PERFIL DOS ALUNOS INGRESSANTES E CONCLUINTES DO CURSO DE ZOOTECNIA DA UFAL/CAMPUS ARAPIRACA
Dorgival Morais de Lima Júnior1, Marianna Suellen Bispo Vieira2, Lidja Mayara Ferreira da Silva Duarte3, Waldonys Moreira Pinheiro4, Raniallef França Praxedes5, Larissa de Oliveira Gurgel Rebouças Lima6
1 - UFAL - Campus Arapiraca
2 - UFAL - Campus Arapiraca
3 - UFAL - Campus Arapiraca
4 - UFAL - Campus Arapiraca
5 - UFAL - Campus Arapiraca
6 - UFAL - Campus Arapiraca
RESUMO -
A elevada taxa de evasão e retenção de discentes no curso de zootecnia da UFAL reflete negativamente no número de profissionais zootecnistas formados anualmente por essa Instituição de Ensino Superior (IES). Objetivou-se traçar o perfil do ingressante e do concluinte do curso de zootecnia a fim de subsidiar a coordenação do curso para formulação de ferramentas que diminuam a evasão e a retenção dos discentes. Foram entrevistados, através de formulários estruturados, 43 estudantes (22 ingressantes e 21 egressos) no período da manhã na UFAL. Cerca de 80% dos estudantes são do interior do estado de Alagoas, de cor parda e proveniente de escola pública. Cinquenta por cento conheciam o curso antes de entrar na UFAL, possuem uma visão predominantemente “boa” dos professores e “ruim” da infraestrutura da UFAL e pretendem, ao finalizar o curso, trabalhar na área no serviço público ou fazer pós-graduação. Um terço dos ingressantes procurou o curso devido à baixa nota de corte no Sisu. Cinquenta por cento dos ingressantes pretendem evadir devido à falta de mercado de trabalho, falta de reconhecimento da profissão e falta de afinidade com as áreas de atuação. Nos egressos, cerca de 80% já reprovou pelo menos uma disciplina, e 50% já pensaram em evadir devido à falta de reconhecimento da profissão e dificuldade de concluir o curso
Palavras-chave: ensino em ciências agrárias, evasão, concluinte
Profile of new and seniors students of Zootechny in UFAL/Campus Arapiraca
ABSTRACT - In the Federal University of Alagoas (UFAL), the high rate of students of Zootechny that dropout or put the course on hold reflects negatively on the number of professionals formed annually by this Higher Education Institution (HEI). The purpose of this study was to track the profile of new and seniors students in order to subsidize the coordination of the course for the formulation of tools to reduce student’s evasion and retention. Were interviewed 43 students (22 admissions and 21 graduates) during the mornings at the UFAL and we could see that about 80% of the students are from the countryside of the state of Alagoas, have dark-skinned color and have studied in public school. Fifty percent knew the course before start classes at the UFAL and they also have a predominantly good opinion about the teachers and a not so good opinion about the infrastructure of the University. They also intend to work in the public service areas or to do some specializations after graduating. A third part of the graduates got in because is one of the courses with less competition in the Brazilian Subject Test called SISU. Fifty percent of them intend to quit the area because of the lack of jobs and also because of the lack of recognition of the profession and lack of affinity with the areas of activity. Eighty percent of the students from the first year have already lost at least one discipline and 50% have already thought to evade just for lack of recognition of the profession and trouble finishing the course.
Keywords: Teaching in agricultural sciences, avoidance, seniors students
Introdução
As mesorregiões agreste e sertão de Alagoas desenvolvem suas atividades econômicas em grande proporção no setor agropecuário. Nesse cenário, profissionais com formação superior nas ciências agrárias são cada vez mais demandados. O graduado em zootecnia é um profissional das ciências agrárias habilitado para gerar e aplicar tecnologia na produção animal.
Objetivou-se traçar o perfil do ingressante e do concluinte do curso de zootecnia a fim de subsidiar a coordenação do curso para formulação de ferramentas que diminuam a evasão e a retenção dos discentes.
Revisão Bibliográfica
O curso de graduação em Zootecnia do
Campus Arapiraca, ofertado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), iniciou suas atividades em setembro de 2006, com turma de 40 alunos. A partir do ano de 2008 são ofertadas e preenchidas 50 vagas anualmente. Na última avaliação do Ministério da Educação-MEC/INEP (2014) o curso recebeu conceito 03.
