Produtividade do capim-paiaguás submetido a distintas doses de nitrogênio

Hyago Thalles Barbosa de Andrade1, Alexandre Alves Domingues2, Lucas Rodrigues Damasceno3, Paulo Rogério Silva Santos4, Lucas Matheus Rodrigues5, Anita Cristina Rodrigues Tavares6, Alessandro José Marques Santos7, Clarice Backes8
1 - Universidade Estadual de Goias
2 - Universidade Estadual de Goias
3 - Universidade Estadual de Goias
4 - Universidade Estadual de Goias
5 - Universidade Estadual de Goias
6 - Universidade Estadual de Goias
7 - Universidade Federal de Goias
8 - Universidade Estadual do Oeste do Paraná

RESUMO -

Objetivou-se neste trabalho avaliar a influência da adubação nitrogenada na produção de massa seca da parte aérea do capim-paiaguás. O experimento foi conduzindo em campo, na Fazenda escola da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos/GO. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com cinco tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos são compostos por cinco doses de N (0, 75, 150, 300 e 600 kg ha-1). Foi avaliada a massa seca do capim paiaguás em dois anos de condução, com quatro avaliações no primeiro ano e três no segundo. As doses de N proporcionaram aumento da massa seca da parte aérea da forrageira. O capim respondeu até a dose de 354 kg ha-1 de N. Doses excessivas causaram redução da massa seca da parte aérea da forrageira.

Palavras-chave: Uroclhoa brizantha, adubação, pastagens

Productivity of paiaguás grass subject of distinct nitrogen doses

ABSTRACT - The objective of this job evaluate the influence of nitrogen adubation in dry mass production yield of paiaguás grass. This experiment was conducted at the field, in the School Farm of State University from Goiás, Campus São Luis de Montes Belos/GO. The experiment has utilised casualised blocks, with five treatments and four repetitions. The treatments are composts by five doses of N (0, 75, 150, 300 e 600 kg ha-1). Was evaluated dry mass of paiaguás grass in two years of conduction, with four rating in the first year and three in the second. The doses of N provided increase of dry mass yield of the forage. The grass responded up until of dose of 354 kg ha-1 of N. Excessive doses has caused reduction of dry mass yield of forage.
Keywords: Urochloa brizantha, fertilizing, pastures


Introdução

Na exploração de pastagens tem predominado a forma extrativista, com pouca adoção de tecnologia que possa aumentar a produtividade.  Apesar deste cenário, o surgimento de novas forrageiras é uma constante e constitui em uma alternativa, podendo proporcionar ganhos significativos, em particular da pecuária de corte. Por sua expressividade no cenário nacional as Uroclhoas (Syn. Brachiarias) têm sido alvo dos programas de melhoramento, que exploram a variabilidade genética dessas plantas dando origem a cultivares melhorados. Esses programas têm por objetivo aumentar a diversificação de pastagens e trazer ganhos em produtividade por animal e por área, junto ao aumento da resistência a estresses bióticos e abióticos (VALLE et al., 2009). Além de verificar a adaptação de novos cultivares vem a necessidade de estudos relacionados à exigência nutricional destas plantas melhoradas e a definição de doses recomendadas. Dentre os nutrientes essenciais o nitrogênio (N) tem maior impacto na produtividade das gramíneas forrageiras. Fagundes et al. (2005) verificaram que o suprimento de N no solo normalmente não atende à demanda das gramíneas, porém, quando há adubação nitrogenada, são observadas grandes alterações na taxa de acúmulo de matéria seca da forragem ao longo das estações do ano. Objetivou-se neste trabalho avaliar a influência da adubação nitrogenada na produção de massa seca do capim-paiaguás.

Revisão Bibliográfica

O resultado direto da aplicação do nitrogênio está na conversão do nitrogênio em massa seca da forragem. A eficiência de conversão do nutriente em massa de forragem tem mostrado valor igual ou superior a 30 em 73% das observações realizadas com gramíneas tropicais (MARTHA JUNIOR et al., 2004). Alexandrino et al. (2005) estudando o crescimento e características químicas e morfogênicas do capim-marandu (U. brizantha) submetido a cortes e a doses de N, verificaram grande diferença de perfilhamento ao longo do tempo de rebrotação em relação ao suprimento de N, observando que as plantas não adubadas com N quase não perfilharam ao longo do tempo.  

