SUBSTITUIÇÃO DA METIONINA + CISTINA DISPONÍVEL POR COLINA EM RAÇÕES DE CODORNAS JAPONESAS
2 - Graduando(a) em Zootecnia - CCA/UFES. Email: driellybizarria@hotmail.com
3 - Pós-doutoranda em Ciências Veterinárias - UFES, Alegre - ES. Email: talitabonaparte@gmail.com
4 - Professor Associado da UFES, Alegre-ES. Email: josegeraldovargas@yahoo.com.br
5 - Graduando(a) em Zootecnia - CCA/UFES. Email: gabrielbrunorozoo@hotmail.com
6 - Graduando(a) em Zootecnia - CCA/UFES. Email: clara_sds@hotmail.com
7 - Graduando em Medicina Veterinária - CCA/UFES, Alegre - ES. Email: julio_valiati@hotmail.com
8 - Graduando(a) em Zootecnia - CCA/UFES. Email: gabriela.jantorno@hotmail.com.
RESUMO -
A pesquisa foi realizada com objetivo de determinar os níveis nutricionais de inclusão de CL-Colina em substituição à metionina + cistina digestível na ração de codornas japonesas na fase inicial de postura. Foram utilizadas 500 codornas japonesas, no período de 50 a 162 dias de vida, distribuídas em quatro períodos de 28 dias, em cinco tratamentos e 10 repetições. Os tratamentos consistiram em cinco níveis de metionina + cistina digestível (0,588; 0,663; 0,738; 0,813 e 0,888%), suplementados com CL-colina 60% de forma a obter os níveis de 0,209; 0,157; 0,105; 0,052 e 0,0% de colina suplementada, atendendo assim as necessidades de 0,888% M+C digestível, conforme recomendações de Rostagno et al. (2011). Foram avaliados taxa de postura (%), peso médio de ovos (g) e massa de ovos (g de ovos/ave/dia) como parâmetros para desempenho. Os dados obtidos foram analisados através de análise de variância e modelos polinomiais. Os níveis de substituição da metionina + cistina por colina não influenciaram (P>0,05) as características taxa de postura (%) e massa de ovo (g de ovos/ave/dia), total e comercializável. Entretanto, foi possível observar efeito linear da inclusão de colina nas rações sobre o peso médio do ovo. Foi verificado que quanto maior o nível de suplementação de colina utilizado na ração das codornas em postura, maior foi o peso médio do ovo. Pode-se concluir que é possível adotar o nível de suplementação de 0,209% de colina com redução da metionina + cistina digestíveis para 0,588%, sem alterações no desempenho de codornas japonesas na fase de produção de ovos para a taxa de postura e massa de ovo e com melhoria do peso médio do ovo.
SUBSTITUTION OF METHIONINE + CYSTINE AVAILABLE BY CHOLINE IN FEEDS OF JAPANESE QUAIL
ABSTRACT - The survey was conducted in order to determine the nutritional levels of incorporation of CL-Choline in place of methionine + cystine in Japanese quail ration digestible in the initial phase of stance. 500 Japanese quail were used, from 50 to 162 days, divided into four periods of 28 days, in five treatments and 10 replications. The treatments consisted of five levels of methionine + cystine digestible (0.588; 0.663; 0.738; 0.813 and 0.888%), supplemented with CL-Choline 60% in order to achieve the levels of 0.209; 0.157; 0.105; 0.052 and 0.0% choline supplemented, answering the needs of 0.888% M + C digestible, as recommendations of Rostagno et al. (2011). Laying rate were evaluated (%), average weight (g) eggs and egg mass (g of eggs/bird/day) as parameters for performance. The data obtained were analyzed through variance analysis and polynomial models. Replacement levels of methionine + cystine by Hill did not influence (P > 0.05) the laying rate characteristics (%) and egg mass (g of eggs/bird/day), total and merchantable quality. However, it was possible to observe linear effect of including choline in feed on the average weight of the egg. It was found that the higher the level of choline supplementation used in the feed of quails in posture, the higher was the average weight of the egg. It can be concluded that it is possible to adopt the level of supplementation of 0.209% of hill with reduced methionine + cystine 0.588% digestible, without changes in the performance of Japanese quail during the production of eggs for egg mass and posture and with improving the average egg weight.Introdução
Na criação comercial de codornas o aumento da produção de ovos depende de muitos fatores, dentre eles se destacam a nutrição e o manejo alimentar das aves. Mas poucos trabalhos enfatizam as exigências de vitaminas. Os estudos feitos com uso de vitaminas em rações são baseados em exigências de outros países, tornand0-se necessário o conhecimento do requerimento de vitaminas com a realidade de criação no Brasil.
A colina é classificada como uma vitamina do complexo B, no entanto existem controvérsias entre os nutricionistas quanto à classificação da colina como uma vitamina (ANDRIGUETTO, 1990). Diferentemente das outras vitaminas do complexo B, a colina pode ser sintetizada no organismo dos animais.