Apesar da importância do curso para o desenvolvimento local, o baixo número de egressos (média de 09 alunos/turma) e a alta taxa de evasão do curso de Zootecnia (80%) são problemas que impactam negativamente sobre os índices institucionais e sobre a quantidade de profissionais de nível superior colocados no mercado.
Dessa forma, torna-se necessário identificar ou caracterizar o perfil dos estudantes no momento do ingresso no curso de graduação, pois assim possibilitará o aprimoramento dos projetos pedagógicos a fim de melhorar o transcurso da vivência na graduação e torna-los mais adequados ao processo de aprendizagem (DONATI et al., 2010).
Lopes et al. (2011), na Universidade Estadual Paulista – Ilha Solteira, encontraram predominância de discentes do sexo feminino (61,5%) nos ingressos do curso de Zootecnia.
Avaliando o perfil dos ingressantes de Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins, Silva et al. (2015) observaram que 40% dos discentes são de outros estados.
Ribeiro et al. (2015) observaram que cerca de 88,9% dos ingressos de zootecnia do Instituto Federal do Mato Grosso cursaram o ensino médio em escola pública. Enquanto Lopes et al. (2011) documentaram que 53% dos ingressos de zootecnia da Universidade Estadual Paulista cursaram o ensino médio em escola particular.
Materiais e Métodos
Realizou-se a aplicação de um questionário estruturado com discentes do 2º (ingressantes) e 8º (egressantes) períodos do curso de Zootecnia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)/Campus Arapiraca. Foram entrevistados 43 discentes, sendo 22 ingressantes e 21 egressantes.
O questionário (anexo 01) continha questões socioeconômicas e acadêmicas e foi aplicado no dia 16/03/2016 das 09:40 às 11:00 horas, com todos os estudantes presentes na sala de aula na data e horário.
Após a coleta dos dados, os mesmos foram tabulados e aplicou-se uma estatística descritiva, com construção de elementos gráficos e tabelas, com auxílio do MS Exel
®.
Resultados e Discussão
A idade média do discente ingressante foi de 20,19±2,08 anos enquanto que o discente egressante apresentou idade média de 25,09±2,90 anos. A idade média dos ingressantes e concluintes dos cursos de graduação no Brasil é 24,60±7,50 e 28,10±7,40, respectivamente (INEP, 2015). Silva et al. (2015) encontraram idade entre 20 e 23 anos como faixa etária média dos ingressos em Zootecnia da Universidade Federal de Tocantins.
A proporção entre os sexos dos discentes de zootecnia é favorável às mulheres, sendo essas responsáveis por 54,55% dos ingressantes e 57,14% dos egressantes do curso. Essa realidade é confirmada pelo perfil do estudante de graduação do Brasil que quanto ao sexo é feminino, predominantemente (INEP, 2015). Essa distribuição também reflete a população residente, por sexos, em Alagoas, que é maior para mulheres.
A maioria dos discentes é natural do interior do estado de Alagoas (Figura 1).
Figura 1. Naturalidade, local de residência, cor, faixa de renda, número de dependentes da renda e exercício de atividade acadêmica remunerada dos discentes ingressos e egressos de Zootecnia no ano de 2016.
O Campus Arapiraca objetiva atender a parcela dos concluintes do ensino médio que querem acessar o ensino superior, mas não dispõe de recursos para se deslocar à capital do Estado. Pode-se constatar que cerca de 77% dos ingressantes e 80% dos egressantes de Zootecnia são do interior de Alagoas o que permite inferir que de fato o Campus cumpri seu papel de interiorização do ensino superior de Zootecnia. Apenas 4% alegam ser provenientes de outras Unidades da Federação.
Não obstante, a proporção de discentes oriundos da capital do Estado foi maior (18,18%) para ingressantes o que pode indicar uma migração dos estudantes de Zootecnia da capital para o interior.
Em relação ao local de residência, os ingressantes proveem predominantemente da zona rural (Figura 1).
A taxa de urbanização do estado de Alagoas é de 71,66% (SEPLAG-AL, 2015) o que explica o perfil dos egressantes. Entretanto, os ingressantes são principalmente da zona rural. O local de residência dos estudantes tem papel significativo na vivência que o discente traz para universidade. Um aluno proveniente da zona rural tende a apropriar-se mais do conhecimento ofertado no curso das agrárias, motivado, principalmente, por sua bagagem empírica pregressa.
Cerca de 56% dos ingressantes e 71% dos egressantes do curso de Zootecnia consideram-se pardos (Figura 1).
