Parâmetros fisiológicos de quatro raças de frangos de crescimento lento na fase inicial

Physiological parameters of four breeds of slow-growing chickens at the initial stage

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the physiological parameters of four slow-growing chicken breeds: Pescoço Pelado, Pesadão Vermelho, Carijó and Hisex Brown. It was used 120 birds, 30 of each race, evaluating temperature of head, back, cinnamon and rectal to determine the mean skin temperature and body mean. Among the lines studied, the neck strain presented lower values for body and rectal temperature at 14 days, being efficient for meat production with great adaptability, in view of a greater area for heat dissipation in relation to the others.

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Introdução

O Brasil por apresentar riqueza de recursos naturais, clima favorável, terras produtivas e demanda da sociedade, possui condições ótimas para produção animal (CUNHA FILHO, 2014). Assim sendo a avicultura alternativa constitui-se numa atividade do agronegócio de importância econômica, pois além de ser meio de subsistência, gera emprego e renda ao homem do campo (AVEWORLD, 2015). Nos sistema de produção, os animais estão sujeitos a fatores existentes no meio externo que podem comprometer ou limitar seu desempenho zootécnico. Dentro da normalidade possuem uma zona de conforto térmico, ou seja, conseguem manter a homeotermia com uma taxa metabólica mínima, utilizando grande parte da energia corporal para produção (FURLAN; MACARI, 2002). Portanto, fatores como temperatura corporal e retal são importantes para conhecer o ambiente de conforto térmico das aves que assegurem o máximo potencial produtivo. Uma vez que o conhecimento das adaptações fisiológicas e comportamentais dos animais em relação ao ambiente nos permite ajustar o manejo dentro da cadeia de produção, desde manejo nutricional até alterações na infraestrutura objetivando a maximização da atividade, visto que as informações geradas contribuem para eficácia do sistema produtivo (BRIDI, 2006). Desse modo, objetivou-se avaliar os parâmetros fisiológicos de quatro raças de frango de crescimento lento (Pescoço Pelado, Carijó, Pesadão Vermelho e Hisex Brown) dos 7 aos 28 dias de idade.

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Revisão Bibliográfica

A temperatura é um dos aspectos físicos que exercem influência sobre o organismo das aves, pois os animais constituem-se em um sistema “termodinâmico aberto”, ou seja, estão em processo contínuo de troca de calor com o ambiente e fatores inerentes ao meio podem interferir nas variações interna dos animais, influenciando na troca de calor entre ambos, necessitando então de ajustes fisiológicos para que ocorra o balanço de calor (FURLAN; MACARI, 2002; BRIDI, 2006). No Brasil há uma diversificação de climas entre as regiões, sendo que na região norte do Tocantins, observa-se a existências de temperaturas elevadas durante grande parte do ano, exercendo efeito direto sobre a produção animal, comprometendo o desempenho e a consequente redução da produtividade animal além de acarretar em prejuízos econômicos (BRIDI, 2006). Variações na temperatura corporal das aves, que estão entre 41º e 42º, são utilizadas como parâmetros para avaliar como o organismo do animal está se comportando às condições ambientais que estão expostos (FURLAN; MACARI, 2002). Desse modo, índices como frequência respiratória, temperatura corporal e retal são fundamentais para conhecer o ambiente de conforto térmico das aves que garantam o máximo potencial produtivo. Uma vez que o conhecimento das adaptações fisiológicas e comportamentais dos animais em relação ao ambiente nos permite ajustar o manejo dentro da cadeia de produção, desde manejo nutricional até alterações na infraestrutura objetivando a maximização da atividade (BRIDI, 2006).

