Produção de forragem e composição estrutural de genótipos de aveia avaliados no Ensaio Nacional de Aveias Forrageiras em Londrina-PR

Sandra Galbeiro1, Mauro Cézar Barbosa2, João Vitor da Rosa Vicente3, Gustavo Cordeiro Pires4, Maurílio Okuno Canhet5, Natália dos Santos Sales6, Leonardo Dias Nascimento7, Joilton Mendes Mendonça8
1 - Universidade Estadual de Londrina
2 - Universidade Estadual de Londrina
3 - Universidade Estadual de Londrina
4 - Universidade Estadual de Londrina
5 - Universidade Estadual de Londrina
6 - Universidade Estadual de Londrina
7 - Universidade Estadual de Londrina
8 - Universidade Estadual de Londrina

RESUMO -

Aveia forrageira pode ser uma boa alternativa para o planejamento alimentar dos animais em períodos críticos, apresentando boa produção e qualidade nutricional. Objetivou-se com o presente trabalho avaliar a produção forrageira de diferentes genótipos de aveia, em função da altura de pastejo ideal, o período de rebrote e composição botânica. O período experimental ocorreu entre 15 de maio e 02 de outubro de 2016. Adotou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições. Os tratamentos utilizados foram 11 genótipos de aveias de diferentes instituições de pesquisa. A maior produção de matéria seca por hectare foi observada no genótipo IPFA Ouro. O genótipo IPR Suprema apresentou elevadas porcentagens de lâmina foliar no decorrer dos cortes e não houve diferença significativa para material senescente entre os genótipos. O genótipo com maior precocidade para rebrote foi o UPF 134.

Palavras-chave: Avena sativa, Avena strigosa, gramíneas de inverno, melhoramento genético, pecuária

Forage production and structural composition of genotypes oat evaluated in National Forage test in Londrina-PR

ABSTRACT - Forage oat can be a good alternative for the animal feeding planning in critical periods, presenting good production and nutritional quality. The objective of this work was to evaluate the forage production of different oat genotypes, as a function of the ideal grazing height, the period of regrowth and botanical composition. The experimental period occurred between May 15 to October 2, 2016. The experimental design was a randomized block design with four replicates. The treatments used were 11 oat genotypes from different research institutions. The highest dry matter yield per hectare was noted in the IPFA Gold genotype. The genotype IPR Suprema presented high percentages of leaf blade during the cuts and there was no significant difference for senescent material among the genotypes. The most precocious genotype for regrowth was UPF 134.
Keywords: Avena sativa, Avena strigosa, winter grasses, genetic improvement, livestock


Introdução

Na região sul do Brasil a cultura de aveia (Avena sp.) é uma das opções, para produção de material a ser utilizado como forrageira de inverno. Dentro do gênero as espécies aveia branca (Avena sativa L.) e aveia preta (Avena strigosa Schreb) se destacam tendo uma boa quantidade e qualidade de matéria seca. Segundo Sá (1995), dentre as forrageiras de inverno a aveia é a mais cultivada, havendo um bom potencial produtivo para essas espécies no estado do Paraná. A aveia pode ter elevado potencial de produção de matéria seca com boa qualidade, porém este, dentre outros fatores, depende da região e da cultivar utilizada, sendo necessário primeiro identificar a adaptabilidade da cultivar ao clima, para melhor recomendação de seu uso em determinado local (CECATO et al. 2001). Sendo assim, devemos escolher genótipos, cultivares e/ou espécies que são adaptadas aos microclimas do Paraná, devido a grande variabilidade edafoclimática do estado, na tentativa de alcançar uma boa produção forrageira, tendo êxito em suprir o déficit da produção de pastagens no período de outono e inverno. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a massa de forragem em função dos cortes, e a composição estrutural das plantas e os dias de rebrote dos genótipos de aveia avaliados no Ensaio Nacional de Aveias Forrageiras, realizado em Londrina-PR.

