Produção de MS de brachiaria e grãos de milho após cultura da soja.

Luciana Boulhosa Fabris1, Ana Carolina Monico Moreira2, Juliano Carlos Calonego3, Carlos Henrique dos Santos4, Cauê Zanet5, Paulo Claudeir Gomes da Silva6
1 - Unoeste
2 - Unoeste
3 - Unesp Botucatu
4 - Unoeste
5 - Etec Prof. Dr. Antonio Eufrásio de Toledo
6 - Unoeste

RESUMO -

O objetivo desse trabalho foi avaliar a produção de brachiaria e a produtividade do milho em duas áreas rotacionadas, uma com brachiaria+milho-soja e outra brachiaria/soja, com quatro dosagens de adubação nitrogenada, no oeste do Estado de São Paulo. O experimento foi instalado em delineamento experimental com blocos casualizados, com quatro repetições, em esquema de parcelas subdivididas, sendo as parcelas constituídas por duas sucessões de culturas sendo elas: 1- milho+brachiaria/soja, 2 – brachiaria/soja e as subparcelas por quatro doses de N (50, 100, 150 e 200 kg ha-1). As doses de N foram aplicadas parceladamente durante o ano de 2014 e 2015, nas culturas que antecederam a soja, ou seja, na semeadura do milho, no estádio V4 e V8 do milho e na brachiaria, com 30 e 60 após a semeadura. As melhores produções de MS de brachiaria foram encontradas no plantio solteiro de brachiaria no segundo ano avaliado, havendo melhor desempenho na utilização de 150 kg N há-1.

Palavras-chave: integração lavoura pecuária, consorcio de culturas forrageiras e plantio direto

Production of brachiaria DM and corn after soybean crop.

ABSTRACT - The objective of this paper was to analyze brachiaria and corn production in two crop rotations, one with brachiaria + corn-soybean and another brachiaria / soybean, with four nitrogen doses, in the west of São Paulo State. The experiment was carried out in a randomized block design, with four replications, in a subdivided plots scheme. The plots consisted of two successions: 1 - corn + brachiaria / soybean, 2 - brachiaria / soybean and the subplots consisted in four doses of N (50, 100, 150 and 200 kg ha-1). N doses were applied in installments during the years 2014 and 2015, in the cultures that preceded the soybean, that is, in the V4 and V8 corn stages and with 30 and 60 days after brachiaria seeding. The best MD production of brachiaria were found in the brachiaria solid plantin in the second year analyzed, with a better performance in the use of 150 kg N ha -1. The same N dose can be indicated as the best option for corn intercropped.
Keywords: Integrated crop livestock, crop pasture association, no tillage


Introdução

A região do Oeste Paulista é considerada socioeconomicamente como uma das mais pobres do estado de São Paulo, sendo a atividade agropecuária de baixa rentabilidade a base da economia regional. O solo de baixa fertilidade, a má distribuição de chuvas ao longo do ano e a baixa retenção de água nos solos, devido aos reduzidos teores de matéria orgânica e argila, dificultam o cultivo tanto de lavouras como de pastagens, sendo comuns as baixas produções de grãos e forragens.  Esse cenário, em muitos casos, desestimula os investimentos no meio rural, agravando ainda mais os problemas químicos e físicos dos solos, tornando-os cada vez menos produtivos. Neste cenário, a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) é uma opção promissora para o aumento de produtividade. O uso de plantas de cobertura com aptidão regional, como as braquiárias, e culturas graníferas com alto retorno financeiro como o milho, podem ser uma estratégia para viabilizar a agricultura em uma região com predomínio de pecuária extensiva de baixa eficiência. Morais (2007) comenta que, se forem observados os ajustes de lotação, não haverá comprometimento da quantidade de palha remanescente para o sistema de plantio direto, tendo ainda um incremento na rentabilidade em um período em que, muitas vezes, nada é produzido. O objetivo desse trabalho foi avaliar a produção de brachiaria e a produtividade do milho em duas áreas rotacionadas, uma com brachiaria+milho-soja e outra brachiaria/soja, com quatro dosagens de adubação nitrogenada, no oeste do Estado de São Paulo.

Revisão Bibliográfica

A Integração Lavoura Pecuária (ILP) é definida como sendo uma estratégia de produção sustentável, que integra atividades agrícolas e pecuárias, realizadas em uma mesma área seja em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação. Dessa forma, abrange sistemas produtivos diversificados para a produção de alimentos. (MACHADO, et. al, 2011). O milho cultivado em consórcio com a brachiaria é uma das melhores alternativas para a região oeste do Estado de São Paulo e melhora a produtividade do sistema de produção, já que a forragem se beneficia do residual das adubações realizadas nas lavouras, aumentando a produção de fitomassa, tornando a pecuária mais rentável. O milho (Zea mays L.) é uma cultura de grande importância agrícola, pois realiza com eficiência a transformação de carbono mineral em carbono orgânico, para posterior enchimento de grãos (Slaffer & Otegui, 2000; Fancelli, 2003). Essa espécie é amplamente cultivada no mundo em SPD (Sistema de Plantio Direto). Para a implantação e a condução do sistema de maneira sustentável, é indispensável a rotação de culturas de forma a proporcionar a manutenção permanente de quantidade mínima de massa vegetal na superfície do solo. O efeito positivo dos resíduos vegetais é aumentado conforme seu tempo de permanência, tipo do resíduo, grau de trituração, quantidade, composição química (principalmente a relação C/N) e grau de contato com o solo (Rodrigues et al., 2012). O consórcio de espécies vegetais produtoras de grãos e forrageiras tropicais é possível graças ao diferencial de tempo e espaço no acúmulo de biomassa entre as espécies (Oliveira et al., 2011). O milho é uma planta exigente em fertilidade, sendo que o nitrogênio é o elemento demandado em maior quantidade. A disponibilidade de nitrogênio afeta diretamente o desenvolvimento da área foliar e a taxa de fotossíntese (LEMAIRE, 1997), interferindo diretamente na interceptação da radiação e no uso eficiente desta aumentando a produção de biomassa seca. As folhas bem nutridas em nitrogênio tem capacidade de assimilar CO2 e sintetizar carboidratos durante a fotossíntese, resultando em maior acúmulo de biomassa seca e maior rendimento de grãos. O nitrogênio (N) aplicado na pastagem proporcionará um aumento na produção vegetal que será consumida pelos animais, resultando em maior produção de leite ou carne. Na sequência, esse nutriente é restituído à área através dos dejetos animais, Williams et al. (1989).

