PRODUTIVIDADE E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE GRAMÍNEAS CULTIVADAS NA SAVANA DE RORAIMA

Bruna Martins Mota1, Wilson Gonçalves de Faria Júnior2, Edson Alencar Conceição de Sousa3, Lévison da Costa Cipriano4, Viviane Antunes Pimentel5, Juliana Cristina Nogueira Colodo6, Wilma Gonçalves de Faria7, Rafael de Oliveira Vieira8
1 - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
2 - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
3 - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
4 - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
5 - Escola Agrotécnica da UFRR - EAGRO
6 - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
7 - Instituto Federal de Roraima, Campus Amajari - IFRR
8 - Escola Agrotécnica da UFRR - EAGRO

RESUMO -

Objetivou-se avaliar produtividade e valor nutricional dos capins andropogon, aruana, colonião, gordura, massai e mombaça. As forrageiras foram cultivadas no Campus Murupu da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Boa Vista-RR. Foram determinadas a altura e produtividades de matéria natural, matéria seca (PMS) e matéria seca digestível (PMSD). Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições por tratamento (forrageira). A PMS diferiu entre as gramíneas, variando de 65 a 16,2 t/ha. A PMSD foi superior e semelhante entre si para os capins massai, mombaça, aruana e colonião (média de 6,55 t/ha. O capim gordura apresentou o maior conteúdo de matéria seca (390 g/kg). Todos os capins foram semelhantes para fibra detergente neutro (801 g/kg MS). A digestibilidade in vitro variou de 459 a 570 g/ kg MS. Assim, os melhores capins foram colonião e massai.

Palavras-chave: Panicum, Andropogon, Melinis, produtividade, nutrição

PRODUCTIVITY AND CHEMICAL COMPOSITION OF GRAMINEES CULTIVATED AT RORAIMA SAVANA

ABSTRACT - The aim was to evaluate the productivity and nutritional value of the andropogon, aruana, guineagrass, molassesgrass, massai and mombaça grasses. The forages were cultivated at the Murupu Campus of the Federal University of Roraima (UFRR), Boa Vista-RR. The height and yields of natural matter, dry matter (DMY) and digestible dry matter (DDMY) were determined. A completely randomized design with four replicates per treatment (forage) was used. DMY differed among grasses, ranging from 65 to 16.2 t / ha. The DDMY was superior and similar to each other for the massai, mombaça, aruana and guineagrass (average of 6.55 t / ha. Molassesgrass presented the highest dry matter content (390 g / kg). All grasses were similar to neutral detergent fiber (801 g / kg DM). In vitro digestibility ranged from 459 to 570 g / kg DM. Therefore, the best were guineagrass and massai grass.
Keywords: Panicum, Andropogon, Melinis, productivity, nutrition


Introdução

A savana na região amazônica possui características peculiares das quais limita a presença de forrageiras de alta exigência climática e nutricional. Contudo, as gramíneas tropicais são resistentes e conseguem se desenvolver de forma satisfatória nesse clima, embora seus valores nutricionais careçam de estudos. Por conseguinte, o objetivo desse trabalho foi avaliar a produtividade, a composição química e a digestibilidade in vitro dos capins andropogon (Andropogon gayanus), aruana (Panicum Maximum cv. Aruana), colonião (Panicum maximum Jacq cv. Colonião), gordura (Melinis minutiflora), massai (Panicum maximum cv. Massai) e mombaça (Panicum maximum Jacq vr. Mombaça).

