O processo de produção exige cuidados com a saúde física e mental dos animais até na hora do seu transporte. A zootecnista Beatriz Domeniconi, coordenadora executiva do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), explica que os procedimentos adotados nessa etapa estão diretamente relacionados à qualidade da carne e ao rendimento de cortes. As informações são do jornal Zero Hora.
No trajeto da propriedade até o frigorífico, os bovinos sofrem lesões decorrentes de coices, pisoteios e chifradas. Além de causar dor aos animais, esses episódios geram perdas econômicas, pois após o abate é necessário descartar as partes com hematomas.
“Qualquer erro no embarque ou no transporte compromete todo o processo” complementa a zootecnista Bruna Pena Sollero, integrante do grupo de trabalho do Programa de Boas Práticas Agropecuárias (BPA).
Segundo as zootecnistas, a primeira consequência é o emagrecimento devido ao transporte e ao tempo de espera para o abate, que costuma ser no dia seguinte ao desembarque. Um bovino de 600 quilos pode perder 36 quilos, dependendo do grau de estresse e tempo da viagem.
A pesquisadora sugere uma simulação: considerando uma perda de 300 gramas por contusão, sendo uma lesão por bovino e que o valor do quilo da carcaça seja de R$ 10, preço médio praticado no Rio Grande do Sul, o prejuízo é de R$ 3 por carcaça. No caso de um frigorífico que abate mil animais por dia, de segunda a sexta-feira, e possui 30% de bovinos com lesões, a perda será de R$ 900 por dia ou R$ 18 mil ao mês.
“Se a contusão for em uma parte nobre, o prejuízo é ainda maior”, destaca Bruna, salientando que o rendimento de carcaça por animal, considerando uma carcaça íntegra (sem lesão), varia de 48% a 62%”.