A Suinocultura é uma atividade em ascensão e demanda estratégias para controle e prevenção de perdas econômicas. Atualmente o Brasil é o 4º maior produtor de carne suína do mundo e 4º maior exportador, o que resulta em uma intensificação nos cuidados dentro do sistema produtivo, principalmente no que se refere ao status sanitário dos animais.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em outubro de 2018 confirmou o foco de Peste Suína Clássica (PSC) no Estado do Ceará, nos municípios de Forquilha, Groaíras e Santa Quitéria. E recentemente a Agência de Defesa Agropecuária do Piauí – ADAPI, identificou a presença do vírus, no município de Lagoa do Piauí, Estado do Piauí. Os estados não fazem parte da zona livre de peste suína clássica, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). A PSC é uma doença de origem viral que acomete somente os suínos domésticos e asselvajados (javali e javaporco), não é uma Zoonose e, portanto, não é transmitida para seres humanos.

Os sinais clínicos são caracterizados por lesões nos vasos sanguíneos, ocasionando manchas vermelhas no corpo, principalmente nas extremidades como orelhas, ponta do focinho e membros. Os animais doentes ficam amontoados e tristes, param de se alimentar e emagrecem, apresentam diarréia e vômito. Podem apresentar sinais nervosos como dificuldade na locomoção, paralisia e convulsões, levando a alta mortalidade, podendo dizimar todo plantel em poucos dias. Há casos que pode ocorrer morte dos animais sem sinais clínicos. A doença gera ainda problemas reprodutivos como abortos, nascimento de leitões debilitados e natimortos.

Não há tratamentos para a PSC e ela é transmitida via contato animal/animal, alimentos e água contaminada, contato de animais sadios com cadáveres de animais infectados, fômites como equipamentos, roupas e sapatos de pessoas que mantiveram contato com os animais doentes. O consumo da carne contaminada não causa problemas em humanos, porém a carne, subprodutos cárneos, carcaças, secreções e excreções de suídeos são grandes fontes de infecção para os animais sadios, pois o vírus permanece na carne e nos derivados, em ingredientes para produção de ração e no ambiente por muitos meses. A prevenção é feita pelo criador e tratadores observando diuturnamente o plantel, visto que eles conhecem as características desejáveis dos animais saudáveis e, ao identificar qualquer alteração comportamental ou visual que sugira a presença do vírus PSC, devem entrar em contato imediato com o órgão  de defesa sanitária do município/estado. O órgão de defesa é responsável por identificar e orientar os criadores caso exista um foco positivo na propriedade.

A principal forma de prevenção é a biossegurança que visa impedir ou minimizar a entrada de agentes patogênicos na propriedade como o uso da quarentena, limpeza e desinfecção das instalações, incineração de carcaças e evitar o trânsito de veículos e pessoas que estiveram em outras criações.

É de suma importância comprar animais de locais que tenham confiabilidade sanitária e ter o guia de trânsito animal. A vacinação é proibida em todo território nacional, apenas em casos excepcionais avaliados pelo serviço veterinário oficial, ela é utilizada.

A Peste Suína Clássica é uma doença de caráter estritamente econômico e que gera embargos nas exportações e importações. É por meio da colaboração com as notificações e a educação sanitária dos criadores e população que se pode evitar problemas no país e garantir a confiabilidade do produto para as comercializações.

Teresina, Piauí, 06 de abril de 2019.

Ludmila Nayara Ribeiro Gonzaga
Zootecnista CRMV MA 00199
Mestre em Ciência Animal / Biossegurança

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