RENDIMENTO DE CARCAÇA DE OVINOS EM CONFINAMENTO ALIMENTADOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE RESÍDUO ÚMIDO DE CERVEJARIA.

Adriana Castro1, José Antônio Alves Cutrim Junior2, Aline Paiva Coelho3, Vitoria de Nazare Carvalho Rocha4, Igor Cassiano Saraiva Silva5, Edneide Marques da Silva6, Eduardo Mendes Gomes da Silva7
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RESUMO -

Analisou-se o rendimento de carcaça de ovinos em confinamento alimentados com dietas contendo diferentes níveis de resíduo úmido de cervejaria- RUC (0, 10, 20 e 30%). A pesquisa foi conduzida no Setor de Ovinocaprinocultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, Campus São Luis – Maracanã. O delineamento foi inteiramente casualizado com 5 repetições, tendo duração de 77 dias em confinamento. As perdas por resfriamento sofreram efeito linear decrescente (P<0,05) tendo a dieta com 0% e perda de 3,25% e a dieta com 30% perda de 2,23%. Os cortes apresentaram resultados significativos (P<0,05) somente para o lombo e a paleta. O lombo apresentou resposta linear crescente estimada, com 9,63 e 12,25% para os níveis 0 e 30%. Conclui-se que o RUC melhora a conversão e eficiência alimentar até o nível de 30%, reduzindo as perdas por resfriamento das e aumentando o rendimento do lombo e paleta.

Palavras-chave: resíduo úmido de cervejaria, rendimento, carcaça.

HOUSEHOLD INCOME OF CONFINED SHEEP FEEDING WITH DIFFERENT LEVELS OF HUMID WASTE FROM BREWERY.

ABSTRACT - The carcass yield of feedlot sheep fed diets containing different levels of wet brewery residue- WBR (0, 10, 20 and 30%) were analyzed. The research was conducted in the Sector of Ovinocaprinocultura of the Federal Institute of Education, Science and Technology of Maranhão, Campus São Luis - Maracanã. The design was completely randomized with 5 replicates, with a duration of 77 days in confinement. The cooling losses suffered a decreasing linear effect (P <0.05), with the diet with 0% and loss of 3.25% and the diet with 30% loss of 2.23%. The cuts presented significant results (P <0.05) only for the loin and the palette. The loin presented an estimated linear response, with 9.63 and 12.25% for levels 0 and 30%. It is concluded that the WBR improves conversion and feed efficiency up to the 30% level, reducing cooling losses and increasing the yield of the loin and trowel.
Keywords: Wet brewery residue, yield, carcass.


Introdução

O resíduo úmido de cervejaria é um produto obtido a partir da fabricação de cerveja e gerado em grande quantidade dentro do estado do Maranhão, com destaque para a ilha de São Luis. No entanto, pouco se sabe acerca do uso deste resíduo na alimentação de ovinos confinados, muito embora já existam trabalhos que atestam que a inclusão deste coproduto na alimentação de bovinos (POLAN et al., 1985; GERON et al., 2008) e cabras (MENDOÇA, 2012) se mostrou eficaz. A utilização de coprodutos da agroindústria na alimentação de animais também tem um viés ambiental, pois retira do meio ambiente resíduos com elevado potencial poluidor. Segundo Carballo et al. (2000), para que se possa estimar o valor comercial da carcaça é necessário conhecer todo o potencial do animal em produzir carne e é através do rendimento de carcaça que se avalia essa capacidade. O rendimento de carcaça é a característica mais importante do animal de corte, pois quanto maior o rendimento de massa muscular, maior será a eficiência na produção de carne (CLEMENTINO, 2008). Desta maneira, o presente trabalho teve como objetivo analisar o desempenho da carcaça de ovinos alimentados em confinamento contendo dietas de diferentes níveis de integração de resíduos úmidos de cervejaria.