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido na Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE, em Presidente Prudente-SP, em um solo classificado como Argissolo Vermelho distroférrico (EMBRAPA, 2006). A localização geográfica da área experimental é de 22º 07' S, longitude 51º 27' W e a altitude de 430 m. O clima, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Cwa. A área onde foi conduzido o experimento foi preparada mecanicamente pela última vez em 2009, sendo desde então conduzida em SSD. O experimento foi instalado em delineamento experimental com blocos casualizados, com quatro repetições, em esquema de parcelas subdivididas, sendo as parcelas constituídas por duas sucessões de culturas sendo elas: 1-  milho+brachiaria/soja, 2 - brachiaria/soja e as subparcelas por quatro doses de N (50, 100, 150 e 200 kg ha-1). As doses de N foram aplicadas parceladamente durante o ano de 2014 e 2015, nas culturas que antecederam a soja, ou seja, na semeadura  do milho, no estádio V4 e V8 do milho e na brachiaria, com 30 e 60 após a semeadura. A semeadura das espécies vegetais foi realizada mecanicamente, utilizando semeadora para Plantio Direto, equipada com disco de corte da palha. O milho foi semeado no espaçamento entrelinhas de 0,90 m e visando uma população de 60 mil plantas por hectare. No consórcio entre milho+brachiária, a forrageira foi semeada em uma única linha, na entrelinha do milho (semeadura simultânea). Assim, como a braquiária consorciada com o milho, a braquiária solteira também foi semeada no espaçamento entrelinhas de 0,90 m, utilizando 6 kg ha-1 de sementes. A soja foi semeada no espaçamento entrelinhas de 0,45 m, visando uma população de plantas de 300 mil plantas por hectare. As plantas de brachiária foram amostras no momento da dessecação, secadas em estufa de aeração forçada a 65oC, pesados para quantificar a massa. Os dados foram analisados pelo programa Assistat

Resultados e Discussão

Na tabela 1 observam-se os dados de produção de matéria seca de brachiaria nas duas rotações de cultura estudadas, não havendo diferença estatística entre elas. Entretanto, melhores médias de produção são encontradas no segundo ano de análises na rotação onde a brachiaria é plantada solteira. Este fato é explicado pela ausência de competição entre plantas no plantio solteiro de brachiaria, que pode utilizar sozinha todos os nutrientes disponíveis no solo, apresentando maior produtividade. Importante observar que as médias de produção, embora sem diferença estatística revelam melhora no segundo ano analisado, indicado melhoria no sistema de produção, corroborando as pesquisas que indicam reestruturação do sistema de produção com a implantação das tecnologias de produção integrada. Benefícios importantes têm sido observados na estruturação do solo em médio e longo prazo com a utilização de plantas de cobertura com alto potencial de fixação de carbono e que possuam sistema radicular volumoso e agressivo (Dias Júnior, 2000). Segundo Ceccon et al. (2013), os sistemas integrados proporcionam efeitos positivos na produção de grãos cultivados em consórcio ou em sucessão a gramíneas e garantem produção de forragem no período outono-inverno, evitando ociosidade do solo, tornando-se importante opção de cultivo para várias regiões do Brasil. Embora não tenha ocorrido diferença significativa de produtividade de milho entre as doses de N aplicadas, observa-se uma melhoria de média até a dose de 150 kg N ha-1, indicando que esta é a dose de melhor aproveitamento para a produção de milho neste sistema estudado, servindo de importante parâmetro para investimentos do produtor. Dados de produtividade do milho safra/2015 não puderam ser avaliados porque foram comprometidos por severa seca. Os sistemas de produção integrado que envolvem milho apresentam facilidade de adequação em nossa região, pois segundo CONAB (2017), a região sudeste do país apresentou uma média de produção de milho de 5.700 ton/há, e a região de Mato Grosso uma produtividade em torno de 7.300 ton/há, demonstrando que as médias de produção do sistema estudado são interessantes, reforçando que a continuidade do sistema tende a melhorá-lo cada vez mais.

Conclusões

As melhores produções de MS de brachiaria foram encontradas no plantio solteiro de brachiaria no segundo ano avaliado, havendo melhor desempenho na utilização de 150 kg N há-1. A mesma dosagem de adubação nitrogenada pode ser indicada como melhor opção para a produção de milho consorciado com brachiaria.

Gráficos e Tabelas




Referências

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