RAÇÃO EXTRUSADA COM DIFERENTES RELAÇÕES VOLUMOSO:CONCENTRADO PARA OVINOS: AVALIAÇÃO DOS METABÓLITOS ENERGÉTICOS E HEPÁTICOS
Maria Júlia Pereira de Araújo1, Gilberto de Lima Macedo Júnior2, Nayana Cosenza Drummond3, Simone Pedro da Silva4, Adriana Lima Silva5, Luciano Fernandes Sousa6, Thauane Ariel Valadares de Jesus7, Wendell Fernando Guimarães da Cruz8
1 - Universidade Federal de Uberlândia
2 - Universidade Federal de Uberlândia
3 - Universidade Federal de Uberlândia
4 - Universidade Federal de Uberlândia
5 - Universidade Federal de Uberlândia
6 - Universidade Federal do Tocantins
7 - Universidade Federal de Uberlândia
8 - Universidade Federal de Lavras
2 - Universidade Federal de Uberlândia
3 - Universidade Federal de Uberlândia
4 - Universidade Federal de Uberlândia
5 - Universidade Federal de Uberlândia
6 - Universidade Federal do Tocantins
7 - Universidade Federal de Uberlândia
8 - Universidade Federal de Lavras
RESUMO -
Objetivou-se avaliar o efeito do uso de diferentes relações de volumoso:concentrado (V:C) com ração composta por volumoso extrusado (Foragge®) e concentrado extrusado (LAC 24®) sobre a concentração dos metabólitos energéticos e hepáticos em ovinos. Foram avaliados cinco ovinos machos em gaiolas metabólicas, distribuídos em cinco diferentes relações V:C, que foram: 30%:70%, 40%:60%, 50%:50%, 60%:40% e 70%:30%. O sangue foi coletado por venopunção jugular, em jejum, centrifugado e separado o soro para posterior análise em laboratório. O delineamento experimental foi quadrado latino 5×5. Os metabólitos mensurados foram frutosamina, colesterol, triglicerídeos, fosfatase alcalina, VLDL, GGT e AST. Não houve efeito do uso da ração extrusada em diferentes relações de V:C sobre a concentração dos metabólitos energéticos e hepáticos. A ração extrusada pode ser usada nos sistemas de produção de ovinos sem acarretar desordens metabólicas, pois não alteraram o metabolismo energético e hepáticos.
Palavras-chave: extrusão, ruminantes, ruminação, taxa de passagem, ambiente ruminal
EXTRUDED RATION WITH DIFFERENT ROUGHAGE:CONCENTRATE PROPORTIONS FOR SHEEP: ENERGY AND HEPATIC METABOLISM
ABSTRACT - The aim of this study was to evaluate the effect of the use of different roughage:concentrate (R:C) ratios in rations composed by extruded roughage (Foragge®) and extruded concentrate (LAC 24®) on the concentration of energetic and hepatic metabolites in sheep. Five male sheep were evaluated in metabolic cages, distributed in five different R:C ratios: 30%:70%, 40%:60%, 50%:50%, 60%:40% and 70%:30%. Blood was collected by jugular venipuncture, while fasting, centrifuged and separated from serum for further laboratory analysis. The experimental design was 5x5 latin square. The metabolites measured were fructosamine, cholesterol, triglycerides, alkaline phosphatase, VLDL, GGT and AST. There was no effect of the use of extruded ration in different R:C ratios on the concentration of energetic and hepatic metabolites. The extruded ration can be used in sheep production systems without causing metabolic disorders since it does not alter energy and hepatic metabolism.Keywords: extrusion, ruminants, rumination, rate of passage, ruminal environment
Introdução
A extrusão vem sendo empregada como recurso para aumentar o valor nutritivo de alimentos utilizados na nutrição animal. Turner et al. (1994) verificaram alterações na estrutura e na composição química decorrente da gelatinização do amido no processo de extrusão, aumentando o coeficiente de digestibilidade da matéria seca do alimento tratado em comparação ao não tratado. De acordo com Gonzalez et al. (2001), a composição bioquímica do plasma sanguíneo reflete de modo fiel a situação metabólica dos tecidos animais, de forma a poder avaliar lesões teciduais, transtornos no funcionamento de órgãos, adaptação do animal diante de desafios nutricionais e fisiológicos e desequilíbrios metabólicos específicos ou de origem nutricional. Objetivou-se avaliar os metabólitos energéticos e hepáticos de ovinos confinados em gaiolas metabólicas individuais consumindo diferentes relações de volumoso:concentrado de ração extrusada.Revisão Bibliográfica
A nutrição é um dos pilares que sustenta a produção de ruminantes, diante as técnicas utilizadas para aumentar a digestibilidade do alimento estão os processamentos, que tem como objetivo maximizar a metabolização dos nutrientes presentes na ração. Os processamentos podem alterar o valor nutritivo da ração pela moagem, gelatinização, floculação, laminação e extrusão, podendo mudar o local e a intensidade da digestão. O processamento realizado na extrusão combina o atrito mecânico com o alto aquecimento, permitindo a gelatinização do amido, a desnaturação da proteína, resultando em uma massa plástica que pode ser moldada em diferentes formas (Harper, 1992). É um processo contínuo, versátil e muito utilizado. De acordo com Gonzalez (2000) uma das formas de avaliação do balanço nutricional dos rebanhos, ou seja, a forma de analisar se a nutrição atende às exigências nutricionais dos animais, pode ser realizada a partir do perfil metabólico destes animais, já que em algumas situações, os desbalanços nutricionais podem influenciar nas concentrações séricas de alguns metabólitos, tanto no sangue, como no leite, na saliva e na urina. As concentrações sanguíneas podem sugerir se há excesso ou carência de algum nutriente na ração, além de apresentar patologias. Ademais, são exames simples, de baixo custo e que podem ser