PRODUÇÃO DE LEITE DE VACAS MESTIÇAS ALIMENTADAS COM SORGO MOÍDO E NÍVEIS CRESCENTES DE TANINO
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RESUMO -
A nutrição animal utiliza de artifícios para baratear os custos e aumentar a produção visando menos custo e mais lucro. O uso de sorgo na dieta de bovinos vem sendo cada vez mais empregado. O sorgo possui altos níveis de tanino em sua composição. Quando consumidos em doses elevadas, o tanino diminui a digestibilidade já em doses baixas melhora a digestão. Objetivou analisar a produção diária de leite de vacas alimentadas com sorgo moído e níveis crescentes de tanino. Houve alteração significativa (P>0,05) na produção diária do leite, em relação aos níveis de baixo tanino na dieta, tendo uma resposta de maior a produção em relação aos níveis maiores. Conclui-se que, o nível de tanino na MS em uma dieta para vacas interfere diretamente na produção, além de outros fatores. No ponto zootécnico de produção, vacas alimentadas com níveis entre 1,3 a 2,6% de tanino possuem melhor desempenho na produção em relação a vacas alimentadas entre níveis de 3,9 e 5,2%.
CROSSBRED HOLSTEIN × ZEBU COW’S MILK PRODUCTION FEED WITH SORGHUM AND GROWING TANNIN LEVEL
ABSTRACT - Animal nutrition uses devices to lower costs and increase production for less cost and more profit. The sorghum use in the cattle diet has been increasingly used. Sorghum has high tannin levels in its composition. When consumed in high doses, the tannin decreases the digestibility already in low doses improves the digestion. The objective was to analyze the cows daily milk production fed with milled sorghum and increasing tannin levels. There was a significant change (P> 0.05) in milk daily production, in relation to low tannin levels in the diet, with a higher production response in relation to the higher levels. It is concluded that the tannin level in DM in a cow's diet interferes directly with the production, in addition to other factors. At the zootechnical production point, cows fed tannin levels between 1.3 and 2.6% had better performance in relation to cows fed between 3.9 and 5.2%.Introdução
A produção de leite de bovino no Brasil vem crescendo consideravelmente nos últimos anos. Diante disso, a nutrição animal utiliza de artifícios para baratear os custos e aumentar a produção visando menos custo e mais lucro. Com isso Assim, objetivou analisar a produção diária de leite de vacas alimentadas com sorgo moído e níveis crescentes de tanino.
Revisão Bibliográfica
Segundo dados da CONAB (2016) a taxa de produção de leite cresceu + 3,1% entre os anos de 2011 e 2014, no qual a produção para os próximos anos dependerá do cenário interno.
O uso de sorgo na dieta de bovinos vem sendo cada vez mais empregado por conta das suas características nutricionais semelhantes à do milho além de ter alta aceitabilidade pelos animais (CONAB, 2015).
Desta forma, o sorgo possui altos níveis de tanino em sua composição. Gomes (2013) relata que, os taninos são compostos polifenólicos do metabolismo secundário de plantas que precipitam proteínas em solução aquosa melhorando o efeito enzimático pelo animal. Quando consumidos em doses elevadas, o tanino diminui a digestibilidade (McMAHON el al., 1999), já quando se é ingerido em doses baixas (entre 2 e 4% na Matéria Seca) podem acarretar em melhorias na digestão ruminal (McNEILL et al., 1998).
Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido no setor de Bovinocultura Leiteira da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) no Centro de Ciências Agrárias (CCA) do Departamento de Zootecnia (DZ) localizado na cidade de Areia-PB, de Fevereiro a Maio de 2015.
Foram utilizadas 5 vacas primíparas holandesas/zebu (mestiças) com peso vivo médio de 420kg e estágio de lactação em tornos dos 100 dias atingindo produção média de 18 ± 4kg/dia.
A dieta foi estipulada pelas exigências de lactação segundo recomendações do NRC (2001) o que era fornecido duas vezes ao dia, as 06:00 AM e 01:30 PM ambos, pós ordenha. A água foi fornecia a vontade para os animais.
Distribuídas aleatoriamente em quadrado latino 5 x 5. O experimento ocorreu por 100 dias os quais foram divididos em 5 períodos compostos por 20 dias (sendo 15 dias de adaptações no 1ª período). A dieta experimental foi ofertada na forma de volumoso e concentrado numa relação volumoso/concentrado fixa de 64/36, formulada para atender as exigências de lactação, segundo recomendações do NRC (2001), fornecidas duas vezes ao dia, às 06:00h e às 13:30h, logo após as ordenhas. As sobras foram recolhidas, diariamente, para determinação do consumo.
Todas as vacas receberam diariamente, 35 kg de silagem de milho como volumoso e 6,38 kg de concentrado composto por, 3,00 kg sorgo moído, 1,00 kg milho moído, 1,50 kg farelo de soja, 0,5 kg farelo de trigo, 0,20 kg uréia e 0,18 kg de mistura mineral (Bovigold).
Para que pudéssemos atingir as doses crescentes de tanino adicionou-se ácido tânico puro (C76H52O46), adquirido através da empresa Anidrol® (produtos para laboratório), o ácido tânico é uma fonte de tanino hidrolisável.
