Utilização da suplementação de bovinos em sistemas a pasto na cidade de Itapagipe – MG
2 - Zootecnista
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RESUMO -
Objetivou-se analisar o perfil dos produtores rurais de Itapagipe – MG, no que se refere à utilização da suplementação de bovinos. A realização da pesquisa requereu um estudo exploratório, com abordagem quantitativa e qualitativa dos produtores rurais do município. Analisou-se o tamanho do universo a partir do número de propriedades existentes (2102), para determinação do tamanho da amostra. Aplicou-se 324 questionários aos produtores rurais, de forma presencial, visitas às propriedades, eventos e e-mail. Observou-se que 55% dos produtores rurais não fazem uso da suplementação. Verificou-se que 78% das propriedades rurais possuem baixo nível tecnológico, 20% dos produtores possuem médio nível tecnológico e 2% das propriedades alto nível tecnológico. Cerca de 60% dos produtores não desejam iniciar a utilização e apenas 40% dos produtores pretendem começar. Conclui-se que a adoção de suplementação é baixa, mas há interesse crescente dos produtores rurais em utilizá-la.
Using cattle supplementation in pasture systems in Itapagipe – MG
ABSTRACT - The objective of this study was to analyze the farmers profile in the city Itapagipe – MG regarding the use of cattle supplementation. The accomplishment of the research required an exploratory study, with quantitative and qualitative approach of the farmers. The number of rural properties, 2102, was used to determine the sample size. A total of 324 questionnaires were applied to the farmers in agricultural stores, visits to the farms, events and by e-mail. It was observed that 55% of the farmers don’t use supplementation. It was verified that 78% of the farms have a low technological level, 20% have a medium technological level and only 2% have high technological level. Around 60% of the farmers don’t want to start using supplementation. It is concluded that there is a low adoption of supplementation, but there is growing interest of the farmers to use it.Introdução
A produção de carne bovina no Brasil é predominantemente baseada na utilização de pastos, pois é a forma mais econômica de alimentação. Com 174 milhões de ha de pastagens e o maior rebanho bovino comercial do mundo, com 210 milhões de cabeças (IBGE, 2010), o Brasil destaca-se no mercado mundial de carnes. No entanto, o sistema de produção em nosso país é caracterizado por pastagens exploradas com baixo uso de tecnologia, limitando uma pecuária produtiva e lucrativa. Com isto, ferramentas como o correto manejo das pastagens e a suplementação estratégica podem melhorar a eficiência do sistema.
A deficiência de nutrientes nas pastagens é um fator que leva à suplementação dos animais via cocho, pois exclusivamente em pastagens não são atendidas as exigências nutricionais dos animais, para os níveis de desempenho desejados hoje. O mito que a melhor época do ano para se realizar a suplementação animal é na seca é equivocado, visto que o principal nutriente limitante, nesta época, é a proteína. A importância de ressaltar que quanto mais o animal produz, maior a sua necessidade exigência de nutrientes explica essa necessidade é exatamente ao contrário, pois nas águas o animal estará produzindo muito, necessitando de nutrientes, inclusive dos minerais.
Objetivou-se realizar o levantamento do número de produtores da região de Itapagipe - MG que utilizam a suplementação de bovinos, quais as formas de suplementação, qual época do ano e seus níveis de utilização.
Revisão Bibliográfica
O Brasil possui 174 milhões de ha de pastagens e rebanho bovino de 210 milhões de cabeças (IBGE, 2010), merecendo destaque no mercado de carne. Mesmo assim, o sistema de produção de carne no país ainda é caracterizado por pastagens com baixo uso de tecnologia. Ferramentas como o correto manejo das pastagens e a suplementação estratégica podem melhorar a produtividade e rentabilidade da bovinocultura. A alimentação dos bovinos no Brasil é baseada nas pastagens. Ao longo do ano, em decorrência principalmente de fatores ambientais como a radiação solar, temperatura e disponibilidade hídrica, ocorre a sazonalidade de produção das pastagens, acompanhada de flutuação no seu valor nutritivo. Com isto, a suplementação visa corrigir as deficiências e, ou variabilidade do valor nutritivo da pastagem. Oliveira (2014) e Valente (2015) avaliaram o capim-marandu sob lotação contínua em três alturas do pasto (15, 25 e 35 cm) para recria de bovinos, recebendo ou não suplemento. Os autores relataram que o aumento da altura do pasto resultou em aumento da oferta de forragem e consequentemente maior consumo e desempenho animal. Ademais, quando os animais foram suplementados, a resposta a suplementação na maior altura do dossel (35 cm) foi 50% menor quando comparada com animais mantidos na menor altura. Sendo assim, a resposta kg suplemento.kg ganho-1 é diminuída com o aumento da oferta de forragem de qualidade, em contra partida, pastos manejados mais baixos (15 cm) sem suplementação, poderão comprometer o desempenho animal e a viabilidade do sistema. Na fase de terminação de bovinos a suplementação de alto consumo (1,5 a 2,0% do PC) é alternativa ao sistema de terminação convencional (confinamento). Moretti (2015) terminou garrotes Nelore de 387 kg de peso vivo, em dois sistemas de confinamento (pasto e confinamento). Os animais receberam o mesmo concentrado e na mesma quantidade, sendo apenas acrescentado bagaço de cana à dieta dos animais confinados. Os animais confinados apresentaram ganho de 1,065 kg/dia contra 0,840 kg/dia dos terminados no pasto. Contudo, ao se analisar o rendimento do ganho desses animais a diferença que era de 200 g diminuiu para 43 g.dia-1. Com o alto consumo de suplemento e reduzido de forragem, houve aumento na taxa de passagem em função da maior digestibilidade da dieta, resultando em diminuição do conteúdo do trato digestivo.Materiais e Métodos
O levantamento sobre a utilização da suplementação de bovinos em sistemas a pasto foi realizado através de aplicação de questionário no município de Itapagipe – MG, no período de março a maio de 2015. A cidade é composta pelos biomas: Cerrado e Mata Atlântica. A cidade está localizada a uma altitude de 420 metros, possui uma densidade de 7,61 hab.km-², possui um clima característico da zona tropical e fuso horário UTC – 3. O município possui uma economia sustentada predominantemente na agropecuária, possuindo 191.228 cabeças de bovinos (IBGE, 2014).