O estado de Alagoas é predominantemente (65%) pardo; os discentes do curso de Zootecnia refletem esse aspecto da sociedade alagoana. Ribeiro et al. (2015) avaliaram o perfil dos ingressos de Zootecnia do Instituto Federal do Mato Grosso e relataram as seguintes proporções de cor/raça: 39% brancos, 33% negro, 22% pardos e 5,6% amarelos.
A totalidade dos ingressantes alega ter renda familiar de até três salários mínimos enquanto 68% dizem que entre três e cinco pessoas dependem dessa renda em sua residência (Figura 1).
A grande maioria dos estudantes avaliados alega que tem faixa de renda entre R$ 880,00 e R$ 2.640,00 (Salário mínimo ajustado em 1º janeiro de 2016). Quanto ao número de dependentes dessa renda ocorre sensível diferença entre ingressantes e egressantes. Desses, 50% alegam ter até três dependentes enquanto, segundo aqueles apenas 4,55% dos lares tem até três dependentes. O cenário também é diferente entre a faixa dos que alegam ter lares com três a cinco dependentes. Sessenta e oito por cento dos ingressantes alegam ter renda per capta de, no máximo, R$ 660,00 (2.640/4) mensal; menos que 01 salário mínimo e meio por pessoa.
Essa situação é crítica e a UFAL tem programas de assistência estudantil para estudantes em vulnerabilidade socioeconômica (Bolsa Pró-Graduando – BPG/PAINTER, Restaurante Universitário – RU, Residência Universitária Alagoana – RUA, Auxílio-Alimentação e Auxílio-Moradia). Apenas 13,64% dos ingressantes alegam participar de algum programa de assistência estudantil esse percentual é de 47,62% nos estudantes egressantes. Assim, 86,36% dos ingressantes estão desassistidos porém, esse cenário parece ser revertido na medida em que o estudante permanece no curso, pois apenas 52,38% dos egressantes alegam não participar da assistência estudantil.
O estudante que não participa da assistência estudantil pode obter renda dentro da universidade através de alguma atividade acadêmica remunerada ou exercer uma atividade remunerada fora da universidade. Na figura 1, a totalidade dos ingressantes em Zootecnia alega não exercer nenhuma atividade acadêmica remunerada confirmando a vulnerabilidade econômica desse ingressante. Sem apoio na IES o estudante procura renda fora da academia, isso é confirmado por 27,27% dos ingressantes que alegam trabalhar.
Cerca de 60% dos egressantes alegam exercer alguma atividade acadêmica remunerada, sendo atividades vinculadas à pesquisa majoritárias. Além do programa de iniciação científica (PIBIC) a UFAL dispõe do programa de iniciação a pesquisa-ação (PIBIP-AÇÃO), Pro-extensão, ÒDE AYÈ, PROINART, Conexão saberes, programa monitoria e outros; todos vinculados a pesquisa e extensão.
A inserção em uma atividade acadêmica remunerada (monitoria, pesquisa e extensão) pode exigir algumas competências que só são obtidas pelos discentes no decorrer da graduação e isso pode justificar a não adesão de ingressantes nessas atividades.
Os ingressantes do curso de zootecnia são provenientes principalmente da cidade de Arapiraca (43%) e região (57%). Cerca de 76% desses são oriundos de escola pública e 19% cursaram o ensino médio em escolas privadas (Figura 2).
A cidade de Arapiraca, fonte da maioria dos ingressos, possui 10.840 matrículas, 80% ofertado por estabelecimentos estaduais e 20% privadas (SEPLANDE, 2014). Dessa forma, o percentual de ingressos reflete um aspecto do ensino local. Quarenta e cinco por cento dos egressantes de zootecnia cursaram o ensino médio parcial ou totalmente em escola privada e tenderam a classificar melhor a qualidade do ensino que receberam (61,91% somando “muito bom” e “bom”). O IDEB do ensino médio em Alagoas em 2013 foi 2,6 para escolas estaduais e 4,7 para escolas de ensino privado (INEP, 2013), essa diferença pode refletir na classificação feita pelos estudantes quanto à qualidade do seu ensino médio.
O grau de instrução formal é mais elevado nas mães que nos pais dos estudantes do curso de zootecnia da UFAL/Campus Arapiraca (Figura 2).
Ribeiro et al. (2015) também observaram que o grau de instrução formal das mães dos ingressantes de Zootecnia do Instituto Federal do Mato Grosso é maior que o dos pais.
O grau predominante de escolaridade (39,13%) das mães dos ingressantes é o ensino fundamental 5ª a 8ª série; apenas 13% cursaram uma graduação. Nos egressantes, o percentual das mães com ensino superior é 23,81%, portanto mais elevado.
