Produção de abelhas rainhas para apicultores de São João del rei e região

Bruna Cardoso Braga1, Deodoro Magno Brighenti2
1 - Universidade Federal de São João del Rei
2 - Universidade Federal de São João del Rei

RESUMO -

O desenvolvimento e a produtividade de uma colônia dependem, basicamente, da idade e da qualidade da sua rainha. Apesar da rainha poder viver até 5 anos, em função do desgaste a que ela é submetida, a taxa de postura tende a decair quando a rainha atinge os 2 anos de idade. Para que se possa alcançar o potencial produtivo da colônia é recomendado a substituição das rainhas anualmente. O objetivo deste projeto de extensão rural foi produzir rainhas através de colônias previamente selecionadas por boas características de produção e comportamento higiênico e distribuí-las para os apicultores de São João del Rei e região. Para a produção das artificial de rainhas, foi utilizado o método Dollittle. Durante o projeto foram produzidas foram produzidas 128 rainhas no total, as quais foram entregues a diferentes produtores da região. A substituição de rainhas pelas selecionadas permitiu aos apicultores selecionar características desejáveis como longevidade e aumento de produção.

Palavras-chave: abelhas rainhas, Método Doolitle, rainhas selecionadas

Production of queen bees for beekeepers of São João del rey and region

ABSTRACT - The development and productivity of a colony depends, basically, on the age and quality of its queen. Although the queen can live up to 5 years, due to the wear and tear she undergoes, the posture rate tends to decline when the queen reaches 2 years of age. In order to reach the productive potential of the colony it is recommended to replace the queens annually. The objective of this rural extension project was to produce queens through colonies previously selected for good production characteristics and hygienic behavior and to distribute them to the beekeepers of São João del Rei and region. For the production of artificial queen, the Dollittle method was used. During the project were produced 128 queens were produced in total, which were delivered to different producers in the region. Replacing queens with the selected ones allowed beekeepers to select desirable characteristics such as longevity and increased production.
Keywords: Queen Bees, Doolittle Method, Selected Queens


Introdução

Existe uma constante reposição da massa populacional das colmeias, já que a vida útil de uma operária gira em torno de 45 dias. Para isso, uma rainha em condições reprodutivas ideais e de potencial genético elevado pode atingir a taxa de postura de 3.000 ovos/dia. Entretanto, apesar de a rainha poder viver até 5 anos, em função do desgaste a que ela é submetida, a taxa de postura tende a decair acentuadamente, quando a rainha atinge os 2 anos de idade. Em razão desses fatores, recomenda-se a troca ou a substituição da rainha anualmente, pois, sendo peça chave para o desenvolvimento da colônia, consequentemente para o potencial produtivo, o apicultor deve procurar trabalhar sempre com rainhas jovens e saudáveis (Camargo, 2002). Por ser responsável pela transmissão de toda a informação genética à família, as características dos indivíduos da colmeia serão diretamente dependentes da qualidade da rainha. Tendo consciência da importância de substituir suas rainhas anualmente, o apicultor poderá adquirir novas rainhas de duas formas, comprando rainhas de criadores idôneos (de preferência de sua região) ou criando suas próprias rainhas. Objetivou-se produzir rainhas através de colônias previamente selecionadas por boas características de produção e comportamento higiênico e distribuí-las para os apicultores de São João del Rei e região.

Revisão Bibliográfica

As abelhas são insetos sociais, vivendo em colônias organizadas em que os indivíduos se dividem em castas, possuindo funções bem definidas que são executadas visando sempre à sobrevivência e manutenção do enxame. A rainha tem por função a postura de ovos e a manutenção da ordem social na colmeia. A larva da rainha é criada num alvéolo modificado, bem maior que os das larvas de operárias e zangões, de formato cilíndrico, denominado realeira, sendo alimentada pelas operárias com a geléia real, produto rico em proteínas, vitaminas e hormônios. A rainha adulta mede quase o dobro do tamanho de uma operária e é a única fêmea fértil da colmeia, apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido (Camargo, 2002). A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vôo nupcial, aproximadamente, 5 a 7 dias após sua emersão. A fecundação ocorre em áreas de congregação de zangões, onde muitos zangões voando à espera de uma rainha, conferindo assim uma grande variabilidade genética no acasalamento. Uma rainha pode ser fecundada por até 17 zangões. (Freeman, 2012). Esse estoque de sêmen será utilizado para a fecundação de óvulos durante toda a vida da rainha, pois ao retornar à colônia não sairá mais para realizar outro voo nupcial. A postura dos ovos na colônia começa de 3 a 7 dias depois do acasalamento. A rainha consegue manter a ordem social na colmeia através da liberação de feromônios. Essas substâncias têm função atrativa e servem para informar aos membros da colmeia que existe uma rainha presente e em atividade; o que inibe a produção de outras rainhas, a enxameação e a postura de ovos pelas operárias (Souza et al., 2013). Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromônios e de realizar posturas, em virtude de sua idade avançada, ou ainda quando o enxame está muito populoso e falta espaço na colmeia, as operárias escolhem ovos recentemente depositados ou larvas de até 3 dias de idade e constroem uma célula especial, chamada de realeira, para a produção de novas rainhas. A primeira rainha a nascer destrói as demais realeiras e luta com outras rainhas que tenham nascido ao mesmo tempo até que apenas uma sobreviva (Pereira et al., 2014). A rainha recebe, durante toda sua vida, um alimento denominado geléia real, que é composto da mistura das secreções das glândulas mandibulares e hipofaringeanas, localizadas na cabeça de operárias, com adição de açúcares provenientes do papo (Souza et al., 2013).

