SIMULAÇÃO DO INTERVALO PARTO-CONCEPÇÃO E TAXA DE CONCEPÇÃO ENTRE ANIMAIS DE DIFERENTES ESCORES DE CONDIÇÃO CORPORAL E DURAÇÃO DE ESTAÇÃO DE ACASALAMENTO

Fernanda da Silva Esteve1, Renata de Moura Trauer2, Luiza Nunes Rodrigues3, Bruno Bervig Collares4, Luan Felipi do Nascimento Nunes5, Miguel Alves Ferreira Neto6, Andressa Garcia Martins7, José Acelio Silveira da Fontoura Junior8
1 - Universidade Federal do Pampa - campus Dom Pedrito
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RESUMO -

A simulação é uma técnica que representa a realidade e auxilia em tomadas de decisões, sendo utilizada com o intuito de reduzir custos e tempo. O objetivo desse trabalho foi simular o intervalo parto-concepção e taxa de concepção entre animais de diferentes escores de condição corporal (ECC) e duração da estação de acasalamento (EA). Os cenários testados foram grupos de vacas com ECC baixo, médio e alto, submetidas a diferentes EA: 60, 90 e 120 dias de duração. O intervalo parto-concepção foi menor em vacas com ECC alto, porém o mesmo aumenta à medida que aumenta a duração da EA. Com relação à taxa de concepção, as matrizes que tiveram a EA de 120 dias, independente do seu estado corporal obtiveram 100% de concepção, indicando que este tempo é viável, porém apenas no primeiro ano, pois as mesmas irão parir tarde e, consequentemente, não conceberão cedo na estação subsequente. Conclui-se que tanto a EA, quanto o estado nutricional, influenciam nas variáveis avaliadas.

Palavras-chave: Condição nutricional e estação reprodutiva.

SIMULATION OF BRIRTH-CONCEPTION AND CONCEPTION RATE BETWEEN ANIMALS OF DIFFERENT BODY CONDITION AND SEASON DURATION MATING

ABSTRACT - Simulation is a technique that represents reality and assists in decision making, being used with the purpose of reducing costs and time. The objective of this study was to simulate the birth-conception interval and conception rate among animals of different body condition scores (ECC) and mating season (EA). The scenarios tested were groups of cows with low, medium and high ECC, submitted to different AE: 60, 90 and 120 days duration. The calving-conception interval was lower in cows with high CKD, but it increased as the duration of EA increased. Regarding the conception rate, the matrices that had the EA of 120 days, regardless of their body state obtained 100% conception, indicating that this time is feasible, but only in the first year, since they will give birth late and, consequently , Will not conceive early in the subsequent season. It is concluded that both AD and nutritional status influence the variables evaluated.
Keywords: Nutritional status and Reproductive season.


Introdução

No Rio Grande do Sul, a pecuária de corte é economicamente expressiva, fazendo com que as novas tecnologias acompanhadas de técnicas de produção e manejo já existente, permitam a obtenção de resultados positivos. Para atingir estes resultados, o pecuarista pode utilizar métodos estatísticos na decisão sobre o manejo a ser utilizado, projetando as variáveis contidas no negócio, o que auxilia a planejar um futuro investimento, simulando situações produtivas para a tomada de decisões, presumindo máximo retorno (SILVEIRA; SOARES e SILVA, 2013).

As tecnologias disponíveis na bovinocultura de corte permitem estimar as respostas biológicas no sistema de cria, através dos (SAD) – sistemas de apoio a decisão, que minimizam os riscos existentes na produção. Logo, estas tecnologias são aquelas relacionadas ao manejo na estação de acasalamento, nascimento, desmame, alimentação dos animais, etc (BARCELLOS, OIAGEN e CHRISTOFARI, 2007).

O aporte nutricional da vaca de corte durante sua vida reprodutiva reflete nos quilos (kg) de bezerro desmamado/ano. A avaliação do escore da condição corporal (ECC) é tão eficaz quanto a do peso vivo (PV) das matrizes, já que esse considera o acúmulo das reservas corporais que estarão disponíveis para momentos específicos, como por exemplo a lactação (OLIVEIRA et al., 2006).

 

O objetivo deste trabalho foi simular o intervalo parto-concepção e taxa de concepção entre animais de diferentes escores de condição corporal e duração da estação de acasalamento.



Revisão Bibliográfica

Atualmente, a utilização de ferramentas computacionais no ambiente rural em relação ao urbano, estão mais atrasadas. Porém, são consideradas ferramentas indispensáveis na atividade, permitindo aprendizado, conhecimento e redução de custos (CEOLIN et al., 2008). Estes softwares possuem certo grau de seguridade, possibilitando o gestor escolher o melhor método de trabalho, simulando resultados biológicos e econômicos, já que os mesmos englobam rotinas e informações que se ajustam à realidade (BARCELLOS, OIAGEN e CHRISTOFARI, 2007).



Materiais e Métodos

Para o desenvolvimento do trabalho, foi utilizado o modelo de simulação desenvolvido por Fontoura Júnior et al. (2009). Os cenários utilizados foram compostos por 100 vacas cada, conforme plano nutricional, identificados como BAIXO: constituído por 60% de vacas com ECC 2 e 40% de vacas com ECC 3; MÉDIO: com 20% de vacas com ECC 2, 60% com ECC 3 e 20% com ECC 4; ALTO: com 40% de vacas com ECC 3 e 60% com ECC 4 (escala de 1 a 5; MORAES e JAUME, 2000) e diferentes durações de estação de acasalamento (EA): 60, 90 e 120 dias, em dois anos subsequentes, totalizando 9 cenários. A taxa de reposição utilizada foi de 20%, através da introdução de novilhas de 14 meses de idade, com peso a puberdade de 270kg e probabilidade de concepção de 80%. Sendo essa probabilidade utilizada também para as vacas solteiras.