Segundo alguns pesquisadores, a substituição da metionina pela colina ou betaína, através da doação de grupos metil, parece não ser quantitativamente importante ou suficiente para garantir o crescimento máximo das aves, pois a capacidade da betaína, e da colina após sua degradação em betaína, para substituir a metionina é limitada, não conseguindo conferir uma ótima taxa de desenvolvimento, mesmo de aves jovens, as quais têm uma baixa capacidade de síntese de colina (SIMON, 1999).
Objetivou-se com esta pesquisa a determinação dos níveis nutricionais de inclusão de CL-Colina em substituição à metionina + cistina digestível na ração de codornas japonesas na fase de 50 a 162 dias de idade.Revisão Bibliográfica
A produção de aminoácidos sintéticos e o desenvolvimento dos conceitos de digestibilidade possibilitaram a formulação de rações com base nas necessidades específicas de aminoácidos essenciais. Como consequência, foi possível reduzir os níveis de proteína bruta das rações sem alterar o desempenho animal (DESCHEPPER; DE GROOTE, 1995). No entanto, foi observado que além da digestibilidade, era importante manter a relação entre aminoácidos, de forma que houvesse maior eficiência de deposição protéica na forma de produto animal.
Ao reduzir excessivamente a proteína bruta na ração, mesmo com a suplementação de aminoácidos sintéticos é observado que pode ocorrer redução do desempenho do animal, quando comparado com dietas contendo proteína cheia (SURISDIARTO; FARRELL, 1991). Esta redução pode ser devido a redução do consumo de ração, que pode estar relacionado à relação entre aminoácidos (WALDROUP et al., 2002), limitações de nutrientes para a síntese de aminoácidos não essenciais e essenciais. Dentre estes, têm-se a colina e ou a betaina, que são essenciais em processo de formação de metionina ou glicina e serina, onde atua como doador de grupo metil. Este processo de síntese ocorre por meio da ação da betaína homocisteina metil transferase.
A colina é classificada como vitamina mesmo não possuindo características próprias de vitamina, devido às funções que exercem, pois é fonte de grupo metil, atua na formação do neurotransmissor acetilcolina (UCLAND, 2013), na síntese de lecitina e de outros fosfolipídios, ações estas totalmente diferente das ações coenzimáticas das vitaminas hidrossolúveis ou hormonais das vitaminas lipossolúveis. É encontrada principalmente na forma de cloreto de colina (Colina HCl).
Sendo a colina formador de fosfolipídios, tem ação estrutural nas membranas celulares (LEE et al., 2010), na formação da esfigomielina, presente em células do sistema nervoso. Além disso a doação de grupo de metil é basicamente para a formação da metionina a partir da homocisteína e de creatina a partir de ácido guanidoacético. Embora possa ser sintetizada pelo corpo animal, pode ser considerada essencial, devido à quantidade necessária ao metabolismo animal, sendo que em nutrição de aves, o uso da fonte sintética é prática comum. Anninson (1996), relata que a síntese de fosfolipídio somente ocorre a parir da colina, não podendo ser sintetizada a partir da betaína ou da metionina.Materiais e Métodos
O ensaio de desempenho teve a duração de 112 dias, divididos em quatro períodos de 28 dias. Foram utilizadas 500 codornas japonesas, fêmeas, na fase de 50 a 162 dias, na fase inicial de postura. O programa de fornecimento de luz foi de 17 horas, por meio de controlador de luz do tipo “timer”. Os animais receberam água e ração à vontade durante todo o período experimental.
A formulação da dieta foi calculada com base em Rostagno et al. (2011) para lisina, treonina, triptofano, cálcio, fósforo disponível, sódio e balanço eletrolítico. O nível de proteína utilizada foi de 19% e o de energia metabolizável de 2.850 kcal/kg.
Os experimentos consistiram de cinco níveis de suplementação de colina, 10 repetições e 10 animais por unidade experimental. Foram utilizados cinco níveis de Metionina + Cistina digestível (0,588; 0,663; 0,738; 0,813 e 0,888%), suplementados com CL-colina 60% de forma a obter os níveis de 0,209; 0,157; 0,105; 0,052 e 0,0% de colina suplementada, atendendo assim a necessidade de 0,888% M+C digestível, conforme recomendações de Rostagno et al. (2011).
O consumo de ração foi medido ao término de cada período de 28 dias, pela diferença entre a ração fornecida e a sobra.
Foram avaliados taxa de postura (%), peso médio de ovos (g) e massa de ovos (g de ovos/ave/dia) como parâmetros para desempenho. Para a determinação do peso médio dos ovos, da massa de ovo e da conversão alimentar (g de ração/ g de ovo), os ovos dos quatro últimos dias de cada período foram identificados e pesados. O PMO foi multiplicado pelo número total de ovos produzidos no período experimental, obtendo-se assim a massa total de ovos. Esta massa total foi dividida pelo número total de aves por dia do período, sendo expressa em gramas de ovo por ave por dia (g ovo/ave/dia).
