José Soares Costa, aposentado alagoano que só viveu e trabalhou no agro, recebeu seu diploma depois de viajar 100km por dia para concluir o curso
A última colação de grau da Universidade Estadual de Alagoas, a Uneal, no dia 29 de agosto, foi marcada pela vitória de um aluno, em especial. O aposentado José Soares Costa, de 75 anos, popularmente conhecido como “Asa Branca”, graduou-se em Zootecnista com seus colegas, depois de uma jornada de sonho e estudos que teve início em 2013.
Sertanejo de Batalha, município a 185 km Maceió, José cumpriu as disciplinas do curso em cinco anos. Para isso, viajou todos os dias para Santana do Ipanema, a 100 km de distância, onde fica o campus da Uneal, no sertão alagoano.
José, que só iniciou os estudos após a sua aposentadoria como vacinador animal da Secretaria de Agricultura de Alagoas, conta que estudar era um sonho. “Eu nasci e cresci no campo, meu pai foi agricultor e foi agropecuarista. Trabalhei a vida toda na zona rural. Era um sonho da minha vida [me formar], que realizei agora.”
Trabalho de conclusão – Após concluir as disciplinas do curso de zootecnia em 2018, o aluno deu segmento a sua saga com o desenvolvimento do seu TCC (trabalho de conclusão de curso). Com o tema “Influência do estágio de lactação na composição do leite de vacas mestiças de girolando no semiárido alagoano”, ele foi um aluno nota 10. Focou seu projeto na melhoria da forragem para as vacas leiteiras, um trabalho muito importante para a sua realidade e da comunidade local. Seu professor orientador, José Crisólogo de Sales, conta que José foi um exemplo como aluno, e sempre incentivou seus colegas de turma. “Ele sempre tinha exemplos de vida para citar, sempre se colocou à disposição para contactar os fazendeiros para aulas práticas e estágio.”
Ao final do seu projeto, em 2020, quando José finalmente iria colher os louros da sua jornada épica de estudos, viu-se obrigado a adiar seu evento de formatura. Veio a pandemia, os colações de grau aderiram ao modelo virtual e, por isso, ele preferiu esperar. Ele queria receber seu diploma do jeito tradicional, presencial. Queria que fosse “todo mundo junto”. E foi assim. Na solenidade da sua formatura, além de outros 13 colegas, José levou a esposa Maria, os três filhos e Mariah, uma de suas 4 netas. “Só a gente sabe o que ele passou para conseguir chegar até aqui”, contou Maria.
Fonte: DIRCOM
