POPULAÇÃO DE PROTOZOÁRIOS DO RÚMEN DE OVINOS ALIMENTADOS COM DIFERENTES TIPOS DE PROCESSAMENTO DO MILHO E DO SORGO
Luis Henrique Curcino Batista1, Douglas Dijkstra2, Edivania Oliveira Santos3, Ronaildo Fabiano Neto4, Reginaldo Martins de Souza5, Marcelo Marcondes Godoy6, Flávia Oliveira Abrão Pessoa7
1 - Graduando do curso de Zootecnia do Instituto Federal Goiano, Campus Ceres
2 - Zootecnista formado pelo Instituto Federal Goiano, Campus Ceres
3 - Graduando do curso de Zootecnia do Instituto Federal Goiano, Campus Ceres
4 - Zootecnista formado pelo Instituto Federal Goiano, Campus Ceres
5 - Zootecnista formado pelo Instituto Federal Goiano, Campus Ceres
6 - Docente do Instituto Federal Goiano, Campus Ceres
7 - Docente do Instituto Federal Goiano, Campus Ceres
2 - Zootecnista formado pelo Instituto Federal Goiano, Campus Ceres
3 - Graduando do curso de Zootecnia do Instituto Federal Goiano, Campus Ceres
4 - Zootecnista formado pelo Instituto Federal Goiano, Campus Ceres
5 - Zootecnista formado pelo Instituto Federal Goiano, Campus Ceres
6 - Docente do Instituto Federal Goiano, Campus Ceres
7 - Docente do Instituto Federal Goiano, Campus Ceres
RESUMO -
Objetivou-se avaliar os efeitos da reidratação do milho e do sorgo sobre a população de protozoários do rúmem de ovinos em regime de confinamento. Foram avaliadas 28 borregas confinadas recebendo uma dieta com relação volumoso:concentrado de 40:60 na matéria seca, a qual os tratamentos consistiram nos ingredientes do concentrado: Milho Grão Seco (MGS), Milho Grão Reidratado (MGR), Sorgo Grão Seco (SGS) e Sorgo Grão Reidratado (SGR). O confinamento teve duração de 60 dias, no final desse período foi coletado aproximadamente 10mℓ do fluido ruminal. Posteriormente amostras de um mℓ do suco ruminal de cada animal foram utilizadas nas quantificação e identificação dos protozoários ruminais. Não houve diferença estatística entre a população total e de protozoários grandes e médios entre os tratamentos. Observou-se uma maior população de protozoários pequenos nos animais do tratamento SGR. Os gêneros mais frequentes foram: Entodinium spp., Diplodinium spp., Charonina spp. e Isotricha spp.
Palavras-chave: Borregos, microbiota ruminal, nutrição, grãos, ciliados
POPULATION OF PROTOZOA OF RUMINES OF SHEEP FED WITH DIFFERENT TYPES OF PROCESSING OF CORN AND SORGHUM
ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the effects of rehydration of corn and sorghum on the population of protozoa of sheep ruminants under confinement regime. Twenty-eight confined sheep were fed a 40:60 dry matter concentrate, which treatments consisted of the following ingredients: Dry Grain Corn, Corn Rehydrated Grain, Dry Grain Sorghum and Sorghum Grain Rehydrated. The confinement lasted 60 days, at the end of this period approximately 10mℓ of the ruminal fluid was collected. Subsequently samples of one mℓ of the ruminal juice of each animal were used in the quantification and identification of the primitive protozoa. There was no statistical difference between the total population and the large and medium protozoa among the treatments. A larger population of small protozoa was observed in Sorghum Grain Rehydrated treatment animals. The most frequent genera were: Entodinium spp., Diplodinium spp., Charonina spp. and Isotricha spp.Keywords: Sheep, ruminal microbial, nutrition, grains, ciliates
Introdução
