Staphylococcus coagulase negativo e Staphylococcus coagulase positivo em tetos de vacas mestiças com mastite subclínica
Michelly Oliveira Guimarães1, Lucas Gomes Vieira2, Fernando Dos Santos Magaço3, Livia Mara Vitorino Silva4, Flávio Emanuel Gomes Silva5, Samuel Gonçalves Ferreira6, Jose Wilker Gomes Lima7, Suely de Jesus Oliveira8
1 - Universidade Federal de Minas Gerais
2 - Universidade Federal de Minas Gerais
3 - Universidade Federal de Minas Gerais
4 - Universidade Federal de Minas Gerais
5 - Universidade Federal de Minas Gerais
6 - Universidade Federal de Minas Gerais
7 - Universidade Federal de Minas Gerais
8 - Universidade Federal de Minas Gerais
RESUMO -
Foram analisados 183 amostras de leite de tetos reagentes ao CMT provenientes de 12 fazendas produtoras de leite no norte de Minas Gerais. Realizou-se pesquisa para Staphylococcus coagulase negativo (SCN) e Staphylococcus coagulase positivo (SCP) por meio de técnicas microbiológicas convencionais.Os dados foram agrupados e avaliou-se a frequência de isolamento dos agentes em cada fazenda. Pelo teste qui-quadrado verificou-se a significância de isolados SCN e SCP entre as fazendas estudadas. Os gráficos foram elaborados utilizando-se EXCEL. Observou-se maior frequência de isolamentos de SCN (60,65%) entre os tetos estudados em relação a SCP (39,56%). Entre as fazendas observou-se diferença na frequência de isolados SCP (p<0,001) e SCN (p<0,001). Nas fazendas com maior frequência de isolamentos de SCP foi relatado falhas no manejo durante a ordenha e naquelas com índices mais altos de SCN foi relatado falhas no manejo dos animais entre as ordenhas. A frequência de isolamento dos agentes em estudo em tetos com mastite clínica foi alta e as práticas higiênicas adotadas durante e entre as ordenhas estiveram presentes nas fazendas com maior frequência de SCP e SCN, respectivamente.
Palavras-chave: saúde do úbere, Staphylococcus sp, mastite bovina.
Coagulase negative Staphylococcus and coagulase positive Staphylococcus on tit from crossbred cows with subclinical mastitis
ABSTRACT - For survey, 183 milk sample for tits at CMT reagent were analyzed from 12 dairy farms in the north of Minas Gerais. For both, coagulase negative (CNS) and positive (CPS) Staphylococcus, survey were perfomed through conventional microbiological techiniques. The data were grouped and whereby frequency of isolation of the agents in each farm was evalueted. The significance of CNS and CPS isolateds among the farms stuied it was verified through Chi-quare test. Microsoft Excel were employ to graphs eleborate. Higher frequency was observed of SNA isolates (60.65%) in relation to CPS (39.56%) between the tits studied. Among the farms, there was a difference in the frequency of CPS and CNS isolates (p< 0.001). Management failure were reported during milking process in the farms with higher frequency of CPS isolates, and in those with higher CNS indexes, there were reported failures in the managmente of animals among milking process. The research, show therefore higher frequency of isolation of the agentes studied in tits with clinical mastitis and the higienic practices adopted during and among milking process were present in the farms with higher frequency of both agents.
Keywords: udder health, Staphylococcus sp, bovine mastites
Introdução
A mastite, inflamação da glândula mamaria, é uma das principais doenças que mais acomete na bovinocultura de leite, causada na maioria das vezes por bactérias do gênero
Staphylococcus spp. Pode ser classificada em mastite clínica e mastite subclínica (RIBEIRO et al.,2003).
A mastite clínica pode apresentar um alto índice de perdas na produção devido ao descarte do leite, inflamações nos tetos e custo com medicamentos para o tratamento. Já a mastite subclínica ocorre em maior frequência comparada com a mastite clínica porem não apresenta sintomas visíveis nos animais, nem no leite, passando despercebido pelos produtores, causando um impacto negativo na produção e na qualidade do leite (SAAB, et al.,2014).
A etiologia da mastite bovina é complexa e entre os agentes destacam-se os do gênero
Staphylococcus sp responsáveis por quadros de mastite clinica e subclinica. Além da patogenicidade, a resistência aos antimicrobianos tem levado a sérias perdas nos rebanhos.
O grupo de
Staphylococcus coagulase negativo, antes abordado como patógeno secundário, na atualidade é objeto de estudos pela grande participação nos quadros de mastite subclínica em clínica em rebanhos em vários países que tem expressiva produção de leite.
De modo que a partir desse estudo, objetivou- se avaliar a frequência de
Staphylococcus coagulase negativo
Staphylococcus coagulase positivo em tetos de vacas mestiças com mastite subclínica.
Revisão Bibliográfica
A mastite subclínica é responsável por consideráveis perdas na produção do rebanho pondendo comprometer sobremaneira a gestão financeira da propriedade. PERES
et al. (2014) estimaram a perda na produção leiteira de acordo com o grau de reação ao CMT e esta variou de 19, 5 % em tetos com reação nível 1 (+) a 43,8% para reação nível 3 (+++). Além de perdas na produção, a mastite subclínica torna a glândula mamária como reservatórios para agentes infecciosos no rebanho.