Os níveis de ácido tânico adicionados às dietas foram estabelecidos com base na análise da quantidade de tanino condensado constituinte do sorgo de alto tanino, que, de acordo com a metodologia do HCL- Butanol (HAGERMAN e BUTLER, 1978) realizado no Laboratório de Bromatologia da UAG- UFRPE o A (cultivar A9904) foi de 2,55% de tanino condensado total na MS. E o sorgo B (cultivar BRS Ponta Negra) 0,92% de tanino condensado total na MS pela metodologia Terril et al. (1992) realizado na EMBRAPA Sete Lagoas - MG.
O concentrado foi oferecido separado do volumoso na tentativa de assegurar o total consumo do ácido tânico contido no concentrado. Os ácidos tânicos nas proporções pré-determinadas foram misturados ao concentrado no dia anterior ao fornecimento no cocho.
Deste modo, nas dietas 2, 3, 4 e 5 foram adicionados 1,5, 79,5, 157,5 e 235,5g de ácido tânico respectivamente. Proporcionando um incremento no percentual de tanino total nas dietas, como mostra a tabela 1.
Deste modo, nas dietas experimentais foram oferecidas duas fontes de tanino. Taninos condensados através dos dois cultivares de sorgo e taninos hidrolisáveis através do ácido tânico. A água foi disponibilizada à vontade para os animais. A produção diária do leite de cada vaca foi registrada por pesagem individual (kg/dia) e posteriormente anotada. Foi utilizado o modelo estatístico de regressão a 5% de aceitabilidade.
Resultados e Discussão
De acordo com o gráfico da figura 1, verifica-se que houve alteração significativa (P>0,05) na produção diária do leite, em relação aos níveis de baixo tanino na dieta (0%, 1,2% e 3,6%), tendo uma resposta de maior a produção em relação aos níveis maiores (3,9% e 5,2%).
Em estudos realizados por McNiell (1998) o qual relatou que, utilizando níveis baixos de tanino na MS, cerca de 2 a 4%, melhora a absorção ruminal. Desta forma, a absorção ruminal é um fator que depende inteiramente para a maior ou menor produção de leite por vacas, e em resposta a esse padrão de tanino citado anteriormente, os níveis de 1,3 e 2,6% se mantiveram de acordo com a teoria e ao chegar nos níveis 3,9 e 5,2% ocorreu uma queda na produção, tendo em mente que o tanino é um composto anti-nutricional.
Desta forma, bovinos leiteiros em relação a produção toleram níveis de tanino entre 0% e 2,6% na MS no qual a produção foi maior. Em relação aos demais.
Vale lembrar que vacas possuem duração normal de lactação de 305 dias e vacas mestiças variam entre 270 e 290 (EMBRAPA, 2008) o que pode justificar a variação de produção, já que elas estavam no estado fisiológico de 100 dias de lactação e eram primíparas. Inicialmente a produção diária médias das vacas do experimento eram de 18 kg/dia, sabendo que elas eram mantidas a pasto com dieta composta de volumoso (capim brachiaria) e concentrado (farelo de milho, farelo de soja, farelo de trigo e sal mineral), e ao decorrer do experimento as vacas que se encontraram estabuladas diminuíram a média de produção para 14,2 kg/dia que se encontravam na dieta teste (0% de tanino na MS), sendo assim um fator comportamental.
Com isso, Baccari Júnior., (2001) relata que deve saber os limites de conforto térmico das espécies animais as quais podem melhorar a produção e o bem-estar, podendo ter distúrbios comportamentais como maior frequência ao bebedouro ou maior taxa de respiração por conta das condições de instalação e ambiência.
Conclusões
O nível de tanino na MS em uma dieta para vacas leiteiras interfere diretamente na produção, além de outros fatores como idade, dias de lactação e ambiente. Desta forma, no ponto zootécnico de produção, vacas alimentadas com níveis entre 1,3 a 2,6% de tanino possuem melhor desempenho e resultados significativos (P>0,05) na produção em relação a vacas alimentadas entre níveis de 3,9 e 5,2%.
Gráficos e Tabelas
Referências
BACCARI JÚNIOR, F. Manejo ambiental da vaca leiteira em climas quentes. Pesquisa & Tecnologia. Londrina, p.1-6, 2001.
CONAB. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO/ Perspectivas para a agropecuária. Brasília, v.3, p.1-130, set. 2015.
CONAM. CAMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO/ LEITE E DERIVADOS. Brasília, p.1-9, abr. 2016.
GOMES, C. F. P. Silagem de sorgo com alto e baixo tanino e farelo de algaroba na alimentação de vacas leiteiras. Tese de (doutorado), Itapetinga, BA, 2013.
EMBRAPA, GADO DE LEITE. Disponível em: <http://hotsites.sct.embrapa.br/prosarural/programacao/2008/aumento-da-producao-de-leite-com-a-diminuicao-do-intervalo-entre-partos-em-bovinos-3> Acessado em 27/11/2016.
McMAHON, L. R. et al. Effect of sainfion on in vivo digestion of fresh alfalfa and bloat is steers. Canadian Journal of Animal Science. v. 79. n. 2. p.203-212, 1999.
McNEILL, D. M.; OSBORNE, N.; KOMOLONG, M. K.; NANKERVIS, D. Condense tannins in the Genus Leucena and theis nutritioal significance for ruminants. In: Silagem de sorgo com alto e baixo tanino e farelo de algaroba na alimentação de vacas leiteiras. Itapetinga, BA. Tese de Doutorado, p. 21-22, 2013.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL- NRC. Nutrient requeriments of the dairy cattle. 7.ed. Washington: D.C.: Nacional Academy Press, 2001. 363p.