Revisão Bibliográfica

As plantas forrageiras são fonte de energia de baixo custo, fornecem a fibra necessária para a boa função ruminal, além de determinantes no consumo de matéria seca e da produção animal. As gramíneas do gênero Panicum possuem alta produtividade e elevado valor nutricional, que explica seu uso na produção animal, embora haja variações nutricionais entre as espécies ou cultivares. Stabile et al. (2010) avaliando diferentes cultivares de Panicum maximum (massai, tanzânia e mombaça, colonião ) com períodos de rebrota de 30, 60 a 90 dias encontraram produções de matéria verde médias de  3,19; 5,22 e 14,1 t/ha. Os conteúdos de matéria seca variam de 129 a 237 g/kg de matéria natural, enquanto os conteúdos de fibra detergente neutro entre os cultivares dentro de uma mesma idade (60 e 90 dias) não diferiram com médias de 804 e 841 g/kg MS, sendo superior para a idade mais avançada. Estes dados indicam elevados valores de fibra nos cultivares, porém pouca variação entre cultivares. Já o capim andropogon consegue se desenvolver em solos ácidos com baixa fertilidade e longos períodos de seca, além considerável produção de biomassa.  Cavalcanti et al. (2016), avaliaram a produção de feno do capim-andropogon colhido em três idades (56, 84 e 112 dias de rebrota). A composição química descrita por esses autores variou de 72,7 a 47,1 g/kg MS para proteína bruta, de 710 a 755 g/kg MS para fibra detergente neutro e de 619 a 480 g/kg MS para digestibilidade in vitro da matéria seca.

Materiais e Métodos

O estudo avaliou seis capins que foram cultivados no Campus Murupu da Universidade federal de Roraima (UFRR; 3°04'11.2"N 60°48'50.5"W), nos meses de março e abril (transição seca-chuvas) do ano de 2015. Foram coletadas 4 amostras de cada capim aos 60 dias de rebrota, numa área de corte de 25x25cm² cada. Nesse momento, foi aferida a altura, com régua, e cada amostra foi pesada e convertida para kg/ha para determinação de produção de matéria natural (PMN), produção de matéria seca (PMS) e produção de matéria seca digestível (PMSD). Já as análises bromatológicas foram realizadas no Núcleo de Recursos Naturais – NUREN, Campus Cauamé/UFRR (Boa Vista – RR; 2°52'09.8"N 60°42'41.7"W). As amostras foram pré-secas em estufa ventilação forçada a 55ºC durante 72 horas e moídas a 1mm. Foram determinados os valores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM) e matéria orgânica (MO), segundo AOAC (2006). A fibra em detergente neutro (FDN) foi aferida no analisador de fibra ANKOM200 (ANKOM Tecnology Corp.) e a digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), por modificação do método in vitro Daisy ANKOM. Utilizou-se uma vaca mestiça, não prenha, não lactante, como doadora do liquido ruminal. O animal foi mantido à pasto e recebeu 2 kg de concentrado comercial, fracionado em duas vezes ao dia (8:00 e 17:00 horas). A análise estatística foi procedida com delineamento inteiramente casualizado (DIC), com 6 tratamentos e 4 repetições por tratamento. Para comparação das médias, foi utilizado o teste SNK (α = 0,05), segundo o procedimento PROC MIXED SAS.

