Perfil dos consumidores de carne de frango no município de Montes Claros – MG

Agda Caroline Silva Pena1, Camila Almeida de Jesus2, Fabiana Ferreira3, Iago Thomaz do Rosario Vieira4, Izabella Motta Moreira Ribeiro5, Lízia Cordeiro de Carvalho6, Paulo Henrique Batista Bicalho Maia7, Ramon Stéfano Souza Silva8
1 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
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RESUMO -

Objetivou-se caracterizar e avaliar o perfil dos consumidores de carne de frango na cidade de Montes Claros/MG. Para isso, foram realizadas 195 entrevistas por meio de questionários referentes à identificação do perfil do consumidor, às características que consideram importantes no momento da compra e perguntas associadas às doenças que podem ser transmitidas através do alimento contaminado. Constatou-se que a carne de frango é a segunda opção em detrimento a outras fontes. Apesar de uma boa aceitação o consumo de carne de frango ainda guarda inseguranças justificado pela utilização de hormônios para crescimento das aves, e doenças que podem ser transmitidas.

Palavras-chave: Avicultura, Mercado, Frangos de corte, Produção

Consumers profile of broiler meat in Montes Claros - MG

ABSTRACT - The objective was to characterize and evaluate the profile of consumers of chicken meat in the city of Montes Claros / MG. For this purpose, 195 interviews were conducted through questionnaires regarding the identification of the consumer profile, the characteristics they consider important at the time of purchase and questions associated with the diseases that can be transmitted through contaminated food. It was found that chicken meat is the second option over other sources. Despite good acceptance, the consumption of chicken meat still holds insecurities that are justified by the use of hormones for bird growth, and diseases that can be transmitted by its meat consumption.
Keywords: Poultry farming, Marketplace, Broilers, Production


Introdução

A avicultura está entre as atividades agropecuárias com melhor estruturação no Brasil. Baseado em um sistema de integração entre produtores e frigoríficos, a cadeia produtiva de frangos de corte se apresenta bem sistematizada e desenvolvida com um alto nível tecnológico empregado nas áreas de nutrição, manejo e melhoramento genético. O Brasil se destaca neste cenário sendo o segundo maior produtor mundial (CARDOSO, 2015). O arranque na evolução do setor é expressivo quando se compara os anos de 2000 e 2010, no qual em dez anos a produção nacional de carne de frango mais que dobrou (SINDIAVIPAR, 2011). Com o aumento na produção e repasse do produto por valores mais acessíveis, o consumo intensificou-se, também as exigências por qualidade, praticidade e alto valor nutricional. Diante disso, faz-se de extrema importância conhecer o comportamento dos consumidores, suas exigências e expectativas de modo que os padrões definidos para o produto estejam adequados às percepções da qualidade por parte dos consumidores e legislação vigente. Através deste estudo, objetivou-se caracterizar e avaliar o perfil dos consumidores da carne de frango do município de Montes Claros – Minas Gerais.

Revisão Bibliográfica

Devido a planos econômicos feitos pelo governo brasileiro a partir de 1986, houve o aumento no consumo de carne de frango, pois o produtor de bovinos foi recomendado a segurar sua produção reduzindo a disponibilidade no mercado, consequentemente o consumo de outras carnes se intensificou (MENDES et al., 2004). O aumento da produção, exportação e consequentemente demanda pela carne de frango ocasionou maior exigência do consumidor por produtos de qualidade. Em consulta a diferentes autores, o conceito de qualidade pode assumir variáveis e critérios diferentes para se chegar a uma definição. Segundo BLISKA (2000), a satisfação ou superação das perspectivas iniciais do consumidor estão ligadas a características de qualidade de um produto, que podem ser definidas por um conjunto de atributos. O conceito de qualidade é complexo e pode ser influenciado pela região geográfica, classe sócio econômica, cultura, entre outras variáveis, passando por modificações de acordo com o mercado ao qual o produto se destina. Para Campos (1999) um produto para ser de qualidade, depende principalmente da forma idônea com que chega ao consumidor e se atende às necessidades do mesmo. Ramos e Gomide (2007) definem a qualidade como algo de difícil explicação, que pode estar relacionada com a renda, forma de tecnologia do setor e a cultura do interessado, variando com a produção a que se destina. Como maneira de avaliar a opinião dos consumidores, desde que seja feita de forma correta, seguindo modelos estatísticos, a consequência dessas pesquisas é o conhecimento para possíveis melhorias dentro do sistema de produção (GOMES, 2005). Sem dúvidas a aparência do produto é um dos fatores primordiais no momento da escolha, mas não é unicamente a variável analisada na hora de se obter o produto, fatores como logística, comodidade, praticidade, padronização e procedência são levados em conta (CARDOSO, 2015).

