Ainda pouco conhecida entre muitos brasileiros, a meliponicultura é uma atividade que, a passos curtos, ganha espaço entre produtores. A zootecnista e servidora da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), Jovelina Maria de Oliveira, é uma amante do tema e resolveu explanar um pouco sobre a prática durante um evento de Agricultura Familiar, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. As informações são da assessoria da Agraer.

(Foto: Néia Maceno)

De acordo com a zootecnista, uma das grandes vantagens do mel das abelhas sem ferrão se refere ao seu menor teor de açúcar em relação ao da Apis melífera, uma das espécies com ferrão mais conhecidas na produção de mel. Segundo estudos, o mel das sem ferrão possui, também, grande valor medicinal.

“Costuma-se dizer que a melhor espécie de abelha é a que produz mel, ou seja, todas as espécies com ou sem ferrão tem o seu nível de importância. Mas, aqui, queremos ressaltar algo que faz parte das nossas raízes desde muito tempo e que tem sua viabilidade produtiva”, enfatizou a zootecnista.

Em sua fala, a zootecnista falou das espécies Marmelada, Moça Preta, Jataí ou Jati, Mirim, Manduri e Mandaçaia. Mas um exemplo pontual de espécie citada pela profissional foi a jandaíra. Segundo ela, o gosto do mel desta espécie é bem agradável e a cor chama a atenção. A jandaíra é uma espécie de abelha do bioma da Caatinga, nas terras secas do semiárido, e distribui em estados como Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Mel da jandaíra tem cor branca e se assemelha ao gel comestível, muito usado na aplicação de papel arroz em bolos de aniversário (Foto: Aline Lira)

FORTALECIMENTO

Em sua fala sobre as abelhas sem ferrão, Jovelina destacou, também, estratégias para fortalecer a prática da meliponicultura.

“Pela Agraer eu participo de um grupo que discute a necessidade de se ter uma câmara setorial de meliponicultura. Precisamos formular uma lei que trate sobre esse eixo, pois a lei nacional trabalha sobre o mel de forma generalizada. Há características peculiares de cada tipo de abelha, com e sem ferrão”, argumentou.

A ideia é estabelecer uma lei que facilite a comercialização do mel de abelhas sem ferrão e, ainda, traga melhores garantias de preservação das espécies.

“Em fevereiro, a Bahia aprovou um projeto de lei e, queremos fazer o mesmo. Com isso a gente fortalece a cadeia produtiva desse tipo de mel e fomenta a renda dos meliponicultores. Apicultor é somente quem trabalha com as abelhas Apis, os que trabalham com as sem ferrão são chamados de meliponicultores”, observa Jovelina.

Uma lei desse tipo facilita execução de pesquisas científicas, educação ambiental, implantação de meliponários, conservação, exposição, reprodução e comercialização das abelhas, produtos e subprodutos, tais como: mel, pólen e própolis, sejam para o consumo doméstico ou para o comércio dentro de Mato Grosso do Sul.

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