O processamento dos grãos melhora a digestibilidade do amido, aumentando a fermentação ruminal e a disponibilidade de energia para a microbiota e, consequentemente, a população de protozoários no rúmen. Sabe-se esses microrganismos são responsáveis por 45% da atividade amilolítica no ambiente ruminal (Oliveira et al., 2015). Os protozoários podem contribuir com 40 a 50% da biomassa microbiana e da atividade enzimática no rúmen. A presença destes no rúmen está relacionada com a digestibilidade da dieta, uma vez que dietas mais digestíveis elevam a presença de protozoários no rúmen, os quais possuem papel fundamental na modulação da taxa de fermentação ruminal, favorecendo o equilíbrio no ecossistema ruminal e evitando disfunções metabólicas (Lima et al., 2012). Esses microrganismos exercem efeitos tamponantes sobre o pH ruminal, provavelmente pela capacidade de engolfar o amido, que seria fermentado imediatamente pelas bactérias (Dayani et al., 2007). Novos conhecimentos sobre a microbiota ruminal, trata-se de uma demanda mundial, assim como informações a respeito da população de protozoários ruminais. Objetivou-se com a presente pesquisa caracterizar as populações de protozoários do rúmen de ovinos alimentados com milho e sorgo submetidos ao processo de reidratação e ensilagem.Revisão Bibliográfica
O processamento do grão para a alimentação animal define-se por qualquer processo físico ou químico que modifica a estrutura molecular original e a composição física do grão (Theurer, 1986). O processamento dos cereais tem como principal objetivo disponibilizar a energia (amido) presente no endosperma dos grãos (Owens et al., 1997), rompendo inicialmente o pericarpo, que atua como uma barreira física que dificulta o ataque microbiano e enzimático, formando fissuras, quebrando ou expandindo o amido, solubilizando ou rompendo a matriz proteica e aumentando a área de superfície. Métodos que combinam a redução do tamanho de partícula e adição de água tendem ser mais eficientes (Batalha, 2015). Visando maximizar a produtividade dos rebanhos, o tipo da dieta oferecida aos ruminantes domésticos vem sendo alterada com a suplementação de concentrado, deixando de ser constituída apenas por forrageiras. Entretanto, essa prática pode causar alterações em todo o ecossistema ruminal, incluindo-se a população de ciliados. Assim, o tipo de dieta influencia diretamente a concentração e composição da população de protozoários ciliados no rúmen (RUSSEL & RYCHLIK, 2001). Adicionando-se diferentes proporções de concentrado à dieta de bovinos, a qual pode apresentar aspectos positivos para a comunidade de protozoários ciliados no rúmen, busca-se contribuir para o aumento na densidade de determinadas populações, especialmente de protozoários amilolíticos como Entodinium (CARVALHO et al., 1997; D’AGOSTO et al., 1998).Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido no Setor de Ovinocultura do Instituto Federal Goiano, localizado no município de Ceres – Goiás. Todos os procedimentos adotados foram aprovados pelo comitê de ética em experimentação animal, Protocolo: 017/2014. Em um Delineamento Inteiramente ao Acaso (DIC) com quatro tratamentos foram utilizadas 28 borregas da raça Santa Inês com idade média de nove meses, peso médio inicial de 36 kg, confinadas em baias coletivas de 15 m², distribuídas aleatoriamente em quatro lotes com sete animais, sendo cada animal uma repetição. As borregas receberam dietas isoenergéticas e isoprotéicas com relação volumoso:concentrado de 40:60 na matéria seca (MS), sendo avaliados os tratamentos: Milho Grão Seco (MGS), Milho Grão Reidratado (MGR), Sorgo Grão Seco (SGS) e Sorgo Grão Reidratado (SGR), balanceadas de acordo com o NRC (1985). O experimento teve duração de 60 dias, sendo os 15 primeiros dias destinados à adaptação dos animais a dietas e instalações e 45 dias de ensaio. O concentrado foi composto pelos alimentos testados (MGS, MGR, SGS e SGR), além de farelo de soja, uréia, suplemento mineral para ovinos, calcário calcítico e monensina sódica. O volumoso da dieta foi o