Rendimento de Vísceras Gastrintestinais de Bovinos Abatidos na região central do Rio Grande do Sul
2 - Universidade Federal de Pelotas - UFPel
3 - Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA
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RESUMO -
Para a indústria frigorífica, o rendimento de vísceras é importante fonte de renda na comercialização de subprodutos, em função da boa remuneração e do peso que representa por animal abatido. Com o objetivo de analisar os rendimentos de produção de vísceras brancas em um frigorífico da região central do Rio Grande do Sul, estudou-se os dados secundários da linha de abate para avaliar e correlacionar produções durante um ano em diferentes estações climáticas. Dos resultados obtidos afirma-se que existe variação produtiva de vísceras e essas estão correlacionadas sazonalmente, alcançando percentuais superiores a 90% de variação. Conclui-se desta pesquisa que a maior amplitude de variação constatada ao longo do ano está para o coproduto rúmen Hong Kong (2,21). Os coprodutos estômago fatiado, rúmen Hong Kong, Omaso, retículo e reto apresentaram diferença significativa e variabilidade de acordo com as diferentes estações climáticas.
Yield of Gastrointestinal Viscera of Bovine Slaughtered in Rio Grande do Sul
ABSTRACT - In meat industry, the viscera yield is an important source of extra cash, since the commercialization of by-products has a good remuneration and is a accounts for a considerable percentage of the slaughtered animal’s weight. The objective of this work was to evaluate the production of by-product white viscera in a slaughterhouse on Rio Grande do Sul and its price variation during the seasons. About the results it can affirmed that there is a productive variation of viscera and seasonal correlation between factors, reaching percentages superior to 90% of variation. This research shows that the greatest amplitude of variation observed during the year was for the sliced stomach by-product.Introdução
De acordo com Pacheco et al. (2005), cada vez mais os componentes não-integrantes da carcaça, estão sendo utilizados para aumento de receita, seja pela venda no atacado, seja pela agregação de valor com a fabricação de embutidos e afins. Válida a ressalva de que em cadeias produtivas em que os subprodutos não são aproveitados, fica a cargo do produto principal absorver todos os custos de industrialização, transporte e distribuição. Além de importante fonte de receita para os frigoríficos, como afirmado por RESTLE et al. (2005), existe um lado social também envolvido, de que, de que aos alimentos e as matérias primas que se perdem durante o processo e que poderiam colaborar para diminuir os preços dos produtos, melhorando o nível de vida das populações menos favorecidas, via de regra, carentes em proteína de origem animal. Em função disso, a produção de miúdos na indústria frigorífica merece atenção a seus resíduos e carece de estudos em prol do melhor aproveitamento desses. Entretanto, ocorrem variações anuais na demanda e comercialização desses subprodutos em determinadas épocas, em função de fatores adversos que implicam diretamente sobre a produção, ocorrendo desta forma, grandes variações de preço ou até mesmo escassez de subprodutos durante alguns períodos nos quais ocorre maior procura por determinados cortes. Não obstante, o objetivo deste trabalho foi avaliar a variação da produção de determinados coprodutos no período de um ano.Revisão Bibliográfica
Perante a metodologia e objetivo empregados, resultados similares foram encontrados por Vaz et al. (2011), dito que, no outono e inverno a produção de estômagos é mais acentuada que nas demais estações, resultante do maior rendimento de rúmen na estação em que a dieta é mais fibrosa e de menor qualidade (inverno). Segundo Ferreira et al. (2000) os níveis de concentrado influenciam, de forma quadrática, o peso do rúmen-retículo e diminuem do omaso com o aumento da proporção de concentrado na dieta. Autores Kuss et al. (2008) inferem dados similares, citando que a interação categoria × condição sexual foi significativa para o peso absoluto do sistema gástrico (rúmen-retículo + omaso + abomaso) que estaria associado ao consumo superior de matéria seca. Véras et al. (2001), verificaram que os pesos de abomaso, intestino delgado e intestino grosso não foram influenciados pelos níveis de concentrado, já o peso do omaso diminuiu linearmente com a inclusão de concentrado na dieta quando em relação ao peso de carcaça vazia. No mesmo trabalho se observou que o peso resultante da soma de rúmen + retículo foi influenciado quadraticamente pelos níveis de concentrado, sendo que a 25% (dieta com maior inclusão de volumoso) os pesos foram maiores.Materiais e Métodos
