Utilização de níveis de Lippia alba em relação a estratégia alimentar de juvenis de jundiá
Luiza Beatriz Hermes1, Letiely Francine Rodrigues dos Santos2, Rafael Lazzari3, Juliano Uczay4, Eduardo Kelm Battisti5, Samuel Marasca6, Thamara Luísa Staudt Schneider7, Diego de Oliveira Garcia8
1 - Universidade Federal de Santa Maria
2 - Universidade Federal de Santa Maria
3 - Universidade Federal de Santa Maria
4 - Universidade do Estado de Santa Catarina
5 - Universidade Federal de Santa Maria
6 - Universidade Federal de Santa Maria
7 - Universidade Federal de Santa Maria
8 - Universidade Federal de Santa Maria
2 - Universidade Federal de Santa Maria
3 - Universidade Federal de Santa Maria
4 - Universidade do Estado de Santa Catarina
5 - Universidade Federal de Santa Maria
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7 - Universidade Federal de Santa Maria
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RESUMO -
Avaliou-se diferentes estratégias alimentares e o uso do pó da folha de Lippia alba no crescimento de jundiás. Foram utilizados 360 jundiás e testadas 3 estratégias alimentares (7 dias de alimentação, 6 dias de alimentação/1 dia de jejum e 5 dias de alimentação/2 dias de jejum), sem a inclusão de pó de folha de L.alba e com a inclusão de 0,5%. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com arranjo fatorial (3 x 2), com 3 repetições. Foram aferidos parâmetros zootécnicos, sendo assim o crescimento em relação a restrição de 1 dia não mostrou-se diferente da alimentação diária e a inclusão da Lippia teve efeito negativo para o mesmo. A estratégia alimentar com 1 dia de jejum apresentou melhor crescimento. Os peixes alimentados com a dieta sem a inclusão de L. alba mostram-se maiores.
Palavras-chave: Rhamdia quelen, restrição alimentar, jejum, erva cidreira brasileira
Use of Lippia alba levels in relation to the diet strategy of juvenile silver catfish
ABSTRACT - Different dietary strategies and the use of leaf powder of Lippia alba were evaluated in silver catfish growth. It was used 360 silver catfish and three feeding strategies were tested (7 days of feeding, 6 days of feeding / 1 day of fasting and 5 days of feeding / 2 days of fasting), without the inclusion of L. alba leaf powder and with inclusion of 0.5%. The experimental design was completely randomized with a factorial arrangement (3 x 2), with 3 replicates. Zootechnical parameters were checked, thus, 1 day restriction was not different from the daily diet and Lippia inclusion was not positive. The fasting strategy with 1 day of fasting presented better growth. The fish which were fed with the diet without the addition of L. alba shown to be larger.Keywords: Rhamdia quelen, Food restriction, fasting, Brazilian lemon grass
Introdução
A expansão da aquicultura está relacionada com a demanda de pescado pela população mundial e o decréscimo significativo dos estoques naturais. (Fao, 2014). Entretanto, ainda encontramos alguns entraves na produção de peixes como a carência e alto custo de mão de obra. Uma maneira de atenuar estas dificuldades é utilizando a restrição alimentar, que pode melhorar e facilitar o manejo, sendo aplicável ao setor produtivo. Isto afeta também as pequenas propriedades rurais, cuja estrutura familiar está baseada em uma população cada vez mais caracterizada pela ausência de trabalhadores jovens (Maclean e Metcalfe, 2001). Peixes em estado de desenvolvimento mais avançado podem ser submetidos a privação alimentar mais severa, por demonstrarem compensação de crescimento. (Takahashi et al., 2010). Entretanto este manejo pode causar estresse ao animais resultando em consequências indesejáveis, como a redução das taxas de crescimento e perda de peso.(Barcellos et al., 2000) A utilização de plantas ou seus extratos em dietas para peixes é uma prática que vem demonstrando resultados promissores, por possuírem substâncias químicas em sua composição que podem ser benéficas aos animais, atuando como antioxidantes ou promotores de crescimento (Zheng et al., 2009). Buscou-se avaliar, os parâmetros zootécnicos de jundiás alimentados com níveis do pó de folha de L. alba na dieta e submetidos a diferentes estratégias alimentares.Revisão Bibliográfica
Em sistemas aquáticos naturais, devido principalmente à alta variação de disponibilidade de alimento, peixes experimentam diferentes graus de jejum durante as fases de vida, causando alterações nas taxas de crescimento (Chappaz et al., 1996). Existem relatos que muitas espécies de peixes de clima temperado alimentam-se vorazmente durante o começo da primavera, de forma a compensar o atraso no crescimento ocorrido durante um período de inverno com pouca disponibilidade de alimento (Goddard, 1996). O aumento da taxa de crescimento logo após o período de estresse nutricional é resultado de algumas estratégias adotadas pelo organismo como: consumo de maior quantidade de alimento durante o período pós-estresse (hiperfagia), aumento da eficiência alimentar (melhor digestão e absorção de nutrientes) (Ali et al., 2003). Estratégias básicas como mudanças no manejo alimentar podem ser aplicadas na piscicultura com o intuito de incrementar a produtividade, qualidade do pescado e minimizar impactos ambientais. A adoção de um manejo alimentar