Orientação técnica sobre a prevenção da mastite para pequenos criadores de bovinos de leite no município de Grajaú – MA

Diana Valadares Pessoa1, Vanderléia Martins Jorge Cavalcante2, Gislane Da Silva Lopes3, Sánara Adrielle França Melo4, Evanir Gama Pereira5, Antônia Deáglata Conceição Silva6, Ana Angelica Leda De Arruda Sousa7, Gabriela Duarte Silva8
1 - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Pastagens, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns-PPGCAP/UFRPE/UAG
2 - Universidade Estadual do Maranhão/ Centro de Estudos Superiores de Grajaú – UEMA CESGRA
3 - Universidade Estadual do Maranhão – UEMA
4 - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Pastagens, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns-PPGCAP/UFRPE/UAG
5 - Universidade Estadual do Maranhão/ Centro de Estudos Superiores de Grajaú – UEMA CESGRA
6 - Universidade Estadual do Maranhão/ Centro de Estudos Superiores de Grajaú – UEMA CESGRA
7 - Universidade Federal do Tocantins - UFT
8 - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Pastagens, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns-PPGCAP/UFRPE/UAG

RESUMO -

O presente estudo teve como objetivo realizar um levantamento de animais positivos para a mastite subclínica no município de Grajaú – MA e orientar os produtores sobre os métodos preventivos e boas práticas de manejo na ordenha. Utilizou-se 120 vacas em diferentes estágios de lactação pertencentes a 20 propriedades produtoras de leite, e as mesmas eram submetidas à análise morfológica do úbere, com posterior coleta de leite para realização do teste CMT (Califórnia Mastite Test), para verificação da presença de mastite subclínica. Após testes e análise de dados, foi diagnosticado que apenas 0,84% dos animais foram atestados positivos para mastite subclínica. Mesmo com a baixa incidência da doença no rebanho local no período do estudo, deve-se considerar que a mastite traz sérios prejuízos para a cadeia produtiva leiteira e com isso reforçou-se a orientação nas propriedades sobre a importância da utilização das boas práticas de manejo na ordenha para assim otimizar a produção.

Palavras-chave: animal, produção, doença, Staphylococcus aureus

Technical guidance on the prevention of mastitis for small dairy farmers in the municipality of Grajaú - MA

ABSTRACT - The present study aimed to survey positive animals for subclinical mastitis in the city of Grajaú - MA and to guide producers about the preventive methods and good management practices at milking. A total of 120 dairy cows belonging to 20 milk producing properties were submitted to morphological analysis of the udder, followed by milk collection to perform the CMT (California Mastitis Test) test to verify the presence of subclinical mastitis. After testing and data analysis, it was attestations that only 0.84% of the animals were tested positive for subclinical mastitis. Even with the low incidence of the disease in the local herd during the study period, it should be considered that mastitis causes serious damages to the dairy production chain and with this reinforced the orientation in the properties on the importance of the use of good management practices at the milking to optimize production.
Keywords: animal, disease, production, Staphylococcus aureus


Introdução

A bovinocultura leiteira é uma das atividades em destaque no setor agropecuário nacional e o controle da sanidade animal é importante para a manutenção de um bom rebanho leiteiro, uma vez que os danos causados pela mastite geram perdas na produção e na qualidade do leite. A prevalência da mastite nos rebanhos, atualmente, está relacionada à forma como acontece o manejo antes, durante e depois da ordenha, se considerando importante a realização de testes nos animais para detecção desta enfermidade, além da capacitação do ordenhador para a realização do pré-dipping e o pós-dipping. A mastite subclínica, forma agravada da mastite clínica, é uma doença que acomete de forma silenciosa, um grande número de animais leiteiros no Brasil, devendo ser acompanhada de perto para que não ocorram perdas produtivas e consequentemente econômicas. Com base na importância desta enfermidade para a produção leiteria regional, este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento de animais positivos para a mastite subclínica no município de Grajaú - MA e orientar os produtores sobre os métodos preventivos e boas práticas de ordenha.

