Viabilidade do uso da casca do coco verde como alternativa alimentar na nutrição de ruminantes

Thais Santana Soares1, Pablo Teixeira Viana2, Gonçalo Mesquita da Silva3, Mirelle Costa Pignata Viana4, Hosnerson Renan de Oliveira Santos5, Alexandro Andrade Pereira6, Heurisongley Sousa Teixeira7, Bárbara Louise Pacheco Ramos8
1 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
2 - Faculdade Guanambi – FG
3 - Faculdade Guanambi – FG
4 - Faculdade Guanambi – FG
5 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
6 - 4Núcleo de Estudo e Pesquisas em Produção Animal. UNEB
7 - Faculdade Guanambi – FG
8 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

RESUMO -

Objetivou-se com a realização deste trabalho avaliar a composição bromatológica da casca do coco verde (FVF) como fonte de alimento volumoso alternativo na nutrição de ruminantes. O experimento foi realizado no Laboratório de Bromatologia e Nutrição Animal da Faculdade Guanambi – FG. A FVF foi adquirida de uma agroindústria de água de coco localizada no Município de Guanambi, BA. Após desintegração o material foi armazenados in natura e em sacos plásticos tipo bag. Verificou-se que o teor de matéria seca (MS) foi influenciado pelo processo de conservação, observando aumento nos teores de MS no armazenamento em recipientes tipo bags em comparação ao material in natura. Houve efeito entre o material in natura e o conservado para os constituintes da parede celular, FDN, FDA, hemicelulose e lignina, com exceção para celulose. A casca do coco verde apresenta características físicas e nutricionais adequadas para uso como fonte de alimento volumoso alternativo na nutrição de ruminantes.

Palavras-chave: Cocus nucifera L., fibra de coco, resíduo, volumoso

Feasibility of using the bark of the coconut as a food alternative in ruminant nutrition

ABSTRACT - The objective of this essay was to evaluate the bromatological composition of the green coconut shell (FVF) as an alternative bulk feed source for ruminant nutrition. The experiment was carried out at the Laboratory of Bromatology and Animal Nutrition of Guanambi College - FG. FVF was acquired from a coconut water agroindustry located in the municipality of Guanambi, Bahia. After the disintegration of the material for storage at home and for bag-type plastic bags. It was verified that the dry matter content (DM) was influenced by the conservation process, observing the increase of DM contents. There was an effect between the in natura and preserved material for the constituents of the cell wall, NDF, FDA, hemicellulose and lignin, except for cellulose. The green coconut shell presents physical and nutritional characteristics suitable for use as an alternative bulk food source for ruminant nutrition.
Keywords: cattle, Cocos nucifera L., sheep and goat farming, bulky


Introdução

O aumento do consumo de água-de-coco verde e o crescimento natural das empresas para sua industrialização vêm causando problema de disposição final das cascas como resíduo final gerado após o beneficiamento do fruto.

Estima-se que o Brasil possui uma área plantada de 100 mil hectares de coqueiro, destinados à produção do fruto verde para o consumo da água-de-coco. As cascas geradas por este agronegócio representam 80% a 85% do peso bruto do fruto e cerca de 70% de todo lixo gerado nas praias brasileiras representa cascas de coco verde (Rosa et al., 2002).

Segundo informações de indústrias do setor, a fibra de coco verde apresenta características desejadas para elaboração de substrato agrícola, entretanto, por apresentar inviabilidade na comercialização, a fibra gerada nas agroindústrias vem sendo utilizadas em fornos industriais, dessa forma, suas fibras não são beneficiadas, sendo a casca geralmente descartada.

Como a minimização da geração desse resíduo implicaria a redução da atividade produtiva associada, objetivou-se com a realização deste trabalho avaliar a composição bromatológica da casca do coco verde como fonte de alimento volumoso alternativo na nutrição de ruminantes.

O Brasil possui vastos campos excelentes para a prática da bovinocultura, entre outras culturas de animais quadrúpedes e se tratando de um país tropical que, em determinados períodos do ano, sofre com a estiagem, principalmente nas regiões norte, nordeste e centro-oeste, os campos e pastagens ficam secos não tendo onde os animais se alimentar (Castilhos, 2011). Devido importância da alimentação nos sistemas de produção animal, principalmente em períodos críticos, os dados de composição química e valor nutritivo de alimentos são relevantes para suprir as necessidades nutricionais dos animais, são fatores fundamentais para o desenvolvimento e condução do setor produtivo (Rodrigues Filho, 1997). Por isso há a necessidade de analisar e verificar a viabilidade de alimentos alternativos, para a utilização e assim ampliando ainda mais a cadeia produtiva de produtos, gerando opções de utilização. A casca de coco verde (Cocos nucifera) é um resíduo agrícola com alto potencial de aproveitamento, mas existe poucas ações de reaproveitamento ‘no Brasil (Pereira, 2012). A fibra do coco verde é um subproduto, disponível em zonas tropicais a partir do processamento de água de coco. Este subproduto compõe-se de lignocelulose de alta resistência e durabilidade (Araújo Neto, 2013). A fibra é um constituinte importante da dieta dos ruminantes, representando fator limitante ao funcionamento do rúmen e ao desempenho produtivo (Canesin, 2012). Assim, verifica a necessidade de se estudar a viabilidade de incluir fontes alimentares alternativas e quantificar as respostas dos animais, em termos produtivos e econômicos (Pompeu et al., 2006). Neste contexto se encaixa o uso da fibra de coco como complementação alimentar para os animais.

Revisão Bibliográfica

O Brasil possui vastos campos excelentes para a prática da bovinocultura, entre outras culturas de animais quadrúpedes e se tratando de um país tropical que, em determinados períodos do ano, sofre com a estiagem, principalmente nas regiões norte, nordeste e centro-oeste, os campos e pastagens ficam secos não tendo onde os animais se alimentar (Castilhos, 2011).

