Panorama da pecuária leiteira brasileira no período entre 2005 e 2015
Natália Nami Ogawa1, Leticia Ferreira de Camargo2, Gabriela de Oliveira Souza3, Amanda Massaneira de Souza Schuntzemberger4
1 - Graduanda do 2° ano do Curso de Zootecnia – UEL, Londrina, Paraná, Brasil. e-mail: natnami73@gmail.com
2 - Graduanda do 2° ano do Curso de Zootecnia – UEL, Londrina, Paraná, Brasil.
3 - Graduanda do 4° ano do Curso de Zootecnia – UEL, Londrina, Paraná, Brasil.
4 - Professora do Departamento de Zootecnia da UEL, Londrina, Paraná, Brasil.
RESUMO -
Objetivou-se realizar um panorama da pecuária leiteira brasileira no período entre 2005 a 2015. A metodologia adotada foi de caráter bibliográfico com a utilização de dados das pesquisas da Produção Pecuária Municipal do IBGE. Verificou-se que, no período analisado, a produção brasileira cresceu, em média, 4,22% ao ano e a produtividade do rebanho nacional cresceu cerca 3,5% ao ano, indo dos 1.194 litros/por vaca ordenhada em 2005 para 1.609 litros em 2015. Dentre as macrorregiões, a região Sul apresentou o crescimento mais acentuado (8,7% ao ano), com a produção crescendo acima da média nacional nos três estados (SC, RS e PR), ultrapassando os estados de Minas Gerais e Goiás que tiveram crescimento da produção abaixo da média. Destaca-se que o panorama observado se deve principalmente à modernização da atividade, promovida pela difusão e adoção de tecnologias relacionadas ao melhoramento genético, reprodução, sanidade, nutrição, ordenha, entre outras.
Palavras-chave: produção leiteira, produtividade, rebanho leiteiro, vacas ordenhadas
Panorama of Brazilian dairy farming in the period between 2005 and 2015
ABSTRACT - This study aimed to carry out an overview of the Brazilian dairy farming between 2005 and 2015. The methodology adopted was bibliographic with the use of data collected in the Municipal Livestock Production Research from IBGE. It was verified that, in period analyzed, the Brazilian production grew, on average, 4.22% per year and the national herd productivity grew by about 3.5% per year, going from 1,194 liters / per cow milked in 2005 to 1,609 liters in 2015. Among the macroregions, the South region showed the highest growth (8.7% per year), with production growing above the national average in the three states (SC, RS and PR), overtaking the states of Minas Gerais and Goiás, which had below-average production growth. The panorama observed is mainly due to the modernization of the activity, promoted by the diffusion and adoption of technologies related to genetic improvement, reproduction, sanity, nutrition, milking, among others.
Keywords: dairy production, productivity, dairy herd, milked cows
Introdução
A cadeia produtiva do leite tem vivenciado mudanças consideráveis e transformações técnicas, operacionais e institucionais, sobretudo a partir dos anos finais da década de 1990, através de diversas alterações nas estratégias e políticas governamentais desenvolvidas ou aplicadas para o setor. Todas essas alterações provocaram reações e adaptações no ambiente institucional da cadeia do leite, interferindo diretamente no contexto comercial, estrutural e organizacional do setor lácteo brasileiro (OLIVEIRA e SILVA, 2012). Essas mudanças, de algum modo, pressionam os produtores a se adaptar às exigências do mercado e a elevar a produção para permanecerem na atividade.
Diante desse contexto, e dada a importância da pecuária leiteira no Brasil, este estudo objetivou traçar um panorama da pecuária leiteira brasileira nos últimos 10 anos, visando demostrar a evolução do número de vacas ordenhadas, da produção e da produtividade do leite ocorrida no período entre 2005 e 2015.
Revisão Bibliográfica
A pecuária leiteira, além de estar entre as seis mais importantes atividades da agropecuária brasileira, desempenha papel relevante na oferta de alimentos e na geração de emprego e renda para a população rural. Cerca de 1,3 milhões de estabelecimentos no país trabalham com leite e, na maioria deles, o leite é a principal fonte de ganho e sobrevivência e garantia de permanência do produtor no meio rural, principalmente para os agricultores familiares, os quais representam 58% da produção e geram 4,7 milhões de empregos (RAUTA, 2015). Do valor bruto da agropecuária estimado em R$ 498,5 bilhões em 2015, R$ 177 bilhões são originados de produtos pecuários, sendo o leite um dos principais, com o valor de 27,8 bilhões de reais, ou seja, 15,7% do valor bruto da produção pecuária nacional (MAPA, 2016).
Em 2015, a pecuária leiteira brasileira registrou aumento dos custos de produção, bem como redução do número de vacas ordenhadas e da produção de leite. Também houve queda do preço do leite pago ao produtor, além de contração na aquisição do produto pelas indústrias e das exportações de produtos lácteos (IBGE, 2016).
Conforme Vilela e Resende (2014), duas características são marcantes na pecuária de leite nacional: a primeira é a produção bastante pulverizada e ocorrendo em todo o país; e a segunda é a não existência de um sistema padrão de produção. Apesar de a atividade ocorrer em todo o território nacional, existem regiões onde está mais concentrada e mais tecnificada.
