TAXA DE SUDAÇÃO DE VACAS F1 H X Z CRIADAS SOB SOL E SOMBRA

JÉSSICA DUARTE RAMOS FONSECA1, ANNA LUÍSA DE OLIVEIRA CASTRO2, CINARA DA CUNHA SIQUEIRA CARVALHO3, JOSÉ REINALDO MENDES RUAS4, GUSTAVO CHAMON DE CASTRO MENEZES5, KÁTIA CRISTIANE BORGES PEREIRA6, MARIA DULCINÉIA DA COSTA7, JANAINA TAYNA SILVA8
1 - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS- UNIMONTES
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RESUMO -

Avaliou-se o efeito de dois ambientes de criação sob a taxa de sudação de vacas F1 HxZ, criadas na Fazenda Experimental da EPAMIG, município de Felixlândia (MG). Durante o verão, avaliou-se 34 vacas divididas em dois grupos de 17 animais e alojadas em pasto sem sombreamento (ambiente 1) e pasto com sombreamento natural (ambiente 2). O ambiente climático foi caracterizado com base no Índice de Temperatura do Globo Negro e Umidade. A taxa de sudação foi mensurada em 16 animais tomados aleatoriamente. O experimento foi conduzido utilizando-se o DIC, com quatro grupos genéticos, dois ambientes, dois horários de ordenha e 34 repetições. Nos dois ambientes o ITGU apresentou valores elevados. No pasto sem sombreamento, verificou-se às 12h o valor de 87,7 e no ambiente 2 o maior valor de foi verificado às 13h (78,6). Não houve diferença significativa nas respostas de taxa de sudação tanto na comparação entre os grupamentos genéticos como no efeito do ambiente e horários de ordenha.

Palavras-chave: ambiência, bovinos leiteiros, heterose, parâmetros fisiológicos

F1 H X Z COWS SWEATING RATE CREATED UNDER SUN AND SHADOW

ABSTRACT - The effect of two breeding environments under the rate of sweating of F1 HxZ cows, raised at the Experimental Farm of EPAMIG, Felixlândia city (MG), was evaluated. During the summer, 34 cows were divided into two groups of 17 animals and housed in shade-free pasture (environment 1) and pasture with natural shade (environment 2). The climate environment was characterized based on the Black Globe Temperature and Humidity Index. The sweating rate was measured in 16 randomly selected animals. The experiment was conducted using DIC, with four genetic groups, two environments, two milking schedules and 34 replicates. In both environments the ITGU presented high values. In the pasture without shading, the value of 87.7 was verified at 12am and in environment 2 the highest value was verified at 01pm (78.6). There was no significant difference in the sweating rate responses in the comparison between the genetic groups as in the effect of the environment and milking schedules.
Keywords: Ambience, dairy cattle, heterosis, physiological parameters


Introdução

A produção de leite no Brasil chegou a 34,2 bilhões de litros no ano de 2013, representando a 5,3% do total produzido no mundo e colocando o Brasil em 5º lugar no ranking mundial. Dentro desse contexto, Minas Gerais se destaca como o detentor do maior rebanho leiteiro do país e principal estado produtor, com produção de 9,3 bilhões de litros e uma participação de 27,2% na produção nacional (IBGE,2015). Nos países de clima tropical, o aumento na produção leiteira é limitado pelos baixos níveis produtivos das raças nativas e pelas dificuldades adaptativas das raças de origem europeia (VANSCONCELLOS et al., 2003). Como uma alternativa viável para o aumento da eficiência produtiva, utiliza-se o cruzamento genético envolvendo raças de origem indiana (zebuínos) e raças de origem europeia (taurinos), por meio da heterose, conciliando assim, rusticidade, resistência ao clima tropical e produção de leite. Cerca de 1/3 da termólise evaporativa ocorre pelas vias respiratórias e 2/3 pela cutânea, portanto, a ocorrência de estresse térmico em bovinos pode seguramente ser diagnosticada pelos aumentos da temperatura retal, frequência respiratória e taxa de sudação (SOUSA JÚNIOR et al., 2008). Neste contexto, objetivou-se caracterizar o efeito de dois ambientes de criação sob a taxa de sudação de vacas F1 HxZ .