Devido importância da alimentação nos sistemas de produção animal, principalmente em períodos críticos, os dados de composição química e valor nutritivo de alimentos são relevantes para suprir as necessidades nutricionais dos animais, são fatores fundamentais para o desenvolvimento e condução do setor produtivo (Rodrigues Filho, 1997). Por isso há a necessidade de analisar e verificar a viabilidade de alimentos alternativos, para a utilização e assim ampliando ainda mais a cadeia produtiva de produtos, gerando opções de utilização.

A casca de coco verde (Cocos nucifera) é um resíduo agrícola com alto potencial de aproveitamento, mas existe poucas ações de reaproveitamento ‘no Brasil (Pereira, 2012). A fibra do coco verde é um subproduto, disponível em zonas tropicais a partir do processamento de água de coco. Este subproduto compõe-se de lignocelulose de alta resistência e durabilidade (Araújo Neto, 2013).

A fibra é um constituinte importante da dieta dos ruminantes, representando fator limitante ao funcionamento do rúmen e ao desempenho produtivo (Canesin, 2012). Assim, verifica a necessidade de se estudar a viabilidade de incluir fontes alimentares alternativas e quantificar as respostas dos animais, em termos produtivos e econômicos (Pompeu et al., 2006).

Neste contexto se encaixa o uso da fibra de coco como complementação alimentar para os animais.



Materiais e Métodos

O experimento foi realizado no Laboratório de Bromatologia e Nutrição Animal da Faculdade Guanambi – FG, em Guanambi, BA, no período de junho a dezembro 2015. A casca do coco verde da variedade Nana (Anã) foi adquirida de uma agroindústria de água de coco localizada no Município de Guanambi, BA.

Após lavagem e higienização do fruto do coco, o mesmo foi processado para retirada da água e as cascas armazenadas em piso de cerâmica para posterior descarte. Foram coletadas 200 kg do fruto do coco de forma aleatória. Posteriormente o material foi e picado em fragmentos de 2,0 cm em ensiladeira estacionária.

Após desintegração o material foi homogeneizado, armazenados em sacos plásticos tipo bag onde foi compactado e selado contendo 3,0 kg cada. Cinco amostras (repetições) foram congeladas a – 10°C para posteriores análises e outras cinco amostras foram armazenadas em temperatura ambiente. Após 30 dias de armazenamento, todo material, congelado e mantido em temperatura ambiente foi aberto, homogeneizado, onde parte das amostras foram acondicionadas em estufa de pré-secagem durante 72 horas a 65°C. Posteriormente, foram trituradas em moinho tipo Wiley com peneira de malha de 1 mm, onde foram avaliadas os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), celulose, hemicelulose, lignina, extrato etéreo (EE), cinzas e matéria orgânica (MO) segundo procedimentos descritos por Detmann et al. (2012) e os teores de nutrientes digestíveis totais (NDT em %MS) estimado conforme Cappelle et al. (2001).

O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com dois tratamentos e cinco repetições. Os resultados foram interpretados por meio de análises de variância, utilizando o teste F utilizando α = 0,05 através do programa SAEG – Sistema para Análises Estatísticas (Ribeiro Júnior, 2001)

 

Resultados e Discussão

Estudos recentes sugerem a utilização do resíduo da casca do coco verde na agricultura, elaboração de enzimas (Rodrigues et al., 2008), construção civil (Bezerra et al., 2001), entre outros. A composição bromatológica da casca do coco verde após desintegração, processamento e conservação, como alternativa de alimento volumoso na alimentação de animais ruminantes corroboram com os resultados obtidos por Valadares Filho et al. (2015), conforme descritos na Tabela 1.

As propriedades físicas e químicas da casca do coco verde diferem entre as suas variedades e idade do fruto. Estas variáveis influenciam diretamente nos teores de matéria seca (MS), cinzas e lignina no conjunto do fruto (mesocarpo e endocarpo). Neste panorama, verificou-se que o teor de MS foi influenciado (P<0,05) pelo processo de conservação, observando aumento nos teores de MS durante o armazenamento em recipientes tipo bags em comparação ao material in natura (Tabela 1).

O processo de conservação atribuiu ao material perda de água, denominada efluentes, que configura ao produto final, denominada nesse estudo Fibra Verde Fina (FVF), uma recuperação de MS elevando a sua concentração.

O conhecimento das características do material antes do fornecimento ao animal como alimento volumoso configura grande importância para sua utilização na nutrição de ruminantes. Nesse particular, os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e ácido (FDA) são características mais importantes a serem observadas.

A fração FDN normalmente diminui em razão da solubilização parcial da hemicelulose. Entretanto, algumas vezes estes efeitos não foram relatados (Reis et al., 2003) caracterizando efeito oposto, o que pode ser observado no presente estudo. Houve efeito (P<0,05) para os constituintes da parede celular, FDN, FDA, hemicelulose e lignina, com exceção para celulose, não observando efeito (P>0,05) entre o material in natura e conservado.

A redução dos teores de FDN e FDA provavelmente deveu-se à baixa temperatura ambiental durante o período de conservação (Oliveira, 2011), completando o autor que o processo de conservação anaeróbico acondiciona a ação de microrganismos ao consumo de carboidratos não-fibrosos, elevando então a participação percentual do FDN e FDA (Tabela 1).



Conclusões

A casca do coco verde apresenta características físicas e nutricionais adequadas para uso como fonte de alimento volumoso alternativo na nutrição de ruminantes. Entretanto, novos estudos devem ser realizados a fim de avaliar a inclusão da fibra verde fina no desempenho animal.



Gráficos e Tabelas




Referências

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