Técnicas indicativas do potencial reprodutivo de rainhas Apis mellifera Africanizadas

Isabela Carneiro Busto1, Érica Gomes de Lima2, Heber Luiz Pereira3, Victor Okabe Gonçalves4, Cláudio Gomes da Silva Júnior5, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo6
1 - Universidade Estadual de Maringá
2 - Universidade Estadual de Maringá
3 - Universidade Estadual de Maringá
4 - Universidade Estadual de Maringá
5 - Universidade Estadual de Maringá
6 - Universidade Estadual de Maringá

RESUMO -

O perfeito desenvolvimento da colônia depende principalmente da sua progenitora, a rainha. A progênie herda parte das características da sua mãe. O objetivo foi avaliar três diferentes genótipos com embasamento no número de ovaríolos como indicativo de qualidade reprodutiva e a correlação com o peso das rainhas após à emergência. O projeto foi realizado na Fazenda Experimental de Iguatemi da Universidade Estadual de Maringá, no Setor de Apicultura. Foram utilizadas quatro colônias matrizes de diferentes genótipos que forneceram larvas para a produção das rainhas. A produção das rainhas seguiu o método de Doolittle (1889). As rainhas produzidas foram pesadas e mensuradas em seu abdômen. As rainhas virgens (60 rainhas) mais pesadas foram dissecadas e em seguida foram quantificados os números de ovaríolos dos ovários. As análises estatísticas foram processadas utilizando o software estatístico R. O peso das rainhas variou de 0,1629 mg a 0,2323 mg apresentando média de 0,1969 mg. Observou-se correlação positiva entre o peso da rainha e o número de ovaríolos (r=0,257551). Foram observados correlação entre os genótipos e o número de ovaríolos. O ovário direito do genótipo geleia e mel (p=0,006), ovário esquerdo da genética pólen e mel (p=0,00139) e geleia e mel (p=0,00420). Os genótipos e o peso da rainha não apresentaram correlação (p=0,3242). Concluiu-se que o peso da rainha à emergência pode ser utilizado como técnica indicativa do seu potencial reprodutivo.

Palavras-chave: Ovaríolos, Ovários, Potencial Reprodutivo

Techniques indicative of the reproductive potential of Africanized Apis mellifera

ABSTRACT - The perfect development of the colony depends mainly on its progenitor, a queen. The progeny inherit part of the characteristics of its mother. The objective was three different types with the number of reproductive quality indexes and a correlation with the weight of the rains after the emergency. The project was carried out at the Experimental Farm of Iguatemi of the State University of Maringá, in the Beekeeping Sector. Four colonies of different genotypes were used to produce larvae for the production of queens. The rainfall production followed the method of Doolittle (1889). As the queens produced were weighed and measured in her abdomen. As virgin queens (60 queens) heavier were dissected and then the ovarian numbers of the ovaries were quantified. Statistical analyzes were performed using statistical software. The weight of the varieties ranged from 0.1629 mg to 0.2323 mg, with an average of 0.1969 mg. There was a positive correlation between the weight of the queen and the number of ovaries (r = 0.257551). Correlation between genotypes and number of ovaries was observed. (P = 0.006), left ovary of pollen and honey genetics (p = 0.00139) and jelly and honey (p = 0.00420). The genotypes and weight of the queen did not present correlation (p = 0,3242). It was concluded that the queen's weight can be used as a technique indicative of her reproductive potential.
Keywords: Ovaries, Reproductive Potential


Introdução

Características morfológicas e fisiológicas da rainha é um indicador do seu potencial reprodutivo (Faquinello et al., 2011; Tarpy et al., 2011; Halak, 2012; Metorima et al., 2015). Sua qualidade é refletida no seu peso, postura e longevidade (De Souza, 2009). A substituição das piores rainhas por melhores é uma das técnicas que faz com que os apicultores consigam ter aumento na sua produção e produtividade, visto que, a rainha de uma colônia transfere às operárias toda a sua genética. O simples uso dessa técnica, reduziria os custos, aumentaria a produção e influenciaria positivamente para o sucesso na atividade (Chaves et al., 2012). Não existe atualmente uma técnica padrão efetiva que permita identificar o potencial reprodutivo da rainha, sendo assim, a existência da necessidade de padronizar uma técnica específica que indique o verdadeiro potencial reprodutivo da rainha Apis mellifera Africanizada. Vários estudos estão sendo feitos no Brasil, mas ainda existe a necessidade de outros estudos para melhor compreensão da biologia reprodutiva da abelha africanizada. Diante do exposto, objetivou-se avaliar três diferentes genótipos de abelhas rainhas Africanizadas com embasamento no número de ovaríolos como indicativo de qualidade reprodutiva e a correlação com o peso das rainhas após à emergência.