Materiais e Métodos
A metodologia adotada na pesquisa quantitativa foi de caráter bibliográfico com a utilização de dados coletados nas pesquisas da Produção Pecuária Municipal (PPM) 2005 a 2015, extraídas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram tabulados pelo programa computacional Excel e expressos em tabela.
Resultados e Discussão
Conforme dados da PPM, comparando com o ano anterior (2014), em 2015, a redução do número de vacas ordenhadas foi observada em todas as regiões do país, principalmente Nordeste (-9,5%) e Norte (-6,7%). O aumento dos custos de produção, associado ao baixo preço do leite pago ao produtor, desestimularam muitos produtores a investirem na produção, levando alguns deles a secarem suas vacas. Como resultado, houve queda na produção de leite. Em 2015, o preço médio nacional foi de R$ 0,99 por litro de leite, gerando um valor de produção de R$ 34,71 bilhões. O maior preço médio foi observado no Nordeste (R$ 1,18/l), enquanto o menor, no Norte do país (R$ 0,87/l) (IBGE, 2016).
Em 2015, 21,7 milhões de vacas ordenhadas forneceram mais de 35 bilhões de litros de leite, o que resultou numa produtividade média de 5,96 l/vaca/dia, tendo por base um período de lactação de 270 dias. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em 2015, o Brasil foi o sexto maior produtor mundial de leite, atrás de União Europeia, Estados Unidos, Índia, China e Rússia (IBGE, 2016).
A produção de leite ocorre em todos os estados da federação, porém, concentram-se nas regiões Sul e Sudeste. A região Sul registrou a maior produção do país, sendo responsável por 35,2% da produção nacional, enquanto a região Sudeste produziu 34% do total. Dentre os estados, Minas Gerais permaneceu como o maior produtor de leite, com 9,14 bilhões de litros, o que corresponde a cerca de 26% da produção brasileira em 2015. Em segundo lugar figurou o estado do Paraná (13,31%), seguido do Rio Grande do Sul (13,14%), Goiás (10,05%) e Santa Catarina (8,74%). Juntos, estes cinco estados foram responsáveis por cerca de 70% da produção de leite em 2015 (IBGE, 2016).
A produtividade média brasileira foi de 1.609 litros/vaca/ano, correspondendo a um crescimento de 5,5% em relação à observada em 2014. A região Sul apresentou a maior produtividade nacional, 2.900 litros/vaca/ano, um aumento de 3.95% em 2015, comparado ao ano anterior. Entre os estados que compõem a região, destaca-se o Rio Grande do Sul com a maior produtividade (3.073 litros/vaca/ano), seguido pelo Paraná (2.840 litros/vaca/ano) e Santa Catarina (2.755 litros/vaca/ano). Tais produtividades representam, respectivamente, um acréscimo de 1,24%, 7,94% e 2,25% em relação ao ano de 2014 (IBGE, 2016).
Conforme a Tabela 1, entre 2005 e 2015, a produção brasileira cresceu, em média, 4,22% ao ano e a produtividade do rebanho nacional cresceu cerca 3,5% ao ano, indo dos 1.194 litros/vaca ordenhada em 2005 para 1.609 litros/vaca ordenhada em 2015. Neste período, dentre as macrorregiões, a região sul apresentou o crescimento mais acentuado (8,7% ao ano), com a produção crescendo acima da média nacional nos três estados, Santa Catarina (9,7% a.a.), Rio Grande do Sul (8,6% a.a.) e Paraná (8,1% a.a.), ultrapassando os estados de Minas Gerais e Goiás que apresentaram crescimento da produção abaixo da média, respectivamente, 3,24%, e 3,28% ao ano (IBGE, 2016).
Conclusões
Nos últimos dez anos, a pecuária leiteira brasileira cresceu, tanto em produção quanto em produtividade. Dentre as macrorregiões, a região Sul do país foi a que mais se evidenciou. Destaca-se que o panorama observado se deve principalmente à modernização da atividade leiteira, promovida pela difusão e adoção de tecnologias como o melhoramento genético animal e vegetal, tecnologias relacionadas à reprodução, sanidade, manejo de pastos e nutrição dos animais, entre outras.
Gráficos e Tabelas
Referências
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa da pecuária municipal 2015. Disponível em: <www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ppm/2015/>. Acesso em: 5 out. 2016.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA).
Valor bruto da produção agropecuária bate recorde em 2015. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2016/01/valor-bruto-da-producao-agropecuaria-bate-recorde-em-2015>. Acesso em: 15 out. 2016
OLIVEIRA, L.F.T.; SILVA, S.P. Mudanças institucionais e produção familiar na cadeia produtiva do leite no Oeste Catarinense.
Rev. Econ. Sociol. Rural, Brasília, v.50, n.4, p.705-720, 2012.
RAUTA, J.
Modelo de gestão para melhoria do relacionamento comercial entre produtores de leite e laticínios. 2015. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) - Universidade do Oeste de Santa Catarina, Chapecó, 2015.
VILELA, D.; RESENDE, J. C. Cenário para a produção de leite no Brasil na próxima década. In: SUL LEITE – Simpósio sobre Sustentabilidade da Pecuária Leiteira da Região Sul do Brasil, 6., 2014, Maringá.
Anais... Maringá: UEM, 2014.