Rendimento de carcaça de cordeiros alimentados com palma forrageira como fonte exclusiva de volumoso

kleitiane Balduino da Silva1, Juliana Silva de Oliveira2, Edson Mauro Santos3, Maria das Graças Gomes Cunha4, Aelson Fernandes do Nascimento Souza5, Marcilio Fontes Cézar6, Joyce Pereira Alves7, José Maria Cesar Neto8
1 - Universidade Federal da Paraíba
2 - Universidade Federal da Paraíba
3 - Universidade Federal da Paraíba
4 - Universidade Federal da Paraíba
5 - Universidade Federal da Paraíba
6 - Universidade Federal de Campina Grande
7 - Universidade Federal da Paraíba
8 - Universidade Federal da Paraíba

RESUMO -

Objetivou-se comparar o rendimento de carcaça de cordeiros alimentados com palma forrageira, como fonte exclusiva de volumoso, e níveis de farelo de trigo (0, 30, 37 e 44%) com uma dieta padrão contendo feno de buffel e palma forrageira (controle). Foram utilizados 28 cordeiros com peso inicial médio de 22,6±2,37 kg. As dietas foram calculadas para suprir as exigências para ganho média diário de 0,2 kg. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os pesos finais e pesos vivos ao abate dos animais consumindo palma como fonte exclusiva de volumoso e 30 e 44% de farelo de trigo foram semelhantes aos animais consumindo a dieta controle (P>0,05). O peso de carcaça quente, peso de carcaça fria e rendimento de carcaça fria não apresentaram diferença entre os tratamentos. Dietas com palma forrageira como fonte exclusiva de volumoso e farelo de trigo como fonte de fibra podem ser utilizadas na alimentação de ovinos sem comprometer os rendimentos de carcaça de cordeiros

Palavras-chave: fibra, forragem, ovinos, ruminantes

Carcass yield of lambs fed forage palm as exclusive source of bulky

ABSTRACT - The objective of this study was to compare the carcass yield of lambs fed with forage palm as an exclusive source of bulky and wheat bran levels (0, 30, 37 and 44%) with a standard diet containing buffel hay and forage palm ). Twenty-eight lambs with mean initial weight of 22.6 ± 2.37 kg were used. Diets were calculated to meet the requirements for daily average gain of 0.2 kg. The averages were compared by the Tukey test at 5% probability. The final weights and live weights at the slaughter of the animals consuming palm as exclusive source of bulky and 30 and 44% of wheat bran were similar to the animals consuming the control diet (P> 0.05). The warm carcass weight, cold carcass weight and cold carcass yield did not differ between treatments. Diets with forage palm as an exclusive source of bulky and wheat bran as a source of fiber can be used to feed sheep without compromising the carcass yields of lambs
Keywords: Fiber, fodder, sheep, ruminants


Introdução

A criação de pequenos ruminantes na região Nordeste é afetada pela disponibilidade de forragens tanto em quantidade como em qualidade durante quase todo o ano. Os prolongados períodos de estiagens de chuvas, torna a forragem escassa neste período. Assim, é necessário buscar alternativas para suprir as exigências nutricionais destes animais. A palma forrageira é uma alternativa muito utilizado na alimentação de ruminantes no Nordeste brasileiro, pois garante a sobrevivência dos animais nas épocas secas do ano, por ser resistente às condições ambientais de baixa pluviosidade. Entretanto, geralmente, não é utilizada como única fonte de volumoso, porque a baixa efetividade de sua fibra proporciona diarreia e queda no desempenho de ruminantes (Ferreira, 2009). Com o crescente aumento no consumo de carne ovina no Brasil, faz-se necessário buscar estratégias para atender a demanda, como também oferecer carcaças de boa qualidade. Uma alternativa para garantir bons resultados nos rendimentos e qualidade das carcaças, durante o período de do ano com pouco disponibilidade de forragem, seria utilizar juntamente com a palma, um alimento concentrado com alto teor de fibra e amplamente utilizado, como o farelo de trigo.  Diante disto, objetivou-se neste trabalho comparar o rendimento de carcaça de cordeiros alimentados com palma forrageira, como fonte exclusiva de volumoso, e níveis de farelo de trigo com uma dieta padrão contendo feno de buffel e palma forrageira (controle).

