Rendimento de carcaças de frangos de corte alimentados com diferentes níveis de farelo de algodão na dieta

Adiel Viera de Lima1, Maria do Socorro de Lima2, Fabrícia Vieira da Silva3, Luiz Carlos de Araújo Viana4, Roseane Joice da Silva Barros5, Maria Agda da Silva Cordeiro6, Marco Aurélio Carneiro de Holanda7, Mônica Calixto Ribeiro de Holanda8
1 - Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Serra Talhada
2 - Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Serra Talhada
3 - Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Serra Talhada
4 - Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Serra Talhada
5 - Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Serra Talhada
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7 - Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Serra Talhada
8 - Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Serra Talhada

RESUMO -

Objetivou-se avaliar o rendimento de carcaça e seus cortes, vísceras comestíveis, acúmulo de gordura abdominal e peso dos intestinos de frangos de corte alimentados com farelo de algodão de um a 42 dias de idade. Foram utilizados 300 pintos de corte machos da linhagem Cobb. Os frangos foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e seis repetições, totalizando 30 unidades experimentais compostas por 10 aves para cada parcela. Inicialmente foram pesadas 3 aves por parcela a fim de obter o peso vivo animal, em seguida abatidas e pesadas as carcaças, realizados os cortes individualmente e pesados, assim como as vísceras comestíveis e vísceras brancas. Não foi observado efeito dos níveis de inclusão do farelo de algodão nas dietas sobre o rendimento de carcaças das aves. Conclui-se que o farelo de algodão com 30% de proteína pode ser utilizado na alimentação de frangos de corte em até 12% sem comprometer o rendimento de carcaça das aves.

Palavras-chave: ganho de peso, conversão alimentar, alimento alternativo, vísceras

Carcass yield of broiler chickens fed different levels of dietary cotton meal

ABSTRACT - This study was to evaluate carcass yield and its cuts, edible viscera, abdominal fat accumulation and intestinal weight broiler chickens fed in 42 days old with cotton meal, totaling three hundred male broilers of the Cobb lineage used. The chickens were distributed in a completely randomized design with five treatments and six replicates totaling 30 experimental units composed of 10 individuals for each plot. Initially, 3 animals per plot were weighed in order to obtain living animal weight then slaughtered and weighed as carcasses made of individual cuts, as well as edible and white viscera. No effect of inclusion levels of cotton meal on carcass yield of the chickens was observed, then was concluded that 30% cotton meal can be fed in broilers feeding up to 12% without compromising poultry carcass yield.
Keywords: weight gain, food conversion, alternative food, viscera


Introdução

A avicultura constitui-se em uma das atividades de maior importância para a alimentação humana em todo o mundo, além de contribuir para o desenvolvimento sócio econômico do país, geração de renda no campo, garantindo a empregabilidade de milhares de pessoas em toda a cadeia produtiva.

Com o desenvolvimento da avicultura ao longo dos anos, é imprescindível destacar sua relevância em âmbito social, a comercialização de carnes e ovos abastecem o mercado, sendo destaque na mesa dos consumidores, tendo um aumento significativo de consumo em todo o país.  Para garantir o sucesso da criação é necessário buscar alternativas viáveis para produzir com baixos custos.

Revisão Bibliográfica

O Brasil é o terceiro maior produtor de carne de frango, produzindo um total de 12,6 milhões de toneladas de carne, seguindo na liderança desde 2011 em relação a exportação (UBABEF, 2015). A alimentação constitui-se do maior gasto da cadeia produtiva, sendo respectivamente 70% do total da produção. Diante disso busca-se diminuir esses custos adicionando ingredientes de menor valor comercial a ração, de forma que garantam atender as exigências nutricionais dos animais em todas as fases produtivas.

O único fator que restringe a utilização do farelo de algodão em excesso é a presença do gossipol livre que vai reduzir a capacidade de transporte do oxigênio no sangue (Lopes, 2003). A intoxicação pelo gossipol pode causar esterilidade dos reprodutores, debilidade muscular, edema cardíaco (POLINUTRI, 2002). Além de diminuir o consumo, perda de peso, constipação e morte. As aves geralmente toleram níveis de gossipol até 200ppm.