Revisão Bibliográfica

A rainha é o indivíduo mais importante influenciando diretamente na genética e no comportamento social da colônia (Winston, 2003). O sistema reprodutor da rainha inclui: ovários, ovidutos laterais, oviduto comum mediano, espermateca e glândula acessória. A rainha virgem possui apenas duas regiões nos ovaríolos: o filamento terminal e o germário, mas após o seu acasalamento passam a desenvolver o vitelário (LANDIM, 2009). Determinadas características podem indicar a qualidade da rainha. O peso das rainhas à emergência é considerado a mais importante entre as características morfométricas podendo ser utilizado como critério de seleção (Akyol et al., 2008; Metorima et al., 2015). O uso de técnicas que indiquem o potencial da rainha é de extrema importância para o avanço da atividade apícola. Um indicativo direto desta característica seria alguma técnica relacionada ao seu aparelho reprodutor. Uma rainha mais pesada seria um indicativo para um abdômen maior, com maiores ovários, contendo números elevados de ovaríolos, com capacidade de fazer várias posturas e assim contribuir para o crescimento e sobrevivência da colônia.

Materiais e Métodos

O estudo foi realizado no Setor de Apicultura da Fazenda Experimental de Iguatemi, pertencente a Universidade Estadual de Maringá. As produções de rainhas foram realizadas nos meses de março a abril de 2016. A produção de rainhas foi baseada no método de Doolittle (1889). Foram transferidas 135 larvas. Após as transferências os quadros porta cúpulas, contendo 45 larvas, cada, foram inseridos na parte central, superior das colônias minirrecrias. As 20 rainhas virgens mais pesadas, de cada genótipo, foram avaliadas a cada produção quanto ao número de ovaríolos, totalizando no fim do experimento 60 rainhas virgens avaliadas quanto a esta característica. Para a quantificação do número de ovaríolos as rainhas virgens foram dissecadas logo após a mensuração e pesagem. As rainhas virgens foram insensibilizadas e dissecadas. Posteriormente, as amostras foram incluídas em parafina histológica em estufa a 60ºC. Foram realizadas 3 trocas de parafina a intervalos de 30, 60 e 90 minutos.  A seguir as secções eram desidratadas em concentrações crescentes de álcool etílico (90%, 100% e 100% a cada 3 minutos), e imersas em xilol com duas trocas a cada três minutos. Depois de coradas e secas, as laminas foram cobertas por lamínulas e seladas com Entellan Merk. Os ovaríolos eram contados com o auxílio de um microscópio biológico binocular. Foram utilizada a média das três contagens para se determinar a quantidade de ovaríolos por ovário. As análises estatísticas foram processadas utilizando o software estatístico R (2014). As produções das rainhas e as suas características morfológicas, foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Tukey considerando o nível de significância de 5%.

Resultados e Discussão

O peso das rainhas variou de 0,1629 mg à 0,2323 mg apresentando média de 0,1969 mg. Foram consideradas rainhas leves (<0,200 mg) e rainhas pesadas (>0,200 mg) e observou-se correlação positiva entre o peso da rainha e o número de ovaríolos (r=0,257551). Obteve-se uma média do ovário esquerdo e direito entre 192 a 395 ovaríolos. A média de cada ovário foi entre 88 a 104 ovaríolos. Segundo Snodgrass (1956) desenvolve-se de 160 a 180 ovaríolos em média em cada ovaríolo. Foram observados correlação entre os genótipos e o número de ovaríolos. O ovário direito dos genótipos geleia e mel (p=0,006), ovário esquerdo dos genótipos pólen e mel (p=0,00139) e geleia e mel (p=0,00420). Os genótipos e o peso da rainha não apresentaram correlação (p=0,3242). Alguns autores asseguraram que o peso da rainha à emergência está correlacionado com o potencial reprodutivo da rainha (Hoopingarner & Farrar 1959; Boch & Jamielson 1960; Tarpy et al. 2000; Gilley et al. 2003; Kahya et al. 2008). Fundamentado nisso, estima-se que o peso da rainha ao emergir consiste em um possível indicador da qualidade reprodutiva, bem como da longevidade destas. Com este estudo recomendamos uma técnica que futuramente poderá ser padronizada como principal indicador da qualidade reprodutiva de rainhas Apis mellifera Africanizadas. O apicultor, pesquisador ou os demais interessados em adquirir rainhas com um elevado potencial reprodutivo poderá obter de empresas e universidades que adotem essa técnica como padrão. Obtendo assim a certeza da qualidade do material a ser adquirido.

Conclusões

O peso da rainha de Apis mellifera Africanizadas à emergência pode ser utilizado como técnica indicativa do seu potencial reprodutivo.



Gráficos e Tabelas




Referências

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