Todas as novilhas em média foram consideradas com ECC 3. Não foi considerada a mortalidade de bezerros até o desmame e a retenção de matrizes. O início da EA para todos os cenários foi definido em 15 de novembro de 2014, início da estação de parição em 24 de agosto de 2015 e a data do desmame em 15 de abril de 2016. Estimou-se a duração da gestação em 282 dias, tendo um desvio padrão de 2 dias. Foram realizadas 10 rodadas de simulações por cenário, para evitar possíveis desvios relacionados a casualidade, caso fosse feita apenas uma simulação.

 

Foram analisadas as variáveis intervalo parto-concepção (IPC) e taxa de concepção para os cenários testados.



Resultados e Discussão

O intervalo parto-concepção foi menor para vacas do cenário ALTO, independente da duração da EA, porém IPC aumenta à medida que aumenta a duração da estação de acasalamento (Tabela 1). Esses resultados corroboram com Torres-Júnior et al. (2009), que dizem que a carência nutricional prolonga o intervalo entre partos, principalmente quando aumentado o período de serviço (TORRES-JÚNIOR et al., 2009). Contudo, tanto a sub quanto a superalimentação são prejudiciais ao sistema (OLIVEIRA et al., 2006).

Umas das metas que se busca atingir em sistemas de cria é a obtenção de um parto/fêmea/ano. Os únicos cenários que se aproximaram dessa meta, foram o ALTO, independente da duração da EA, e o cenário MÉDIO com 60 dias de EA (Tabela 1). Segundo Valle, Andreotti e Thiago (1998), animais em boas condições corporais na parição retornam a ciclicidade mais cedo. Portanto, o monitoramento da condição corporal, no terço final de gestação, pode indicar a necessidade de ajustes nos níveis nutricionais, de modo que, ao parto, a condição corporal adequada seja atingida.

            Os grupos de vacas com melhor ECC (MÉDIO e ALTO) apresentaram maior taxa de concepção em relação ao grupo BAIXO (Tabela 2). Segundo Torres-Júnior et al. (2009), a fertilidade das fêmeas é afetada negativamente pelo déficit nutricional.

            Apesar da máxima taxa de concepção na estação de 120 dias, a opção por essa duração de EA pode influenciar na estação subsequente, reduzindo a taxa de concepção, já que conforme se aumenta a duração da EA, as matrizes tendem a conceber no final da mesma e consequentemente, parem dentro da próxima EA, não obtendo tempo suficiente para recuperar-se.

 

Outro aspecto importante a ser considerado é que quando opta-se por reduzir a EA é necessário que as matrizes tenham suas demandas nutricionais atendidas, sob pena de se obter uma baixa taxa de concepção.



Conclusões

A duração da estação de acasalamento e o ECC influenciam no intervalo parto-concepção e na taxa de concepção, de modo que, quanto maior a EA maior é o intervalo parto-concepção e quanto menor a condição nutricional das matrizes menor é a taxa de concepção.

Gráficos e Tabelas




Referências

BARCELLOS, J. O.J; OIAGEN, R.P; CHRISTOFARI, L.F. Gestão de tecnologias aplicadas na produção de carne bovina: pecuária de cria. XX Reunión ALPA, XXX Reunión APPA-Cusco-Perú. Arch. Latinoam. Prod. Anim. Vol. 15 (Supl. 1) 2007.

CEOLIN, A. C. et al. Sistemas de informação sob a perspectiva de custos na gestão da pecuária de corte gaúcha. Custos e @gronegócio on line - v. 4, Edição Especial - Mai - 2008. ISSN 1808-2882. Disponível em: Acesso em: 28 de abril de 2016.

MORAES, J.C.F.; JAUME, C.M. A condição corporal como indicativo da atividade ovariana de vacas de corte criadas sob condições extensivas nas primeiras semanas pós-parto. Bagé: Embrapa Pecuária Sul, 2000. (Boletim de pesquisa, 20).

OLIVEIRA, R.L. et al. Nutrição e manejo de bovinos de corte na fase de cria. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.7, n.1, p. 57-86, 2006. Disponível em: < http://www.rbspa.ufba.br > Acesso em: 25 de março de 2016.

SILVEIRA, L.G.; SOARES, M.A.; SILVA, M.A. Rentabilidade do gado de corte na fase de recria: uso da simulação de Monte Carlo para planejamento e controle empresarial. Custos e @gronegócio on line - v. 9, n. 4 – Out/Dez – 2013. Disponível em: < www.custoseagronegocioonline.com.br > Acesso em: 20 de maio de 2016.

TORRES-JÚNIOR, J.R.S. et al. Considerações técnicas e econômicas sobre reprodução assistida em gado de corte. Rev. Bras. Reprod. Anim, Belo Horizonte, v.33, n.1, p.53-58, jan./mar. 2009. Disponível em: < www.cbra.org.br > Acesso em: 25 de março de 2016.

 

VALLE, E.R.do; ANDREOTTI, R.; THIAGO, L.R.L. de S. Estratégias para aumento da eficiência reprodutiva e produtiva em bovinos de corte. Campo Grande: EMBRAPA- CNPGC. (Documentos 71), 1998.