Porcos que ouviram Bach também diminuíram incidência de brigas (Foto: shutterstock)

Um estudo desenvolvido na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), de Piracicaba (SP), descobriu que porcos podem ficar mais felizes e ter um aumento de comportamento lúdico ouvindo uma música do compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750). 30 animais foram utilizados no estudo e, por um mês, parte deles ouviu a canção Suíte nº1 em Sol Maior para Violoncelo (BWV 1007). O trabalho foi desenvolvido pela zootecnista, agora doutora em Ciências, Érica Harue Ito. As informações são do G1.

De acordo com Érica, na pesquisa, os suínos foram divididos em duas baias. Um dos grupos, o de tratamento, ouvia a composição, enquanto o outro, nomeado como de controle, não. Segundo a zootecnista, além do crescimento no bem-estar dos suínos que estavam na baia de tratamento, eles também apresentaram “indícios na melhora da conversão alimentar (relação entre o consumo de ração e o peso dos animais), o que beneficia o desempenho produtivo deles, e, consequentemente, o aumento do ganho econômico para os produtores”.

Para Érica, a descoberta é importante para os suinocultores, já que metade do custo da produção de porcos é com ração. Com a melhora na conversão, há a possibilidade de reduzir este gasto.

“E eu estou totalmente aberta a orientar e ajudar pequenos a grandes produtores que possuem o interesse em uma produção animal ética e sustentável. Além disso, é muito importante deixar a reflexão de que os animais não humanos são sencientes, tanto os de estimação como os de produção”, disse a zootecnista ao G1.

A MÚSICA

O doutorado foi defendido em fevereiro desse ano. Na pesquisa, Érica utilizou o método de enriquecimento sonoro em campo aberto, modelo que era validado apenas em ambiente fechado.

“A pesquisa foi dividida em dois experimentos, pois eu fiz a validação de uma metodologia inédita”, explica.

A escolha da música foi feita com referencial teórico para que o enriquecimento sonoro em campo aberto fosse validado. Segundo a zootecnista, não havia referência de uso de outros estilos musicais. “Eu desenvolvi uma metodologia inédita ao utilizar a música em campo aberto. A referência que eu encontrei utilizava Bach em um ambiente fechado e controlado”.

“Eu monitorei a intensidade e a frequência sonora em ambas as baias para que somente os animais da tratamento ouvissem a música”, completou a pesquisadora.

Érica afirma, ainda, que para entender o porquê da música causar os efeitos encontrados nos porcos é preciso uma pesquisa multidisciplinar que inclua, por exemplo, psicólogos.

A pesquisa da zootecnista foi orientada pela professora do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq, Késia Oliveira da Silva Miranda. Ela é coordenadora do Grupo de Pesquisa em Bem-estar, Ambiência e Zootecnia de Precisão (GBAZP) da Esalq/USP. Kesia trabalha a linha de pesquisa em musicoterapia para suínos desde 2014.

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