Pesos e rendimentos dos componentes não-carcaça de borregos de diferentes grupos genéticos terminados em sistema de Integração Lavoura Pecuária no semiárido brasileiro
JOÃO PAULO ARCELINO DO RÊGO1, NIELYSON JUNIO MARCOS BATISTA2, PATRÍCIA GUIMARÃES PIMENTEL3, ELISABETH MARY CUNHA DA SILVA4, ALINE VIEIRA LANDIM5, RICARDO RODRIGUES DE ANDRADE6, WEBERT ALAN SOMBRA7, ARLINDO DE ALENCAR ARARIPE NORONHA MOURA8
1 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
2 - Universidade Federal do Ceará
3 - Universidade Federal do Ceará
4 - Universidade Federal do Ceará
5 - Universidade Estadual Vale do Acaraú
6 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
7 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
8 - Universidade Federal do Ceará
2 - Universidade Federal do Ceará
3 - Universidade Federal do Ceará
4 - Universidade Federal do Ceará
5 - Universidade Estadual Vale do Acaraú
6 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
7 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
8 - Universidade Federal do Ceará
RESUMO -
O presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar o rendimento dos componentes não carcaça de borregos de diferentes grupos genéticos terminados em sistema de Integração Lavoura Pecuária no semiárido brasileiro. O ensaio experimental foi realizado no município de Tauá, Estado do Ceará, 6º 00’ 11” de latitude sul e 40º 17’ 34” de longitude oeste. Foram utilizados 28 borregos (14 Santa Inês e 14 Somalis Brasileira), machos, inteiros, com idade de 120 ± 15 dias e peso inicial de 18 ± 3 kg. A duração do experimento foi determinada pelo tempo necessário para que a média de um dos tratamentos atingisse 28 kg. Os genótipos dos ovinos, não influenciou nos pesos e rendimentos de fígado, rins, pâncreas, baço, pele e sistema reprodutor (P>0,05). Porém para os componentes sangue, sistema respiratório e coração os animais do grupo genético Santa Inês apresentaram maiores valores (P<0,05). De acordo com o genótipo pode haver variação no peso e no rendimento dos componentes não-carcaça.
Palavras-chave: órgãos, ovinos, produção, ruminantes, terminação
Weights and yields of non-carcass components of lamb from differents genetic groups finished in the Crop and Livestock Integration system in the brazilian semiarid
ABSTRACT - The present work was conducted with the objective of evaluating the yield of the non-carcass components of lambs from different genetic groups completed in a Livestock Livestock Integration system in the brazilian semiarid region. Experimental trial was carried out in the municipality of Tauá, State of Ceará. Twenty-eight lambs (14 Santa Inês and 14 Somalis Brasileira), male, whole, aged 120 ± 15 days and initial weight of 18 ± 3 kg were used. The duration of the experiment was determined by the time required for the average of one treatment to reach 28 kg. The genotypes of the sheep did not influence the weights and yields of liver, kidneys, pancreas, spleen, skin and reproductive system (P> 0.05). However, for the blood, respiratory system and heart components, the animals of the Santa Inês genetic group had higher values (P <0.05). According to the genotype there may be variation in weight and yield of non-carcass components.Keywords: organs, sheep, production, ruminat, termination
Introdução
No cenário do agronegócio a criação de borregos destinados à produção de carne tem grande importância, pois aumenta à medida que cresce a demanda mundial por produtos cárneos. Embora o Nordeste ocupe uma posição de destaque no cenário brasileiro do mercado da carne ovina, a atividade apresenta uma baixa rentabilidade quando comparada a outras, sendo necessário que novas alternativas devam ser buscadas para o incremento da produtividade. Os componentes não-carcaça podem compor até 57,5% do peso corporal do animal, sendo influenciados pela genética, nutrição, sexo, entre outros fatores (Costa et al., 2007). A comercialização desses produtos aumenta o retorno econômico do capital investido na terminação dos animais, além disso, a sua importância também está vinculada ao aproveitamento do alimento ou da matéria prima como a pele que se perdem e que poderiam colaborar com a melhoria do nível nutricional de populações desfavorecidas (Yamamoto et al., 2004). Por tanto, este estudo teve como objetivo avaliar o rendimento dos componentes não carcaça de borregos de diferentes grupos genéticos terminados em sistema de integração lavoura pecuária.Revisão Bibliográfica
