade de semeadura e idade de corte a fim de viabilizar a utilização da forragem hidropônica como opção para alimentação de ruminantes em épocas do ano em que há escassez de alimentos volumosos

Revisão Bibliográfica

Hidroponia O método hidropônico consiste em uma fonte alternativa que possibilita ao produtor, de forma prática e econômica, o cultivo de gramíneas e/ou leguminosas para obtenção de forragem em períodos de escassez. De acordo com Flores et al.,(2004) a forragem hidropônica é um grande avanço tecnológico na alimentação animal, pois pode ser produzida durante todo o ano e ofertada a todos os animais em qualquer fase de desenvolvimento (gestação, lactação, desmame e terminação). Forragem Hidropônica A forragem hidropônica é resultado do processo da germinação de sementes de cereais (milho, arroz, aveia, centeio, cevada, trigo, triticale, milheto, e outras espécies), em alta densidade de semeadura, que se desenvolve em curto período de tempo, sobre uma superfície lisa e impermeável (cimento, fibra de vidro e filme plástico), assimilando os minerais 14 contidos em uma solução nutritiva (MULLER, 2006; SANTOS et al., 2004). O uso de substratos que podem ser de diversas origens (bagaço de cana-de-açúcar, capim elefante, casca de arroz, capim seco, cama de frango, entre outros). O cultivo da forragem hidropônica de milho vem crescendo e representa uma alternativa prática e econômica ao pequeno produtor, possibilitando a obtenção de forragem de grande valor protéico e energético, o ano todo, e principalmente no período de estiagem (PAULINO et al., 2004). Densidade de Semeadura Conforme FAO (2001), para o cultivo de forragem hidropônica, a densidade de semeadura ótima está entre 2,2 a 3,4 kg m². Amorin et al., (2001) avaliando forragem hidropônica de milho, com densidade 1,0 e 2,0 -pkg m² , obtiveram maior teor protéico na densidade mais elevada. Já Isepon et al.,(2002) não observaram diferença significativa para teor de proteína bruta, fibra em detergente neutro e ácido em forragem hidropônica de milheto cultivado com densidades de semeadura desde 0,5 até 3,0 kg m². Idade de Corte A determinação do momento mais adequado para colheita também é um fator a ser considerado. O estágio da planta influência o valor nutritivo da forragem, pois à medida que a planta cresce as porções fibrosas aumentam, enquanto o teor protéico e a digestibilidade da biomassa seca diminuem e há competição entre plantas (HENRIQUES, 2000).

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no Instituto Federal de Minas Gerais, campus Bambuí – MG, no período de 28 de maio de 2010 a 21 de julho de 2010. O município de Bambuí está situado no centro oeste mineiro oscilando entre as temperaturas mínimas de 14,6°C e máximas de 28,5°C com clima classificado em tropical. A forragem hidropônica de milho foi cultivada em sistema aberto, disposto no sentido leste/oeste. As unidades experimentais, em número de 48, foram constituídas em canteiros de 1 m-², com a superfície recoberta com filme plástico, estendido sobre o solo com desnível de 2,5%, e as bordas limitadas por guias de bambu com 6 cm de altura, estaqueadas no solo. Adotou-se um esquema fatorial 4 x 4, composto de 4 densidades de semeadura (1,0; 1,5; 2,0; e 2,5 kg/m² de sementes) e 4 idades de corte (10, 15, 20 e 25 dias), dispostos em delineamento inteiramente casualizado, com 3 repetições. A semeadura foi realizada manualmente e o mais uniforme possível, com sementes de milho não selecionada, sem tratamento químico, sobre uma camada de 4 centímetros de substrato composto, que é uma mistura de capim (brachiaria/tifton) passados na picadeira, e mais 3 centímetros de cobertura, foi adotado o sistema hidropônico aberto. A solução nutritiva adotada foi composta por vinhaça, diluída em água na proporção de 1L de vinhaça para 9L de água. Essa solução foi acondicionada em uma caixa d água com capacidade para 1000L. A aplicação da solução nutritiva e da irrigação foi realizada através de regadores uma vez ao dia, com 3 L.m-², após a semeadura iniciou-se a irrigação com água pura e depois de três dias com a vinhaça. As análises de proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal / Escola de Veterinária – UFMG, segundo as metodologias descritas por Silva e Queiroz (2002).