Os efeitos tóxicos podem ser prevenidos pela adição de sais de ferro à dieta, como sulfato ferroso, utilizado na proporção 1:1 (ferro:gossipol livre). O ferro forma um complexo insolúvel e irreversível com o gossipol no trato intestinal, evitando sua absorção (CHIBA, 2000).

Em seus estudos Carvalho et al. (2010) trabalhando com farelo de algodão na alimentação de frango de corte determinou valores de EMA de 1,416 kcal/kg e concluíram que sua utilização baseada em aminoácidos digestíveis pode ser feita em até 12% sem afetar o desempenho zootécnico dos animais. A utilização do farelo de algodão em dietas para monogástricos ainda requerem estudos e pesquisas mais abrangente sobre o efeito e desempenho zootécnico nos animais (HOLANDA, 2011).

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado no aviário experimental da estação experimental de agricultura irrigada de Parnamirim, pertencente à UFRPE, na cidade de Parnamirim-PE.

Foram utilizados 300 pintos de corte, machos da linhagem coob, com um dia de idade, vacinados no incubatório contra as doenças Marek, Newcastle e Gumboro.

            O experimento foi conduzido em um DIC, constituído de 5 tratamentos e 6 seis repetições, sendo que cada tratamento foi constituído de 20 aves por parcela com área delimitada em 2m por 1,5m, as parcelas foram feitas de telas de arrame e madeira e cada uma foi equipada com um comedouro do tipo tubular com capacidade para 12 kg de ração e um bebedouro do tipo pendular com capacidade para atendimento à 80 aves e uma fonte de aquecimento.

As aves foram alojadas desde o primeiro dia de idade sobre a cama de casca de arroz, com espessura de 10 cm. O aquecimento foi feito através de lâmpadas de 150w, sendo colocada uma em cada parcela, na altura de massa das aves, durante os 10 primeiros dias de criação. A temperatura do ambiente interna foi controlada por termômetros e também levou-se em consideração o comportamento dos pintos.

 Os tratamentos foram constituídos dos níveis de 0, 3, 6, 9 e 12% de inclusão do farelo de algodão em detrimento do uso do farelo de soja. As dietas foram formuladas seguindo as recomendações de Rostano et.al., (2011).

No final do experimento de desempenho foram abatidas três aves por parcela para determinação do rendimento de carcaças e dos cortes comerciais das partes componentes da carcaça em função dos níveis de inclusão do farelo de algodão nas dietas.

As variáveis avaliadas aos 42 dias de idade foram: peso final, peso das carcaças cheias, peso das carcaças vazias, rendimento de carcaça, de peito, coxa, sobrecoxa, asas, pescoço, dorso, pés, coração, fígado e moela e vísceras brancas.

           Os resultados foram submetidos à análise de variância a 5% de significância e regressão, utilizando o pacote estatístico Assistat (2016).

Resultados e Discussão

Os dados observados das variáveis de carcaças e seus cortes foram submetidos à análise de variância e regressão e são apresentados nas tabelas 1 e 2.

 

Tabela 1. Médias e desvio padrão de rendimento de carcaça e das partes nobres componentes de carcaça de frangos de corte alimentados com dietas contendo farelo de algodão.

 

Variável (g)

Níveis de Inclusão (%)