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Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no setor de avicultura da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMVZ) da Universidade Federal do Tocantins (UFT), município de Araguaína, região norte do Tocantins, no período de 30 de maio a 27 de junho de 2016. Utilizando-se 120 aves caipiras, sendo 30 aves de cada uma das seguintes linhagens: Pescoço Pelado, Carijó, Pesadão Vermelho e Hisex Brown obtidas no comércio local. Os pintos de um dia foram pesados e divididos por linhagem em baterias metálicas dotadas de gaiolas experimentais (1,00x1,00x0,40m) localizadas no interior do galpão convencional (8 x 6m), equipadas com comedouros e bebedouros do tipo calha e sistema de iluminação para aquecimento das aves. As rações experimentais foram adquiridas em comercio local para atender as exigências das aves nessa fase. Os parâmetros fisiológicos eram coletados semanalmente, selecionando-se aleatoriamente 10 aves de cada linhagem, para coleta da temperatura corporal (cabeça, dorso e canela) com auxílio de um termômetro de infravermelho (marca Texto, modelo Quiktemp 825-T2) e a temperatura retal, obtida com termômetro clínico digital. A avaliação dos parâmetros fisiológicos foi realizada ao final da tarde, ás 17 horas, nas idades de 7, 14, 21 e 28 dias. Os dados de temperatura foram utilizados para cálculo da temperatura média da pele (TMP) e temperatura média corporal (TMC) das aves, de acordo com as equações proposta por Richards (1971), considerando as temperaturas de superfície e a temperatura retal das aves: TMP = (0,82 TD + 0,09 TCA + 0,09 TP) em que: TD = Temperatura de dorso (°C); TCA = Temperatura da cabeça (°C); TP = Temperatura de perna (°C). TMC = (0,3 TMP + 0,7 TR) em que: TR = Temperatura retal (°C). Os dados das temperaturas de cabeça, dorso, perna, retal, temperatura média da pele e média corporal e dados dos pesos corporais semanais foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste SNK (5%) pelo programa estatístico SAS 9.0 (Statistical Analysis System, 2002).

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Resultados e Discussão

Aos 7 dias de idade, houve diferença (P<0,05) na temperatura do dorso e média da pele entre os tratamentos (Tabela 1). A linhagem Pesadão Vermelho apresentou menor valor para as duas variáveis, não diferindo dos demais tratamentos. As variáveis TCA, TR e TMC apresentaram valores significativos (P<0,05) aos 14 dias de idade entre as linhagens. O Pesadão Vermelho obteve menor TCA em relação aos demais tratamentos que não diferiram. A temperatura retal e a média corporal foram menores para o Pescoço Pelado e maiores para o Carijó, Pesadão Vermelho e a Hisex Brown. Fato esse, que pode ser explicado devido o Pescoço Pelado adaptar-se bem as altas temperaturas da região, dissipando o calor produzido por meio do aumento da vasodilatação nas áreas sem penas, reduzindo a temperatura retal e consequentemente a média corporal, possuindo em comparação as demais linhagens avaliadas maior área para dissipação e troca de calor (SINGH; KUMAR; SINGH, 2001).   Tabela 1. Dados semanais da temperatura de cabeça (TCA), temperatura de dorso (TD), temperatura de perna (TP), temperatura retal (TR), temperatura média da pele (TMP) e temperatura média corporal (TMC) das linhagens de aves caipiras Pescoço Pelado Vermelho (PP), Carijó (CJ), Pesadão Vermelho (PD) e Hisex Brown (HB)

Idade	Medidas	TCA	TD	TP	TR	TMP	TMC
7 dias	PP	31,15	31,9b³	25,90	40,06	31,29b	37,43
	CJ	30,70	31,15ab	26,75	40,10	30,71ab	37,28
	PD	29,35	30,65a	26,05	40,15	30,12a	37,14
	HB	30,55	32,15b	27,15	40,19	31,56b	37,60
	CV¹	5,04	3,20	4,17	0,88	2,70	1,30
	P<0,05²	0,0746	0,0074	0,0506	0,8529	0,0022	0,0648
14 dias	PP	32,45b	32,35	28,80	40,32a	32,04	37,84a
	CJ	32,20b	32,65	28,15	40,88b	32,21	38,28b
	PD	31,85a	32,85	29,10	40,64b	32,38	38,16b
	HB	32,50b	32,55	28,85	40,77b	32,21	38,20b
	CV	2,88	2,99	3,53	0,76	2,74	0,79
	P<0,05	0,0279	0,7155	0,2075	0,0018	0,8647	0,0114
21 dias	PP	36b	36,50b	33,95b	41,23a	36,23b	39,73ab
	CJ	35,15ab	35,10ª	34,00b	41,27a	35,01a	39,39a
	PD	34,55a	35,80ab	34,60b	41,65b	35,58ab	39,83b
	HB	35,55ab	35,25ª	32,10a	41,46ab	34,99a	39,52ab
	CV	2,67	2,92	3,79	0,71	2,45	0,91
	P<0,05	0,0112	0,0203	0,0007	0,0104	0,0086	0,0423
28 dias	PP	34,2ab	33,25	31,55	41,78b	33,26	39,23
	CJ	34,7b	33,45	32,45	41,75b	33,47	39,27
	PD	33,60a	33,9	31,8	41,39a	33,68	39,08
	HB	33,35a	33,2	31,75	42,04b	33,08	39,35
	CV	2,95	4,02	4,17	0,76	3,4	1,01
	P<0,05	0,0208	0,6839	0,4701	0,0007	0,6677	0,4805