Materiais e Métodos

A pesquisa foi realizada no município de Montes Claros, localizado no norte de Minas Gerais, no período de novembro de 2016. De acordo com o Censo Demográfico (IBGE, 2010) o município de Montes Claros possui uma área total de 3568,941 km² e 398.288 habitantes. O questionário de avaliação foi elaborado com 20 perguntas objetivas de fácil entendimento, aplicado aos consumidores de forma online utilizando-se o Google Formulários e presencial, em suas residências, supermercados e açougues. Inicialmente identificou-se o perfil socioeconômico do consumidor, então o que o leva ao consumo do produto, preferências, frequência, aspectos decisivos para a compra, doenças relacionadas a frangos e qualidade condizente com o preço pago. Os resultados foram analisados utilizando-se estatística descritiva e o programa Excel® 2013.

Resultados e Discussão

Do perfil dos entrevistados, 57,9% eram do sexo feminino e 42,1% masculino. Referente a idade, 64,6% entre 20 a 30 anos, 16,4% menos de 20 anos e 19,2% mais de 30 anos. Os consumidores demostraram bom nível de formação, onde 72,3% possuíam ensino superior completo ou em curso, 10,8% estavam cursando pós-graduação e somente 16,45% possuíam ensino médio ou fundamental completo ou em curso. A renda familiar de 53,8% dos entrevistados, era um salário mínimo, 28,2% afirmaram estar em um grupo que recebe até três salários mínimos mensais. Observou-se que 10,8% dos que responderam à pesquisa tem uma renda familiar de três a seis salários mínimos, e apenas 7,2% possuíam renda acima de seis salários mínimos. A carne bovina possui a preferência de 53,3% dos entrevistados, enquanto a carne de frango é desejada por 22,6%. Estudo realizado por Barcellos e Callegaro (2002), destaca que os consumidores adquirem carne bovina porque gostam, diferente de outros alimentos que são consumidos em função de questões de saúde, renda ou apenas por hábito. Há união familiar e social nas ocasiões de consumo de carne bovina, justifica a preferência por essa. A carne de frango é consumida preferencialmente assada (32,3%), devido à preocupação com a saúde e a praticidade de preparo, para adequar à rotina do dia a dia. 31,3% dos consumidores não possuem preferência ao preparar a carne, 18,5% preferem a carne cozida e 17,9% preferem a mesma frita. A maioria dos consumidores tem preferência por cortes de frango, sendo peito (39%) e a coxa (23,6%). O frango inteiro tem perdido espaço nos últimos anos, conforme dados da União Brasileira de Avicultura - UBABEF (2014). Atribui-se a este fenômeno à busca crescente por alimentos práticos no preparo, principalmente devido à inserção feminina no mercado de trabalho (OLIVEIRA et al., 2015). Francisco et al. (2007) citaram também que essa alteração na preferência do consumidor está relacionado com as mudanças sociais, como a diminuição do número de pessoas por moradia, entre outros. No caso da Febre Aftosa (3,1%) e da Toxoplasmose (2,6%), comumente veiculadas por outros animais (bovinos, suínos, ovinos), observou-se que alguns entrevistados generalizam algumas das doenças, sem conseguir distinguir qual espécie é a propagadora. Porém é possível constatar que os consumidores estão cada vez mais informados, 72,8% disseram que a Gripe Aviária é uma doença transmitida por aves. O grande mito que envolve a avicultura atualmente é a utilização de hormônios para acelerar o crescimento de frangos. Nesta pesquisa 74,4% dos entrevistados acreditam que a carne contenha hormônio. Além disto, 77,4% dos consumidores acreditam que sejam utilizados antibióticos em frangos. Talvez o distanciamento existente entre o consumidor urbano e o local de produção dos animais alimente algumas fantasias quando o consumidor tenta compreender quais foram os processos pelos quais os animais passaram até chegarem à gôndola do varejo (FRANCISCO et al., 2007).