CV

P

0

3

6

9

12

Peso vivo

2718±11a

2635±13 a

2770±18a

2785±5a

2598±26 ,0a

4,2

NS

Carcaça cheia

2525±9 a

2428±12 a

2572±19a

2567±7 a

2307±28,0 a

3,8

NS

Carcaça vazia

2251±13a

2166±10 a

2295±17a

2207±19 a

2103±23,0 a

6,0

NS

Peito

701,2±1 a

670,0±7a

702,5±8 a

666,3±6 a

681,3±1,0 a

8,8

NS

Coxa

251,2±1 a

236,3±1 a

260,0±1 a

260,0±1 a

222,5±3,0 a

9,0

NS

Sobrecoxa

342,0±2 a

341,0±1 a

357,0±9 a

352,0±3 a

338,0±4,0 a

9,0

NS

Asas

193,7± 6a

188,7±17a

186,2±1 a

192,5±1 a

178,8±14,0a

9,7

NS

Dorso

328,8±1 a

302,5± 6 a

341,3± 3a

352,5±2 a

301,3 ± 2,0a

10

NS

 Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si (p>0,05) pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tabela 2. Médias e desvio padrão das vísceras comestíveis e intestinos de frangos de corte alimentado com dietas contendo farelo de algodão.

 

Variável (g)

Níveis de inclusão (%)

0

3

6

9

12

CV

P

Coração

15,0±1,0a

22,5±2,0 a

15,0±2,0 a

12,00±2 a

16,0±2 a

4,0

NS

Fígado

57,5± 0,1 a

48,8± 0,4 a

50,0±0,4 a

53,8± 0,4 a

40,0±4,0 a

 9,0

NS

Moela cheia

21,3±2,0a

56,3±1,0 a

58,8±1,0 a

55,0±1,0 a

53,7±1,0 a

9,5

NS

Moela vazia

32,5±1,0 a

33,8±1,0 a

31,3±1,0 a

36,3±1,0 a

33,8±1,0 a

9,0

NS

Intestino

115,0±1,0a

103,8±2,0a

98,8±4,0 a

132,5±8,0a

102,5±1,0a

9,8

NS

Gordura abdominal

41,0±1,0 a

40,0±4,0 a

42,0±1,0 a

50,0±4,0 a

40,0±4,0 a

12,0

NS

Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si (p>0,05) pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

 

Não foi observado efeito dos níveis de farelo de algodão nas dietas (p>0,05) sobre as variáveis analisadas de rendimento de carcaças e dos cortes comerciais, assim como para as vísceras comestíveis, coração, fígado e moela, como também para o acúmulo de gordura abdominal e peso dos intestinos. Estes resultados corroboram com os observados por Carvalho (2010).

Conclusões

O farelo de algodão pode ser utilizado na alimentação de frango de corte de um aos 42 dias de idade até o nível de 12%, em suplementação ao farelo de soja da dieta, sem causar alteração no rendimento de carcaça, contudo ao se utilizar o farelo de algodão é recomendável uma análise econômica que permita concluir a viabilidade do custo de produção.




Referências

Carvalho, C. B., Dutra Junior, W. M.,  Rabello, C. BV., Lima, S. B. P.,  Takata, F. N., Nascimento, G. R., Avaliação nutricional do farelo de algodão de alta energia no desempenho produtivo e características de carcaças de frangos de corte. Ciência Rural, Santa Maria, v.40, n.5, p.1166-1172, mai.2010.

CHIBA, L.I. Protein supplement. In: LEWIS, A.I.; SOUTHERN, L.L. (Ed.). Swine nutrition. 2. ed. Boca Raton: CRC Press, 2000. p. 803-837.

Holanda, M.A.C. Utilização do farelo de algodão e do farelo integral de mandioca em dietas de frangos caipiras. Tese (doutorado). Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife-PE. 115 pp. 2011.

LOPES, A.M. – Uso de subprodutos do algodão na alimentação de ruminantes. Universidade Federal de Viçosa – Centro de Ciências Agrárias – Departamento de Zootecnia – Métodos nutricionais e alimentação de ruminantes – zôo 645 - Viçosa, junho de 2003.

 

POLINUTRI. 2002. Gossipol: princípio tóxico do algodão. Acesso em: 25/01/2002. Disponível em: <http://www.polinutri.com.br >. Acesso em: 10 dez 2016www.polinutri.com.br

ROSTAGNO, S. H. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 2. ed., Viçosa, MG: UFV, 2011. 259 p.

UBABEF, Relatório Anual 2015. Disponível em:< http://abpa-br.com.br/files/RelatorioAnual_UBABEF_2015_DIGITAL.pdf> . Acesso em: 09 dez 2016