Revisão Bibliográfica

A mastite bovina é uma doença de grande importância na pecuária leiteira ocasionando a inflamação da glândula mamária e sendo responsável por perdas econômicas significativas (RIBEIRO et al., 2013). Logo, é de suma importância a realização de testes que comprovem a sanidade do animal, além da orientação para os criadores e ordenhadores sobre a importância do manejo sanitário no momento da ordenha, seja ela realizada de forma manual ou mecânica. (SANTOS et al., 2004). A mastite é uma doença complexa e ampla, e tem como principal agente envolvido a espécie Staphylococcus aureus (PEREIRA et al., 2011). Uma das formas avançadas da mastite e de mais difícil detecção é a mastite subclínica, pois a vaca não apresenta sintomas claros da doença, somente se observa redução da produção de leite. Nestes animais, o diagnóstico somente é alcançado utilizando métodos que permitam a detecção de alterações na composição e constituintes celulares do leite (RIBEIRO, 2008). Martins et al. (2015) estudando a mastite subclínica em rebanhos leiteiros verificou que o Streptococcus agalactiae, Streptococcus uberis e Staphylococcus sp. foram os agentes mais encontrado e que determinaram maiores valores médios de CCS. A mastite subclínica é uma das principais enfermidades que afetam a pecuária leiteira, ocasionando sérios prejuízos acarretados pela diminuição da produção, pela perda dos tetos afetados entre outros fatores (MARTINS et al., 2015). Esta doença pode ser detectada pelos testes de contagem de células somáticas no leite (CCS) ou pelo Califórnia Mastite Test (CMT) (FLORIÃO, 2013). O Califórnia Mastite Test é um teste mais prático para ser realizado na propriedade leiteira do que o CCS, pois consiste apenas na retirada do leite de cada quarto mamário que é colocado em uma raquete e adicionado um reagente no qual contém um corante para facilitar a visualização da reação, observando se há formação de grumos após isso. A utilização do teste CMT é uma ferramenta de diagnóstico imprescindível na propriedade leiteira como um indicativo de manutenção ou descarte de vacas no rebanho (OLIVEIRA et al., 2013).

Materiais e Métodos

O estudo foi realizado no município de Grajaú - MA no ano de 2016, onde durante 30 dias foram visitadas 20 propriedades sempre antes da primeira ordenha do dia, utilizando-se neste estudo um total de 120 vacas em diferentes estágios de lactação. Antes da realização dos testes para diagnóstico foi realizada a higienização dos tetos dos animais, além da realização do pré-dipping como método de desinfecção dos tetos das vacas e o pós-dipping como proteção dos tetos contra a entrada de microrganismos (FONSECA & SANTOS, 2000). Os animais foram submetidos à análise morfológica do úbere, com posterior coleta de leite para realização do teste CMT (Califórnia Mastite Test), para verificação da presença de mastite subclínica. Foram utilizadas raquetes contendo quatro cavidades e reagente CMT, misturando 2 ml de leite a 2 ml de reagente, realizando a homogeneização e após 10 segundos foi realizada a leitura por meio da observação quanto a formação de grumos nas cavidades da raquete. Ao final das coletas, foram realizadas rodas de conversa com os proprietários e tratadores dos animais, confecção e distribuição de cartilhas que discorriam sobre a importância do manejo sanitário na realização da ordenha.  Os dados foram tabulados em planilhas do programa Microsoft® Excel 2010 para realização de posterior análise percentual por meio de estatística quantitativa.                                              

Resultados e Discussão

No momento das visitas as propriedades, observou-se que os pequenos produtores seguiam os princípios básicos de boas práticas de manejo, e durante as rodas de conversa sempre era ressaltado que o manejo sanitário está intrinsecamente relacionado com o controle da mastite. De acordo com Silva et al. (2012), o produtor que adota práticas de manejo sanitário de forma correta, previne o rebanho de doenças, principalmente durante as ordenhas, o que deve ser o ponto de partida para assegurar a eficiência produtiva e prevenir o rebanho de enfermidades que provocam grandes perdas econômicas na pecuária. As boas práticas sanitárias no manejo do rebanho leiteiro podem contribuir para a produção de leite com características microbiológicas e sensoriais ideais (GARCIA et al., 2014). Após a coleta de dados se constatou que das 120 vacas analisadas, 99,16% foram diagnosticadas como negativos para mastite subclínica, possuindo apenas 0,84% com diagnóstico positivo para mastite (Gráfico 1.), fato este que pode estar relacionado com as boas condições de manejo dentro das propriedades localizadas no munícipio. Estes resultados corroboram com os obtidos por Lima et al., (2015) quando realizou testes em oitenta vacas mestiças em uma propriedade do município de Iracema, diagnosticando apenas três animais positivos para mastite sub clínica. O manejo na fazenda influencia diretamente na ocorrência da mastite, assim a ordenha deve ser feita de forma correta. A higiene e desinfecção são fundamentais para o controle dessa enfermidade. Segundo Cassol et al. (2010), é de suma importância reduzir a incidência da mastite para evitar as perdas do leite produzido, seja em relação a quantidade ou qualidade do produto.