feno de capim bermudas (Cynodom dactylon). O fornecimento do alimento foi realizado duas vezes ao dia, 07:00 e 16:00 horas, na forma de dieta total, com água sempre à disposição dos animais. No final do confinamento, após um jejum prévio de 8 a 11 horas, foi amostrado aproximadamente 10mℓ do fluido ruminal com o auxílio de cateter humano (Solidor®, 14,2, Bio Med health Care Products, Haryana - India), acoplado a seringas estéreis. Posteriormente amostras de 1 mℓ do suco ruminal de cada animal foram diluídas em 9 mℓ de solução de formaldeído a 10% para conservação das estruturas morfológicas dos protozoários (DEHORITY, 1993). Para a quantificação dos protozoários foram realizadas diluições decimais em tubos, contendo 9 mℓ de solução salina e, posteriormente, foram contados protozoários pequenos, médios e grandes em câmara de Sedgewick Rafter, em microscópio óptico. Para identificação dos protozoários, foram utilizadas alíquotas da diluição 10-2, juntamente com uma gota de lugol em lâminas de microscopia para visualização em microscópio óptico das microestruturas dos protozoários, utilizando-se objetiva de 40X e classificados de acordo com a chave descrita em Dehority (1993). A quantificação dos protozoários foi comparada entre os tratamentos pelo teste não paramétrico de Kruskall-wallis, ao nível de 5% de probabilidade. As taxas de detecção foram comparadas pelo teste do Qui-quadrado, a 5% de probabilidade, pelo software R (R Development Core Team, 2013).Resultados e Discussão
A quantidade de protozoários médios, grandes e totais, presente no ambiente ruminal não foi afetada (P>0,05) pelos tratamentos, porém observou-se diferença (P<0,05) para a quantidade de protozoários pequenos, em que os animais alimentados com SGR apresentou maior quantidade de protozoários (9,51 x 105) e o MGS a menor quantidade desses (6,21 x 105) (Tabela 1). A concentração total de protozoários presentes no rúmen está dentro dos padrões respaldados por Kamra (2005), que correspondem a 104 a 106 protozoários/mℓ de fluido ruminal. Os dados indicam que o sorgo grão reidratado favorece o crescimento da população de protozoários pequenos no rúmen, quando comparado ao milho grão seco. Das amostras analisadas, foram identificados 9 gêneros de protozoários, sendo que os quatro mais prevalentes estão representados na Tabela 2. Sendo que em todos os tratamentos o gênero mais frequente (P<0,05) foi o Entodinium spp. A maior prevalência de protozoários do gênero Entodinium pode estar relacionada à velocidade de reprodução desse gênero. Nos tratamentos MGR, SGS e SGR outro gênero mais frequente foi o Diplodinium e no MGS o Charonina. A predominância de Entodinium aponta registros que mostram essa situação em bovinos (D’AGOSTO et al., 1998). Entretanto, dependendo da natureza da dieta testada ou de variações individuais entre os hospedeiros, organismos do gênero Entodinium podem não ser predominantes dentre os ciliados do rúmen, sendo suplantados por Isotricha e Epidinium (TOWNE et al., 1990). Essa predominância do gênero Entodinium na composição dos ciliados no rúmen pode ocorrer devido ao fato de esse gênero apresentar várias espécies de ampla distribuição e ocorrência dentre vários ruminantes domésticos e selvagens (OGIMOTO & IMAI, 1981).Conclusões
A população total de protozoários e de protozoários de tamanho médio e grande do rúmem de ovinos em regime de confinamento não é alterada entre dietas formuladas com milho ou sorgo reidratado ou não na relação volumoso:concentrado estudada. Nessas condições, dietas formuladas com SGR apresenta uma maior população de protozoários pequenos. O gênero de protozoário mais frequente no rúmem de ovinos nessas condições é o Entodinium spp.Gráficos e Tabelas
