TAMANHO ÓTIMO DE PARCELAS EM UM ENSAIO EM BRANCO COM POEDEIRAS PELO MÉTODO DA MÁXIMA CURVATURA

Luiz Firmino dos Santos Junior1, Gláucia Amorim Faria2, Rosemary Pereira de Pedro Souza3, Ana Carolina Almeida Rollo de Paz4, Beatriz Garcia Lopes5, Rosemeire da Silva Filardi6, Ana Patricia Bastos Peixoto7, Antônio Carlos de Laurentiz8
1 - FEIS/Unesp
2 - FEIS/Unesp
3 - FEIS/Unesp
4 - FEIS/Unesp
5 - FEIS/Unesp
6 - FEIS/Unesp
7 - Universidade Estadual da Paraíba – Centro de Ciências e Tecnologia
8 - FEIS/Unesp

RESUMO -

A produção de ovos brasileira destaca-se como uma das maiores do mundo, e, dentre as maiores empresas produtoras de ovos da américa, uma empresa nacional encontra-se como a décima maior, com um total de 11 bilhões de poedeiras. Devido à importância deste setor, técnicas para melhoria na produção de ovos são estudadas, e, dentro desses experimentos, o tamanho de parcela é um dos pontos do planejamento experimental primordiais para maior precisão dos dados. Este trabalho teve como objetivo estimar o tamanho ótimo de parcela em experimentos com aves de postura através do método de curvatura modificada, realizando-se simulações de diversos tamanhos de parcela de 100 poedeiras provenientes de um ensaio em branco que utilizou como base um experimento com poedeiras de 40 semanas de idade, da linhagem Lohmann. O tamanho ótimo de parcela para este experimento com poedeiras comerciais foi de 6 unidades básicas.

Palavras-chave: produção de ovos, coeficiente de variação, coeficiente de determinação.

GREAT SIZE OF PLOTS IN A WHITE TEST WITH POIES BY THE MAXIMUM CURVATURE METHOD

ABSTRACT - Brazilian egg production stands out as one of the largest in the world, and among the largest egg-producing companies in the Americas, a national company is the tenth largest, with a total of 11 billion hens. Due to the importance of this sector, techniques for improving egg production are studied, and, within these experiments, plot size is one of the primordial experimental planning points for greater accuracy of the data. The objective of this work was to estimate the optimum plot size in experiments with laying birds using the modified curvature method. Simulations of different plot sizes of 100 laying hens were obtained from a blank test using an experiment with laying hens Of 40 weeks of age, of the Lohmann lineage. The optimal plot size for this experiment with commercial laying hens was 6 basic units.
Keywords: egg production, variation coefficient, determination coefficient.


Introdução

A produção de ovos fornece uma fonte de proteína barata e de qualidade de grande importância na alimentação humana. Dentre os maiores produtores de ovos das Américas, o Brasil encontra-se como terceiro maior, ficando abaixo apenas dos Estados Unidos e México. Dentre as dez maiores empresas, na décima colocação está uma empresa brasileira, com 11 bilhões de poedeiras (OVOSITE, 2016). O que promove esse crescimento produtivo contínuo neste setor é a realização de experimentos científicos que visam melhorar ou descobrir novas técnicas de produção. Dentro desses experimentos, é necessário um minucioso planejamento experimental, com o fim de encontrar o melhor delineamento, tamanho de parcelas e número de repetições, para que dessa maneira seja diminuído o erro experimental e os valores dos dados obtidos tenham maior precisão (VIANA et al., 2002). O objetivo deste trabalho foi estimar o tamanho ótimo de parcela em experimentos com aves de postura através do método de máxima curvatura a partir de um ensaio em branco.