realizados de acordo com o manejo, podendo ser incluídas nos sistemas de produção. Os metabólitos energéticos usados para avaliação do status do animal são frutosamina, colesterol, triglicerídeos e VLDL (lipoproteínas de baixa densidade). Além disso, podem-se avaliar enzimas hepáticas para analisar o funcionamento do fígado, podendo ser mensurado GGT (gama glutamil transpeptidase), AST (aspartato aminotransferase) e fosfatase alcalina. Essas enzimas podem identificar alguma doença subclínica do fígado e/ou das vias biliares, além de uma sobrecarga hepática podendo ser causada pela nutrição, devido ao fígado ser o órgão responsável pela metabolização. Com isso, a partir dessas mensurações, pode-se observar como a ração está influenciando energeticamente o animal e a metabolização hepática que está sendo realizada.Materiais e Métodos
O experimento foi realizado na Universidade Federal de Uberlândia. Foram utilizados cinco ovinos machos Santa Inês x Dorper, não castrados, com seis meses e peso corporal médio de 34 kg, alocados em gaiolas metabólicas individuais que continham piso ripado suspenso, bebedouro, comedouro e cocho para sal mineral. O experimento teve duração de 75 dias, separado em cinco períodos de 15 dias, onde dez dias era de adaptação e cinco para coletas. Os animais receberam cinco tratamentos, sendo as diferentes relações do concentrado extrusado LAC 24® com o Foragge® (esse volumoso era composto pela parte aérea da planta de cana de açúcar com amido, minerais e ureia) (Tabela 1). As proporções de Foragge® e LAC 24® da ração foram misturadas na indústria e fornecidas duas vezes ao dia (08:00 e 16:00), onde no dia posterior era mensurado as sobras para quantificar o consumo dos animais. Como os pellets eram de tamanho e peso distintos, para melhor homogeneização, era feita uma mistura manual antes de fornecer aos animais. As coletas de sangue eram realizadas no primeiro e último dia de cada período e após a análise realizou-se a média dos dois dias. As coletas foram feitas por venopunção jugular com tubo sem anticoagulante, antes do fornecimento da primeira alimentação (jejum). As amostras de sangue foram centrifugadas a 3500 RPM por 15 minutos, os soros foram separados e armazenados em freezer a -5ºC para posterior processamento em analisador semiautomático Bioplus 2000 utilizando kit comercial da LabTest®. Os metabólitos energéticos e hepáticos analisados foram a frutosamina, colesterol, triglicerídeos, fosfatase alcalina, VLDL (lipoproteínas de baixa densidade), GGT (gama glutamil transpeptidase) e AST (aspartato aminotransferase). O delineamento experimental foi quadrado latino, com cinco tratamentos, cinco repetições (animais) e cinco períodos. As médias dos tratamentos foram avaliadas por estudo de regressão ao nível de significância de 5%.Resultados e Discussão
Não houve efeito do tratamento nos metabólitos energéticos e hepáticos (Tabela 2). De acordo com Campos et al. (2007), a frutosamina é uma proteína glicosilada adequada para a determinar o estado energético duas semanas anteriores à situação que se pretende avaliar. No presente estudo, as concentrações séricas foram acima dos valores de referência, podendo sugerir que os animais estavam com alto estado energético, podendo ser explicado pelo limitado gasto de energia, pois os animais estavam confinados em gaiolas metabólicas com fácil acesso ao alimento, permitindo maior estocagem de energia. O mesmo motivo aplica-se as altas concentrações de lipoproteínas de muita baixa densidade (VLDL), pois pela baixa mobilização do tecido adiposo, pode ocorrer uma redução nos níveis de triglicerídeos no fígado devido a maior capacidade de produção de VLDL. Resultando em altos valores de VLDL com baixos valores de triglicerídeos, uma vez que VLDL efetua o transporte dos triglicerídeos do fígado para o tecido adiposo, fornecendo energia imediata aos tecidos (Santos, 2013). O produto final da fermentação microbiana dos carboidratos fibrosos no rúmen é o ácido acético, um dos ácidos graxos voláteis principais do metabolismo dos ruminantes. Este ácido é usado como energia pela maior parte dos tecidos do animal e pode ser usado na síntese de gordura do tecido adiposo e da gordura do leite. No presente estudo, foi observada menor concentração de colesterol e triglicerídeos em relação aos valores preconizados, podendo ser explicado pelo fato dos animais estarem recebendo ração extrusada, onde, pelo processamento, houve modificações na estrutura da fibra, deixando-a com 2 mm, assim, pode ter aumentado a taxa de passagem no ambiente ruminal, diminuindo o tempo de retenção do alimento no rúmen, não ocorrendo aproveitamento eficaz da partícula e reduzindo a produção de ácido acético. Os níveis de GGT, AST e fosfatase alcalina (FA) estão dentro dos valores de referência (Tabela 2). A FA é uma enzima que é sintetizada em vários tecidos do animal. Assim como a GGT e AST, o aumento dos níveis de FA no plasma sanguíneo é um indicativo de lesões nos tecidos hepáticos (Carlos, 2010). Contudo, no experimento realizado, nenhum animal apresentou quadros patológicos relacionados aos tecidos hepáticos, isso se justifica porque os níveis dessas enzimas estão de dentro do preconizado.Conclusões
Ovinos alimentados com diferentes relações de V:C da ração extrusada LAC 24® com Foragge® não alteram seu metabolismo energético e hepático, diante disso, pode ser utilizada nos sistemas de produção de ovinos sem causar desordens metabólicas.Gráficos e Tabelas