Revisão Bibliográfica

A aveia é uma gramínea anual de inverno que pode ser cultivada em diferentes regiões e apresenta-se como uma das alternativas para o cultivo no inverno em sistemas intensivos (PRIMAVESI et al. 2001). Geralmente assim como as demais forrageiras, expressa alta proporção de folhas, baixo conteúdo de fibra e altos teores de minerais e proteína bruta em sua fase de crescimento vegetativo, porém, no período reprodutivo ocorre alongamento de colmo, emborrachamento e florescimento, apresentando alteração e diminuindo a qualidade, o que leva a redução no consumo pelos animais e na digestibilidade, aumentando a quantidade de massa. A escolha da espécie a ser cultivada depende dos interesses do produtor, pois aveia branca tem dupla aptidão, e além de forragem verde, produz grãos do rebrote, já a aveia preta pode ter alta produção de forragem, com maior resistência ao pisoteio e doenças, mas com pouca produção de grãos (FLOSS, 1988). As aveias são plantas anuais que apresentam maior crescimento nos meses mais frios do ano. Seus índices de produção, os quais variam de 10 a 30 toneladas de massa verde por hectare e de 2 a 6 toneladas de matéria seca por hectare são características produtivas relevantes para a produção de animais em pastagens (DEMÉTRIO et al., 2012). Essas propriedades permitem associar o cultivo de gramíneas de clima tropical no verão chuvoso com forrageiras de clima temperado no inverno seco, possibilitando diversificar os métodos de  exploração agropecuária (PRIMAVESI et al. 2001). Além da produção de forragem há outras variáveis relevantes a serem avaliadas para o lançamento de novas cultivares de aveia. Daí a necessidade de estudar os genótipos disponibilizados pelos grupos de melhoramento genético, das instituições de pesquisa, disponíveis para o Ensaio Nacional de Aveias Forrageiras.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na Fazenda Escola da Universidade Estadual de Londrina, Londrina-PR. O clima é subtropical úmido e altitude de 532 m. O solo da área experimental foi o Latossolo Vermelho eutroférrico. O período experimental ocorreu entre 15 de maio e 02 de outubro de 2016. Adotou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições. Os tratamentos foram onze genótipos de aveias de diferentes instituições de pesquisa, sendo cinco genótipos de aveia preta: IPR Cabocla (T), UPFA 21 Moreninha, Iapar 61 Ibiporã, UPF 134, UPF 137, e seis de aveia branca: IPR Esmeralda (T), FAPA 2, FUNDACEPFAPA 43, IPR 126, IPR Suprema e UPFA Ouro. Antes do plantio foi realizado o preparo do solo. As parcelas foram constituídas de 5 linhas de 4,0 m, espaçadas de 0,20 m (4,0 m²), sendo considerada como área útil as 3 linhas centrais de 4,0 m (2,4 m²). Foram semeadas 350 sementes aptas por m2 no dia 15 de maio de 2016. O primeiro corte foi realizado com a altura média de 25 cm, deixando de 6 à 8 cm de resíduo. Os demais cortes foram realizados com altura de 30 a 35cm, deixando de 8 à 10 cm de resíduo. O último corte foi quando até 50% das plantas atingiram o estádio de emborrachamento. Após as coletas as forragens foram pesadas, separadas as frações da planta (folha, colmo e material senescente) e secas em estufa para a determinação da massa de forragem (kg/ha de MS) e da porcentagem de lâminas foliares, colmo e material senescente. O número de cortes foi avaliado pela, quantidade de vezes que as parcelas dos referidos genótipos atingiam a altura de corte. O período de rebrote foi referente ao número de dias entre o ponto ideal de corte de cada cultivar. Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de Duncan à 5% de probabilidade pelo programa SAS (2000).