Revisão Bibliográfica

A produção nacional de ovos no quarto trimestre de 2016 foi de 799,33 milhões de dúzias, valor superior ao comparado ao mesmo período em anos anteriores. Se comparamos com o ano de 2015 por exemplo, esse valor foi 6,9% maior para o mesmo trimestre, o que dá um total de 51,28 milhões de dúzias de ovos a mais. Dentre os estados, o de São Paulo é o que mais produz, com 29,3% do total do país, seguido por Minas Gerais na segunda posição (9,9%) e em terceiro Paraná (9,1%) (IBGE, 2017). Em valores totais, no ano de 2016 a produção brasileira foi de 3,10 bilhões de dúzias, representando um aumento de 5,8% com relação ao ano anterior (2,93 bilhões de dúzias), com um efetivo de galinhas considerando o último mês do ano de mais de 140 milhões de cabeças (IBGE, 2017). Dentre os métodos mais recomendados para se testar o material experimental, bem como para calcular o tamanho ótimo de parcela e número de repetições, não só em aves de postura como em outros setores agrários, está o uso de ensaios em branco ou ensaios de uniformidade. Nestes ensaios não são aplicados nenhum tipo de tratamento ou todos os tratamentos e operações são os mesmos aplicados a todas as unidades experimentais (DA SILVA et al., 2003). O método da curvatura máxima, tem sido empregado com êxito na determinação do tamanho ótimo de parcela. Nele, pode-se determinar esse tamanho apenas obtendo estimativas da média, da variância e também da autocorrelação de primeira ordem, que devem ser obtidas por meio do ordenamento dos resíduos em linhas e/ou colunas segundo Paranaíba et al. (2009).

Materiais e Métodos

Para este estudo foram realizadas simulações de diversos tamanhos de parcela de 100 poedeiras provenientes de um ensaio em branco com poedeiras de 40 semanas de idade, da linhagem Lohmann, conduzido no Setor de Avicultura da Faculdade de Engenharia da UNESP, Câmpus de Ilha Solteira. Nesse experimento foi realizada uniformização das aves com base no peso médio e taxa de postura, para que fosse possível a uniformização de cada unidade experimental. A dieta fornecida foi formulada à base de milho e farelo de soja e as recomendações nutricionais preconizadas pelo manual da linhagem, a ração e água foram fornecidas ad libitum durante todo o período, sendo o consumo de ração quantificado ao final. O programa de luz adotado foi o de 16 horas de luz/dia, seguindo o manual da linhagem (LOHMANN DO BRASIL, 2011). O controle da produção de ovos e da mortalidade foi realizado diariamente em formulários preenchidos. O trabalho foi desenvolvido no LEA- Laboratório de Estatística Aplicada, financiado pelo projeto FAPESP 2015/18225-4. Os dados foram analisados pelo instrumento computacional do programa R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2017). Para determinar o tamanho ótimo de parcelas através do método de máxima curvatura, foram calculados os coeficientes de variação (CV) dos dados das variáveis de poedeiras, para os tamanhos de parcela pré-estabelecidos no ensaio. Os valores percentuais dos dados foram plotados contra os respectivos tamanhos de parcela em um sistema de eixos de coordenadas, obtendo-se uma curva que representa a relação existente entre essas variáveis. Utilizou-se do instrumento computacional do programa R na construção dos gráficos e obtenção das curvas mediante união dos pontos coordenados por meio de segmentos de reta. Foi considerado portanto como o tamanho ótimo de parcela o valor da abscissa correspondente ao ponto sobre a curva onde ocorre a maior taxa de mudança do CV em resposta ao aumento no tamanho de parcela segundo Federer (1963). Também foram estimados os coeficientes de determinação para verificar a qualidade de ajuste do modelo.

Resultados e Discussão

  Analisando os dados da Tabela 1, pelo método de máxima curvatura, encontramos para a variável postura que o tamanho de parcela ideal é de 2 unidades básicas (ub), com uma precisão de 90% obtida através do coeficiente de determinação. Para a variável consumo de ração, os resultados nos mostram que o tamanho de parcela adequado é de 6 ub, com coeficiente de determinação de 81% de precisão. Observamos na Figura 1, que para ambas as variáveis analisadas, quanto maior o tamanho da parcela, menor o coeficiente de variação, indicando portanto que o aumento no tamanho de parcela é inversamente proporcional a dispersão dos dados experimentais com relação à média (menor coeficiente de variação), mas esse aumento não é contínuo, uma vez que, para todas as variáveis foram atingidos o ponto adequado do tamanho de parcela, dentro dos limites avaliados, o comportamento decrescente não será mais verificado, pois o aumento no tamanho de parcela não reproduzirá ganhos de precisão experimental continuamente, desse modo o aumento no tamanho de parcela é reduzido e economicamente desinteressante. Fernandes et al. (2009) utilizaram 2 ub; Alves, Silva e Piedade (2007) 3 ub e Ribeiro et al. (2010) 1 ub, para produção de ovos, mostrando que o tamanho encontrado neste trabalho é viável e aplicável. Para consumo de ração, Freitas et al. (2011) e Boscolo et al. (1998) corroboraram com o valor encontrado neste trabalho, 6 ub, e Rodrigues et al. (2005) utilizaram 8 ub. Não se pode deixar de considerar que neste estudo foram avaliadas apenas duas variáveis, dentre muitas outras relacionadas a aves de postura, portanto, quando pensamos num experimento em que todas elas estarão presentes, sempre devemos considerar como tamanho ótimo de parcela, aquele que suprir o tamanho mínimo que vai atender a todas as variáveis, ou seja, pensando neste estudo, as unidades básicas variaram de 2 a 6, sendo assim, considerando um experimento em que somente fossem analisados a produção de ovos e o consumo de ração, o tamanho de parcela mais adequado seria 6 unidades básicas.  

