TAMANHO ÓTIMO DE PARCELAS PARA EXPERIMENTOS COM POEDEIRAS PELO MÉTODO DA MÁXIMA CURVATURA MODIFICADO

Luiz Firmino dos Santos Junior1, Gláucia Amorim Faria2, Ana Carolina Almeida Rollo de Paz3, Letícia Macedo Pereira4, Luiz Antônio Silva Custódio5, Lucas Menezes Felizardo6, Rosemeire da Silva Filardi7, Ana Patricia Bastos Peixoto8
1 - FEIS/Unesp
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8 - Universidade Estadual da Paraíba – Centro de Ciências e Tecnologia

RESUMO -

O Brasil destaca-se na produção de ovos, e essa atividade agroindustrial move grande parte da economia do País. Com essa produção expressiva, ocorre uma grande demanda por pesquisa voltada a essa área. Neste trabalho objetivou-se determinar o tamanho de parcelas para experimentos com poedeiras comercias, utilizando como base diversos artigos na área nos últimos 20 anos. Para tanto foram levantados os tamanhos de parcelas e número de repetições utilizados, bem como os coeficientes de variação encontrados em cada um. A partir desses dados reais experimentais foram calculados os tamanhos de parcela ideais para cada variável avaliada, utilizando-se o método da máxima curvatura modificado, em que cada animal foi considerado uma unidade básica. Em experimentos com poedeiras comerciais o tamanho ótimo de parcela recomendado é o de 3 unidades básicas para as variáveis consumo de ração, produção de ovos, peso de ovos e conversão alimentar.

Palavras-chave: precisão experimental, coeficiente de variação, ensaio de uniformidade, produção de ovos.

OPTIMUM SIZE OF PLOTS FOR EXPERIMENTS WITH LAYING HENS BY THE METHOD OF MAXIMUM CURVATURE MODIFIED

ABSTRACT - Brazil stands out in the production of eggs, and this agroindustrial activity moves much of the country's economy. With this expressive production, there is a great demand for research focused on this area. The objective of this work was to determine the size of plots for experiments with laying hens, based on several articles in the area in the last 20 years. In order to do so, the plot sizes and number of replications were used, as well as the coefficients of variation found in each one. From these experimental data the ideal plot sizes for each evaluated variable were calculated using the modified maximum curvature method, in which each animal was considered a basic unit. In experiments with commercial laying hens the recommended plot size is 3 basic units for the variables feed intake, egg production, egg weight and feed conversion.
Keywords: experimental precision, variation coefficient, uniformity test, egg production.


Introdução

O Brasil destaca-se no setor de avicultura de postura, possuindo a maior indústria de produção de ovos da América Latina e sétima maior do mundo (USDA, 2014). Aliado a esses números expressivos, ocorre uma grande demanda por pesquisa voltada a essa área. Sendo assim aspectos importantes devem ser considerados, como o coeficiente de variação, tamanho de parcelas e número de amostras. Sendo que todos estes aspectos têm grande efeito sobre a variação experimental na avicultura (SAKAMURA e ROSTAGNO, 2007). Independente do material experimental que se utiliza e do ambiente onde será realizada a experimentação, o planejamento experimental deve ser feito com a finalidade reduzir erro experimental (ROSTAGNO et al., 2007). Ensaios com baixa precisão podem fazer com que os pesquisadores obtenham conclusões incorretas a respeito de suas hipóteses iniciais, e a falta de informação tem sido um enorme problema para a experimentação zootécnica. As estimativas de tamanho de parcela, efetuadas para diferentes animais possibilita verificar a sua variação com espécie, raça, local, idade, característica avaliada, número de animais utilizados na unidade básica, época da avaliação, forma da parcela e método utilizado para a sua estimativa. Neste estudo, objetivou-se determinar o tamanho ótimo de parcelas para experimentos com poedeiras comerciais, utilizando-se o método da máxima curvatura modificado.

Revisão Bibliográfica

A América Latina e o Caribe produziram no ano de 2011, mais de 10% do total de ovos e leite produzido no mundo. No período de 2000 a 2011, o crescimento anual desta região do mundo nestes dois setores, foi de mais ou menos 3,5%, valor superior à média internacional, com México e Brasil se destacando como os principais produtores de ovos com um crescimento anual de aproximadamente 3% para esse mesmo período. De toda a América, no ano de 2011 pontualmente, os Estados Unidos foi o maior produtor de ovos (5415,6 mil toneladas), e em terceiro lugar o Brasil (2192,8 mil toneladas) (SANTIAGO, 2014). Investimento em tecnologia e estudos científicos dentro dos setores agrários são os principais responsáveis do grande avanço que o Brasil vem tendo frente aos grandes produtores de alimentos de origem animal. Na avicultura de postura não é diferente, onde a produção nacional do ano de 2016 foi de 3,10 bilhões de dúzias de ovos, valor que ainda mantém o país entre os maiores produtores deste alimento das américas (terceiro maior) e do mundo (sétimo maior) (IBGE, 2017). Nos experimentos com aves de postura, existem muitas variáveis importantes, e, para que os resultados estatísticos da análise delas sejam de maior precisão, é necessário trabalhar com tamanhos de parcela adequados, para assim poder diminuir o erro experimental. O método da máxima curvatura modificado, segundo proposto por Lessman e Atkins (1963), é, nesse caso, uma ferramenta bastante adequada e interessante para ser utilizada em experimentos que buscam encontrar o tamanho ótimo de parcela.