satisfatório que venha suprir as exigências nutricionais nas diferentes fases de desenvolvimento dos peixes, sem causar estresse, permite melhorar o crescimento, sobrevivência e conversão alimentar, contribuindo para reduzir o desperdício de ração e excreção de resíduos (Kindschi, 1998). A Lippia alba é uma planta nativa, sua composição contém quantidades consideráveis de compostos fenólicos (Chies et al., 2013; Morais et al., 2013). Esses compostos são encontrados nos alimentos e são potentes antioxidantes (fitoterapicos). A atividade antioxidante dessas substâncias é de interesse nutricional, uma vez que tem sido associada à potencialização de efeitos promotores da saúde através da prevenção de várias doenças, potencializando assim o crescimento. Porém, estudos conduzidos nesse sentido ainda são escassos com espécies nativas, como é o caso do jundiá (Rhamdia quelen), é um peixe com razoável resistência ao manejo, boa eficiência alimentar, elevado potencial para o cultivo, boa aceitação comercial, possuindo ainda características desejáveis para produção como crescimento satisfatório, facilidade de reprodução e larvicultura (Radünz Neto E Borba, 2012).Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido no Laboratório de Piscicultura da Universidade Federal de Santa Maria campus Palmeira das Missões. Utilizando sistema de recirculação de água e filtragem biológica com 18 tanques de polipropileno (250L). A Lippia alba utilizada foi cultivada na Universidade Federal de Santa Maria campus Frederico Westphalen. Para o estudo foram utilizados 360 juvenis de jundiá (Rhamdia quelen) com peso médio 6,25g±3,18 (20 por tanque). O experimento foi organizado em delineamento experimental inteiramente ao acaso com arranjo fatorial 3 X 2 (3 estratégias alimentares: 7 dias alimentação; 6 dias de alimentação/1 jejum; 5 dias alimentação/2 jejum) e 2 níveis de pó de folha: 0 e 0,5% As dietas foram formuladas de forma isoproteica (38% de proteína bruta (PB)) e isoenergéticas (3.224 kcal/kg de Energia digestível (ED)) conforme (Lazzari et al. 2008) (Tabela 1). Os animais foram alimentados com 3 % da biomassa total. Ao final da semana todas as unidades experimentais receberam a mesma quantidade de ração. Para os animais com restrição foi feito o ajuste da quantidade semanalmente através da biomassa de cada unidade experimental. Para o controle da qualidade da água foi realizada sifonagem dos resíduos. A temperatura e o oxigênio dissolvido foram averiguados diariamente e a amônia total, nitrito total, alcalinidade e a dureza total semanalmente. Os parâmetros de qualidade da água se mantiveram dentro dos recomendados para a espécie (Baldisserotto et al., 2004) No início e no final do experimento todos os peixes foram pesados e medidos individualmente a fim de determinar os parâmetros de crescimento (Tabela 2). Os dados obtidos foram submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Quando não enquadrados nessa distribuição, foi realizada a detecção de observações influentes (outliers). Os dados foram submetidos à ANOVA de duas vias, sendo as médias, quando significativas, comparadas pelo teste de Tukey e teste T.Resultados e Discussão
Ao final do período experimental (63 dias), o peso médio (PM) dos peixes do tratamento com 1 dia de restrição não diferiu significativamente do sem restrição. Para os parâmetros de comprimento total (CT), ganho de peso relativo (GPR) e biomassa (BIO), a estratégia alimentar com 2 dias de restrição influenciou negativamente. No comprimento padrão (CP) houve decréscimo em relação ao aumento dos dias de restrição (Tabela 2). Os dados coletados demonstram que não existe diferença significativa no peso dos peixes que passaram por 1 dia de restrição alimentar não afetando assim o desempenho destes animais. Isso ocorre devido a recuperação parcial do crescimento, ou seja, crescimento compensatório parcial onde o animal não atinge o mesmo tamanho no mesmo tempo, porém apresenta alta taxa de crescimento e eficiência alimentar(Ali et al., 2003). A inclusão do pó da folha de Lippia alba nas dietas ocasionou diminuição na taxa de crescimento dos peixes. O mesmo não ocorreu quando apenas o OE (Óleo Essencial) desta planta foi adicionado nas dietas de jundiás, não influênciando os parâmetros de crescimento (Saccol et al., 2013). A diminuição no desempenho dos peixes pode estar relacionada com compostos presentes no pó da folha e que não estão presentes em outros derivados oriundos dessa planta. Esses compostos provavelmente atuaram como antinutrientes na alimentação dos peixes. Após a análise de taninos totais presentes em plantas como a L. alba verificou-se que possui altos teores deste composto fenólico em sua composição, contendo 18,9% de taninos totais na planta (% equivalente ao ácido tânico). Os taninos são antinutrientes, pois provocam efeitos adversos na digestibilidade da proteína, carboidratos e minerais (Benevides et al., 2011; Bergamin et al., 2013). Portanto, os taninos presentes no pó da folha de L. alba, podem ser o principal antinutriente que influenciou negativamente na taxa de crescimento dos jundiás.Conclusões
O manejo de restrição alimentar (1 dia de jejum) sem a adição de pó de L.alba é recomendado para juvenis de jundiá.Gráficos e Tabelas