Os dados obtidos foram analisados estatisticamente pelo Programa Sistema para Analises Estatísticas e Genética - SAEG (1997) através de análise de variância e modelos polinomiais.Resultados e Discussão
Os resultados referentes as características de desempenho das codornas para taxa de postura total (TPOT), taxa de postura de ovos comercializáveis (TPOC), peso médio do ovo (PMO), massa do ovo total (MOT) e massa do ovo comercializável (MOC) estão apresentados na Tabela 1.
Os níveis de substituição da metionina + cistina por colina não influenciaram (P>0,05) as características taxa de postura (%) e massa de ovo (g de ovos/ave/dia), total e comercializável. Entretanto, foi possível observar efeito linear da inclusão de colina nas rações sobre o peso médio do ovo. Foi verificado que quanto maior o nível de suplementação de colina utilizado na ração das codornas em postura, maior foi o peso médio do ovo.
O efeito significativo verificado para o PMO pode ter ocorrido em função do aumento da mortalidade das aves nos tratamentos com menor porcentagem de metionina na ração e maior suplementação de colina, sendo assim, ao se realizar o cálculo da MOT e dividir o resultado pelo número reduzido de aves é possível obter o maior PMO.
Ao estudar os efeitos da suplementação de colina para galinhas poedeiras de uma a 44 semanas de idade, Vasconcelos et al. (2010) verificaram que o nível de inclusão de colina na fase de recria influencia a produção de ovos sem influenciar nos demais parâmetros, entretanto não foi possível aos autores determinar o melhor nível de suplementação de colina devido à resposta linear crescente encontrada, como observado neste estudo para PMO.
Tabela 1. Peso médio dos ovos (PMO), taxa de postura (TP) e massa de ovo (MO) de codornas japonesas postura alimentadas com dietas contendo diferentes níveis de substituição de colina.
Colina, % |
Met+Cis dig, % |
TPOT |
TPOC |
PMO |
MOT |
MOC |
0,209 |
0,588 |
86,89 |
84,46 |
11,96 |
10,40 |
10,11 |
0,157 |
0,663 |
88,31 |
86,62 |
11,94 |
10,53 |
10,33 |
0,105 |
0,738 |
86,15 |
84,89 |
11,82 |
10,16 |
10,02 |
0,052 |
0,813 |
87,82 |
86,12 |
11,72 |
10,27 |
10,07 |
0,000 |
0,888 |
87,13 |
85,76 |
11,71 |
10,21 |
10,05 |
Efeito |
NS |
NS |
L |
NS |
NS |
|
CV,% |
9,816 |
10,552 |
3,265 |
9,400 |
10,109 |
CV: Coeficiente de variação; NS: Não significativo; L: Efeito Linear. PMO = 12,5467 – 0,9712X, R2 = 93
Reis et al (2012) não observou efeito significativo (P>0,05) para parâmetros de desempenho ao avaliar níveis de 0, 500, 1000, 1500 mg colina / kg de ração para codornas japonesas em postura. O aumento nos níveis de suplementação de colina não influenciou o desempenho e a qualidade dos ovos de codornas japonesas, mostrando que na relação de metionina mais cistina com lisina utilizada não é necessária a suplementação de colina na dieta das aves.
Resultado semelhante foi encontrado por Teixeira et al. (2008), que estudaram níveis de inclusão de colina (0; 200; 400 e 600 ppm) em fatorial com níveis de metionina (0,65 e 0,75%). Os autores comprovaram que somente em níveis mais baixos de metionina (0,65%) na dieta se faz necessária a suplementação de colina para codornas japonesas em postura. Como observado neste estudo, no tratamento com menor nível de metionina a suplementação de colina se fez necessária e alterou o peso médio do ovo com resposta linear crescente.
Conclusões
Pelos resultados obtidos, pode-se concluir que é possível adotar o nível de suplementação de 0,209% de colina com redução da metionina + cistina digestíveis para 0,588%, sem alterações no desempenho de codornas japonesas na fase de produção de ovos para a taxa de postura e massa de ovo e com melhoria do peso médio de ovo.
Referências
ANDRIGUETTO, J.M. et al. Nutrição Animal. São Paulo. Nobel. 1990.
ANNISON Feed Milling International, Pages 8-12, 1996
DESCHEPPER, K., De GROOTE, G. Effect of dietary protein , essential and non essential amino acids and performance and carcass composition of male broiler chickens. British Poultry Science, v. 39, p. 229-245, 1995.
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ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. L.; DONZELE, J. L. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 3. ed. Viçosa:UFV, 2011. 252p.
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TEXEIRA, L.V.; QUEIROZ, L.S.B.; GARCIA JUNIOR, A.A.P. et al. Relação entre níveis de metionina e colina sobre o desempenho de codornas japonesas em postura. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 45., 2008, Lavras. Anais... Sociedade Brasileira de Zootecnia, [2008] (CD ROM).
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REIS, R. S.; BARRETO, S. L. T.; PAULA, E.; MUNIZ, J. C. L. VIANA, G. S.; MENCALHA, R. ; BARBOSA, L. M. R. Níveis de suplementação de colina na dieta de codornas japonesas em postura Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável (RBAS), v.2, n.1., p.118-123, Julho, 2012.