Materiais e Métodos

Os dados utilizados para a realização deste trabalho foram provenientes de 102 artigos com poedeiras comerciais, coletados nos sites de pesquisa google acadêmico, Web of Science e SciELO, publicados no período de setembro de 2016 a janeiro de 2017 e que continham os coeficientes de variação experimentais para cada tamanho de parcela estudada, com as palavras chave: coeficiente de variação, aves de postura e poedeiras. Os dados foram analisados no instrumento computacional do programa R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2017). O tamanho ótimo de parcela foi calculado conforme sugestão dada por Lessman & Atkins (1963) o qual consta de um aperfeiçoamento do método da máxima curvatura. Por esse método, a relação entre o coeficiente de variação (CV) e o correspondente tamanho da parcela com X unidades básicas foi estimada pelo modelo CV=aX-b, em que a e b são os parâmetros a serem estimados. A partir da função de curvatura dada por esse modelo , determinou-se o valor da abscissa em que ocorre o ponto de máxima curvatura, sendo o estimador dado por esta expressão: Xc= exp {[1/(2b+2)]log[(ab)2(2b+1)/(b+2)]}, em que Xc  é o valor da abscissa no ponto de máxima curvatura, o qual corresponde à estimativa do tamanho ótimo da parcela experimental (Meier e Lessman, 1971), a é a estimativa da constante de regressão e b é o coeficiente de regressão. Também foram estimados os coeficientes de determinação para verificar a qualidade de ajuste do modelo.  

Resultados e Discussão

As estimativas dos parâmetros das equações de regressão entre o coeficiente de variação e o seu correspondente tamanho de parcela em unidades básicas, com os respectivos coeficientes de determinação , como também a estimativa do tamanho adequado da parcela  para as variáveis avaliadas estão apresentadas na Tabela 1. Os tamanhos adequados de parcelas variam de 2 a 3 unidades básicas. Os coeficientes de determinação  explicaram 66 a 81 %, das variações que ocorreram nos tratamentos. Analisando a Tabela 1, observa-se que o tamanho adequado da parcela foi em torno de 3 para as variáveis consumo de ração, peso de ovos e conversão alimentar, somente a variável produção de ovos, apresentou um tamanho menor que 3 unidades básicas, sendo viável 2 unidades básicas. Dessa forma, para esse método, tomando como base as variáveis consumo de ração, peso de ovos e conversão alimentar o tamanho adequado de parcela estimado pelo método da máxima curvatura foi de 3 unidades básicas. Pelas estimativas do coeficiente (a), intercepto da regressão, que estima o CV(%) máximo, nota-se que houve variação dos valores (Tabela 1) sugerindo divergência entre as variáveis. Com relação ao coeficiente de regressão (b) que pode ser visto como uma medida de variabilidade do material em estudo, de modo que valores próximos de zero, indicam baixa variabilidade e valores próximos de um indicam alta variabilidade, observa-se a ocorrência de menor variabilidade na variável produção de ovos e maior variabilidade para a variável peso de ovos. Considerando que o tamanho ótimo de parcela deve abranger um tamanho mínimo que venha suprir todas as variáveis presentes em um experimento, neste caso encontramos o valor ótimo de 3 unidades básicas. Alves, Silva e Piedade (2007) e os autores Bouyeh e Gevorgian (2011) corroboraram com esse valor, utilizando também 3 unidades básicas em seus experimentos. Gentilini et al. (2009) e Zahroojian, Moravej e Shivazad (2013) utilizaram tamanhos de parcela com 4 unidades básicas, uma a mais que o encontrado neste trabalho, porém, ambos trabalharam não só com as quatro variáveis analisadas neste estudo, mais também com outras, o que explica a diferença de tamanho de parcela utilizada por eles, já que esse tamanho deve ser de acordo a abranger o mínimo para todas as variáveis estudadas dentro de um experimento. O mesmo pode ser observado em outros trabalhos que também estudaram as variáveis consumo de ração, produção de ovos, peso de ovos e conversão alimentar, além de outras variáveis, e utilizaram tamanhos de parcela diferentes do deste trabalho, como Agustini et al. (2014), Casartelli et al. (2007) e Rodrigues et al. (2005), que utilizaram respectivamente parcelas com 5, 6 e 8 unidades básicas.

Conclusões

Em experimentos com poedeiras comerciais o tamanho ótimo de parcela recomendado é o de 3 unidades básicas para as variáveis consumo de ração, produção de ovos, peso de ovos e conversão alimentar.

Gráficos e Tabelas




Referências

  • AGUSTINI, Márcia Antonia Bartolomeu et al. Nutritional levels of digestible threonine in brown-egg laying hens from 75 to 90 weeks of age.Semina: Ciências Agrárias, v. 35, n. 6, p. 3449-3456, 2014.
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