Revisão Bibliográfica

O ambiente exerce influência direta sobre o desempenho dos animais, de modo a interferir positiva ou negativamente, dependendo do nível de conforto ou de estresse, respectivamente, promovido por ele (SILVA, 2000). Baêta e Souza (2010) afirmaram que os animais expostos ao ar livre têm na radiação solar, o principal responsável pelo acréscimo do calor corporal interno. De acordo com os mesmos autores, durante o dia, quase todo o calor absorvido provém da radiação solar, de forma direta ou indireta, sendo esta, um dos principais causadores de estresse nos animais, e desta forma, estruturas para sombreamento visam atenuar o efeito da radiação sobre os animais. Para Titto et al. (2008), o efeito benéfico da disponibilidade de sombra para os animais de produção baseia-se na melhoria de suas condições fisiológicas, no comportamento animal e no desempenho produtivo, percebendo-se diferenças mais acentuadas nestas variáveis quanto menor for a tolerância dos animais às elevadas temperaturas. A perda de calor latente evaporativo, através das glândulas sudoríparas, é um dos mecanismos de adaptação ao estresse por calor. Os animais domésticos que mais suam, pela ordem decrescente de importância desse mecanismo para a termorregulação, são os quinos, asininos, bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos (FALCO, 1997). A eficiência da sudorese está vinculada ao tipo de glândula e ao ambiente térmico onde os animais estão inseridos. As diferenças entre os tipos de glândula apresentam-se vinculadas à localização, tipo de secreção e forma de eliminação do suor (SILVA, 1999; GEBREMEDHIN e WU, 2002). Quando os animais estão sob estresse calórico, há aumento da sudorese, na tentativa de evitar a hipertermia. Esse fato é explicado pelo aumento da circulação sanguínea para epiderme, em situações de alta temperatura, proporcionando uma quantidade adicional e matéria-prima para as glândulas sudoríparas e estimulando a sua ação (FALCO, 1997; AZEVEDO, 2005; FERREIRA et al. 2009). Bianchini et al. (2006), avaliando as características corporais associadas com a adaptação ao calor em bovinos naturalizados brasileiros, observaram que a raça Holandesa é a que possui menor área de tecido ocupada por glândulas sudoríparas, o que pode indicar maior dificuldade de perda de calor corpora. De forma geral, animais que apresentam maior capacidade de sudação utilizam menor a frequência respiratória para dissipar calor (AZEVEDO, 2005).

Materiais e Métodos

  O experimento foi realizado na Empresa de Pesquisa e Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), em Felixlândia (MG). Foram avaliadas 34 vacas F1 em lactação, com 100% de heterose, sendo: oito vacas Holandês (50%) x Nelore (50%); dez Holandês (50%) x Gir (50%); dez Holandês (50%) x Nelore (25%) x Gir (50%); seis Holandês (50%) x Guzerá (25%) x Nelore (25%). Os animais foram divididos em dois grupos em ambientes distintos (sem sombreamento e com sombreamento natural) em piquetes rotacionados de Urochloa brizantha. As medições das variáveis ambientais (temperatura de bulbo seco, umidade relativa do ar e temperatura do globo negro) teve início às 07:00h e término às 16:00h. Os equipamentos foram instalados nos piquetes em que estavam os animais. Com os dados coletados, foi calculado o Índice de Temperatura de Globo e Umidade (ITGU), proposto por Buffington et al. (1981), obtido com a seguinte expressão. ITGU = Tgn + 0,36 x Tpo + 41,5     eq. 1 Onde:  Tpo = Temperatura do ponto de orvalho (°C) e Tgn = Temperatura do globo negro (ºC) A taxa de sudação realizou somente em 16 animais diariamente, tomados aleatoriamente dos 4 grupos genéticos. A metodologia da taxa de sudação foi conforme descrita por Berman (1957) e modificada por Schleger e Turner (1965). Discos de 0,5 cm de diâmetro foram obtidos de um papel de cromatografia tipo Whatman Nº 1 tratado previamente em solução aquosa a 10% de cloreto de cobalto, secado ao ar livre e, depois, em estufa 90 ºC. Este papel quando seco apresenta cor azul-violeta, e quando saturado de água a cor é róseo-clara. O experimento conduzido utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, sendo 4 grupos genéticos, 2 ambientes (pasto com e sem sombreamento) e 2 horários de ordenha (07:00h e 14:00h), com 34 repetições. As variáveis foram submetidas à análise variância utilizando o pacote estatístico SAS, e quando o teste F foi significativo, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Resultados e Discussão

