O trabalho dos zootecnistas está presente também na conservação dos animais silvestres. E sobre este tema, as zootecnistas Ana Paula Felício, do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), e Gláucia Helena Fernandes Seixa, idealizadora do projeto Papagaio Verdadeiro, fizeram diversos apontamentos em reportagem divulgada recentemente pela Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul.

Da esquerda para direita: Ana Paula e Gláucia (Fotos: Reprodução)

Desde agosto deste ano até o fim de outubro, a zootecnista Ana Paula e fiscais do Imasul, Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) e policiais militares ambientais realizaram a ‘Operação Bocaiuva’ na região do Vale do Rio Ivinhema para reprimir o tráfico de animais silvestres. Na operação, foram apreendidos cerca de 170 filhotes de papagaios em três ocorrências e levados ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), onde recebem os cuidados para que sobrevivam e depois sejam devolvidos à natureza.

Para a zootecnista Ana Paula Felício, que é coordenadora da Unidade de Fauna do Imasul, apesar do aparato repressivo, o fim do tráfico de animais silvestres depende muito mais da consciência ambiental das pessoas.

“Enquanto tiver gente que compre, vai ter quem se arrisque a traficar”.

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Apesar de ser permitida a comercialização autorizada de papagaios verdadeiros – espécie mais cobiçada porque imita com bastante perfeição a voz humana, os casos de tráficos destes animais ainda são um problema, envolvendo, inclusive, a violação de ninhos.

Dados do Projeto Papagaio Verdadeiro mostram que em 2018, 85% dos ninhos dessas aves foram violados na região do Vale do Rio Ivinhema, onde há maior ocorrência da espécie no Estado e também é o local preferido dos traficantes pela proximidade com São Paulo, o mercado com maior consumo.

Segundo a zootecnista Gláucia Helena Fernandes Seixa, mestre e doutora em Ecologia e Conservação da Natureza, a ampliação das ações de fiscalização contra o tráfico de papagaios-verdadeiros é de extrema importância, como no caso da Operação Bocaiuva.

“Porém, ações como essas devem se repetir todos os anos, no período reprodutivo da espécie (agosto a novembro), nesta e outras regiões do bioma Mata Atlântica e Cerrado”, completa.

Para a zootecnista, no próximo ano a Operação deveria ser estendida aos municípios de Bataguassu, Batayporã, Itaquiraí, Nova Andradina, Naviraí e Taquarussu, áreas onde há ocorrências de apreensão de filhotes, conforme dados da PMA.  Nesse ano a Operação se concentrou nos municípios de Novo Horizonte do Sul, Jateí e Ivinhema.

AMEAÇA

Desde 2014 o papagaio-verdadeiro está classificado como “quase ameaçado” pelo Ministério do Meio Ambiente, alerta Gláucia, fato que é reflexo do tráfico de animais silvestres Hoje, suspeitas de tráfico podem ser comunicadas às Polícias Militar Ambiental, Militar, Federal, Rodoviária Federal ou Civil, ou ainda aos fiscais ambientais. O Ibama disponibilizou um telefone para denúncias: 0800 618080. A denúncia é gratuita e anônima.

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