Revisão Bibliográfica

O imenso volume de resíduos resultantes do processamento industrial, em geral não tem destino certo. Quando armazenados indevidamente ou mesmo lançados no meio sem qualquer tipo de tratamento, os resíduos podem vir a causar uma série de problemas ambientais, como a contaminação de rios e do solo. Segundo Brochier e Carvalho (2008) a agroindústria gera resíduos nobres e que apresentam potencial para serem inseridos novamente na cadeia produtiva. Uma das possíveis formas de reaproveitamento dos resíduos agroindustriais é a sua utilização na alimentação animal, que além de conferir uma alternativa a mais para a alimentação do rebanho e reduzir custos de produção, também evita a contaminação do meio ambiente. Cezar e Sousa (2007) definem biologicamente a carcaça como sendo o corpo do animal abatido, sangrado, esfolado, eviscerado e amputado das patas, da verga e testículos nos machos e glândulas mamarias nas fêmeas. Contudo, vale mencionar que podem ocorrer algumas variações entre países, de acordo com os costumes locais (PEREZ e CARVALHO, 2002). A carcaça vista pelo prisma comercial, é entendida como um elemento de transação do processo de transformação de um ser vivo, que é o animal, em um alimento que é a carne (CEZAR E SOUSA, 2007). Segundo Carballo et al. (2000), para que se possa estimar o valor comercial da carcaça é necessário conhecer todo o potencial do animal em produzir carne, e é através do rendimento de carcaça que se avalia essa capacidade. O rendimento de carcaça é a característica mais importante do animal de corte, pois quanto maior o rendimento de massa muscular, maior será a eficiência na produção de carne (CLEMENTINO, 2008). É importante mencionar que fatores como tempo de jejum, idade e peso vivo do animal, apêndices corporais, estrutura corporal, condição corporal, bem como o tipo zootécnico e a distribuição das carcaças na câmera fria podem influenciar o rendimento da carcaça (CEZAR E SOUSA, 2007). Outro aspecto ligado ao rendimento de carcaça e que merece destaque diz respeito as perdas por resfriamento, que de acordo com Monteiro et al. (1999) só apresentará perdas mínimas caso as carcaças tenham adequada cobertura de gordura subcutânea e devida proteção no momento do resfriamento (revestidas de saco plástico).

Materiais e Métodos

A pesquisa foi conduzida no Setor de Ovinocaprinocultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, Campus São Luis – Maracanã. Os tratamentos foram constituídos por níveis crescentes de inclusão de RUC na dieta dos ovinos em proporções de 0, 10, 20 e 30%, utilizando 4 tratamentos  inteiramente casualizado, com 5 animais, todos sem padrão de raça definida (SPRD) com aproximadamente 8  meses de idade, e peso médio de 18 kg. As dietas foram compostas de feno Tifton 85, farelo de soja, milho e calcário, formuladas para ganho de peso diário de 150 g/dia, tendo a adição do (RUC). O tempo de confinamento foi de 77 dias e ao final deste os animais foram abatidos de acordo com a as normas e procedimentos constantes na legislação (BRASIL, 2000). Após o abate, as carcaças foram identificadas (animal/tratamento) e pesadas para determinação do rendimento da carcaça quente (RCQ = PCQ/PCA x 100). Em seguida, foram transferidas para câmara frigorífica a 4ºC por 24 horas, penduradas pelos tendões do gastrocnêmio, em ganchos apropriados para manter as articulações tarso-metatarsianas distanciadas em 17 cm. Ao final desse período, as carcaças frias foram pesadas (PCF), calculando-se o rendimento de carcaça fria (RCF = PCF/PCA x 100) e a perda de peso por resfriamento (PPR = PCQ – PCF/PCQ x 100), conforme metodologia proposta por Silva Sobrinho, (2001). As carcaças foram retiradas da câmara fria, onde foram divididas ao meio longitudinalmente, para posterior divisão dos cortes comercias (pescoço, paleta, costela, lombo e perna). O pescoço foi retirado mediante corte entre a última vértebra cervical e primeira torácica. A paleta foi obtida através da secção da região axilar, através do corte dos tecidos que unem a escápula e o úmero à região torácica da carcaça. A costela foi obtida através de dois cortes: 1 – da última vértebra cervical e primeira torácica; 2 – entre a última vértebra torácica e primeira lombar. O lombo foi obtido por dois cortes: 1 – entre a última vértebra torácica e primeira lombar; 2 – a partir da última vértebra lombar e primeira sacral. A perna resultou do corte feito entre a última vértebra lombar e primeira sacral. Os dados foram submetidos a análise de variância e teste de comparação de médias, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade e análise de regressão. Para auxilio, foi utilizado o procedimento GLM e procedimento REG do programa estatístico SAS (Sas Institute, 2003).