Resultados e Discussão

Os valores de proteína bruta (PB) mostraram-se superiores (P<0,05) na densidade 2,5 kg.m² aos 15 dias de corte; 2,0 kg.m² aos 25 dias de corte; 1,5 kg.m² aos 20 dias de corte e na densidade de 1,0 kg.m², as idades diferiram entre si (P>0,05) (Tabela 1). Em estudos similares Muller et al., (2006) encontraram 12,1% aos 10 dias e 13,3% aos 20 dias de PB no cultivo de milheto utilizando o mesmo substrato. Já Araújo et al., (2008) verificaram que em média as densidades de semeadura de 1,0 a 2,5 kg m² de milho resultaram em 11,9% de PB. Enquanto Florês (2009), em estudos similares, encontrou para a forragem de milho colhida aos 10 e 17 dias, 10,25% e 15,00% de PB respectivamente com densidade de semeadura a 1,0 kg.m². Já Crevelari (2011) obteve teor de proteína bruta em torno de 5,9 e 6,7 ao utilizar densidade de semeadura de 1,5 e 2,0 kg m² de milho, respectivamente tendo o bagaço de cana-de-açúcar como substrato. Independente da grande variação dos valores encontrados para PB, eles foram em sua maioria, superiores aos valores encontrados por MELO et al., (1999), ao avaliarem o teor de PB da silagem de 30 cultivares de milho, que obtiveram uma variação de 5,9 a 8,9%. Visto isto, a suplementação alimentar com forragem hidropônica de milho, possui valor de proteína (PB) maior que outras forrageiras comumente usadas pelos pecuaristas, podendo ser considerada uma excelente opção para a alimentação de ruminantes. Os dados referentes ao extrato etéreo (EE) mostraram-se superiores (P<0,05) na densidade de 1,0 kg; 1,5 kg. m²; 1,0 kg. m²; e com relação as demais variáveis e amostras, não houve diferenças significativas (Tabela 2). Em estudos realizados por PAULINO (2004), com tratamentos de três composições de solução, foram observados resultados de 3,76; 3,95 e 4,11 % de EE em forragem hidropônica de milho com densidade de semeadura de 2,0 kg.m² e 20 dias de idade de corte usando como substrato feno de tifton. Valores acima dos encontrados neste trabalho. Supõe-se que esses valores sejam divergentes devido ao uso de diferentes substratos e soluções nutritivas.

Conclusões

Em função dos resultados obtidos no trabalho, verificar-se que: com relação à proteína bruta - PB (%), o melhor resultado foi aos 15 dias de corte e densidade 2,5 kg. m², havendo pouca variação das outras amostras independente da densidade e idade de corte em termos de produtividade com ênfase na porcentagem de extrato etéreo recomenda-se utilizar a densidade 1,0 kg. m², pois nesta densidade resultado foi superior. A escolha da melhor idade de corte e melhor densidade vai depender do que se quer da forragem em termos nutricionais e qual seu destino, já que, valores muito próximos foram encontrados em todas as análises, indiferente da densidade e idade de corte analisada.

Gráficos e Tabelas




Referências

ARAUJO, V. S. et al. Forragem hidropônica de milho cultivado em bagaço de cana e vinhoto. Revista Brasileira de Milho e Sorgo,7 (3): 251-264.2008. CREVELARI, J. A. Forragem hidropônica de milho cultivado em bagaço de cana de açúcar, com diferentes densidades de semeadura e diluições de vinhoto. (Trabalho Monográfico) – Campos dos Goytacazes – RJ, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro– UENF, 34p. 2011. FAO (Organización de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación). 2001. Manual técnico forraje verde hidropónico. Santiago, Chile. FLORES, Z., Urdaneta, G., Montes, J. 2004. Densidad de siembra de maíz (Zea mays) para producción de forraje verde hidropónico. Memorias XII Congreso Ven. Producción e Industria Animal. (Resumo), p.136. FLÔRES, D. T. M. Efeito da densidade e idade de colheita na produtividade e na composição bromatológica de milho (Zeamays L.), Piracicaba, 2009. HENRIQUES, E. R. Manual de produção-forragem hidropônica de milho. Uberaba: FAZU, 2000. 15 p. ISEPON, O.J. et al., Produção e composição bromatológica de milho, sorgo e milheto, em diferentes densidades de semeadura. In: 39º Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia -Recife, 2002. Anais...Recife, SBZ, CD ROM, Forragicultura. MELO W. M. C. et al. Avaliação de cultivares de milho para a produção de silagem na região de Lavras-MG. Ciência e Agrotecnologia, 23(1):31-39.1999. MULLER, L. S. et al. Forragem hidropônica de milheto: produção e qualidade nutricional em diferentes densidades de semeadura e idades de colheita. Revista Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.4, p.1094-1099. 2006. SANTOS, O. S. et al. Produção de forragem hidropônica de cevada e milho e seu uso na alimentação de cordeiros. Informe Técnico. UFSM/CCR, Santa Maria. 2004. PAULINO, V. T. et al. Crescimento e avaliação bromatológica de milho cultivado em condições hidropônicas. Revista Cientifica Eletrônica de Agronomia. Ano lll. Edição n. 5,2. Nova Odessa – SP, 2004.





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