Conclusões

O tamanho ótimo de parcela para experimentos com poedeiras comerciais foi de 6 unidades básicas considerando as variáveis analisadas.

Gráficos e Tabelas




Referências

  • ALVES, Sulivan Pereira; SILVA, IJO da; PIEDADE, SM de S. Avaliação do bem-estar de aves poedeiras comerciais: efeitos do sistema de criação e do ambiente bioclimático sobre o desempenho das aves e a qualidade de ovos.Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, n. 5, p. 1388-1394, 2007.
  • BOSCOLO, Wilson Rogério et al. Níveis de cálcio para poedeiras comerciais após a muda forçada.Acta Scientiarum. Animal Sciences, v. 20, n. 1, p. 367-371, 1998.
  • DA SILVA, Rogério Luiz et al. DETERMINAÇÃO DO TAMANHO ÓTIMO DA PARCELA EXPERIMENTAL PELOS MÉTODOS DA MÁXIMA CURVATURA MODIFICADO, DO COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO INTRACLASSE E DA ANÁLISE VISUAL EM TESTES CLONAIS DE EUCALIPTO1.Revista Árvore, v. 27, n. 5, p. 669-676, 2003.
  • FEDERER, W. T. Experimental desing: theory and application.2nd ed. New York: Macmillan Company, 1963. 544p.
  • FERNANDES, Jovanir Inês Müller et al. Effect of vitamin K on bone integrity and eggshell quality of white hen at the final phase of the laying cycle.Revista Brasileira de Zootecnia, v. 38, n. 3, p. 488-492, 2009.
  • FREITAS, Ednardo Rodrigues et al. Utilização do feno da folha da leucena em rações para indução de muda forçada em poedeiras comerciais.Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v. 12, n. 4, p. 1067-1076, 2011.
  • IBGE (Brasil) (Org.).Indicadores IBGE: Estatística da Produção Pecuária. 2017. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Pecuaria/Fasciculo_Indicadores_IBGE/abate-leite-couro-ovos_201604caderno.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2017.
  • LOHMANN DO BRASIL, Manual da linhagem, 2011.
  • MEIER, V.D.; LESSMAN, K.J. Estimation of optimum field plot shape and size for testing yield in Crambe abyssinica Hochst. Crop Sci., Madison, v.11, p. 648-650, 1971.
  • OVOSITE (Campinas).As 10 maiores empresas do mundo: produção de ovo.  Disponível em: <http://www.ovosite.com.br/noticias/index.php?codnoticia=15223>. Acesso em: 30 mar. 2017.
  • Paranaíba, PF; Ferreira, DF; Morais, AR. 2009. Tamanho ótimo de parcelas experimentais: proposição de métodos de estimação. Revista Brasileira de Biometria. 27(2): 255-268.
  • R Development Core Team (2017). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051-07-0, URL http://www.R-project.org
  • RIBEIRO, Carmen Lucia Garcez et al. Efeito da utilização de mananoligossacarídeos (MOS) e de ácidos orgânicos associados à MOS, com e sem antibióticos, na dieta de poedeiras produtoras de ovos avermelhados.Ciência Animal Brasileira, v. 11, n. 2, p. 292-300, 2010.
  • RODRIGUES, Eliana Aparecida et al. Níveis de cálcio e vitamina D nas rações de pré-postura sobre o desempenho e qualidade da casca do ovo de poedeiras comerciais.Acta Scientiarum. Animal Sciences, v. 27, n. 1, p. 61-66, 2005.
  • VIANA, Anselmo Eloy S. et al. Estimativas de tamanho de parcela em experimentos com mandioca.Horticultura Brasileira, v. 20, n. 1, p. 58-63, 2002.