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzindo em campo, na Fazenda escola da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos/GO. Foi utilizada a forrageira Urochoa brizantha cv. Paiaguás. O solo onde foi implantado o experimento é classificado como Latossolo Vermelho distrófico e para sua caracterização química inicial, foram coletadas amostras em toda a área experimental na profundidade de 0-20 cm. De acordo com a análise o solo apresentava a seguinte caracterização inicial: pH (CaCl2) de 5,8; 48 g dm-3 de M.O.; 5 mg dm-3 de P (resina); 22; 1,1; 45 e 7 mmolc dm-3 de H++Al+3, K, Ca e Mg, respectivamente; saturação por bases (V) de 71%. Não foi necessária a aplicação de calcário. O preparo da área experimental foi realizado de forma convencional com uma aração e duas gradagens e em seguida foi realizada a semeadura da forrageira. Na adubação de base (formação) foram adicionados ao solo 100 kg ha-1 de P2O5 na forma de superfosfato triplo e 60 kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio. Aos 40 dias após a semeadura foi adicionado 40 kg ha-1 de N na forma de sulfato de amônio. Após o estabelecimento da pastagem, foi realizado um corte de uniformização, com a retirada dos resíduos e alocação das parcelas experimentais, com tamanho de 2x2 m, espaçadas de 0,5 m. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com 5 tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos são compostos por cinco doses de N (0, 75, 150, 300 e 600 kg ha-1) na forma de sulfato de amônio. A adubação nitrogenada (referente a cada tratamento) foi parcelada em três épocas (novembro, janeiro e março no primeiro ciclo e novembro, janeiro e março segundo ciclo), logo após o rebaixamento da forrageira. A cada adubação nitrogenada, foi adicionada também ao solo a quantidade de 40 kg ha-1 de K2O, totalizando 120 kg ha-1 ao ano. A planta forrageira foi coletada com auxílio de uma estrutura de ferro de 1,0 x 0,30 m e cortada com tesoura de aço à altura de 20 cm da superfície do solo. Em seguida o material foi pesado (massa fresca) e apenas uma amostra foi acondicionada em sacos de papel e secas em estufa de circulação e renovação de ar forçada por 72 horas na temperatura de 65 °C. Após esse período foi determinada a massa seca da amostra e por regra de três é obtido a massa seca total coletada na parcela. Após cada corte de avaliação, foi realizado o corte de uniformização de toda a área experimental na mesma altura de corte das plantas avaliadas, sendo retirado da área o resíduo dessa uniformização. Os resultados foram analisados pela análise de variância utilizando o programa Sisvar 4.2. Para as doses de N foi realizada a regressão.

Resultados e Discussão

No primeiro ciclo verifica-se o ajuste quadrático na produtividade de massa seca da parte aérea do capim-paiaguás, onde os melhores resultados do capim foram nas doses de 123, 216, 300 e 321 kg de N ha-1, alcançando produtividades de 5371, 6320, 5652 e 3831 kg ha-1, respectivamente (Figura 1). Vale ressaltar que as doses totais implementadas (75, 150, 300, 600 kg ha-1) foram parceladas em três épocas, e desta forma, as doses máximas aplicadas no primeiro, segundo e terceiro corte foi de 200, 400 e 600 kg de N ha-1. Mesmo no período da seca, verifica-se uma boa produtividade (3831 kg ha-1). De acordo com Euclides et al. (2016) o cv. Paiaguás apresenta alto potencial de produção de massa seca em quantidade e com alta concentração nutricional no período da seca em comparação a outros cultivares de braquiária como o Piatã. Somando os valores obtidos nas três épocas avaliadas (período das águas) obteve-se uma produtividade total de 17343 kg ha-1, onde a dose média de 300 kg de N ha-1 foi a que proporcionou a máxima produtividade.     Figura 1. Produção de massa seca da parte aérea de plantas do capim-paiaguás, em função de doses N, no primeiro e segundo ciclo.   No segundo ciclo também houve ajuste quadrático nas três épocas avaliadas. De acordo com a equação, as doses estimadas de 142, 223 e 354 kg ha-1 de N proporcionando os maiores valores, 3452, 4127 e 2847 kg ha-1 de matéria seca, respectivamente.             A produção de massa seca é favorecida pela adubação nitrogenada, pois auxilia na síntese de tecido. Silva et al. (2005) ao testarem doses crescentes de nitrogênio (0 até 800 kg ha-1) em Urochloa brizantha cv. Marandu em LATOSSOLO AMARELO evidenciaram ajuste linear de resposta as doses para produção de matéria seca. Costa et al. (2010) observaram também resposta linear a doses de nitrogênio para produção de matéria seca em pastagem de panicum maximum cv. Mombaça. A adubação nitrogenada em Uroclhoa decumbens proporciona incrementos na matéria seca e em sistema de pastejo a maior produção por unidade de tempo permite maior agilidade no uso da pastagem (SANTOS et al., 2009; FAGUNDES et al., 2005).

Conclusões

As doses de N proporcionaram aumento da massa seca da parte aérea da forrageira. O capim respondeu até a dose de 354 kg ha-1 de N. Doses excessivas causaram redução da massa seca da parte aérea da forrageira.

Gráficos e Tabelas




Referências

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