Substituição do farelo de soja por DDG na dieta de ovinos confinados: consumo e digestibilidade

Genésio de Cássio Souza Cruz1, Geovane Cesar de Carvalho2, Roberta Martin Gomes Silva Borges3, Dyjoan whenys Dias de Assunção4, Advan Robson de Arruda5, Alisson Verbenes Alves6, Rachel de Souza Lima Pucheiro7, Henrique Leal Perez8
1 - Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia de Mato Grosso Campus da Serra
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8 - Universidade Estadual de Maringa

RESUMO -

Avaliou-se cinco níveis de DDG em substituição ao farelo de soja na dieta. Foram utilizados cinco animais não castrados, peso médio 25 kg com seis meses de idade, distribuídos em delineamento quadrado latino com cinco tratamentos e cinco repetições alimentados: 0%, 25%, 50%, 75%, 100% de DDG. As variáveis consumo e digestibilidade foram determinadas por análises bromatológicas. O consumo foi determinado pelos nutrientes ofertados e a quantidade de nutrientes nas fezes. A digestibilidade foi determinada pelo nutrientes ofertados, excretado e não ingerido. Não houve diferença estatística para consumo. Houve efeito quadrático para digestibilidade de proteína para o nível 50%. A inclusão DDG até o nível de 100% de substituição na dieta não influenciou no consumo dos nutrientes, porém a digestibilidade da proteína foi maior para o nível de 50% de inclusão do DDG, sendo uma opção para ser utilizado em substituição ao farelo de soja.

Palavras-chave: custo, álcool, cana-de- açúcar

Replacement of soybean meal by DDG in the confined sheep diet: consumption and digestibility

ABSTRACT - The experiment was carried out to evaluate the use of dry distillery grain (DDG) to replace soybean meal in the diet of lambs on their consumption. Before this work the DDG was evaluated in different levels in the diet of sheep evaluating the use of this food in confined animals. Five sheep without defined races (SRD), distributed in a Latin square (5x5) design were divided into five periods of 21 days with initial weight of 25 kg housed in cages (1.50 cm x 0.86 cm). The treatments were DDG replacement levels in the diet: 0%, 25%, 50%, 75%, 100%. Sugarcane bagasse was supplied as a source of grain. The experiment did not present statistical difference between the treatments for the analyzed variables (CMS, CFDN, CFDA, CPB and CEE). Until the 100% level does not influence the consumption of nutrients, showing that it is a good option to be used as a substitute for soybean meal.
Keywords: cost, alcohol, sugar cane


Introdução

A baixa produção de carne ovina motivou a importação do produto de outros países, principalmente do Uruguai. Desta forma, os produtores começaram a utilizar outros métodos de produção, como o confinamento, que possui como vantagem o aumento da produção e a diminuição do tempo de criação, além da proporcionar maior facilidade no controle de endoparasitas e ectoparasitas. A alimentação dos animais no sistema de criação representa entorno de 70 a 80% do custo total, sendo assim, é necessária a busca de alternativas que visem diminuir esse custo e a utilização dos subprodutos de destilarias é uma das alternativas. O DDG é um produto oriundo da extração do etanol de milho, utilizado na alimentação animal com o objetivo de reduzir os custos da dieta.

Revisão Bibliográfica

Segundo Srinivasan et al., (2008) no processamento de produção do etanol a partir do milho, o amido do milho é fermentado para produzir o etanol. A solução de etanol é destilada, para a obtenção de etanol, uma parte da solução destilada é centrifugada para obter grãos de destilaria úmidos, que contem de 30 a 35% de sólidos. Uma parte do resíduo fino que sobra da centrifugação é reciclado para o tanque de preparação da pasta e o restante do resíduo fino é concentrado para se obter os destilados solúveis, que contem 25 a 40% de sólidos. O destilado solúvel e os WDG são misturados e secos para produzir os Dry Distillery Grain with Soluble (DDGS). O DDG é um produto alternativo com nível de proteína de 30 – 35%, e pode ser utilizado na alimentação de bovinos em substituição de outras fontes de proteínas (como farelo de soja, farelo de girassol, farelo de algodão e ureia). De acordo com Tjardes e Wright (2008), a proteína contida nos grãos de destilarias é de aproximadamente 50% proteína degradada no rúmen (PDR) e 50% de proteína não degrada no rúmen (PNDR), além de ser mais viável economicamente. Os grãos de destilaria além do seu alto teor de proteína também possuem elevado teor de fibra extraído em detergente neutro digestível (FDN) e gordura que também pode ser utilizada como alimento energético. Mesmo com o alto teor de FDN apenas 15% é considerada fibra fisicamente efetiva para a dieta (SCHROEDER, 2012). De acordo com Buttrey et al. (2012), analisando três tipos de suplementação nas dietas de 60 bovinos (RON – controle negativo, RDC – milho rolado seco e DDG – Dry Distillery Grain), o ganho de peso corporal foi 8% superior para novilhos consumindo DDG, comparado tanto com o grupo controle e com os outros tratamentos. A terminação de cordeiros em sistema de confinamento resulta em um produto final de maior qualidade, com um adequado acabamento de carcaça, maior rendimento de carcaça e maior padronização dos cortes (SANTOS, 2015). A decisão de utilizar o confinamento é econômica, considerando que no confinamento os criadores tem animais prontos para o mercado em um período mais curto, com um acabamento de carcaça desejado, uma boa conversão alimentar, e com uma carne de qualidade conforme o consumidor exige (ZANETTE E NEUMANN, 2012).