É conhecido o papel da família na aprendizagem dos alunos: observa-se que, em geral, filhos de famílias com melhores condições socioeconômicas (condições financeiras e de escolaridade, principalmente) tendem a demonstrar melhores desempenhos, maior alcance educacional e, em consequência e de forma geral, melhores resultados sociais (CANDIAN, 2014).
Todos os ingressantes acessaram a UFAL através do ENEM, todavia os egressantes acessaram a IES pelo ENEM e pelo, antigo, PSS (Figura 2).
Setenta por cento dos ingressantes alegaram ter o curso de Zootecnia como primeira opção no Sisu e 20% desses disseram que a Zootecnia não era opção. Cerca de metade dos egressantes alegaram que a zootecnia foi sua 1ª opção no Sisu enquanto que 1/3 desses afirmaram que o curso em questão estava como segunda opção.
Metade dos ingressantes respondentes afirmou conhecer o curso de Zootecnia antes de acessar à UFAL, cenário similar aos egressantes do curso (Figura 3).
Quando perguntados sobre os motivos que levaram em consideração na escolha do curso de Zootecnia, a maioria (45,45%) dos ingressantes alegou que o “gosto por animais” foi o fator mais decisivo na escolha, seguido de nota de corte baixa no Sisu (27,27%) (Figura 3).
Uma situação preocupante e que, provavelmente, explica a alta evasão do curso é que aproximadamente 1/3 dos discentes ingressos optaram pelo curso de Zootecnia devido à baixa nota de corte no Sisu. Pode-se inferir que essa forma de escolha pode refletir no modo como o discente encara o curso. Não obstante, pode também explicar o baixo desempenho dos graduandos – conforme visto a seguir com elevado número de reprovações – nos períodos iniciais.
Os egressantes também alegaram que o “gosto por animais” foi o principal motivo de escolha do curso (38,10%), não obstante o “contato com o meio rural” (23,18%) e “admiração pela carreira” (19,05%) também são apontados como fator decisório para escolha do curso por uma parcela significativa dos discentes.
O número de reprovações foi maior nos egressantes, cerca de 85% desses alegam ter pelo menos uma reprovação e metade, 42,86%, possuem mais de 04 reprovações (Figura 3).
Apesar de terem cursado apenas um semestre completo, 22% dos ingressantes alegam ter reprovado entre uma e duas disciplinas. Quanto a seu desempenho acadêmico, 60% dos ingressantes classificaram como “bom”, cenário similar aos egressantes do curso. Lima et al. (2011) observaram que 69% dos ingressos de Zootecnia reprovaram pelo menos uma disciplina no primeiro semestre do curso na Unesp-Ilha Solteira.
O curso de Zootecnia tem em sua matriz curricular matemática aplicada, biologia aplicada e química aplicada, além de outras áreas do saber, que exigem do graduando preparo em matemática e ciências, principalmente. Considerando que setenta e cinco por cento dos ingressos do curso de Zootecnia são provenientes de escolas públicas em que o IDEB médio foi 2,6 (INEP, 2013), temos discentes com dificuldades atávicas em ciências e matemática cursando Zootecnia na UFAL. Esse é, provavelmente, o motivo para elevada taxa de reprovação dos ingressantes e egressantes.
Quando perguntados se cursavam outro curso superior, a totalidade dos ingressantes disse que “não”, mas desses, 40% pretendem cursar. Em relação à transferência, 50% dos ingressantes pretendem fazer transferência, principalmente para cursos da UFAL (Figura 4).
A transferência de curso de Zootecnia configura-se em evasão, que segundo Baggi e Lopes (2011) têm relação com uma série de fatores socioeconômicos, com importância variável de acordo com o caso abordado (tipo de instituição, discentes etc.).
Em revisão, Silva Filho et al. (2007) citam a área de agricultura e veterinária, a qual a zootecnia pertence, como de baixa evasão, por ser majoritariamente ofertado por instituições públicas.
Nenhum dos concluintes entrevistados pensa em fazer transferência, todavia cerca de 10% cursa outro curso superior e 23% pretende cursar.
Quarenta e cinco por cento dos ingressos não pensam em abandonar o curso e 55% pensou ou ainda pensa em abandonar a graduação. Quando os ingressos foram perguntados o principal motivo para o abandono a maioria (41,67%) optou pela “falta de mercado de trabalho”, seguido pela “falta de reconhecimento do curso” (33,33%) ou falta de “afinidade com as áreas de atuação” (25,00%) (Figura 4).