Materiais e Métodos

A produção artificial das rainhas foi feita nas caixas de cria da Universidade Federal de São João del Rei entre abril de 2016 até março de 2017.       Para a deve-se, primeiramente, selecionar uma caixa e orfaná-la, ou seja, encontrar a rainha e retirá-la da caixa. Esta colmeia é propositalmente orfanada para estimular o comportamento natural das abelhas de sobrevivência, uma vez que a rainha seja perdida ou morta, acontece uma redução dos níveis de ferormônios de rainha que desencadeia a construção de realeiras pelas abelhas operárias com objetivo de manter uma rainha. Em seguida, monta-se os quadros com cúpulas artificiais e de acordo com o método de produção a ser utilizado, faz-se a transferência das larvas das colmeias selecionadas e a introduz este quadro nas caixas orfanadas, para geração de novas rainhas. A técnica utilizada para a produção artificial de rainhas foi a desenvolvida por Doolittle. Para a realização deste método deve-se dispor de uma colônia recria, a qual abrigará a produção de rainhas em realeiras construídas a partir de cúpulas artificiais. Estas receberão larvas, com até o terceiro dia de vida larval, transferidas de um favo de uma colônia para as cúpulas usando-se uma agulha de transferência ou um estilete. Para a obtenção de melhores resultados, deve ter o cuidado de não danificá-las com a agulha, pois poderá matá-las ou prejudicar consideravelmente o seu desenvolvimento depois da transferência. Em seguida, as cúpulas serão fixadas em um quadro porta cúpulas que será inserido em uma colmeia orfanada (Doolittle, 1889). Nove dias depois de introduzido o quadro porta cúpulas na recria, o apicultor deverá engaiolar as realeiras para que as rainhas possam emergir.   Após colocar as gaiolas nas realeiras, as mesmas são retiradas dos quadros e levadas até a câmara climatizada para incubação, no Laboratório de Práticas Apícolas do Departamento de Zootecnia, ajustada a uma temperatura de 30°C, para se assemelhar a temperatura dentro da colmeia.

Resultados e Discussão

A tabela 1 representa total de larvas transferidas aceitas, o total de rainhas que emergiram, juntamente com a porcentagem de aceitação de larvas transferidas e de rainhas emergidas durante todo o período de produção das rainhas. O total de larvas transferidas, o total de realeiras e total de rainhas emergidas, respectivamente, foram de 926, 297 e 128; representando assim, uma percentagem média de aceitação de larvas de 30,74% e uma percentagem média de emergência de rainhas de 43,16%. Os meses de maior sucesso na aceitação das larvas foi o mês de julho, com uma taxa de 55%, seguido pelo mês de junho com 47,31%; e os menos eficientes foram o mês de janeiro com 0% de aceitação de larvas, seguido pelo mês de outubro com 5%. Já o meses que apresentaram uma maior eficiência de rainha emergidas foram o meses de novembro com 78,57%, seguido pelo mês de março com 74,07%; e os meses com menor eficiência foram o  de janeiro, com 0% de emergência, seguido pelo mês de outubro com 16,67%. As 128 rainhas produzidas no total foram distribuídas para diferentes apicultores de São João del Rei e Região permitindo a estes apicultores a renovação da genética das colmeias de seus apiários com características desejáveis como maior persistência, melhor comportamento higiênico, elevada taxa de oviposição e melhor produção, assim como a substituição das rainhas das colmeias menos produtivas e a ampliação do apiário através da divisão de enxames.

Conclusões

A produção de rainhas é uma técnica que exige conhecimento e que deve ser feita de maneira muito delicada e cuidadosa para se obter bons resultados, porém todos os esforços são recompensados uma vez que se pode impulsionar a apicultura com a substituição de rainhas. A realização desse projeto foi de extrema importância para o crescimento e fortalecimento da atividade apícola de São João del Rei e região. Com a substituição das rainhas antigas por rainhas novas e selecionadas os produtores terão enxames com características desejáveis como, temperamento, operosidade, resistência às doenças, longevidade, aumento de produção, comportamento higiênico, além de possuir rainhas jovens e portadoras de boas características genéticas.

Gráficos e Tabelas




Referências

BACAXIXI, P.; BUENO, C.E.M.S.; RICARDO, H.A.; EPIPHANIO, P.D.; SILVA, D.P.; BARROS, B.M.C.; SILVA, T.F.; BOSQUÊ, G.G.; LIMA, F.C.C / A importância da apicultura no brasil - Periódico Semestral - Revista Científica Eletrônica de Agronomia. Dezembro de 2011. CAMARGO, R.C.R. de, et al. Produção de mel / Teresina : Embrapa Meio-Norte, 2002. 138 p. : il.; 21 cm. - (Embrapa Meio-Norte. Sistemas de Produção; 3). DOOLITTLE, M.G. Scientific Queen-Rearing as practically applied; Being: A Method by which the best of Queen-Bees are Reared in Perfect Accord whit Nature’s Ways. Cornel University, Chicago, ILLS, 1889. FREEMAN, J .Back Yard Queens: A Guide to Small Scale Queen Rearing. Hamburg, 2012. PEREIRA, D.S.; COELHO, W. A.C.; BLANCO, B.S.; MARACAJÁ. P.B. / Produção de abelhas rainha européias (Apis mellifera), utilizando diferentes métodos de manejo. ACTA apicola brasílica artigo científico em Captain Cook, 2014, Havai, EUA. SOUZA, M.; MAIA, F.M.C.; MAEDA, E.M. / Produção de rainhas africanizadas de apis melífera como subsídio para programas de melhoramento genético. Dois Vizinhos 2013 Trabalho de conclusão de curso.