Percentual de caldo em relação ao peso do perfilho, do colmo e º Brix médio em quatorze variedades de cana-de-açúcar
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RESUMO -
O presente estudo foi implantado no município de Valença, Sul do Estado do Rio de Janeiro, objetivando avaliar a participação percentual do caldo no peso total e do caldo no peso do colmo e ºBrix médio de quatorze variedades de cana-de-açúcar, sendo precoces (IA86-2480, SP80-1842 e IA86-2210), médias (RB86-7515, RB85-8540, RB72-454 e IAC93-6006), média/tardia (SP80-3280 e RB73-9735) e tardias (CB47-355, RB85-5113, SP81-3250, IAC87-3396 e SP79-2233). A avaliação do trabalho foi realizada em delineamento em blocos ao acaso com 3 repetições. As características de participação percentual do caldo no peso total e do mesmo no peso do colmo não apresentaram diferença estatística, com média, respectivamente, 22,92 e 26,65 %. Em relação ao ºBrix médio se destacam nove variedades com maiores valores (IA86-2480, SP80-1842, IAC86-2210, RB75-8540, RB72-454, IAC93-6006, RB73-9735, SP81-3250, e SP79- 2233), cujo a média foi de 19,07 %.
Juice percentage of the weight of the tiller, stem and Mean °Brix in fourteen varieties of sugarcane
ABSTRACT - This study was conducted in Valencia city, in the South of Rio de Janeiro State, in order to assess the percentage of sugarcane juice participation in the total weight and the juice in the weight of the stem and the Mean ºBrix of fourteen varieties of sugarcane, being early (IA86-2480, SP80-1842 and IA86-2210), mid maturity (RB86-7515, RB75-8540, RB72-454 and IAC93-6006), mid-late (SP80-3280 and RB73-9735) and late maturity (CB47-355, RB85-5113, SP81-3250, IAC87-3396 and SP79- 2233). The evaluation of this study was carried out in randomized blocks design, with three replications. The features of percentage participation of sugarcane juice in the total weight and sugarcane juice in the weight of the stem showed no statistical difference, showing average, respectively, 22, 92 and 26, 65%. Regarding the Mean ºBrix stood out nine varieties with higher values (IA86-2480, SP80-1842, IAC86-2210, RB75-8540, RB72-454, IAC93-6006, RB73-9735, SP81-3250 and SP79-2233), the average was 19,07 %.Introdução
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar. Sua produção estimada para a safra 2016/17 é de 684,77 milhões de toneladas. O crescimento está previsto em 2,9% em relação à safra anterior (CONAB, 2016).
A produção da cana-de-açúcar é destinada à produção de açúcar, etanol, e alimentação animal para suplementação durante o período seco. A maturação dessa forrageira é um estágio de condição fisiológica da planta de grande valia no seu uso como alimento, uma vez que ela está diretamente relacionada com o acúmulo nos seus tecidos de carboidratos solúveis, que conferem a ela um elevado valor energético. Esses carboidratos estão presentes no tecido da planta e são aproveitados pelo consumo, principalmente do seu caldo presente no colmo, tornando a produção desse conteúdo um parâmetro quantitativo referente à sua condição nutricional para alimentação de ruminantes (Silva et.al.,2016). Uma maneira de avaliar a qualidade da cana é através da mensuração do ºBrix, que nos permite observar o ponto de maturação da cana, assim como sua qualidade nutricional.
Com vista nesse contexto, o presente trabalho objetivou avaliar o percentual de caldo e o ºBrix de quatorze cultivares de cana-de-açúcar com intuito de conhecer quais as variedades mais propícias a serem utilizadas na alimentação animal no Sul do Estado do Rio de Janeiro, uma vez que, por interesse econômico em outros seguimentos, há poucos estudos visando esse fim.
Revisão Bibliográfica
A cana-de-açúcar é uma planta semiperene com ciclo fotossintético do tipo C4, pertencente ao gênero Saccharum, da família das gramíneas, composta de espécies de gramas altas perenes, oriundas de regiões temperadas quentes a tropicais da Ásia, especialmente da Índia. A parte aérea da planta é composta pelos colmos, nos quais se concentra a sacarose, e pelas pontas e folhas. O clima ideal para o cultivo da cana é aquele que apresenta duas estações distintas: uma estação quente e úmida, para proporcionar a germinação, o perfilhamento (formação de brotos) e o desenvolvimento vegetativo, seguida de outra fria e seca, para promover a maturação e o acúmulo de sacarose nos colmos. A cana não apresenta boa produtividade em climas como o das regiões equatoriais úmidas, por isso faz pouco sentido imaginar que a Amazônia se preste a cultivos comerciais extensivos dessa planta (BNDES, 2008).
A produção mundial de cana-de-açúcar ocupa uma área de 22.724 milhões de hectares, com uma produção anual de 1590 milhões de toneladas (FAO, 2009). O Brasil é um dos países com maiores potenciais de produção de cana-de-açúcar e seus derivados, visto que possui condições edafoclimáticas favoráveis ao desenvolvimento da cultura; uma vez que se trata de uma planta C4 com altas taxas fotossintéticas e alta eficiência de conversão radiante em energia química (Bernardes, 1987). Sua produção estimada para a safra 2016/17 é de 684,77 milhões de toneladas. O crescimento está previsto em 2,9% em relação à safra anterior (CONAB, 2016).