Os dados foram coletados a partir de dados secundários da linha de abate da empresa Frigorífico Silva Indústria e Comércio Ltda., situado na Depressão Central do Rio Grande do Sul na cidade de Santa Maria, Latitude -29º 41' 03'' e Longitude 53º 48' 25''. Os dados se referem aos 12 meses do ano de 2011, durante os dias nos quais ocorreram abate, totalizando 253 dias de abate e um total de 120.507 mil animais, sendo que destes 61.145 mil representam machos bovinos, 58.999 mil representam fêmeas bovinas e 363 representam bubalinos. A tabulação e análise dos dados foram conduzidas na Universidade Federal do Pampa, campus de Dom Pedrito, na região da Campanha no Rio Grande do Sul, Latitude -30° 58' 58'' e Longitude 54° 40' 23''. Neste estudo foram avaliados os dados referentes ao rendimento em quilogramas de subproduto por quilograma de cabeça abatida. As variáveis dependentes analisadas são referentes aos subprodutos da linha de abate: Estômago fatiado, omaso, abomaso, retículo, rúmem verde, rúmem Hong Kong, rúmen total (que representa os somatórios estômago fatiado congelado, rúmen verde e rúmen Hong Kong) e reto. O delineamento experimental compreendeu estações e os meses do ano como variáveis independentes e as produções e receitas dos diferentes produtos, como variáveis dependentes. Os dados foram analisados por intermédio da análise de variância e teste F ao nível de 5% de significância. As médias significativas foram analisadas pelo teste de comparação de médias, teste de Tukey a 1%. As análises de correlação foram consideradas ao nível de 1% de significância.Resultados e Discussão
Os dados a seguir constam na tabela 4. O estômago fatiado, quando produzido no verão, não diferiu estatisticamente para sua produção no outono, nem para a sua produção na primavera, mas diferiu estatisticamente para o inverno em relação ao verão (P<0,05). Ainda, o estômago fatiado foi o corte que maior amplitude produtiva ao longo do ano alcançou. Seu coeficiente de variação chegou a 91,9% com média mínima de 0,40 kg de rendimento no verão e atingindo 1,10 kg no inverno, como demonstrado na tabela 1. Pode-se explicar tal diferença por conta da maior demanda na época para o preparo de pratos típicos na região Sul. A produção de omaso no verão diferiu estatisticamente da produção de primavera. Não foi encontrada variação quando correlacionado ao outono e a primavera, porém, sua produção no outono apresentou diferença estatística das demais estações (P<0,05). Durante os meses de inverno não foi encontrada diferença estatística para verão nem para a primavera, contudo, apresentou diferença para a produção do outono. A produção de omaso na primavera não diferiu estatisticamente do inverno, mas apresentou diferença tanto para o verão quanto para o outono. Com relação ao retículo, a análise demonstra que sua produção no verão não apresenta diferença nem para o outono, nem para o inverno, porém existe diferença quando comparado a estação da primavera. Sua produção no outono, não apresenta diferença nem para o verão, nem para o inverno, porém ocorre diferença (P<0,05) quando comparado a estação da primavera. No inverno, o rendimento de retículo apresentou diferença estatística apenas para a primavera, mas não diferiu do verão e do outono. Sua produção na primavera diferiu estatisticamente de todas as demais estações do ano. A produção de reto no verão apresentou diferença estatística dentre as outras estações (P<0,05) bem como ocorrido no outono. Os subprodutos rúmen verde, rúmen total e abomaso não apresentaram diferença estatística (P>0,05) entre as estações e até mesmo ausência de produção e comercialização em algumas épocas. Isso significa que houve descarte pela ausência de demanda.Conclusões
O presente trabalho permite concluir que há diferença sazonal produtiva dentre as vísceras na tabela 4 relacionadas. De todos os coeficientes de variação encontrados destacou-se o de 91,9% para rendimento de estômago seguido pelo rúmem Hong Kong com coeficiente 24%. Amplitude essa explicada pela demanda de mercado evidenciada no salto da produção de 0,40 Kg no verão para 1,10 kg no inverno.Gráficos e Tabelas