Resultados e Discussão

A produção de forragem e o período de rebrote apresentaram diferença a 5% de probabilidade para os genótipos (Tabela 1). No primeiro corte o genótipo IPR Suprema diferenciou-se estatisticamente dos demais com 2624,5 Kg/ha de MS, entretanto observou-se maior período de crescimento do plantio ao primeiro corte. No segundo corte as cultivares UPFA Ouro e a FUNDACEPFAPA 43 atingiram melhor rendimento forrageiro com 2812,6 e 2566,3 kg/ha de MS respectivamente. O genótipo que obteve a menor produção de forragem foi a IPR Cabocla com 975,5 kg/ha de MS. No terceiro corte a IPR Cabocla, UPFA 21 Moreninha, Iapar 61 Ibiporã, IPR Esmeralda, FUNDACEPFAPA 43  e a UPFA Ouro foram as mais produtivas enquanto as demais tiveram produção abaixo da média. No quarto corte os genótipos IPR Esmeralda, FAPA 2 e IPR 126 apresentaram as menores produções de forragem, com 466,8; 531,1 e 891 kg/ha de MS. Nos dois últimos cortes apenas a UPF 134 deu corte, ou seja, produziu massa de forragem com 1361,5 e 1215,5 respectivamente. No genótipo UPFA Ouro observa-se a maior frequência de valores de produção de forragem por hectare em relação a média das cultivares no segundo, terceiro e quarto corte. A UPF 134 foi o genótipo mais precoce até o terceiro corte, entretanto, observou-se maior capacidade de rebrote ao longo do experimento. Já no quarto corte o mais precoce foi a Iapar 61 Ibiporã. A porcentagem de lâmina foliar e colmo apresentaram diferença a 5% de probabilidade para os genótipos, enquanto a porcentagem de senescente foi avaliada de forma descritiva (Tabela 2). A porcentagem de lâmina foliar decresceu de acordo com os cortes, sendo que no primeiro corte as maiores porcentagens foram obtidas pelos genótipos UPFA 21 Moreninha e a UPF 134. Para o segundo corte os genótipos UPF suprema, UPF 134 e FUNDACEPFAPA 43 apresentaram as maiores porcentagens de lâminas foliares. O genótipo IPR Suprema teve a maior porcentagem de lâminas foliares no terceiro corte e quarto corte, porém não diferiu da IPR 126 no quarto corte. No quinto e sexto corte apenas a UPF 134 foi avaliada por atingir a altura ideal de corte. A IPR Suprema teve melhores porcentagens de lâminas foliares ao longo do experimento, o que demonstra ser muito interessante na produção de animais herbívoros. A porcentagem de colmos aumentou com o decorrer do experimento, observando maior porcentagem de colmos no genótipo UPFA Ouro a qual teve altos valores no primeiro corte. No segundo corte a UPFA Ouro não diferiu da IPR Cabocla. No terceiro corte as maiores porcentagens de colmo foram observadas nos genótipos FAPA 2, UPF 137, UPFA 21 Moreninha e a UPF Cabocla.  já no quarto corte as maiores porcentagens de colmos foram nos genótipos UPF 137 e UPF Cabocla. A porcentagem de senescente, no primeiro corte foi observada apenas no genótipo IPR Suprema. No segundo corte somente na IPR Esmeralda e UPFA Ouro, com 12,7 e 5,4%, respectivamente. A partir do terceiro corte aumentou os número de genótipos com a presença de senescente.

Conclusões

O genótipo UPFA Ouro produz mais forragem por cortes, porém, nota-se maior presença de colmo. O genótipo IPR Suprema possui elevada porcentagem  de lâmina foliar. O genótipo UPF 134 apresenta melhor potencial para precocidade no primeiro corte, e obteve maior longevidade durante o experimento.  

Gráficos e Tabelas




Referências

CECATO, U., et. al. Produção e composição química em cultivares e linhagens de aveia (Avena spp). Acta Scientiarum. Maringá, v. 23, n. 4, p. 775- 780, 2001.   DEMÉTRIO, J.V. et al. Produção de biomassa de cultivares de aveia sob diferentes manejos de corte. Pesq. Agropec. Trop., Goiânia, v. 42, n. 2, p. 198-205, abr./jun. 2012.   PRIMAVESI et al. Indicadores de determinação de cortes de cultivares de aveia forrageira. Scientia Agricola,  São carlos, v.58, n.1, p.79-89, jan./mar. 2001.   SÁ, J. P. G; Utilização da aveia preta na alimentação animal. Londrina: IAPAR, 1995. 20p. (IAPAR, Circular, 87)   SAS. SAS/STAT User’s Guide. Version8.,Cary, NC: SAS Institute, 2000.