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado no Instituto Federal de Ciências e Tecnologias (IFMT)- Campus São Vicente, localizado no município de Campo Verde – MT, no período de 105 dias de experimento, dividido em cinco períodos de 21 dias e a adaptação em 15 dias, totalizando 126 dias. Foram utilizados cinco ovinos sem raça definida (SRD) com peso inicial médio de 25 Kg, alojados em gaiolas (1,50cm x 0,86cm), distribuídos aleatoriamente em quadrado latino 5x5. A ração foi ofertada às 6h 30min e às 16h 30min, ajustadas para sobras no máximo 10% do total fornecido. Os tratamentos foram compostos com substituição do farelo de soja por DDG nas porcentagens de 0%, 25%, 50%, 75% e 100% e utilização do bagaço de cana-de-açúcar como volumoso. A composição dos alimentos, composição nutricional e dos nutrientes são apresentados na Tabela 1.  

Resultados e Discussão

Não houve diferença significativa nos tratamentos para as variáveis analisadas (CMS, CFDN, CFDA, CPB e CEE) (Tabela 2). O consumo de matéria seca, mesmo não observando efeito estatístico, foi maior para o nível de 75% de substituição refletindo com aumento subsequente no consumo dos demais nutrientes avaliados. Observando as proporções e valores dos ingredientes para composição das dietas (Tabela1), nota-se que o volumoso utilizado (Bagaço) foi fixado em 13%, por ser o ingrediente que devido seu efeito por enchimento ruminal poderia interferir significativamente no consumo, principalmente no CMS, aliado aos valores de FDN e FDA, sobretudo FDA no qual não apresenta diferenças significativas. Depenbusch et al., (2009) encontraram uma resposta quadrática para o CMS ao analisarem a alimentação de novilhas com 6 níveis (0, 15, 30, 45, 60 e 75%) de grãos de destilaria seco com solúveis em substituição ao milho em flocos. Xú et al., (2013) também encontraram resultados quadráticos para novilhas alimentadas com grãos de destilaria seco com solúveis nos níveis de 0, 20 e 40%, com os maiores resultados encontrados nos níveis de 15 e 30% . Esses resultados são diferentes daqueles encontrados neste trabalho. O consumo de PB e de EE apresentou aumento no valor apresentado, isso pode se explicar devido o aumento dos níveis de DDG, porém não apresentou diferença significativa. Esses resultados do consumo de proteína corroboram com os encontrados por Corrigan et al., (2009) que ao analisarem a suplementação de DDG na dieta de bovinos, observaram que conforme os níveis de DDG aumentava, os níveis de proteínas também aumentavam. Os resultados encontrados neste trabalho são contrários a pesquisa de Li et al, (2011) que ao analisarem 4 níveis (0, 25, 30 e 35%) de substituição da silagem de cevada por DDGS, o consumo de PB, EE., FDN e FDA, foi superior para o nível de 25%. Para o consumo de FDN, os resultados são diferentes dos encontrados por Corrigan et al., (2009) que, conforme aumentavam-se os níveis de DDGS, o consumo de FDN diminuia. Felix (2012) encontrou efeito linear crescente para ingestão de EE, FDN e FDA, em cordeiros alimentados com 4 níveis (0, 20, 40 e 60 %) de DDGS. Já Leupp et al, (2009) ao analisarem uma dieta com 5 níveis (0, 15, 30, 45 e 60%) de DDGS substituindo uma combinação de milho seco laminado, farelo de girassol e ureia, foi encontrado efeito quadrático para o consumo de FDN e FDA, com maior consumo para o nível de 15% e menor para o nível de 60%.

Conclusões

A inclusão de Grãos de Destilaria Seco (DDG) até o nível de 100% não influenciou o consumo dos nutrientes, mostrando ser boa opção para substituição do farelo de soja. Recomenda-se avaliação econômica.

Gráficos e Tabelas




Referências

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