O aumento da demanda por produtos cárneos ocasionou transformações na cadeia produtiva da ovinocultura, como por exemplo, o aproveitamento dos chamados componentes não carcaça, ou seja, o conjunto de órgãos, vísceras e outros constituintes, obtidos após o abate dos animais (Moreno et al., 2011). De acordo com Vaz et al. (2015), na produção de carne ovina, os não componentes carcaça são importantes para a indústria frigorífica, pois, a partir do correto aproveitamento, pode ser viabilizada uma melhor remuneração pelos animais. Segundo Carvalho et al. (2007) esses constituintes possuem importância econômica, já que podem ser utilizados como proteína de origem animal (coração, fígado e rins) ou para outros fins, como na indústria de vestuários e fabricação de móveis (pele). Em países do oriente os constituintes não carcaça respondem por grande parte da exportação do complexo carne, sendo importante fonte de proteína bruta, de modo que os preços concorrem com os dos componentes da carcaça (Vaz et al. 2015). No Brasil, em particular na região nordeste do país, os órgãos e as vísceras possuem baixo valor comercial, porém, se utilizados como matéria-prima na elaboração de pratos típicos ou na fabricação de embutidos, possibilitam agregar valor ao produto (Sales, 2010), por isso, é importante conhecer os rendimentos desses constituintes e suas possibilidades de utilização. O conhecimento de fontes de variações dos órgãos corporais pode ajudar no desenvolvimento de estratégias para avaliar os efeitos da nutrição sobre o crescimento e, ainda, otimizar a utilização de vários alimentos (Brochier e Carvalho, 2008).Materiais e Métodos
O ensaio experimental foi realizado no município de Tauá, Estado do Ceará, 6º 00’ 11” de latitude sul e 40º 17’ 34” de longitude oeste. A área total para pastejo foi de 1ha (hectare) em sistema de Integração Lavoura Pecuária utilizando milho (Zea mays) em consórcio com capim massai (Panicum maximus sp.) e cunhã (Clitorea ternatea). Os borregos foram suplementados com ração concentrada (milho grão moído, farelo de soja, ureia, sal mineral e comum) na proporção de 2% do peso corporal, formuladas para ganho de peso de 200g/dia, segundo o NRC (2007). Foram utilizados 28 borregos (14 Santa Inês e 14 Somalis Brasileira), machos, inteiros, com idade de 120 ± 15 dias e peso inicial de 18 ± 3 kg. Os animais foram pesados semanalmente para acompanhamento do ganho de peso e ajuste da ração concentrada. A duração do experimento foi determinada pelo tempo necessário para que a média de um dos tratamentos atingisse 28 kg, ocasião em que todos os borregos foram abatidos. Os animais foram abatidos, após jejum líquido e sólido por 12 e 16 horas, respectivamente, no abatedouro municipal da cidade de Tauá, Ceará. Foi efetuada a insensibilização dos animais, por atordoamento, na região atla-occipital, seguido de sangria por 4 minutos pela secção da carótida e jugular recolhendo-se o sangue em recipiente para posterior pesagem. Imediatamente após a sangria, Os componentes individuais do corpo foram pesados separadamente, incluindo órgãos internos (fígado, coração, pâncreas, pulmões + traqueia e língua + esôfago, rins, trato reprodutivo e baço) e pele. Após a pesagem, o rendimento dos componentes não carcaça foi calculado em relação ao peso do corpo vazio. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado. Para as variáveis analisadas foi realizado o teste de comparação de médias de Student ao nível de 5% de probabilidade utilizando o software SAS (2000).Resultados e Discussão
Os pesos e rendimentos dos componentes não-carcaça para os diferentes grupos genéticos, estão descritos na tabela 1. Os borregos Santa Inês apresentaram maiores pesos para coração, sangue e sistema respiratório e maior rendimento para o sistema respiratório quando comparados com os animais Somalis Brasileira (P<0,05). Para as demais variáveis não houve diferença significativa (P>0,05). Para melhor avaliação dos componentes não carcaça, o grupo genético deve ser considerado, pois o tamanho dos animais e a diferente idade de maturação das raças podem influenciar os resultados (Martins, 2014), o que certamente pode ter favorecido os borregos do grupo genético Santa Inês. Agrupando os componentes não carcaça, a pele teve maior participação nas duas raças estudadas (2,27 kg Santa Inês e 2,03 kg Somalis Brasileiro), fato importante, pois entre os produtos da ovinocultura a pele tem grande importância como fonte de retorno do capital.Conclusões
Os borregos das raças Santa Inês e Somalis Brasileira terminados em sistema de Integração Lavoura-Pecuária apresentaram diferenças em alguns componentes não carcaça, levando em consideração o aproveitamento desses componentes na elaboração de pratos culinários o que gera outra fonte de receita com a venda desses produtos, os animais da raça Santa Inês por apresentarem os melhores resultados são os mais indicados para esse sistema.Gráficos e Tabelas
