A pegada hídrica, tema cada vez mais recorrente no meio agro e, principalmente, entre os pecuaristas, é um dos conceitos que avaliam a sustentabilidade de determinada atividade ou cadeia produtiva como um todo. Com a água cada vez mais escassa no mundo todo, conscientizar sobre o uso deste bem natural na produção é essencial e, para falar sobre o tema exclusivamente na pecuária de corte, o Canal do Boi convidou o zootecnista Júlio Palhares, da Embrapa Pecuária Sudeste.

“Isso não é mais moda. As questões ambientais chegaram pra ficar e a sociedade cada vez mais contesta: ‘sim, nós queremos consumir proteína animal com qualidade, com segurança, mas também com valores ambientais’. Então nós temos que mostrar para a sociedade que nós estamos praticando esses valores ambientais”, indicou o zootecnista.

Zootecnista Júlio Palhares (Foto: Reprodução)

Na pecuária de corte, a pegada hídrica é composta pelo somatório do consumo de água verde, que é a proveniente dos alimentos que consumiram água para a sua produção, como pasto, soja e milho, resultado de sua evapotranspiração; água azul, que é o consumo de fontes superficiais ou subterrâneas, como poços, nascentes, rios e açudes; e água cinza, que é aquela necessária para processar todos os resíduos gerados pela produção. O resultado destes indicadores mostra a eficiência em litros de água utilizados para produzir quilos de carne, seja da cadeia produtiva como um todo ou de uma operação mais específica, como o confinamento.

“Então se eu quero dar mais eficiência hídrica à minha produção de carne, eu deveria começar pela nutrição. E o que é basicamente? Fazer a nutrição bem feita, hoje se fala muito em zootecnia de precisão, nutrição de precisão. Se nós realmente exercitarmos esses conceitos, certamente, por tabela, nós vamos ter um produto hidricamente melhor”, explicou.

Júlio cita como exemplo um pasto degradado. Nestes casos, o animal vai precisar ficar mais tempo sob aquele pastejo para conseguir atingir o peso de abate esperado pelo pecuarista. Um pasto que esteja degradado também vai ter menos água na sua composição e o pasto, como qualquer alimento, é uma fonte de água para o animal. Logo, ao entregar este tipo de pasto aos animais, eles tendem a beber mais água do bebedouro, o que também influenciará na pegada hídrica.

“[…] Se eu erro minha formulação de concentrado e estou colocando proteína em excesso na minha dieta, isso para a ciência da nutrição animal já é muito bem conhecido – excesso de proteína faz com que o animal beba mais água, então eu estou consumindo mais água azul porque o boi está bebendo mais água e eu também estou consumindo mais água verde porque eu perdi a mão na minha fonte proteica, que ou é a soja ou qualquer outro alimento da fonte proteica. Tudo isso vai inflacionar o teu valor de pegada hídrica”, exemplificou Palhares.

CONSCIENTIZAÇÃO

Na entrevista ao Canal do Boi, o pesquisador ressaltou que é importante que o produtor esteja adiantado em relação a esta demanda.

“O que cabe a nós é não sermos reativos, porque quando a gente é reativo é muito mais sofrido, o remédio é muito mais amargo quando a gente reage a um movimento. Então (o ideal) é sermos preventivos para que, quando isto chegar, nós tenhamos dados, informações e dizer: ‘sim, produzimos carne, precisamos de água para isso, mas fazemos isso com a máxima eficiência’”, recomendou.

Para assistir a entrevista completa, clique aqui.

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