Resultados e Discussão

Os capins colonião, mombaça, massai e andropogon foram semelhantes entre si (P>0,05), e apresentaram as maiores alturas (média de 64 cm). Ribeiro et al (2009) obtiveram resultados superiores no capim-mombaça (78,5 cm) sem irrigação. Já os capins aruana e gordura apresentaram alturas inferiores (44,5 cm) (Tabela 1). Para PMN, o mombaça apresentou valores superiores (P<0,05) ao colonião (65 t/ha vs 42,8 t/ha) e o capim-gordura apresentou o pior desempenho (16,2 t/ha). Já aruana e massai apresentaram valores intermediários, com semelhança estatística entre o colonião e mombaça (Tabela 1). Neto et al (2010) obtiveram produções de 7,88 t/ha do capim Mombaça, com adubação de 300kg/ha de nitrogênio, colhido ao atingir 90 cm de altura. Os capins mombaça, aruana e massai demostraram as melhores PMS, com média de 19,87 t/ha. Já o gordura apresentou o menor valor (6,4 t/ha), enquanto colonião e andopogon expressaram valores medianos e semelhantes a todos os outros capins avaliados (Tabela 1). Stabile et al (2010) relataram valores de 7,07 t/ha para o capim massai e 4,432 t/ha para o mombaça. Para PMSD, os maiores valores foram observados nos capins colonião, mombaça, aruana e massai, os quais foram semelhantes entre si (média de 6,55 t/ha). Os capins andropogon e gordura obtiveram os menores valores (média de 4,15 t/ha) (Tabela 1). O capim-gordura exibiu o maior valor de MS (390 g/kg), o qual foi superior (P<0,05) aos outros capins, que não diferiram entre si (P>0,05), com média de 244,8 g/kg (Tabela 1).  Os capins mombaça e colonião apresentaram os maiores valores de MM, enquanto massai, andropogon e gordura foram semelhantes entre si (P>0,05), com os menores valores (média de 66 g/kg). Silva et al (2014) avaliando o capim andropogon, cortado aos 63 dias de rebrota no período chuvoso, encontraram valores próximos aos descrito neste estudo (68 vs 62 g/kg). Entretanto, para MO, os capins massai, andropogon e gordura revelaram os maiores valores (média de 934 g/kg). Eles diferiram (P<0,05) de aruana (916 g/kg), e mombaça (902 g/kg), este último com o menor valor. Já o capim colonião possui valor mediano e semelhante (P>0,05) aos capins aruana e mombaça. Já os valores de FDN foram semelhantes (P>0,05) entre os tratamentos, com média de 801g/kg. Silva et al (2014) obtiveram valor superior para o andropogon (1147g/kg). Os conteúdos de FDN do capim mombaça neste estudo foram superiores ao encontrado por Ribeiro et al (2009) (703 g/kg) no período seco, sem irrigação. Contudo os valores obtidos para o capim massai foram próximos aos relatados por Stabile et al (2010) (768 g/kg). Por fim, os capins massai, andropogon e gordura expressaram os maiores valores de DIVMS (média de 583,33 g/kg). O mombaça diferiu (486 g/kg), seguido pelo aruana, de pior desempenho (459 g/kg). O capim colonião apresentou valor intermediário, e semelhante (P>0,05) aos anteriores. Stabile et al (2010) obtiveram resultados inferiores para o massai (516 g/kg) e superiores (543 g/kg) para o mombaça.

Conclusões

Os capins do gênero Panicum apresentaram desempenho produtivo semelhantes entre si, mas com diferenças importantes na digestibilidade in vitro. A composição química das forrageiras nas condições do estudo sugere seu uso para animais de baixa a média exigência nutricional.

Gráficos e Tabelas




Referências

ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS-AOAC. Official methods of analysis. 18.ed. 2005. Gaithersburg: AOAC International, Current Through Revision 1. 2006. 1243p. CAVALCANTI, A. C. et al. Consumo e digestibilidade aparente do feno de Andropogon gayanus colhido em três idades diferentes. Cienc. anim. bras., v.17, n.4, p. 482-490, 2016.   NETO, A. B. et al. Nitrogênio e época de colheita nos componentes da produtividade de forragem e sementes de capim‑mombaça. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.45, n.11, p.1312-1320, nov. 2010.   RIBEIRO, E. G. et al. Influência da irrigação, nas épocas seca e chuvosa, na produção e composição química dos capins napier e mombaça em sistema de lotação intermitente. R. Bras. Zootec., v.38, n.8, p.1432-1442, 2009.   SILVA, D. C. et al. Valor nutritivo do capim-andropogon em quatro idades de rebrota em período chuvoso. Rev. Bras. Saúde Prod. Anim., Salvador, v.15, n.3, p.626-636, 2014.   STABILE, S. S. et al. Características de produção e qualidade nutricional de genótipos de capimcolonião colhidos em três estádios de maturidade. R. Bras. Zootec., v.39, n.7, p.1418-1428, 2010.