A etiologia da mastite bovina é complexa e as bactérias do gênero
Staphylococcus participam de quadros clínicos e subclínicos alterando a composição centesimal, número de células somáticas (CCS), qualidade microbiológica, físico e química do leite (DUFOUR
et al., 2011) .
Entre
Staphylococcus coagulase positiva,
Staphylococcus aureus é o micro-organismo de maior importância considerando a ampla disseminação entre animais, ambiente de ordenha e humanos, bem como na produção de clones multirresistentes que circulam entre hospedeiros e/ou reservatórios e que acarreta em problemas na saúde pública (SANTIAGO-NETO
et al., 2014) e esta presente em casos de mastite clinica e subclínica (SANTOS
et al., 2010).
Staphylococcus coagulase negativo (SCN), antes considerados como patógenos secundários possuem papel importante na mastite, sendo identificados em mastite clínica e subclínica e demonstram ampla disseminação nos rebanhos e são encontradas no ambiente, equipamentos de ordenha e pele dos tetos (SANTOS
et al., 2010).
Quando originados do canal dos tetos, estes podem colonizar a glândula mamária causando infecções clinicas e subclínicas (PIESSENS
et al. 2012) e podem ser prejudiciais no aumento da CCS do leite (SUPRÉ
et al., 2011) com diminuição da produção de leite (QUIRK
et al., 2012).
Materiais e Métodos
Foram analisados 183 amostras de leite de tetos reagentes ao CMT provenientes de 12 fazendas da região norte de Minas Gerais. Foram avaliados dados referentes aos sistemas de produção obtidos em fichas de coletas de informações em cada propriedade.
A partir das amostras de leite realizou-se pesquisa para identificação
Staphylococcus coagulase negativo (SCN) e
Staphylococcus coagulase positivo (SCP) segunda metodologia descrita por Quinn et al., (2004).
Os dados foram agrupados e avaliou-se a frequência de isolamento dos agentes em cada fazenda. Pelo teste qui-quadrado verificou-se a significância de isolados SCN e SCP entre as fazendas estudadas. O gráfico foi elaborados utilizando-se EXCEL 2007.
Resultados e Discussão
Em todas as propriedades os rebanhos eram compostos por animais mestiços ¾ e ½ holandês-zebu, com produção acima de 50 litros/vaca/dia, número de animais em lactação acima de 50 e criados em sistema semi-intensivo. Todas eram ordenhadas por ordenha mecânica e possuíam assistência técnica e o leite entregue a um laticínio da região. Em todas as propriedades a mastite foi citada pelos proprietários entre as principais patologias. Em todas realizava-se diagnóstico periódico de mastite e clínica e estava implantado um programa de controle com realização de pré-dipping e pós-dipping, linha de ordenha e tratamento de vacas secas. Ao diagnóstico de mastite clínica o teto era esgotado, realizava se tratamento com antimicrobianos e o leite era descartado no período de carência recomendado na bula.
Observou-se 60,65% de SCN (146/253) e 39,56% de SCP entre os tetos estudados. A literatura apresenta dados de frequência de
Staphylococcus sp em leite de vacas com mastite subclinica, variáveis com os rebanhos em estudo. Souza et al., (2016) encontraram 83,87 % de agentes classificados como
Staphylococcus sp em vacas leiteiras mestiças de Holandês e Gir Leiteiro com mastite subclinica na região Norte de Minas Gerais. Supre et al (2011) e Waller et al., 2011 estudando rebanhos leiteiros em outros países também observaram maior frequência
Staphylococcus coagulase negativa em vacas com mastite subclinica e os autores destacam a importância deste grupo de
Staphylococcus sp como agente emergente em mastite subclinica bovina. No Brasil, os relatos de
Staphylococcus coagulase negativa com em mastite subclinica são escassos. A literatura aborda principalmente a alta frequência de S
taphylococcus coagulase positivo (VOLTOLINI,
et al 2001, MOTA
et al .,2011,).
Observou-se diferença significativa entre a frequência de isolados SCP (p<0,001) e SCN (p<0,001) entre as fazendas, sendo maior frequência de isolamentos de SCP observada na fazenda identificada como FAZ10 (92,30%) e de SCN na fazenda denominada FAZ 2 (100%) (Gráfico 1). Nas fazendas com maior frequência de isolamentos de SCP foi relatado falhas no manejo durante a ordenha e naquelas com índices mais altos de SCN foi relatado falhas no manejo dos animais entre as ordenhas. Mota
et al., (2012) também relataram falhas no manejo durante e após a ordenha como fatores de risco para a presença de
Staphylococcus spp em rebanhos mestiços na região de Pernambuco.
Conclusões
A frequência de isolamento dos agentes em estudo em tetos com mastite clínica foi alta e as práticas higiênicas adotadas durante e entre as ordenhas estiveram presentes nas fazendas com maior frequência de SCP e SCN, respectivamente.
Gráficos e Tabelas
Referências
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