¹Coeficiente de variação (%); ² Significância do Teste “F” da análise de variância; ³Médias seguidas de letras minúsculas distintas na coluna diferem pelo teste “SNK” (P<0,05).   Houve diferença (P<0,05) para todos as variáveis fisiológicas avaliadas no 21º dia de vida. Uma provável causa desse fato, pode ser a adaptação das aves ao ambiente, já que até os 21 dias ocorre a muda das penas e cada linhagem apresenta empenamento e alinhamento distinto. Resultados diferentes foram verificados por Sousa et. al (2014), avaliando as características fisiológicas de duas linhagens de frangos para produção de carne tipo caipira (Paraíso Pedrês e ISA Label) em três horários diferentes, observou que no 21° dia de idade as variáveis de TMC e TMP apresentaram menores valores para linhagem Pescoço Pelado. Aos 28 dias de idade, houve diferença (P<0,05) na temperatura da cabeça e retal. A Hisex Brown e Pesadão Vermelho apresentaram menores temperaturas de cabeça, não diferindo do Pescoço Pelado e este apresentou valor semelhante ao encontrado para o Carijó. A temperatura retal foi menor para o Pesadão Vermelho e as demais raças melhoradas apresentaram valores maiores. Os frangos produzidos na região Norte do Brasil estão sujeitos a altas temperaturas. Dessa maneira, compreender os aspectos que levam a modificações dos parâmetros fisiológicos, facilita a tomada de decisão, sendo que a escolha da linhagem pelo produtor, irá depender de algumas características inerentes a raça e ao ambiente em que ele se encontra.

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Conclusões

Os parâmetros fisiológicos obtidos demonstram a importância do conhecimento da capacidade e o modo de adaptação da linhagem no sistema produtivo, com destaque para Pescoço Pelado que apresentou menor temperatura retal e média corporal aos 14 dias, sendo a mais indicada para ambientes com elevadas temperaturas, devido maior capacidade de adaptação e dissipação de calor pelas áreas expostas, sendo capazes de controlar e regular sua temperatura a fim de que seu desempenho produtivo não seja afetado.  

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Gráficos e Tabelas

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Referências

ABNT normatiza a criação brasileira de Frangos Caipiras. Revista AVEWORLD, São Paulo, 21 de set. 2015. Disponível em: http://www.aveworld.com.br/noticia/abnt-normatiza-a-criacao-brasileira-de-frangos-caipiras> Acesso em 20 fev. 2016.   BRIDI, Ana Maria. Adaptação e aclimatação animal. Apostila de Bioclimatologia. v. 5, p. 05-15, 2006. Disponível em: http://pt.slideshare.net/RmuloAlexandrinoSilva/apostilaconforto-termico>. Acesso em: Janeiro/2015.   CUNHA FILHO, O. G. da. Curvas de crescimento de frangos caipiras submetidos a diferentes níveis de lisina digestível. 2014. 67f. Dissertação, (mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal de Sergipe, 2014.   FURLAN, R. L.; MACARI, M. Fisiologia aviária aplicada a frangos de corte. São Paulo: FUNEP/UNESP, 2002.   RICHARDS, S. A. The significance of changes in the temperature of the skin and body core of the chicken in the regulation of heat loss. The Journal of Physiology, v. 216, n. 1, p. 1, 1971.   SINGH, C.V.; KUMAR, D.; SINGH, Y. P. Potential usefulness of plumage reducing Naked Neck (Na) gene in poultry production at normal and high ambiente temperatures. World’s Poultry Science Journal, Bucks, v. 57, n. 2, p. 127-156, 2001.   SOUSA, J.P.L.; AMORIM, A.F.; CARDOSO, J.A.; RÊGO, A. B. M.; REIS, A.S.; FRANÇA, H.R.; Desempenho e estado fisiológico de duas linhagens de frango caipira até 21° dia de idade. In: V Jornada de iniciação científica e extensão – Instituto Federal do Tocantins, 2014, Dianópolis.