Na figura 1, observa-se que no pasto sem sombreamento (Ambiente 1), verifica-se que a temperatura do ar foi crescente ao longo do dia, e a partir da 10:00 h da manhã os animais foram expostos a temperaturas superiores a zona de termo neutralidade para animais zebuínos (29 ºC), dessa forma os mesmos conseguiram manter a temperatura corporal constante com um mínimo de esforço do sistema termorregulador (MÜLLER E BOTHA 1993, MÜLLER, 1989). No período da tarde, às 15:00 h verificou-se o maior valor médio de temperatura do ar 37,7 ºC. Os valores de umidade relativa do ar foram decrescentes, ocorrendo acentuada redução ao longo do dia. Porém, verificou-se que no período da manhã, os valores de umidade relativa do ar foram superiores a 70% e a partir das 13:00h, estiveram abaixo 55%. De acordo com Buffington et al. (1981) valores de ITGU, de 79 a 84 é sinal de perigo e, acima de 84 é considerado sinal de emergência para bovinos. Como os valores ITGU foram crescentes ao longo do dia observou-se que os animais estiveram em situação de perigo até às 9:00h e situação de emergência a partir das 10:00h. No ambiente de pasto com sombreamento (Ambiente 2), verifica-se, que a temperatura do ar foi crescente ao longo do dia, porém, não ultrapassou a zona de termoneutralidade considerável para bovinos mesmo no período da tarde quando a temperatura geralmente é mais elevada. A arborização da pastagem contribui para a diminuição da temperatura do ar, em condições tropicais, a temperatura sob a copa das árvores é cerca de 2 a 3°C menor que sob céu aberto, havendo registro de reduções de até 9°C (Martin, 2002). A umidade relativa do ar média verificada foi de 69,7%. Os maiores valores foram observados nas primeiras horas, com diminuição gradativa ao longo do dia. O microclima formado pela arborização e aguada existente na pastagem contribuiu para que a umidade no local ficasse próxima aos valores considerados ideais para bovinos (FERREIRA, 2006). Os valores de ITGU foram menores na parte da manhã e ao longo do dia crescentes, no entanto o maior valor verificado foi às 13:00h (78,6). Com relação ao efeito do ambiente sobre a taxa de sudação dos animais, verificou-se que não houve diferença estatística (P>0,05) entre os cruzamentos genéticos avaliados e entre os horários avaliados (Tabela 1). O tipo de glândula e o ambiente térmico onde estão os animais são importantes para eficiência da sudorese (Silva, 1999; Gebremedhin e Wu, 2002). O sistema termorregulatório dos animais F1 foi eficiente no sentido de manter a homeotermia, durante o verão onde são verificados valores elevados de temperatura do ar e umidade relativa devido às chuvas. Dessa forma, os animais F1 quando expostos a ambientes com ITGU variando de 76 a 85,3 não expressam desconforto térmico.

Conclusões

O Índice de temperatura do globo e umidade atingiu valores considerados estressantes, porém os ambientes de criação não proporcionaram estresse climático, uma vez que não alterou a taxa de sudação dos animais F1 HxZ avaliados.

Gráficos e Tabelas




Referências

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