Conclusões

O estudo demonstrou um baixo índice da mastite no período em que foi realizado e, optou-se por realizar rodas de conversa em todas as propriedades leiteiras para apresentação dos resultados deste trabalho, além da entrega de cartilhas informativas com orientações sobre a importância da utilização de boas práticas de manejo nos animais, na ordenha e cuidados do ordenhador, para que continuem obtendo um bom resultado produtivo visando melhorar a qualidade do leite, bem como a prevenção dos rebanhos.  

Gráficos e Tabelas




Referências

CASSOL, D.M.D. et al. Mastite bovina. Revista A Hora Veterinária, Porto Alegre, Ano 29, nº175, 2010. FLORIÃO, M. M. Boas práticas em bovinocultura leiteira com ênfase em sanidade preventiva. Niterói: Programa Rio Rural, p. 50, 2013. Disponível em http://www.pesagro.rj.gov.br/downloads/riorural/38Boas_Praticas_Bovinocultura_Leiteira.pdf acesso em: 12/fev/2016. FONSECA, L.F.L.; SANTOS, M.V. Qualidade do leite e controle da mastite. São Paulo: Lemos, p. 314, 2000. GARCIA. G.C.et al. Condições higiênico-sanitárias da rotina de ordenha de leite bovino. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.16, n.2, p.163-172, 2014. Disponível em: <http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa/rev162/Art1625.pdf>Acesso > em: 21/Nov/2015. LIMA, V. S.L.et al. Ocorrência de mastite clínica em bovinos leiteiros mestiços em uma propriedade do município de Iracema – RR. XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015. Anais..., Fortaleza, CE, 2015. MARTINS, D.J.et al. Mastite subclínica em rebanhos leiteiros de propriedades rurais de Goiás. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, Fortaleza, v.9, n.2, p.206-214, 2015; Disponível<file:///C:/Users/Acer/Downloads/DialnetMastiteSubclinicaEmRebanhosLeiteirosDePropriedades-5203745. pdf >Acesso em: 21/Set/2016. OLIVEIRA. J.A.et.al. Mastite clínica e subclínica em pequenas propriedades leiteiras no município de araguari – MG. Revista Veterinária Notícias, Uberlândia, v.19, n. 1, p. 7-13, jan./jun. 2013. Disponível em:<http://www.seer.ufu.br/index.php/vetnot/article/view/23102>Acessoem: 20/junh/2015. PEREIRA, D.G.S. Oliveira, L.R. Mesquita, G.M. Costa, L.J. Pereira.  Efficacy of Staphylococcus aureus vaccines for bovine mastitis: A systematic revie. Review Article veterinary Microbiology, vol. 148, Issues 2-4, 24, p. 117-124, 2011. RIBEIRO, J.E.et al. California Mastitis Test (CMT) e whiteside como métodos de diagnóstico indireto da mastite subclínica. Revista Brasileira Saúde e Produção Animal, salvador Bahia, v.9, n.4, p. 680-686, out/dez, 2008. Disponível em:< http://revistas.ufba.br/index.php/rbspa/article/view/1429/712>Acesso em: 12/fev/2016. RIBEIRO, O.W. et al. Enumeração de microrganismos causadores da mastite bovina e estudo da ação de antimicrobianos. Revista Instituto Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 69, n. 1, p 45-52, jan/fev., 2013. SANTOS, J. E. P., et al. "Effect of timing of first clinical mastitis occurrence on lactational and reproductive performance of Holstein dairy cows." Animal reproduction science, 80.1, p 31-45, 2004. SILVA, M.S.N. et al. Aspectos produtivos e sanitários do rebanho leiteiro nas propriedades do sudoeste da Bahia. Revista Brasileira Saúde Produção Animal, Salvador, v.13, n.3, p.825-837 jul./set., 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1519-99402012000300020&script=sci_arttext Acesso em:20/dez/2015.