Em relação aos egressantes, mais de 50% pensa ou pensou em abandonar o curso, os motivos apontados forma “falta de reconhecimento da profissão” (45,45%), “dificuldade de concluir o curso” (36,36%) e “falta de mercado de trabalho” (18,18%).
As elevadas taxas de evasão e retenção são os problemas mais sérios do curso de zootecnia da UFAL/Campus Arapiraca. Os dados mostram que a evasão nos períodos iniciais do curso é motivada pelo desconhecimento do mercado de trabalho do zootecnista, pela falta do devido reconhecimento da profissão pela sociedade e pelo falta de afinidade com as áreas de atuação.
Baggi e Lopes (2011) colocam que além da evasão por motivos financeiros, deve ser melhor entendido a evasão por motivos de ordem acadêmica como as expectativas do aluno em relação ao curso ou à instituição que podem encorajá-lo ou desestimulá-lo a priorizar a conclusão do seu curso.
Fica claro que o estudante ingressante chega ao curso com uma expectativa “gosto por animais” que não traduz bem a área de atuação do zootecnista e encara disciplinas duras como cálculo, física e biologia aplicada que contribuem para desestimular o discente no decorrer do curso.
O conhecimento da área e do seu impacto na sociedade é importante para criação da identidade do graduando com o curso. Quando perguntados se buscam contato com alguma área da zootecnia mais de 55% dos ingressos disseram que não, apesar de cerca de 30% pretenderem (Figura 5).
Dois terços dos egressantes alegou buscar contato com a área da zootecnia e 90% acompanham o meio rural via mídia (programas de TV, sites, rádios etc.).
Quando perguntados qual a pretensão após a conclusão do curso, os resultados foram similares para ingressantes e egressantes. A maioria dos discentes de zootecnia pretende fazer pós-graduação ou trabalhar na área no serviço público (Figura 6) e realizar-se profissionalmente e financeiramente.
Conclusões
Tanto nos ingressantes como egressantes do curso de Zootecnia da UFAL, predominam estudantes do sexo feminino. Cerca de 80% dos estudantes são do interior do estado de Alagoas, de cor parda e proveniente de escola pública. Cinquenta por cento conheciam o curso antes de entrar na UFAL, possuem uma visão predominantemente “boa” dos professores e “ruim” da infraestrutura e pretendem, ao finalizar o curso, trabalhar na área no serviço público ou fazer pós-graduação.
Os ingressantes do curso de zootecnia são predominantemente da zona rural, tem renda familiar média de até 03 salários mínimos e a totalidade não exerce nenhuma atividade acadêmica remunerada. A Zootecnia foi 1ª opção para a maioria no Sisu, principalmente pelo “gosto por animais” mas, a nota de corte baixa no Sisu também foi cita por 1/3 como motivo de escolha pela Zootecnia. Cinquenta por cento dos estudantes pretendem transferência para outro curso superior ofertado pela UFAL e alegam que a “falta de mercado de trabalho”, “falta de reconhecimento de profissão” e “falta de afinidade com as áreas de trabalho” foram citados como motivos principais para evasão.
Os egressos do curso de zootecnia são provenientes, principalmente, da zona urbana, possuem renda familiar média entre 03 e 05 salários mínimos e são envolvidos em atividades remuneradas de pesquisa, predominantemente. Cerca de cinquenta por cento acessou o curso pelo extinto PSS, indicando retenção de discentes. Cem por cento dos egressos não pretendem transferir para outro curso entretanto, 50% já pensou em evadir e apontaram a “falta de reconhecimento da profissão” e a “dificuldade de conclusão do curso” como motivos principais para evadir.
Para se reduzir a evasão e retenção de estudantes de zootecnia sugere-se: a) curto prazo: realizar uma semana do calouro, mostrando as áreas de atuação do zootecnista, as demandas de mercado, possibilidades de inserção e modelos de sucesso profissional. b) médio prazo: melhora da infraestrutura da universidade (salas de aula, laboratórios, setores práticos) para atender as expectativas do aluno ingressante; Elevar o alcance de programas assistências aos estudantes em situação de vulnerabilidade social no início do curso; Realizar um nivelamento em disciplinas como física, matemática, química e biologia; Rever o projeto pedagógico do curso visando melhorar o aproveitamento dos estudos e reduzir as reprovações. c) longo prazo: sensibilizar a gestão do estado e do município para elevar a qualidade da educação básica; Promover nas escolas palestras divulgando a profissão de zootecnista.
Gráficos e Tabelas
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