Materiais e Métodos
O presente trabalho foi conduzido no Campo Experimental de Santa Mônica - CESM, em Valença, Sul do Estado do Rio de Janeiro, com objetivo de avaliar quatorze variedades de cana-de-açúcar: precoce (IAC86-2210, IAC86-2480, e SP80-1842), média (IAC93-6006, RB72-454, RB75-8540 e SP79-2233), média-tardia (RB73-9735, RB85-5113, RB86-7515 e SP80-3280) e tardia (CB47-355, IAC87-3396 e SP81-3250), com vistas à produtividade. O plantio foi efetuado em maio de 2013, com aplicação de 400 kg/ha do fertilizante 00-25-15 anos sulcos no momento do plantio. Foi realizado um corte 450 dias após o plantio (20/08/2014), para eventuais avaliações. A cana utilizada neste trabalho foi cana soca, onde foi realizado os cortes para avaliação 365 dias após o primeiro corte (20/08/2015). A unidade experimental foi constituída por parcelas de oito metros de comprimento e seis linhas, com espaçamento de um metro, e área útil compreendida pelas duas linhas centrais, descartando um metro de bordadura em cada extremidade das linhas centrais da parcela. Foi utilizado o delineamento de blocos ao acaso, com três repetições. Foram cortados e pesados os perfilhos das duas linhas centrais, para a obtenção da matéria verde, sendo a mesma pesada de cada parcela de cada variedade, com folhas e sem folhas, para em seguida extrair o caldo contido no colmo de três perfilhos representativos da parcela, tomados ao acaso. A determinação do ºBrix médio foi obtido através de média aritmética do caldo extraído de três fragmentos de colmo da base, da região intermediária e do ápice, utilizando um refratômetro de campo, INSTRUTHERM, modelo RT – 30 ATC. Foram feitas análises estatísticas utilizando o programa SISVAR, procedendo-se a análise de variância mediante a significância das fontes de variação. Após a verificação do efeito das variedades na análise de variância foi realizado o teste de Scott-Knott ao nível de 5 % de significância para comparação dos tratamentos.
Resultados e Discussão
A análise de variância não verificou efeito significativo (P>0,05) entre as quatorze variedades para as características de percentual de caldo em relação ao peso total e percentual de caldo em relação ao peso do colmo sem folhas, no qual as médias obtidas foram, respectivamente, 22,92 e 26,65 %, como pode ser observado na Tabela 1. Comparando com as médias do primeiro corte realizado em 20/08/2014 que foram de 30,21 e 32,65 % respectivamente para percentual em relação ao peso total e percentual em relação ao peso do colmo, observa-se valores médios menores. Essa diferença pode estar relacionada ao fato do presente trabalho ter sido realizado com cana soca, no seu segundo ano de avaliação, na qual não houve nenhuma adubação de manutenção após o primeiro corte. Em relação ao parâmetro ºBrix médio foi verificado diferença estatística (P<0,05), as variedades CB47-355, RB86-7515, RB85-5113, IAC87-3396, SP80-1842 obtiveram menor valor médio de 16,84 % e não diferiram entre si, enquanto as demais variedades foram superiores, não diferindo entre si, com valor médio de 19,07%.
Como mostrado, não houve diferença estatística na produção de caldo entre as variedades, o que implica em dizer que as duas características, produção de caldo em relação ao peso total e em relação ao peso do colmo, não foram parâmetros que permitiram inferir sobre qualidade da utilização dessas plantas como forrageiras, mesmo sabendo que estão no caldo, os principais atributos da cana-de-açúcar. Os sólidos solúveis totais são características bromatológicas de maior interesse da cana-de-açúcar, por serem eles os fornecedores do elevado conteúdo energético que esta gramínea apresenta para alimentação animal. O ºBrix é uma unidade que permite aferir o teor desses sólidos solúveis totais presentes na cana “in natura”. Analisando os resultados obtidos no ºBrix médio verifica-se que, as variedades CB47-355, RB86-7515, RB85-5113, IAC87-3396, SP80-1842, apresentaram valores menores que as demais para esta característica, não sendo indicadas para nutrição animal devido à baixa concentração de carboidratos solúveis.
Conclusões
Os resultados obtidos no trabalho demonstram que o percentual de caldo nas variedades avaliadas não pôde ser usado como parâmetro de qualidade forrageira devido as mesmas não terem apresentado diferença estatística. Contudo, através do ºBrix médio podemos destacar as variedades SP80-3280, RB75-8540, RB72-454, RB73-9735, SP81-3250, IAC86-2480, IAC93-6006, SP79-2233, IAC86-2210 que apresentaram desempenho superior as demais.
Referências
1. REIS, R.A.; SIQUEIRA, G.R.; ROTH, A.P.T.P.; AMARAL, R.C. Capineira: Cana-de-açúcar. In: REIS, R.A.; BERNARDES, T.F.; SIQUEIRA, G.R. (Ed.). Forragicultura: ciência, tecnologia e gestão dos recursos forrageiros. Jaboticabal: M. de L. Brandel-ME, 2013. p. 617-626.
2. SILVA, L.V.; SILVA, I.N.; ALMEIDA, C.A.; et.al. XXVI Congresso Brasileiro de Zootecnia: Percentual de caldo em relação ao peso do perfilho e do colmo e ºBrix médio em diferentes variedades de cana-de-açúcar. Santa Maria-RS, 2016.
3. CONAB. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da safra brasileira – cana-de-açúcar: Segundo levantamento, agosto 2016 – safra 2016/2017. : Brasília: Companhia Nacional de Abastecimento. 2016. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS>. Acessado em: 11 dez. 2016.
4. BNDES. BANCONACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL. Bioetanol de cana-de-açúcar: Energia para o desenvolvimento sustentável/organização BNDES e CGEE, Rio de Janeiro, 2008. p. 72.