Resultados e Discussão

O rendimento de carcaça quente (RCQ) e o rendimento de carcaça fria (RCF) não foram afetados (P>0,05) com inclusão de bagaço de cevada, porém é importante destacar que foi ao nível de 30% que os mesmos apresentaram os maiores valores de 45,18 e 44,18%, respectivamente.  As perdas por resfriamento (PR) sofreram efeito linear decrescente (P<0,05) tendo a dieta com 0% de RUC perda de 3,25% e a dieta com 30% de RUC perda de 2,23%. Este decréscimo nas perdas por resfriamento (PR), também foi encontrado por Andrade et. al. (2013), que ao avaliar o rendimento e perdas por resfriamento em carcaças de ovinos alimentos com silagem de ponta de cana-de-açúcar e resíduo de cervejaria desidratado constatou que o acréscimo do resíduo na dieta dos animais contribui significativamente para um aumento de gordura na carcaça e como isso reduziu as perdas de umidade durante o período de refrigeração. A partir destes dados verifica-se a viabilidade no uso do bagaço de cevada para ovinos, pois o mesmo não interferiu na qualidade da carcaça. O rendimento dos cortes apresentou resultados significativos (P<0,05) somente para o lombo e a paleta. O lombo apresentou resposta linear crescente estimada, respectivamente, em 9,63 e 12,25% para os níveis 0 e 30% de inclusão de RUC, respectivamente. Já a paleta apresentou efeito quadrático (P<0,05) e melhor rendimento no nível de 13%, com 18,61% de rendimento. O menor rendimento foi de 16,68% no nível de 30%. Os resultados encontrados neste trabalho estão de acordo com os preconizados por Osório et al. (2002) quanto ao rendimento de cortes comerciais. Segundo estes autores, quanto maior o peso da carcaça, menor a porcentagem dos cortes comerciais de desenvolvimento precoce (perna e paleta) em contrapartida cortes comerciais de desenvolvimento tardio (costela, lombo e pescoço) aumentam.

Conclusões

A inclusão do resído úmido de cervejaria reduz perdas por resfriamento da carcaça, assim como aumento do rendimento de lombo e paleta

Gráficos e Tabelas




Referências

ANDRADE, J. O. Silagem da ponta da cana-de-açúcar aditivada com resíduo de cervejaria desidratado na alimentação de ovinos. Viçosa, 2013. 58f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Viçosa. 2013.   BROCHIER, M. A.; CARVALHO, S. Consumo, ganho de peso e análise econômica da terminação de cordeiros em confinamento com dietas contendo diferentes proporções de resíduo úmido de cervejaria. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.60, n.5, p.1205-1212, 2008.   CARBALLO, J. A.; MONSERRAT, L.; SÁNCHEZ, L. Composición de la canal bovina In: CAÑEQUE, V.; SAÑUDO, C (ED). Metodología para el estudio de la calidad de La canal y de la carne en rumiantes. Madrid: Inta, p.106-122, 2000. PÉREZ, J. R. O; CARVALHO, P. A. Características de carcaça ovina. In:________. Ovinocultura: aspectos produtivos. Lavras, 2002, p. 122-144.   CEZAR, M. F; SOUSA, W, H. Manual técnico-científico de avaliação da carcaça ovina e caprina. João Pessoa, PB: Editora, 2007.   CLEMENTINO, R.H. Utilização de subprodutos agroindustriais em dietas de ovinos de corte: consumo, digestibilidade, desempenho e características de carcaça. 2008. 136f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2008.   MENDONÇA, L. M. Utilização do resíduo úmido de cervejaria na alimentação de cabras anglo nubiana em fim de lactação. São Cristovão, 2012. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) – Universidade Federal de Sergipe, 2012.   MONTEIRO, A. L.G; GARCIA, C. A; NERES, M. A. et al. Peso e rendimento dos cortes e órgãos de cordeiros confinados alimentados com polpa cítrica. Revista Uminar Ciências, v. 8, n. 1, p.97-100, 1999.   OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M.; OLIVEIRA, N.M. et al. Qualidade, morfologia e avaliação de carcaças. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 2002. 194p





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