Conclusões

Os consumidores do município de Montes Claros tem a carne de frango como sua segunda opção de carne de consumo, relatando preferência crescente pelos cortes de frango em relação ao frango inteiro. Possuem algum conhecimento sobre as doenças veiculadas a este produto, citando a Gripe Aviária como principal doença causada pela carne de frango, sendo fortemente impactado pela mídia. A maioria absoluta desses consumidores acredita que a carne de frango contém hormônios e utilizam-se antibióticos em sua produção.


Referências

BARCELLOS, M. D. de; CALLEGARO, C. A. M. A importância da informação como indicadores de qualidade: o caso da compra de carne bovina em Porto Alegre. In: XXVII Congresso da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração, Anais... 2002, Salvador/BA.   BLISKA, F.M.M. Qualidade na cadeia produtiva da carne bovina: elaboração e implementação de um sistema de controle. Boletim de Conexão Industrial do Centro de Tecnologia de Carnes do Instituto de Tecnologia de Alimentos, v.9-10, p.12-16, 1999-2000.   CAMPOS, V. F. TQC: controle da qualidade total (no estilo japonês). Belo Horizonte: EDG, 1999. 224 p.   CARDOSO, A. C. R. Caracterização do perfil dos consumidores de carne de frango. 2015. 79 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Medicina Veterinária, 2015. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/144089>. Acesso em: 20 Dez. 2016.   FRANCISCO, D.C.; NASCIMENTO, V.P.; LOGUERCIO, A.P.; CAMARGO, L. Caracterização do consumidor de carne de frango da cidade de Porto Alegre. Ciência Rural, v.37, n.1, p.253-258, 2007.   GOMES, I.M. Manual como elaborar uma pesquisa de mercado. Belo Horizonte: SEBRAE/MG, 2005. 90 p.   INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE) / CIDADES/CENSO DEMOGRÁFICO. 2010. Disponível em: <Http://cidades.ibge.gov.br/v3/cidades/municipio /31433 02>. Acesso em: 20/12/2016.   MENDES, A. A.; NAAS, I. A.; MACARI, M. Produção de frangos de corte. Campinas: FACTA, 2004. 354 p.   OLIVEIRA, A. P.; FERREIRA, M. R.; SANTANA JUNIOR, H. A.; SANTOS, M. S.; BRITO, J. M.; MENDES, F. B. L. Caracterização do consumidor de carne de frango em Júlio Borges-PI. Rev. Cient. Prod. Anim., v.17, n.2, p.129-141, 2015   RAMOS, E. M.; GOMIDE, L. A. M. Avaliação da qualidade de carnes: fundamentos e metodologias. Viçosa: UFG, 2007. 599p.   SINDIAVIPAR. Sindicato das indústrias de produtos avícolas do estado do Paraná. Entre 2000 e 2010, produção brasileira de carne de frango mais do que dobrou. Disponível em: <http://www.sindiavipar.com.br/index.php?modulo=5&acao=detalhe&cod=104 756>. Acesso em: 16 mar. 2017.   UNIÃO BRASILEIRA DE AVICULTURA – UBABEF. Grandes oportunidades pela frente, 2014. Disponível em: <http://www.ubabef.com.br/files/publicacoes/8ca705e70f0cb110ae3aed67d29c8842.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2017.