Revisão Bibliográfica

No Nordeste um ponto importante que dificulta a criação de pequenos ruminantes é a falta de alimento em quantidade e qualidade durante todo o ano, tendo longos períodos de estiagem quem podem ultrapassar meses com pouca o sem nenhuma chuva. A ovinocultura no Brasil é uma exploração pecuária que atualmente vem se desenvolvendo significativamente, principalmente quanto a produção de carne, sendo assim busca-se alternativas para atender a demanda e consequentemente diminuir os custos de produção, como também oferecer carcaças de boa qualidade. Para garantir bons resultados nos rendimentos e qualidade das carcaças, torna-se primordial a atenção dada a nutrição, pois a quantidade e qualidade dos nutrientes consumidos influenciam na produtividade (MURTA et al., 2009). A palma forrageira se destaca por apresentar características nutricionais e adaptativas às condições ambientais, é tradicional e amplamente cultivada no semiárido como reserva estratégica de forragens, além de contribuir com o fornecimento de água para os animais.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado no galpão de confinamento da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária (EMEPA) em Tacima - PB. Foram utilizados 28 cordeiros não castrados, sem raça definida (SRD) com peso inicial médio de aproximadamente 22,6 kg ±2,37 kg. O experimento teve duração de 62 dias, sendo 10 dias de adaptação às dietas e às instalações e 52 dias de avaliação, distribuídos em delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC), em que os tratamentos experimentais consistiram em uma dieta padrão contendo feno de buffel e palma forrageira (controle) e  três dietas contendo como fonte exclusiva de volumoso a palma cv miúda e diferentes concentrações de farelo de trigo (0%, 30%, 37%, 44%) com base na matéria seca (MS) da ração e sete repetições. As dietas foram calculadas para serem isonitrogenadas e para suprir as exigências para ganho média diário de 0,2 kg, de acordo com o NRC (2007) (Tabelas 1). Após o período de confinamento, os animais foram pesados para obtenção do peso final (PF) e em seguida foram submetidos a jejum alimentar e dieta hídrica de 16 horas para obtenção do peso ao abate (PA) e posteriormente foi realizado o abate em concordância com as normas vigentes do RIISPOA (BRASIL, 2000). Após o abate, esfola e evisceração, as carcaças foram pesadas para obtenção do peso de carcaça quente (PCQ), e submetidas à refrigeração em câmara fria a 4ºC por 24 horas, com as articulações tarsometatarsianas distanciadas em 14 cm, por meio de ganchos próprios. Após este período, obtiveram-se o peso de carcaça fria (PCF), onde então foi calculado o rendimento de carcaça quente (RCQ= PCQ/PA x100) e rendimento de carcaça fria (RCF=PCF/PA x100). As análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa SISVAR (Ferreira, 2011) e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

Os pesos finais e pesos vivos ao abate dos animais consumindo palma como fonte exclusiva de volumoso e 30 e 44% de farelo de trigo foram semelhantes (P>0,05) aos animais consumindo a dieta controle (Tabela 2). O peso de carcaça quente, peso de carcaça fria e rendimento de carcaça fria não apresentaram diferença entre os animais submetidos as diferentes dietas. Os RCQ dos animais do grupo controle foram inferiores aos animais consumindo palma como fonte exclusiva de volumoso e 30% de farelo de trigo. Isto deve-se ao fato dos animais do submetidos a dieta controle terem sido alimentados com feno de buffel, que contém maior teor de fibra fisicamente efetiva e menor digestibilidade do que os animais alimentados com farelo de trigo, resultando em um maior enchimento ruminal e perda mais lenta do conteúdo trato gastrintestinal, tendo como consequência maior PVA e assim, por sua vez, menor RCQ. A média de RCQ dos tratamentos com farelo de trigo foi de 50%. Os resultados indicam que as dietas contendo palma como fonte exclusiva de volumoso e farelo de trigo proporcionaram características de carcaça semelhantes aos animais do grupo controle.

Conclusões

A utilização de dietas com palma forrageira como fonte exclusiva de volumoso e farelo de trigo como fonte de fibra pode ser utilizada na alimentação de ovinos confinados sem comprometer os rendimentos de carcaça de cordeiros em confinamento.



Gráficos e Tabelas




Referências

FERREIRA, D.F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, v.35, p.1039‑1042, 2011. FERREIRA, M. D. A., Silva, R. R. D., Ramos, A. O., Véras, A. S. C., Melo, A. A. S. D., & Guimarães, A. V. Microbial protein synthesis and urea nitrogen concentrations in lactating dairy cows fed spineless cactus and different forages based diets. Revista Brasileira de Zootecnia, 38(1), 159-165, 2009. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA). Secretaria da Defesa Agropecuária (SDA). Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA). Divisão de Normas Técnicas. Instrução Normativa n°3, de 17 de janeiro de 2000. Lex: Diário Oficial da União de 24 de janeiro, Seção1,p.14-16. Brasília, 2000. MURTA, R.M.; CHAVES, M.A.; SILVA, F.V.; BUTERI, C.B.; FERNANDES, O.W.B.; SANTOS, L.X. Ganho de peso e características da carcaça de ovinos confinados alimentados com bagaço de cana hidrolisado com oxido de cálcio. Ciência Animal Brasileira, v.10, p.438-445, 2009. NATIONAL RESEARCH COUNCIL-NRC. Nutrient Requirements of Small Ruminants: Sheep, Goats, Cervids, and New World Camelids.1.ed. Washington, D.C.: National Academy Press, p.384, 2007.





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