Para esse estudo, analisou-se o tamanho do universo a partir de dados e do número de propriedades existentes na região, cedidos pela EMATER-MG. A partir da fórmula estatística para determinação do tamanho da amostra em população finita, determinou-se que o número de propriedades que participariam do levantamento seria de aproximadamente 324 propriedades. Após determinado o tamanho da amostra, estas foram selecionadas aleatoriamente para realização do questionário sobre as características das propriedades, dos proprietários e utilização da suplementação.
O questionário aplicado constituiu-se de 20 perguntas, sendo 18 de múltipla escolha e apenas duas para o preenchimento de quantidade. O tamanho da propriedade foi determinado segundo o INCRA, sendo cada módulo rural no município de Itapagipe – MG, equivalente a 30 hectares.
O questionário foi aplicado aos produtores por meio de visitas às propriedades, via contato telefônico e e-mail, abordagem aos produtores em e lojas agropecuárias.
Utilizou-se Microsoft Excel Starter 2013. Seus recursos incluem uma interface intuitiva e capacitadas ferramentas de cálculo e de construção de gráficos, que auxiliou na construção dos mesmos, tabulação dos dados e na interpretação dos resultados.
Para realizar a análise do conjunto de dados extraídos, utilizou aporte aos princípios da estatística descritiva.
Resultados e Discussão
Verificou-se que as propriedades tinham tanto a pecuária de corte como a de leite como principal atividade perfazendo um total de 42%. A pecuária de corte como principal atividade está presente em 35% das propriedades e 23% trabalham somente com a pecuária de leite (Figura 1).
No que tange à suplementação de bovinos, observou-se que 55% das propriedades rurais não são adeptas ao uso desta tecnologia e 45% fazem uso da suplementação de bovinos em sistemas a pasto (Figura 2). É evidente que se deve fazer uma conscientização dos produtores, empregando cada vez mais tecnologias para a alimentação animal, e melhorando o aproveitamento das pastagens.
Dentre os produtores entrevistados que fazem a suplementação, 54% utilizam a tecnologia somente na época seca do ano, 46% suplementam os animais nas duas épocas do ano, e nenhum faz a suplementação somente na época das águas (Figura 3).
Euclides et al. (2007), analisando resultados de experimentos sobre desempenho de bovinos de corte em pastagens suplementadas durante o período seco do ano, constataram que o desempenho animal geralmente melhora quando se utiliza maiores quantidades de suplemento, que o maior efeito da suplementação é obtido em pastagens com maior disponibilidade de forragem e que o maior desempenho animal ocorre quando a forragem possui melhor valor nutritivo.
Contudo, a maioria dos produtores, de forma errônea acreditam que as pastagens durante o período das águas, estando com grande proporção de folhas estão suprindo todas as exigências nutricionais dos animais. Desse modo, os animais deixam de expressar o seu máximo potencial produtivo.
Conforme Pascoal, Restle e Roso (1999), o uso da suplementação em pastagens na época das águas proporciona melhor aproveitamento de grande quantidade de proteína produzida pelas forrageiras utilizadas, propiciando maior ganho de peso diário por animal. É imprescindível, portanto, trabalhar com a suplementação nas duas épocas, a fim de garantir o desempenho animal ao longo do ano.
Dentre as vantagens em utilizar a suplementação, 50% dos produtores rurais relatam que a principal é o aumento do ganho de peso diário dos animais (Figura 4). Para 23% dos produtores a vantagem está em aumentar a taxa de lotação. Seguidamente, com 12% outras vantagens que não estavam no questionário; 9 % dos produtores acreditam que diminui a idade a cobertura; e 6% diminui a idade ao abate.
De maneira geral, os produtores que desejam iniciar a suplementação devem fazer um estudo dos recursos disponíveis, qual a finalidade e buscar uma orientação técnica para garantir melhores resultados.
Conclusões
A adoção ou não da suplementação se constitui em uma tecnologia que pode limitar ou potencializar a produtividade da pecuária nacional. Com o desenvolvimento da pesquisa concluiu-se que 45% dos produtores utilizam a suplementação e 55% não utilizam. Adicionalmente, aduz-se que 60% dos produtores rurais que não utilizam a suplementação não desejam iniciar, enquanto outros 40% desejam dar início a suplementação.Gráficos e Tabelas
